tag:blogger.com,1999:blog-334901472024-03-10T00:09:19.738+00:00PosturasLuís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.comBlogger223125tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-22750847312106557742023-12-21T23:48:00.000+00:002023-12-21T23:48:51.972+00:00Traumatismo Crânio-Encefálico: Estudo de caso<p style="text-align: justify;">Apresentação de Estudo de Caso referente a trabalho realizado no ano lectivo 2002/2003 do curso de Fisioterapia da ESSAlcoitão ("Traumatismo Crânio-Encefálico: Fisioterapia aplicada a um utente com hemiparésia espástica de predomínio braquial direito e ataxia")</p><p><a href="https://drive.google.com/file/d/1m8R6GkgPeiq7Qu4ey3pECnCJlnp0KZv1/view?usp=drive_link" rel="nofollow" target="_blank">https://drive.google.com/file/d/1m8R6GkgPeiq7Qu4ey3pECnCJlnp0KZv1/view?usp=drive_link</a><br /></p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
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tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-31021653408613802382023-12-21T23:35:00.000+00:002023-12-21T23:35:09.870+00:00Bases de intervenção do fisioterapeuta no doente com espasticidade<p style="text-align: justify;">Realizado o trabalho em causa no ano lectivo 2002/2003 do curso de Fisioterapia na ESSAlcoitão, deixo, aqui, de modo mais derradeiro, a apresentação correspondente, que possui alguns dados, esquemas e imagens que sobrepujam o que, mais tarde, foi publicado em artigo na revista «Sinapse».</p><p style="text-align: justify;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1HczVJjrA1syjPvahvfMf3Eeu3-cyQ_WK/view?usp=sharing" rel="nofollow" target="_blank">https://drive.google.com/file/d/1HczVJjrA1syjPvahvfMf3Eeu3-cyQ_WK/view?usp=sharing</a><br /></p><p><br /></p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
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tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-23787881284760443832023-12-07T20:05:00.001+00:002023-12-07T20:05:27.537+00:00Reeducação Postural e Cadeias musculares<p style="text-align: justify;">Coloco, aqui, de modo mais definitivo, o link para a apresentação que foi usada durante anos em formações, worshops e conferências, e que resume a teoria em «O Anti-fitness (...)». Já houve uma evolução face ao apresentado, mas a Apresentação vigente é a clássica, a mesma que alguns tiveram dificuldades em "baixar" no site "Academia". </p><p style="text-align: justify;"><a href="https://drive.google.com/file/d/1pnde50S6LrC3o2taldq8siMp_2PD4PqI/view?fbclid=IwAR10aCJAkz7o5oElcSRynrVuYMNmD93lDoXHv07HzReLmRYW2ffctyqseF8" rel="nofollow" target="_blank">Reeducação Postural e Cadeias musculares</a><br /></p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
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tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-30556863637494284872023-12-04T21:27:00.008+00:002023-12-05T01:00:09.467+00:00Mecanismos de Neuroplasticidade na recuperação da função após lesão cerebral<p><a href="https://drive.google.com/file/d/1DHebcxCikNz1P0QQAGdPPmlPGobSqqLj/view?usp=sharing" rel="nofollow" target="_blank">https://drive.google.com/file/d/1DHebcxCikNz1P0QQAGdPPmlPGobSqqLj/view?usp=sharing</a> </p><p><br /></p><p style="text-align: justify;">Trabalho do 4º ano do curso de Fisioterapia (2003) da ESSAlcoitão (versão PowerPoint, em pdf), agora cedido em Drive do Google. Uns anos depois de ter sido apresentado, um artigo, já muito diferente, nele baseado haveria de ser publicado na revista Re(habilitar), não tendo nunca sido digitalizado. Coloco, aqui, o trabalho, porque penso ser útil para alguns que o têm pedido.</p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-46704592661318876152023-11-18T01:44:00.001+00:002023-11-21T01:39:59.490+00:00Programação Neurolinguística<p>(Apresentação em <a href="https://drive.google.com/file/d/1CpxMkgNtYU-nD_6oR5cb0EOiq6OTaht7/view?usp=sharing" rel="nofollow" target="_blank">https://drive.google.com/file/d/1CpxMkgNtYU-nD_6oR5cb0EOiq6OTaht7/view?usp=sharing</a>)</p><p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Programação
Neurolinguística: introdução<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: center;"><b><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 200%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">É preciso deter a noção de
que o conceito de <i>neurolinguística</i>, o qual se refere geralmente ao
“estudo da linguagem no cérebro” (Obler & Gjerlow, 1999) difere do
conceito, muito mais específico, de <i>neurolinguística no desenvolvimento</i>.
A <i>neurolinguística</i>, enquanto modelo de prática ou intervenção cognitiva,
acaba por decair no conceito pragmático de <i>Programação Neurolinguística </i>(PNL),
o qual se refere a um tipo específico de processamento cognitivo auto-induzido
com vista à aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Mais do que um método ou
mecanismo de modelagem cognitiva, a PNL consiste sobretudo numa forma de ver os
mapas mentais e a neuroplasticidade. Infelizmente, o método tem sido várias
vezes laborado no contexto da psicologia da <i>auto-ajuda</i>, não se
compreendendo muitas vezes a dimensão contextual a que o citado método se
refere.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL refere-se a <i>processamento</i>.
Refere-se a <i>desconstrução</i>. Refere-se a <i>metodologia</i>. Não se refere
tanto a uma forma de <i>agir</i> mas antes a uma forma de <i>funcionar</i>, e
sempre da maneira mais simples possível...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL, cujo campo de estudo
é a “estrutura da experiência subjectiva” (Vallés, 1995), não pretende ser uma <b>teoria</b>,
detendo antes o estatuto de <b>modelo</b>. Enquanto tal, a PNL trata de
conhecer e empregar o nosso próprio código de comunicação, empregando-o
adequadamente para que se consiga uma resposta positiva em qualquer meio. A PNL
é a arte e a ciência do funcionamento pessoal dito “excelente”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Há pouco mais de duas
décadas, dois homens curiosos – o especialista em informática e, então,
estudante de psicologia, Richard Bandler, e o linguista John Grinder –
indagaram-se sobre se seria possível detectar a forma como se conduziam as
pessoas que eram reconhecidas pela eficácia e pela destreza nos campos da sua
actuação específica, e se se poderia transformar essa informação em ferramenta
prática que pudesse ser aplicada por outra pessoa em qualquer outra área. Os
autores compuseram uma equipa multidisciplinar e iniciaram um trabalho de
vários anos, filmando e estudando os melhores comunicadores do mundo, aqueles
que se evidenciavam de forma excelente nas suas profissões, em todos os ramos
das ciências, das artes e dos negócios (Bandler & Grinder, 1979).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O resultado originou o
nascimento da PNL, a qual constitui uma nova e diferente abordagem da arte da
comunicação e do desenvolvimento da excelência pessoal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A razão do nome é a
seguinte: <b><i>Programação</i></b>: porque programar é organizar de forma
eficiente os componentes de um sistema a fim de conseguir o resultado adequado;
<b><i>Neuro</i></b>: porque todo o comportamento resulta de processos
neurológicos; <b><i>Linguística</i></b>: porque os processos neurológicos são
expressos através de uma linguagem verbal e corporal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Portanto, a PNL permite-nos
ordenar os componentes do nosso pensamento e organizar a nossa experiência de
tal maneira que, através dos processos neurológicos, logremos produzir os
comportamentos adequados aos objectivos que queremos alcançar (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL estuda talento e
qualidade – como organizações e indivíduos excelentes obtêm os seus resultados
excelentes. Os métodos podem ser ensinados a outros para que eles também possam
obter a mesma classe de resultados, através de um processo denominado de <i>modelagem</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Para <i>modelar</i>, a PNL
estuda como estruturamos a nossa experiência subjectiva – como pensamos sobre
os nossos valores e crenças e como criamos os nossos estados emocionais – e
como construímos o nosso mundo interno a partir da nossa experiência e lhe
damos significado. Nenhum evento tem significado em si mesmo, nós atribuímos
significado, e pessoas diferentes podem lhe atribuir significados iguais ou
diferentes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 26.95pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL afirma ajudar as
pessoas a mudar ensinando-as a programar os seus cérebros. Foram-nos dados
cérebros, diz-se, mas não o manual de instruções. “A PNL oferece-lhe um manual
para o seu cérebro.” Este manual parece ser uma metáfora para o trino da PNL,
que é muitas vezes referida como “software para o cérebro”. Mais, a PNL,
consciente ou inconscientemente, baseia-se em (1) a noção de Freud do
inconsciente e a sua influência no pensamento e acção conscientes; (2)
comportamento e linguagem metafóricos, especialmente baseado no método usado
por Freud na <i>Interpretação dos Sonhos</i> e (3) hipnoterapia, tal como a
desenvolveu Milton Erickson (Grinder, DeLozier & Bandler, 1977). A PNL é
também fortemente influenciada pelos trabalhos de Bateson e Chomsky.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></i></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 26.95pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL iniciou-se com Richard Bandler e
John Grinder, nenhum dos quais deu qualquer contributo para a neurologia,
apesar das repetidas afirmações sobre a PNL ser capaz de reprogramar o cérebro.
A PNL nada tem a ver com o estudo do cérebro. Tem a ver com o psiquismo das
pessoas de modo a levá-las a controlar a sua vida e dando-lhes esperança,
inspiração e alguma comunicação prática, modificação de comportamento e
talentos motivacionais. <o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif">O First Institute of Neuro-Linguistic
Programming™ and Design Human Engineering™ de Bandler tem a dizer o seguinte
sobre a PNL: <o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 2.2pt; margin-top: 0cm; margin: 0cm 2.2pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif">“Neuro-Linguistic
Programming™ (NLP™) é definida como o estudo da estrutura da experiência
subjectiva e o que daí pode ser calculado e é radicado sobre a crença de que
todo o comportamento tem estrutura... Neuro-Linguistic Programming™ foi
especificamente criado de modo a permitir fazermos magia criando novos modos de
compreender como a comunicação verbal e não verbal afecta o cérebro humano. Tal
como se apresenta a todos nós a oportunidade não só de comunicar melhor com os
outros, mas também de aprender a ganhar mais controle sobre o que consideramos
serem funções automáticas da nossa neurologia.”<sup> </sup><o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">É-nos dito que Bandler tomou como
primeiros modelos Virginia Satir (a Mãe da Terapia de Sistema Familiar), Milton
Erickson (o Pai da moderna Hipnoterapia) e Fritz Perls (antigo defensor da
Terapia Gestalt) porque tinham tido extraordinários resultados com os seus
clientes. Os padrões linguisticos e comportamentais destas pessoas foram
estudados e usados como modelos. Eram terapeutas que gostavam de expressões
como “auto-estima”, “validar”, “transformação”, “harmonia”, “crescimento”,
“ecologia”, “auto-realização”, “mente inconsciente”, “comunicação não-verbal”,
“atingir o potencial mais elevado”, expressões que são faróis da PNL e de toda
a psicologia transformacional da New Age. <o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Nenhum neurocientista ou alguém que
tenha estudado o cérebro é mencionado como tendo qualquer influência na PNL.
Por outro lado, alguém que não é mencionado, mas parece o modelo ideal para a
PNL é Werner Erhard. Iniciou o <b><i>est</i></b> alguns quilómetros a norte (em
São Francisco) de Bandler e Grinder (em Santa Cruz) apenas dois anos antes
destes terem iniciado o seu “negócio”. Erhard parece ter-se dedicado ao mesmo
que Bandler e Grinder: ajudar as pessoas a transformarem-se e a viverem melhor.
A PNL e o <i>est</i> têm também em comum o facto de terem sido construídos a
partir de uma amálgama de fontes de psicologia, filosofia e outras disciplinas,
com um brilhante <i>marketing</i>, oferecendo uma chave para o sucesso,
felicidade e plenitude a qualquer um que se disponha a pagar o preço das
entradas.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Bandler afirma que continua a evoluir.
Para alguns, contudo, ele parece mais interessado em proteger o seu império
fazendo marca registada de cada <i>bit</i> da teoria. Parece extremamente
preocupado que algum terapeuta possa roubar o seu trabalho com ele sem lhe
entregar a sua parte. Podemos ser tolerantes e entender a obsessão de Bandler
como um modo de proteger a integridade das suas descobertas sobre o potencial
humano e como o vender. De qualquer modo, para clarificar áreas obscuras –
sabe-se lá quais – o que Bandler chama a “real thing” pode ser identificada por
uma licença e a trademark™ de The Society of Neuro-Linguistic Programming™.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL possui seis princípios básicos,
segundo O’Connor (2001): <o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(1)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">O <b><i>indivíduo</i></b>
– O seu estado emocional e nível de habilidade. O sucesso dependerá do nível de
habilidade e de capacidade do sujeito, assim como da sua congruência.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(2)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">As <b><i>pressuposições</i></b>
– os <b><i>princípios específicos da PNL</i></b> – 1) As pessoas respondem à
sua experiência, não à realidade propriamente dita; 2) Ter uma escolha ou opção
é melhor do que não ter uma escolha ou opção; 3) As pessoas fazem a melhor
escolha que podem fazer no momento; 4) As pessoas funcionam perfeitamente; 5)
Todas as acções têm um propósito; 6) Todo o comportamento possui uma intenção
positiva; 7) A mente inconsciente contrabalança a consciente; 8) O significado
da comunicação não é simplesmente aquilo que a pessoa pretende, mas também a
resposta que obtém; 9) Já temos todos os recursos de que necessitamos ou então
podemos criá-los; 10) Mente e corpo formam um sistema, sendo expressões
diferentes da mesma pessoa; 11) Processamos todas as informações através dos nossos
sentidos; 12) Modelar desempenho bem sucedido leva à excelência; 13) O aprender
está no fazer.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(3)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Rapport</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif"> – A qualidade do relacionamento que
resulta em confiança e capacidade de resposta.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(4)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Resultado</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif"> – Saber o que se quer.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(5)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Feedback
</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif">– Uma vez sabedor
daquilo que deseja, o indivíduo terá de prestar atenção no que está a
conseguir, para que determine o que fazer a seguir.<o:p></o:p></span></p>
<p style="line-height: 200%; margin-bottom: 0cm; margin-left: 73.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 73.5pt; mso-list: l1 level1 lfo1; tab-stops: list 73.5pt; text-align: justify; text-indent: -46.5pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">(6)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Flexibilidade</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif"> – Se o que se está a fazer não estiver
a resultar, faça-se algo diferente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 18pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Programação
Neurolinguística e aprendizagem<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: center;"><b><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 14pt; line-height: 200%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL pode efectivamente ser
utilizada em diversos contextos: a aprendizagem, o relacionamento, os sentidos,
as emoções, a linguagem e a comunicação, a metáfora e o mundo onírico, a
redacção, a compreensão e o enquadramento (Lankton, 1979; O’Connor, 2001),
sendo que a <b><i>aprendizagem </i></b>aparece no nosso contexto como o mais
capital dos interesses. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Desde
que nascemos, aprendemos sem que ninguém nos diga como fazê-lo e assim
prosseguimos aprendendo e desaprendendo de maneira consciente e inconsciente.
Esta aptidão para a aprendizagem contínua faz com que a maioria das pessoas se
habitue a preocupar-se mais com <i>o que </i>aprende do que <i>como </i>o faz
(Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Assim
sendo, a <i>aprendizagem</i> tende a ser vista enquanto fim de um processo, e
não enquanto o próprio processo. É quase uma atitude behaviorista esta a de se
fazer equivaler a <i>aprendizagem</i> ao comportamento externamente observável.
Na realidade, a aprendizagem é fundamentalmente um processo, baseada numa
matriz de actividade cognitiva mais ou menos específica. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">O
processo – a aprendizagem – tende a ser inconsciente, resultando em que o
sujeito não atenta no facto de haver muitas áreas da sua vida em que desenvolve
resistências à aprendizagem, ou simplesmente deixa de reconhecer que podia ter
feito melhor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Assim
sendo, de modo a conseguir melhorar o desempenho, uma tomada de consciência
relativamente ao <i>processo</i> é supramente necessária.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">“Aprender
a aprender é uma capacidade que pode mudar as nossas vidas de forma
fundamental. Uma capacidade que afecta toda a nossa maneira de ser: quem somos,
quem temos sido e quem podemos ser” (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Compreendendo
a importância deste assunto, a pergunta que surge é a seguinte: como poderemos
aprender melhor?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Longe
do que comummente se entende por aprender, a aprendizagem não é um produto
exclusivo da capacidade intelectual: a disposição emocional desempenha aqui um
papel preponderante. Assim sendo, para aprender temos de estar imersos num
estado adequado, sendo que estado é a soma total da experiência humana numa
situação determinada, englobando os processos intelectuais, emocionais e
físicos que se produzem nessa situação (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Há
muitas razões pelas quais as pessoas perdem oportunidades de aprender no
momento em que se depararam com algo novo: (a) quando o novo não é visto como
novo – <i>certeza </i>e <i>arrogância</i>; (b) quando podemos ver o novo como
novo – <i>falta de autoconfiança</i>, <i>confusão </i>e <i>resistência</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Por
outro lado, temos também um conjunto de atitudes emocionais que podem facilitar
a aprendizagem: <i>curiosidade</i>, <i>abertura</i> e <i>assombro</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Para
adquirir qualquer capacidade, em qualquer área da nossa vida, há quatro
requisitos básicos que, quando cumpridos, nos facilitarão enormemente a
aprendizagem: (1) reconhecer que não sabemos ou que ainda temos muito a
aprender; (2) encontrar alguém com quem possamos aprender; (3) manter uma
disposição favorável à aprendizagem e (4) começar com a prática assídua das
capacidades que se pretendam adquirir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">De
seguida, apresentamos as quatro etapas pelas quais passamos durante o processo
de aprendizagem (Vallés, 1995): (1º) <i>Incompetência Inconsciente</i> – quando
alguém “não sabe que não sabe”, (2º) <i>Incompetência Consciente</i> – quando
“reconhecemos que não sabemos”, (3º) <i>Competência Consciente</i> – quando
“começamos a ser minimamente competentes” no que estamos a aprender” e (4º) <i>Competência</i>
<i>Inconsciente</i> – refere-se à fase em que houve integração da aprendizagem,
ou seja, a automatização dos processos necessários a determinado desempenho.
O’Connor (2001) refere ainda a existência de um quinto nível de aprendizagem, a
<i>Maestria</i>. A maestria corresponde a mais do que competência inconsciente;
possui uma dimensão estética adicional. Não só é eficaz como lindo de se ver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">A
aprendizagem em qualquer nível requer tempo. Leva cerca de 1000 horas para se
alcançar competência consciente em qualquer habilidade que valha a pena. Leva
cerca de 5000 horas para se chegar à competência inconsciente. E são
necessárias cerca de 25000 horas para se atingir o nível de maestria.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">Existem,
porém, dois atalhos. O primeiro é um bom ensino. Um bom professor manterá o seu
nível de motivação elevado, dividirá o trabalho em partes, proporcionará uma
série constante de pequenos sucessos, manterá os alunos num bom estado
emocional e satisfará a sua curiosidade intelectual sobre a matéria. Também
tentará ele mesmo ser bom na matéria e acelerará a sua aprendizagem
constituindo um bom modelo. Não só dará aos alunos o conhecimento, mas também
uma boa estratégia para assimilar o saber.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><span face=""Arial",sans-serif">O
segundo atalho é a aprendizagem acelerada. Ela vai directamente do primeiro
estágio (incompetência inconsciente) para o estágio de competência
inconsciente, passando por cima dos estágios conscientes. A modelagem na PNL é
um dos caminhos para a aprendizagem acelerada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent"><br /></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Programação
Neurolinguística e os mapas mentais<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: center; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Os sentidos compreendem a nossa ponte para o mundo
exterior; é com eles que o exploramos e delimitamos. Dado que o mundo é uma
infinidade de possíveis impressões sensíveis, somente uma pequena parte de nós
é capaz de o perceber. Esta porção da realidade é depois filtrada pela nossa
experiência individual, resultante da cultura, da linguagem, das convicções,
dos valores, dos interesses e das suposições.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Com o auxílio de todos estes filtros, o mundo exterior
adquire um sentido particular em cada indivíduo. Cada um de nós vive uma
realidade única, construída pelas suas próprias impressões sensíveis e pelas
experiências individuais de vida, actuando de acordo com o que percebemos. Esse
é o nosso “modelo pessoal do mundo”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Um dos pressupostos básicos da PNL afirma que “o mapa não é
o território por ele descrito”. Porque damos atenção àqueles aspectos do mundo
que nos interessam, e ignoramos outros. Os filtros que impomos às nossas
percepções determinam a classe do mundo em que vivemos. Extraímos da realidade
a nossa interpretação e traçamos o nosso mapa mental.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL possui também um mapa que lhe é próprio e a partir do
qual interpreta a comunicação e o comportamento humanos. Aos seus filtros
chamamos princípios, e estes constituem um guia ou modelo a ter em consideração
ao acercarmo-nos da arte e da ciência da PNL.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Alguns dos princípios mais importantes da PNL:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">1.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">O
mapa não é o território.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">2.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Processamos
a informação através dos cinco sentidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">3.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Todo
o comportamento se orienta no sentido da adaptação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">4.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Aceitamos
com maior facilidade o conhecido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">5.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">As
pessoas têm dois níveis de comunicação: o consciente e o inconsciente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">6.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Na
comunicação não existem fracassos, apenas resultados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">7.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Para
reconhecer as respostas é preciso ter os canais sensoriais limpos e abertos, o
que implica evitar as interpretações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">8.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">As
pessoas possuem em si próprias todos os recursos necessários para realizar as
mudanças que desejam nas suas vidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">9.<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Todo
o comportamento tem uma intenção positiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 45pt; mso-list: l0 level1 lfo2; tab-stops: -162.0pt list 45.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span face=""Arial",sans-serif" style="mso-fareast-font-family: Arial;"><span style="mso-list: Ignore;">10.<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><i><span face=""Arial",sans-serif">Rapport </span></i><span face=""Arial",sans-serif">é o encontro de pessoas no mesmo modelo
de mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 27pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 27pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Sistemas
de filtragem<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL entende que “processamos a informação através dos
cinco sentidos”. Através desta afirmação, a PNL desenvolve e estende ainda mais
a ideia principal de que nos ligamos ao mundo exterior através dos cinco
sentidos, afirmando que, para além disso, do mesmo modo escolhemos, de entre os
sentidos, aquele que preferimos e transformamo-lo num filtro preferencial, por
intermédio do qual também processamos a informação internamente e a
retransmitimos para o exterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Estes filtros maiores constituem a primeira rede de
selecção, através da qual organizamos o nosso mundo, ideias e manifestações.</span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face="Arial, sans-serif"> </span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 27pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Sistemas
de representação<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Este sentido preferencial para apreender o meio serve
também para explicar a nossa experiência e para construir o nosso modelo de
mundo. Na PNL designamos estes sentidos, no seu conjunto, por sistemas de
representação, porque com eles representamos a experiência interna ou externa
que estamos a viver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Existem três sistemas de representação básicos:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Visual</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif">: implica a capacidade de recordar
imagens vistas em tempo anterior e a possibilidade de criar outras novas, assim
como de transformar as já vistas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Auditivo</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif">: consiste na capacidade de recordar
palavras ou sons anteriormente ouvidos e na de formar novos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Cinestésico</span></i></b><span face=""Arial",sans-serif">: aqui incluem-se as sensações corporais
tácteis, as viscerais, as proprioceptivas, as emoções, os sabores e os cheiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Toda a nossa experiência (interna e externa) pode
codificar-se, dado ser constituída por alguma das combinações possíveis destas
classes sensoriais, e pode representar-se eficazmente no âmbito desses
sistemas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Estas classes perceptivas constituem os parâmetros
estruturais da experiência humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Na PNL os sistemas de representação têm um significado
funcional muito maior do que aquele que se lhes atribui nos modelos clássicos,
em que os sentidos se consideravam mecanismos <i>passivos </i>de entrada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><br /></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Favorecer a comunicação<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Como temos vindo a dizer, as palavras que utilizamos marcam
o aspecto da realidade a que cada pessoa concede mais importância. Esta mesma
razão pode ser fonte de problemas na comunicação e nas relações humanas. É,
pois, importante que aprendamos a usar os predicados que estejam de acordo com
o sistema de representação preferido do nosso interlocutor.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Não se pretende, porém, uma contínua expressão no sistema
do outro, que pode não coincidir com o nosso, porque isso seria falso e forçado
e, por conseguinte, desgastante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Dois bons momentos para pôr em prática esta capacidade, a
de usar os predicados do outro, são o começo do diálogo e um momento em que
surja alguma dificuldade ou incompreensão; desta maneira, comunicamos com o
mapa do outro tornando mais compreensível o que lhe queremos transmitir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Abrir os canais de percepção e emissão<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">É normal que os participantes expressem com maior fluidez
num dos sistemas do que nos outros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O facto demonstra simultaneamente uma capacidade e uma
limitação. Quando utilizamos um sistema com mais ênfase do que os outros dois,
há dois terços da realidade que são tomados em menor conta, assim como dois
terços da humanidade com a qual comunicamos com limitações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Ter os canais sensoriais limpos e abertos significa
podermos aceder a maiores níveis de experiência, sermos mais completos e
estarmos em condições de poder comunicar melhor com as restantes pessoas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O caminho consiste em sensibilizarmo-nos para os sistemas
que temos menos desenvolvidos. Integrar todos aqueles predicados que nos são
pouco habituais abrirá os nossos canais e ampliará a nossa experiência. Quando
disser <i>vejo</i>, verei; quando disser <i>sinto</i>, sentirei; quando disser <i>ouço</i>,
ouvirei.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><br /></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Programação
Neurolinguística e a comunicação<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Existem diferentes definições acerca do que é e do que não
é comunicação. Como à PNL interessam os resultados concretos, poderíamos
pôr-nos as seguintes perguntas: como detectamos que duas ou mais pessoas estão
a comunicar entre si? Que especificidade podemos observar nas pessoas que
interactuam? Que factor nos indica a existência de comunicação?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Se tomarmos atenção ao que acontece numa interacção,
damo-nos conta de que as acções de uma pessoa apenas têm sentido no contexto
das acções do outro ou outros. Independentemente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do tipo de comunicação em causa (palavras,
gestos, etc.), existe sempre uma forma de coordenação entre os seres
envolvidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Comunicação é o processo em que a acção ou a experiência de
uma pessoa (animal, ser, etc.) e a acção e a experiência da outra/outras se dão
de forma coordenada (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando Bandler e Grinder (1979) decidiram estudar a
comunicação, limitaram-se a fazer algo muito simples: analisar o que faziam os
bons comunicadores, ou seja, aqueles que eram capazes de comunicar com
diferentes tipos de pessoas, em diferentes contextos e em vários níveis, e que
conseguiam obter respostas que outros não sabiam como atingir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Como base dos seus estudos propuseram, como princípio
essencial na comunicação, a seguinte proposição: “Em comunicação não existem
fracassos, apenas resultados”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O que significa que, para a PNL, existe sempre comunicação.
É possível que não estejamos satisfeitos com os resultados obtidos, mas os
dados que recolhemos na nossa intenção de comunicar ser-nos-ão úteis para
melhorar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL considera a existência de duas formas de comunicação:
<i>interna</i>, constituída pelas coisas que representamos, dizemos e sentimos
no nosso foro íntimo; <i>externa</i>, a que estabelecemos com os outros por
meio da palavra, de expressões do rosto, de posições do corpo, de trejeitos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Mesmo quando o âmbito do interno se considerava
inalcançável, do ponto de vista da observação externa, a PNL descobriu que há
signos visíveis que permitem valorizar a comunicação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Sabemos já que toda a comunicação, interna ou externa, gera
condutas; a esse propósito a PNL formula a seguinte definição: <b><i>Conduta</i></b>
– todas as representações sensoriais que uma pessoa experimenta e expressa
(interna e/ou externamente) e que se manifestam evidentes a um observador
externo (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Por essa razão, a PNL diferencia a conduta em dois níveis: <i>macroconduta</i>,
facilmente observável em situações como conduzir um veículo, falar, brigar,
enjoar ou andar de bicicleta; <i>microconduta</i>, inclui fenómenos mais subtis
mas de igual modo importantes, como o ritmo cardíaco, o tom de voz, as mudanças
na cor da pele, etc. Estes fenómenos produzem-se quando se geram imagens
mentais, quando se efectuam diálogos interiores, ou quando se recordam
sensações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">No processo de comunicação, é muito importante a observação
precisa destas alterações, a que chamamos “calibragem”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Para calibrar, observamos as variações neurofisiológicas
que podem ocorrer (entre outras) nas seguintes manifestações físicas: ritmo da
respiração; posição da respiração; movimento das asas do nariz; tonalidade da
pele; dilatação dos poros; movimento e tamanho dos lábios; movimento dos
músculos nos maxilares; dilatação e contracção das pupilas; movimento dos olhos
e velocidade do pestanejar; posição do corpo; ritmo cardíaco; pequenos
movimentos, gestos, inclinação da cabeça, etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">No processo de calibrar é importante ter em conta que há um
ponto onde a percepção é inexacta, onde nos escapam pormenores relativos aos
filtros pessoais que utilizamos. É também possível verificar este fenómeno
fisicamente: quando fixamos a visão, existe um ponto que aparentemente devia
estar dentro do nosso campo visual, não conseguimos perceber aquilo que nele se
apresenta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Compassamento, o segredo da linguagem
corporal<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando as pessoas estabelecem uma comunicação real,
produz-se, para além das palavras, uma sensação de comodidade ou de bem-estar
que se reflecte corporalmente. Esta manifestação de conduta, que se produz
inconscientemente, pode ser reproduzida a nível consciente, através da detecção
dos signos exteriores que a revelam e que foram evidenciados pela PNL.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Além de desenvolver a agudeza sensorial para detectar as
respostas do nosso interlocutor, o segundo passo no processo da comunicação
consiste em manejar as técnicas do compassamento para atingir uma espécie de
mimetismo comportamental, que em PNL se conhece como <i>acordo</i> ou <i>relação</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O compassamento realiza-se tendo em conta os seguintes
aspectos: reflectir a postura corporal; reflectir os movimentos; estabelecer
comunicação ao mesmo nível favorece a aproximação; olhar para os olhos;
adequar-se ao ritmo da respiração; compassar com a voz, tendo em conta as
características do timbre, tom, ritmo, volume, etc.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Para se chegar à outra pessoa, a aquisição das técnicas de
compassamento constitui, no domínio da linguagem não verbal, um passo
importantíssimo. Talvez inicialmente nos sintamos como macacos doidos, imitando
gestos, e nos assuste pensar que os outros se julgam escarnecidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Entretanto começamos a aplicar as técnicas e, se formos
cuidadosos, descobriremos não só que o outro assume com naturalidade as nossas
mudanças e o nosso “espelhamento” como parte da comunicação, mas também que
existe um poder enorme no compassamento, que permite estabelecer – ou romper –
o encontro com os outros.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Rapport, para atingir uma relação
completa<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando tivermos atingido uma capacidade efectiva de
calibrar e compassar os nossos interlocutores, podemos conseguir um estado de
relação ou de empatia a que chamamos <i>rapport</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Estar em <i>rapport</i> é partilhar uma mesma emoção. É
algo que se atinge ou não se atinge. Podemos usar as técnicas de compassamento
para consegui-lo, mas o encontro é algo que depende da relação. Quando isto
acontece, a coordenação mantém-se por si, a nível inconsciente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Mais que uma técnica, trata-se de uma arte, porque a
comunicação não se consegue por meio do reflexo mecânico das posturas e dos
gestos da outra pessoa. É necessário estar ali com a “alma”, saindo por um
instante do nosso próprio mapa para contactarmos com o modelo de mundo da outra
pessoa. É necessário compassar alguns aspectos do outro, não todos os
movimentos; porém, é muito importante o acompanhamento com o ritmo
respiratório.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Em geral, os elementos mais importantes para calibrar e
compassar os efeitos de estabelecer <i>rapport</i> são: gestos e posturas
corporais, respiração, características da voz, sistemas de representação,
palavras ou frases repetitivas, expressões ou movimentos faciais, distância de
comodidade para a outra pessoa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face="Arial, sans-serif"> </span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Programação
Neurolinguística e a comunicação verbal<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt; text-align: center; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Para detectar as distorções em que incorremos para
comunicar, a PNL conta com um modelo de precisão chamado “metamodelo da
linguagem” (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O metamodelo constitui uma técnica que nos permite
clarificar o que dizemos, que nos alerta para o auto-engano, que nos facilita
abarcar o que queremos dizer com o que dizemos, para que a linguagem volte a
conjugar-se com a experiência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O modelo de precisão divide os “princípios do modelado” na
linguagem em três grandes grupos: omissões, distorções e generalizações. Por
exemplo, se eu digo que “ninguém me quer”, por um lado estou a cometer uma
omissão, porque não informo sobre quem me refiro especificamente; por outro, e
em simultâneo, estou a fazer uma generalização, visto que na afirmação englobo
todos os seres humanos, não dando espaço a excepções. É desta forma que uma
mesma frase pode incluir uma ou mais infracções ao sentido da experiência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Alcance de objectivos<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O uso do metamodelo permite-nos descobrir as distorções que
praticamos permanentemente na nossa expressão interior e na que realizamos com
os outros. Esta deformação nas mensagens não só afecta a qualidade da nossa
comunicação, mas pode também chegar a transformar-se numa fonte de limitações
constante, se a utilizarmos inconscientemente quando falamos das nossas
aspirações, e dos nossos objectivos e projectos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">É do conhecimento geral que, quando tenhamos podido definir
claramente o que queremos, está metade do caminho percorrido. Se digo “não
quero mais ser gordo”, ou “quero ser feliz”, estou a proporcionar ao meu
cérebro dados sobre o que NÃO quero ser, ou informação muito difusa sobre o que
SIM, quero ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">Modelo para a definição correcta de
metas a atingir<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Sintetizando os elementos fornecidos pelo metamodelo da
linguagem, contamos com um esquema básico que podemos aplicar de cada vez que
decidirmos qual a meta a atingir ou a acção a praticar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-insideh: .5pt solid windowtext; mso-border-insidev: .5pt solid windowtext; mso-padding-alt: 0cm 3.5pt 0cm 3.5pt;">
<tbody><tr style="break-inside: avoid; page-break-inside: avoid;">
<td colspan="2" style="border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 432.2pt;" valign="top" width="576">
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: center; text-indent: 0cm;"><b><span face=""Arial",sans-serif">Questionário
para atingir objectivos<o:p></o:p></span></b></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: center; text-indent: 0cm;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Condições<o:p></o:p></span></i></b></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: center; text-indent: 0cm;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Perguntas<o:p></o:p></span></i></b></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Expresso de forma positiva<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Implica as coisas que a
pessoa quer fazer e não as que não quer fazer.<o:p></o:p></span></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" width="288">
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O
que, especificamente, quer ou deseja?<o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Demonstrável em forma
sensorial<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Representar o objectivo,
pelo menos nos três sistemas representacionais principais.<o:p></o:p></span></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" width="288">
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Como
se daria conta da obtenção do objectivo? Que veria, ouviria, sentiria? Como
se daria conta disso outra pessoa?<o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Especificado e
contextualizado<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Definir em que contextos se
deseja e em quais não se deseja.<o:p></o:p></span></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" width="288">
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Quando,
onde e com quem o deseja? Quando, onde e com quem não o deseja?<o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Iniciado e mantido pelo
sujeito<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O êxito do objectivo deve
basear-se nos nossos próprios recursos e não nos de qualquer outra pessoa.<o:p></o:p></span></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" width="288">
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De
que necessitaria para atingi-lo (recursos)<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O
que o impede de o atingir (limitações)<o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
<tr style="mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="border-top: none; border: 1pt solid windowtext; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" valign="top" width="288">
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Controlo ecológico<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O objectivo a alcançar deve
ser coerente em dois sentidos: por um lado, com as convicções e com outros
objectivos do indivíduo; por outro, deve contemplar o contexto interpessoal
em que se move a pessoa, a fim de evitar possíveis conflitos.<o:p></o:p></span></p>
</td>
<td style="border-bottom: 1pt solid windowtext; border-left: none; border-right: 1pt solid windowtext; border-top: none; mso-border-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-left-alt: solid windowtext .5pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; padding: 0cm 3.5pt; width: 216.1pt;" width="288">
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Em
que beneficiaria se o atingisse?<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O
que poderia perder ao atingi-lo?<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Se
o atingisse, de que maneira seria afectado o ambiente que o rodeia?<o:p></o:p></span></p>
<p align="left" class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 120%; tab-stops: -162.0pt; text-align: left; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 120%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Como
mudaria ou afectaria a sua vida o atingi-lo?<o:p></o:p></span></p>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<p align="center" class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt; text-align: center; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif">(Vallés,
1995)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Este modelo de fácil utilização sustentará, a partir de
agora, os diferentes trabalhos que façamos com a PNL. Com ele, poderemos
verificar a força de decisão de mudança e saber se a transformação a ela
inerente é ecológica no universo da pessoa. Por vezes, acontece estabelecermos
objectivos que se revelam incongruentes com outros aspectos fundamentais da
nossa vida, como, por exemplo, com as nossas convicções, os nossos valores. O
questionário ajudar-nos-á a detectar essas incongruências e a decidir conscientemente
sobre se o nosso objectivo tem maior ou menor peso do que as consequências que
a sua consecução acarreta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face="Arial, sans-serif" style="text-indent: 0cm;"> </span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">As
mudanças desejadas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Muitos dos princípios da PNL reflectem o que, com
frequência, sucede nas nossas actuações quotidianas. Em geral, evitamos ou
questionamos aquilo que nos é estranho, aquilo que não fez parte da nossa
experiência. Consideramos inimigos aqueles que pensam de forma diferente,
criticamos os que não actuam como nós, e apelamos aos que nos rodeiam que
imitem as nossas condutas. Em contrapartida, aceitamos o que nos é afim,
consideramos verdadeiro o que se adequa aos nossos pensamentos, história e
convicções, sentimo-nos cómodos com aqueles que julgamos serem nossos iguais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Estas formas de actuar incidem fortemente no nosso processo
de aprendizagem, gerando emoções que o facilitam ou o dificultam. Uma situação
traumática passada serve-nos para justificar as limitações presentes, e essa
cegueira cognitiva impede-nos de traçar objectivos para o futuro, pelo que
eternizamos a limitação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Uma das principais dificuldades que surgem perante um
comportamento determinado consiste no facto de, ao actuar, nos encontrarmos
lançados numa situação à qual, porque estamos envolvidos, não podemos
geralmente criar alternativas que lhe modifiquem o curso. Agimos
automaticamente. Somente depois de passada a situação podemos avaliar o que
poderíamos ter feito; porém, lamentavelmente, é tarde e não podemos transformar
a pauta indesejada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Também neste aspecto a PNL teve em conta o habitual na
conduta humana – o mover-se com naturalidade no conhecido – e transformou-o no
trampolim para potenciar sucessos pessoais. De que maneira?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 69pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: -162.0pt list 69.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Centrando-se
no alcance do objectivo e não nos problemas e nas suas causas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 69pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: -162.0pt list 69.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Centrando-se
nas opções e nos recursos das pessoas, porque a PNL entende que “as pessoas
possuem todos os recursos necessários para efectuar as mudanças que desejem”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 69pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: -162.0pt list 69.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Gerando
alternativas de acção e experiência, criando a experiência da situação que é o
nosso objectivo, como já vivida, a fim de que, logo, o nosso inconsciente o
accione automaticamente. Ou seja, registando-o no arquivo do conhecido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="margin-left: 69pt; mso-list: l2 level1 lfo3; tab-stops: -162.0pt list 69.0pt; text-indent: -18pt;"><!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Symbol; mso-bidi-font-family: Symbol; mso-fareast-font-family: Symbol;"><span style="mso-list: Ignore;">·<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span><!--[endif]--><span face=""Arial",sans-serif">Este
contexto interno da experiência permite fazer uso de uma faculdade natural do
ser humano, a qual nos diferencia das outras espécies: actuar com independência
do que sucede no exterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL denomina este processo por <b><i>mudança generativa</i></b>,
e implica dirigir a atenção para o alcance dos objectivos e para o seu
desenvolvimento no nosso próprio teatro mental. Neste cenário interior podemos
mover-nos em alternância de papéis ou assumir o papel de outras personagens, a
partir das quais possamos ensaiar experiências.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Também podemos alterar o cenário, criando diferentes
ambientes e situações, ou suspender a cena num ponto determinado, retroceder,
torná-la mais lenta ou acelerá-la. O que significa que temos a liberdade de
fazer da nossa vida a nossa própria obra-prima.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A informação necessária para a mudança provém dos cinco
sentidos, sendo que representamos a experiência através de <i>modalidades</i>
(sensações) e <i>submodalidades</i> (distinções dentro de cada uma das
modalidades que servem para definir o que ocorre no exterior e o que
representamos interiormente).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Cada pessoa tem um sistema próprio de armazenamento de
informação e, para tal, não existem formas correctas nem incorrectas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A descoberta mais importante deste trabalho consiste no
facto de não permanecermos incólumes perante as nossas memórias. Não podemos
mudar o que realmente ocorreu, mas podemos trabalhar com as marcas que nos
deixam, a fim de fazermos com que cada dia mereça ser vivido em plenitude.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Apelar às submodalidades corresponde a um recurso simples e
extremamente eficaz para trabalhar quotidianamente com a forma como
representamos a experiência. Deste modo, sempre que nos encontremos ante uma
situação recorrente, a recordação transformada vai fazer com que a nossa
reacção externa seja diferente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A revivência da recordação pode ser feita num <i>modus </i>de
protagonista ou de espectador, dependendo da nossa situação no que diz respeito
à acção. Podemos, portanto, possuir uma das duas seguintes posições
perceptivas: associado (a pessoa vive a cena de dentro) e dissociado (a pessoa
toma o papel de observador). Tendo por base situações específicas, é possível
distinguir claramente os dois estados, sendo que podemos fazer uso de todas as
recordações agradáveis, associando-nos a elas, tornando-as mais intensas, mais
presentes. E perante as desagradáveis podemos criar distância, dissociando-nos
e aplicando as submodalidades que as debilitem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O ideal é, portanto, estar associado às experiências
agradáveis e dissociado das desagradáveis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><br /></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Utilizar
o teatro da mente<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A aventura de actuarmos no nosso teatro da mente oferece
múltiplas possibilidades, tantas quantas sejamos capazes de imaginar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Experimentemos viver as situações a partir do corpo de cada
um dos actores através das distintas posições perceptivas: o meu ponto de
vista, o seu ponto de vista (identificação com o outro, ou em lugar do outro),
o ponto de vista de um observador externo (o encenador da obra).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Adoptamos inconscientemente, no decurso da nossa vida,
diferentes posições ou pontos de vista – por exemplo, quando dizemos “eu, no
teu lugar” ou “distanciando-me da situação...”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O facto de não considerarmos estas possibilidades como
recursos faz com que utilizemos habitualmente o nosso ponto de vista pessoal,
sem incluirmos os restantes nas nossas considerações. Ao desaproveitarmos estes
recursos, usamos apenas uma parte da totalidade da informação disponível, que
poderia constituir uma importante ajuda nas atitudes quotidianas e na tomada de
decisões.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O importante é darmo-nos tempo para percebermos que
informação está ao nosso dispor, quando nos convertemos no “outro” ou num
“observador”. Integrar esse exercício nos nossos hábitos torna-nos mais
flexíveis, mais compreensivos, mais amplos. Essencialmente, tornamo-nos mais
“sábios”. Esta capacidade é um enorme recurso para desenvolver longas e
respeitosas relações.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Cada um de nós pode beneficiar se, ao aperceber-se da
posição que lhe é menos familiar, começar a praticá-la com maior frequência.
Quando conseguimos situar-nos nas três posições, temos o triplo da informação e
da compreensão que teremos se assumirmos apenas uma delas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Depois de experimentar a vivência de ter estado no lugar do
outro, com a perspectiva do seu mapa do mundo, terá seguramente podido
comprovar pela experiência que o nosso mundo pessoal é muito limitado e que nem
sempre estamos na posse da verdade. Permitir um lugar à óptica do outro na
nossa vida pode ajudar-nos a viver num mundo melhor, mais ecológico e mais
harmonioso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Inclusive, combinando o recurso das diferentes posições
perceptivas com o manejo das modalidades e submodalidades auditivas,
cinestésicas e visuais, podemos avançar para a solução de conflitos com outras
pessoas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">À primeira vista, pode parecer estranho considerar que
aplicando estas técnicas comigo próprio posso resolver uma dificuldade numa
relação com outrem. No entanto, e reafirmando o princípio da flexibilidade,
sucede que o conflito habita no nosso interior e, ao pormos a nu o problema
interiormente, estaremos em melhores condições e contaremos com mais opções
para solucionar a situação que nos preocupa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando reunimos a informação disponível sobre o problema
que nos aflige, obtemos uma maior compreensão e atingimos uma vivência mais
profunda sobre a vida do outro; ainda que muitas vezes este efeito não se
alcance por meio de uma explicação racional, mas através de uma emoção
compartilhada, que facilita a aproximação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><br /></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><b><i><span face=""Arial",sans-serif">A intenção positiva dos comportamentos<o:p></o:p></span></i></b></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL assegura num dos seus princípios que: “todo o
comportamento tem uma intenção positiva.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Tal significa que uma conduta, além das consequências
desagradáveis que possa ter na nossa vida, nasce motivada por uma intenção que
é positiva, já que, quando teve origem e ganhou corpo, consistiu na melhor
resposta que soubemos ter ante uma situação determinada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Por vezes, o nosso comportamento não nos traz aquilo que
desejamos, e sentimo-nos frustrados. Por exemplo, uma mãe está constantemente
preocupada com os seus filhos, satisfazendo-lhes as mais pequenas necessidades.
A sua “intenção positiva” reside no facto de ela demonstrar o seu amor por
eles; no entanto, os seus filhos podem experimentar essa dedicação como uma
intromissão e sentir que a sua mãe quer controlar as suas vidas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando tentamos “combater” uma conduta sem ter em conta a
sua “intenção positiva”, estamos a ignorar a sabedoria da voz que encerra um
ensinamento importante dentro da ecologia do seu sistema. Como resultado,
geramos uma resistência e, em lugar de modificarmos o comportamento, acentuamos
a sua intensidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Por esta razão, a PNL procura a superação dos conflitos,
tanto interiores como com outras pessoas, com o fim de beneficiarem as
diferentes partes, esforçando-se por criar um espaço de encontro, onde as
intenções positivas das duas ou mais consciências em conflito se realizem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O caminho está na negociação, uma ferramenta fundamental
tanto no desenvolvimento pessoal como na busca do crescimento e da harmonia
interpessoal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando o conflito é interior, a negociação toma o nome de
integração de partes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL considera que cada pessoa é um sistema em si própria,
que é constituída por diferentes consciências (partes), as quais possuem, por
sua vez, capacidades específicas. Quando estamos mergulhados numa contradição
interna, é como se a energia se dividisse e disparasse de nós em direcções
opostas, pelo que essas diferenças acabam por debilitar, dificultando o êxito
dos nossos objectivos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Recursos
para a mudança<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Outro dos princípios base da PNL é o que diz: “as pessoas
possuem todos os recursos de que necessitam para atingir o que desejam.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">E, para compreender isto, há que explicar o conceito de
recurso: “é um estado gerado por experiências positivas do passado, que podemos
recuperar e trazer para o presente, visando atingir determinado objectivo”
(Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Quando falamos de estado, referimo-nos à soma total da
experiência humana numa situação determinada. Esta totalidade forma-se por
milhões de processos neurológicos que têm lugar simultaneamente e que sujeitam
as nossas reacções físicas, as nossas emoções e os nossos processos
intelectuais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A nossa vida é em si mesma um recurso, porque a experiência
de viver nos serviu para acumular tudo aquilo de que necessitamos para
prosseguirmos e fazermos melhor a nossa vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL descobriu a forma a partir da qual os recursos
positivos existentes ao nosso inconsciente possam estar à nossa disposição, a
fim de serem utilizadas no momento em que deles necessitamos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">De que maneira podemos recuperar rapidamente um recurso?
Mediante uma ancoragem, sendo que esta é “um fenómeno de associação que se cria
entre pensamentos, ideias, sensações ou estados, e é um estímulo determinado,
externo ou interno” (Vallés, 1995).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Vivemos num mundo cheio de situações de estímulo/resposta,
e uma grande parte do comportamento humano consiste em respostas programadas
inconscientemente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O estímulo que acciona automaticamente estas vivências é
aquilo a que chamamos ancoragem, e faz com que se gere um estado específico em
qualquer situação e momento, sem ser preciso ser pensado. Se essa vivência que
se recupera é positiva, chamamos-lhe “recurso”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">A PNL utiliza-o como uma técnica eficaz para canalizar
construtivamente as nossas poderosas reacções inconscientes, uma forma prática
de as ter sempre à nossa disposição. Deste modo, os nossos melhores recursos
estão sempre à mão, quando deles necessitamos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Para usarmos livremente os recursos, activamos os estados
através de uma estimulação visual, auditiva ou cinestésica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">Logo que se tenha aprendido a instalar uma ancoragem,
pode-se utilizá-la para activar os seus estados no momento em que disso
necessite.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><span face=""Arial",sans-serif">O colapso de ancoragens acontece quando se produz um
desequilíbrio entre duas ancoragens: uma negativa e uma positiva. Conseguiremos
a anulação da indesejada se gerarmos um estímulo positivo superior, mediante
uma estimulação intensa ou por empilhamento de ancoragens.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="tab-stops: -162.0pt;"><br /></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Conclusão<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 200%;">A PNL constitui um método de análise e intervenção
psicológica com base num processo eternamente desconstrutivo. Mais do que
contribuir para a eficácia do processo transaccional em Psicologia, a PNL
incute todas as potencialidades de mudança cognitiva e de modelação dos mapas
mentais, contribuindo, portanto, para a visão da função cognitiva enquanto <i>função</i>
e não enquanto <i>constructo</i>, ou enquanto matéria presente em eterna
mudança e não enquanto matéria pré-definida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 200%;">O mais importante na PNL releva do seu enfoque no conjunto
de processamentos cognitivos que laboram e sustentam determinada função mental.
A função cognitiva pode ser desestruturada, dividida, fragmentada num conjunto
de processos ou gestos mais simples, os quais podem ser trabalhados numa base
de treino com vista à autonomização, relevando daí um todo funcional mais coeso
e integrativo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%; text-align: justify; text-indent: 27pt;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 200%;">A PNL constitui matéria nova e a explorar. Inclui miríades
de exercícios e treinos cognitivos. O presente trabalho não passa de mero
exercício introdutório. A parte pragmática da PNL é exponencialmente mais
interessante.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face="Arial, sans-serif"> </span></p>
<p class="MsoTitle" style="line-height: 200%;"><span face=""Arial",sans-serif">Referências
bibliográficas<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><br /></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Bandler, R., & Grinder, J. (1979). <i>Frogs into
princes. Neuro Linguistic Programming</i>. Real People Press.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Grinder, J., DeLozier, J., & Bandler, R. (1977). <i>Patterns
of the hypnotic techniques of Milton H. Erickson</i>. Meta Publications.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Lankton, S. (1979). <i>Practical magic: The clinical
applications of neuro linguistic programming</i>. Meta Publications.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Obler, L., & Gjerlow, K. (1999). <i>Language and
the brain. </i>England: Cambridge University Press.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">O’Connor, J. (2001). <i>Neuro linguistic programming
workbook: a practical guide to achieving the results you want</i>. Harper
Collins Publishers, Ltd.<i> <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="EN-GB" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-GB; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vallés, G. B. (1995). </span><i><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Programação neurolinguística. Desenvolvimento pessoal</span></i><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">. Lisboa: Editorial Estampa (original <i>Programacion
neurolinguística. Desarrollo personal</i>, traduzido por Conceição Candeias). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p> -----</o:p></span></p><p class="MsoBodyTextIndent" style="line-height: 150%; tab-stops: -162.0pt; text-indent: 0cm;"><span face=""Arial",sans-serif" style="font-size: 11pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><o:p>A partir de um trabalho de 2007, realizado para uma disciplina do mestrado em «Psicologia, Desenvolvimento sensorial e cognitivo» (Instituto Piaget)</o:p></span></p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-17067034637771871562023-03-05T01:24:00.001+00:002023-03-05T01:24:09.229+00:00O FisióSOFO<p> Já disponível nas livrarias portuguesas, WOOK ou por contacto (coelholewis@hotmail.com)</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJvZLtcU9BF8qvuHoI9ssgtYDbp9qwnfUaIGSA3F2fhimFWWllVyxK7sabR_CSa8kLkSvlEmwLCf6MZJgrTxnnBAYdstNOoT0x1CJcnE2gtXCGCBLYNzZgVzrhqORJ-eDB3nQpfoqjeEyZdmR9cQlyZloPTYjFJs2IXaqUZEMWKJZdwvMCNA/s2717/Capa%20Fisiosofo_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2717" data-original-width="1890" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoJvZLtcU9BF8qvuHoI9ssgtYDbp9qwnfUaIGSA3F2fhimFWWllVyxK7sabR_CSa8kLkSvlEmwLCf6MZJgrTxnnBAYdstNOoT0x1CJcnE2gtXCGCBLYNzZgVzrhqORJ-eDB3nQpfoqjeEyZdmR9cQlyZloPTYjFJs2IXaqUZEMWKJZdwvMCNA/s320/Capa%20Fisiosofo_2.jpg" width="223" /></a></div><br /><p><br /></p><div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-23423216200463030092019-07-11T12:09:00.001+01:002019-07-11T12:09:10.400+01:00A Razão Neurótica. Um livro de auto-desajuda<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjug2r7WtPPoHMyuc0ytmoNc76udLxl23sS9CYzvJA33WEZQwl_VccNXTenmRhdRhf2UGi8Mq19EVv9eYaMQh8PklAAAA46FWdhx-7FieeKSW3_fje07DsrtJteEX0aXvjTw9Rl2w/s1600/Capa+A+Raz%25C3%25A3o+Neur%25C3%25B3tica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="668" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjug2r7WtPPoHMyuc0ytmoNc76udLxl23sS9CYzvJA33WEZQwl_VccNXTenmRhdRhf2UGi8Mq19EVv9eYaMQh8PklAAAA46FWdhx-7FieeKSW3_fje07DsrtJteEX0aXvjTw9Rl2w/s320/Capa+A+Raz%25C3%25A3o+Neur%25C3%25B3tica.jpg" width="222" /></a></div>
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-13289153908904014132017-04-28T07:30:00.003+01:002017-05-23T23:56:47.575+01:00A Síntese (im)Perfeita<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Já disponível na editora (edicoesmahatma@mail.com) e nas livrarias Bertrand...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAMUuTojkSiq8G9HcKXlNM8JShyphenhyphenfPqJos6q7XLznu6axxwQ9XkdyeYL9ChpE-y5IW5ET_YrE2-mNkYKEzrJmpA5i4pWh2Fwm3H3VsbVDQApzQhrtizPMjg0-jBrJ9ZTJCqK974YQ/s1600/Capa+Frente+A+Si%25CC%2581ntese.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAMUuTojkSiq8G9HcKXlNM8JShyphenhyphenfPqJos6q7XLznu6axxwQ9XkdyeYL9ChpE-y5IW5ET_YrE2-mNkYKEzrJmpA5i4pWh2Fwm3H3VsbVDQApzQhrtizPMjg0-jBrJ9ZTJCqK974YQ/s320/Capa+Frente+A+Si%25CC%2581ntese.jpg" width="224" /></a></div>
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-88225480758775205742017-03-31T20:17:00.000+01:002017-04-19T23:10:10.477+01:00A Fibromialgia existe? O doente "psicossomático" *<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">O
que têm em comum a "fibromialgia" e a "homossexualidade"?
Ambas implicam um "pathos" ("sofrer") íntimo, fantasmático,
que é estendido, dilatado, pelas representações sociais relativas às duas
condições, portanto, pelo "pathos" social. O "outro" que
temos por dentro, a culpa, influencia e é influenciado pelo "outro"
de fora, a sociedade. No caso da "homossexualidade", a culpa
intrínseca é parcialmente nutrida pelas representações sociais da primeira; a
sua despatologização pretende desligar parte deste processo. No caso da
"fibromialgia", a culpa aspira ser desligada através de um processo
de conversão, de transformação, de uma coisa "mental" "stricto
sensu" numa coisa essencialmente "física" "stricto
sensu".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Aproveito
o facto descrito em
https://www.publico.pt/2016/12/29/sociedade/noticia/fibromialgia-reconhecida-como-doenca-1756467
("Fibromialgia reconhecida como doença") para mencionar a ponderação
que a "sociedade" possui no prolongamento do "pathos" de
cada um. Não querendo autenticar a sua "síndroma" enquanto mera (?)
"depressão" (neste contexto, com caracteriologia, expressão,
especialmente "física"), os fibromiálgicos, e as suas associações,
sempre pressionaram a comunidade médica, e os clínicos em geral, no sentido de
verem o seu "sofrer" ser patologizado/nomeado/identificado no molde
de uma presumida "doença" com cariz autónomo, cujo reconhecimento
enquanto tal permitisse apagar parte das representações mentais negativas que,
geralmente, se atribuem a uma coisa tão aparentemente volúvel quanto a
psicopatologia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Mas
a depressão (passe-se a "globalidade" do que o termo abarca) é tudo
menos volúvel e, por vezes, o "pathos" que ela configura é tão
desabrido que o paciente, inconsciente e/ou involuntariamente, acaba por
convertê-la/o numa coisa emergivelmente "física" "stricto
sensu", menos abstracta (se bem que a "sensação física" apela ao
"abstracto") e, portanto, mais facilmente compreensível, partilhável
e/ou aceitável. O mecanismo é interno e pode ser reconhecido em muitos
pacientes, mormente naqueles em que a "evolução" é capciosa e
tendente para a cronicidade. O mecanismo, como já vimos, é igualmente social,
contribuindo este para perpetuar o anterior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">No
início nem sempre é evidente. O paciente queixa-se de determinada(s) parte(s)
do corpo, tratamo-la(s), a coisa melhora subitamente ou simplesmente nada
acontece. No dia seguinte é outra coisa que dói, o paciente desgasta-se em
pormenores e "sensações" geralmente infundados e irrisórios (apesar
de subjectiva e semioticamente relevantes). Nada que seja evidenciado pelos
exames já efectuados. Porventura, terá havido alguém que valorizou o pouco que
os exames mostravam de "anormal" ou as apreensões do paciente, este
ficou satisfeito, a coisa até pode ter melhorado, mas, mais tarde, tudo
retornou. As dores mantêm-se e vão viandando por um corpo provavelmente tenso,
o paciente mexe-se com cuidado e prevenção desmedidos (pode haver medo ou
mal-estar, mas o paciente dirá, possivelmente, que não se sente deprimido;
obviamente, também há a possibilidade de as manifestações físicas e
mentais/emocionais se co-relacionarem, sendo, claro, por vezes, difícil de
definir/discernir objectiva e subjectivamente o que é "físico" vs.
"mental", até porque o físico é mental é físico, significantes de uma
"mesmidade") e tudo se vai perpetuando numa demanda de intervenções
(bastas vezes com resultados frustrantes, outros, estranhamente milagrosos) e
de múltiplos profissionais de saúde (os quais, quase sempre vitimam o paciente
com as suas teorias e paradigmas - ao invés de se disporem a um esforço de
"síntese" dos diferentes dados, distintas pistas do raciocínio
clínico -, contribuindo para prolificar ainda mais o conjunto das apreensões do
sujeito). Se há algum que lobriga a irracionalidade (?) das manifestações
(segundo o ponto de vista do raciocínio clínico mais costumeiro) e escolhe
referir-se ao aspecto possivelmente mental, psicossomático, dos sintomas (coisa
que, na, frequentemente não acontece - dado o imediatismo do sistema, do modo
como se avalia e trata, bem como a mera componente metamorfoseante do paciente,
que ilude continuamente o profissional -, o que até admira, não sejam todas as
condições físicas irmãmente, senão causalmente, "mentais"), ele é
presumivelmente repelido, o paciente dificilmente aceita que aquilo que tem é
dominantemente psicogénico (sendo que o mal-estar que possa eventualmente
existir é facilmente encarado como consequência, e menos enquanto correlato - e
menos ainda como causa -, do problema físico) - embora possam ocorrer
transitoriamente algumas suspeitas -, recusa usualmente a ajuda estritamente
psicoemocional, se bem que a recebe "indirectamente" através dos multíplices
terapeutas entretanto sondados (nem que seja mediante a componente psico-física
das inerentes terapias - não obstante o facto de a via "física"
propriamente dita conservar a problemática -, pela via do trabalho semiológico
das manifestações, talvez menos pelo viés dos processos de relaxamento e outros
que dimanam sobretudo a um nível cognitivo-comportamental). À falta de
respostas, as terapêuticas não convencionais assentam que nem uma luva nas
necessidades destes pacientes. E, assim, tornam-se comummente seguidores destas
terapias, das suas explicações e filosofias, da dinâmica das suas soluções (a
sua linguagem "ideal" é um "modus" de linguajar
"psíquico", o nosso condicionamento "materialista"
atribui-lhe uma importância ténue, mas, bem vendo, não é especialmente
divergente da solução psicanalítica, identicamente abstracta, volúvel e
"infalsificável"; quiçá os pacientes encontrem o seu lugar dentro dessa "práxis").
Às tantas, convertem-se ao "new age", a estilos de vida alternativos,
às "espiritualidades" salvíficas. E, por vezes, só assim chegam a
entender derradeiramente que existe uma ligação corpo-mente inalienável, não
integrando, no entanto, a sua "perfeita" condição
"mentalista" (diz, claro, o velho preconceito "materialista");
procuram, quiçá, a resposta no "espírito" - que é, em suma, o próprio
inconsciente, trasladado para níveis especularmente "superiores" e
abstractos, funestamente promovidos pela semiologia esotérica -, e não tanto no
"inconsciente", preferem os terapeutas das "vidas passadas"
(que, não obstante, poderão operar metaforicamente a um nível inconsciente,
representando as "vidas passadas" processos "ancilares" da
vida coetânea) aos psicanalistas mais sistemáticos, as proposições mágicas às
psicológicas "stricto sensu", a meditação transcendental à busca
verdadeiramente íntima (egóica, claro, e, por isso mesmo, repudiada pela mesma
espiritualidade que a sabe excrescente). Reconhecem a importância da
"psique", mas de modo controverso, não "psiquificando" a
sua condição, mas antes a "espiritualizando", sem deixarem de prover
a sua causalidade "física"; assim, efectuam uma "fuga para a
frente", não reconhecendo que é a própria problemática depressiva que
explica tanto os sintomas como a busca do "etéreo", dupla defesa,
dupla conversão, do mental ao físico e do mental ao espiritual, e, já agora, do
físico ao espiritual (sendo que a conversão do materialista
"psicodinâmico" poderia ser do espírito ao mental-físico, aqui a
cegueira "psicanalítico-cêntrica" teria uma razão de ser "ideal"
e "paradigmática" semelhante à da cegueira teomaníaca... quiçá, o
paradigma "psicanalítico" corresponda à minha plena ilusão
egocêntrica desindividualizadora, identitária), com o sobrepujar da etapa
"emocional", talvez a mais difícil de ser vivificada integralmente;
não que estes "espirituais" não assegurem a importância do
"auto-conhecimento", mas portam-no para um lugar abstracto, sem que
prevaleça uma verdadeira auto-análise, esta muitas vezes afrontada como
perdulária, errática e aviltante, pois, afinal de contas, o "ego" é
uma ilusão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";">Não
é que a coisa fosse necessariamente resolvida no divã, também, e sobretudo, aí
as coisas se eternizam num labirinto de interpretações (tal-qualmente
abstractas e mágicas - mas vivenciadas na carne autobiográfica e onírica do
reconstrutor do terreno (super)egóico -, se bem que, sobrevindo de um
psicanalista, enraizado num contexto de aceitação social e materialista,
poderão ser encaradas de outro modo). O "mal" (socialmente visto
enquanto tal) é profundo e ancilar (possuindo origem na mesma sociedade, a qual
enforma as referências principescas/supergóicas, que julga
"moralmente" o desajuste "culposo" ao contexto), há quem
silencie o sintoma com o anti-depressivo, muitas vezes totalmente rejeitado
pelos proponentes das "alternativas" (que se escusam aos métodos de
um sistema arrostado como condicionador, propagador de "bonifrates"
dessensibilizados), há quem se limite a adoptar a existência de uma doença que,
supostamente, não possui cura e merece tratamento especial, incluindo os
direitos estatais, tudo serve para evitar a conversão genuína da problemática
ao abstracto, ao concreto dos sentimentos (que, não obstante, de pouco serve,
visto que esse "concreto" é igualmente ilusório e impermanente). No
caso do fibromiálgico, procura-se a aprovação social que o
"espiritual" comuta num suposto estilo de vida
"sustentável" e harmonioso. Iludidos estão ambos, mesmo o que parece
"mentalizar" e, na verdade, transfigura a "espiritualidade"
numa "religião". E iludidos se devem manter, como todos nós, pois
prodigalizar a consciência é arriscar a implosão (por outro lado, aqueles
processos poderão facilitar uma futura consciencialização); interessa,
sobretudo, segurar a compensação, o que, demais a mais, nos leva a questionar o
relevo de um texto que pretende "desiludir"... é que este foi escrito
pelo "ego" e não pela "empatia", interessou ao autor
arrumar seu próprio equilíbrio, sua intrínseca alucinação, ao invés do alheio.
Se, para o paciente, o registo "espiritual" constitui o paradigma
responsivo, de nada serve "irrealizá-lo", pois que o
"ideal" é, para ele, tão "real" quanto é, para outros, o
"positivo". O seu "ideal" é a sua linguagem,
"espiritual" ou "psicodinâmica", tanto faz, com doença,
espírito, medicamento ou holisticidade, persiste, desde sempre, o
"ilusório", a fantasia com que podemos alimentar o futuro, de bengala
na mão da (in)solução. Algumas soluções parecem mais certas e delongáveis, mas
que diferença fará este "longo prazo" à vista de uma eternidade de
transformismo polarizado? Achamos que somos especiais por concebermos o método
dialéctico, porque o dominamos a algum nível, mas não somos categoricamente
distintos do que voga na efeméride ou em "paraíso artificial", todos
em seu plano ou amplitude, interessa, particularmente, fazer medrar o
sofrimento, o resto é, mais uma vez, caso de aquiescência social, facécia de
uma visão preconcebida do tempo e da virtude.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<i><span style="font-family: "calibri"; font-size: 10.0pt;">(</span></i><span style="font-family: "calibri"; font-size: 10.0pt;">* in «A Síntese (im)Perfeita. Sobre o tempo, a culpa e o Nada», Edições Mahatma, 2017<i>)<o:p></o:p></i></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-84995218226418453632016-06-06T20:54:00.001+01:002016-06-06T20:54:46.328+01:00{um (ensaio "subjectivo", moderadamente "interpretativo", de) "conto de caso" em "Fisioterapia", "Fisiodinâmica", "Somatodinâmica"...}<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Cabeleireira
de profissão, a Sra. O.C. (62 anos de idade) - enérgica e trabalhadora
incansável, por vezes ansiosa, muito comunicável e assertiva, uma força da
natureza, sem problemas de saúde relevantes... -, começou, há cerca de seis
anos, a referir queixas dolorosas no ombro direito, sobretudo na área abarcada
pelo tendão da longa porção do bicípite. Subsistindo suspeitas de tendinite, a
radiografia revela "sinais" implicativos de um Conflito Sub-acromial
(provável causa da dor e inflamação). Tratada diariamente (numa Clínica) com
recurso à terapia manual, e acrescendo-lhe todo o "trabalho de casa"
composto por diversos exercícios de mobilidade (sem carga) para os membros
superiores, são necessários meses para que o membro volte a ter funcionalidade
comparável à do passado e dor perfeitamente tolerável; no entanto, várias vezes
a paciente viria a referir que o "braço direito" nunca mais tinha
voltado "a ser como dantes" (uns meses mais tarde, a condição deste
braço viria a agravar-se, perdendo, novamente, funcionalidade e prejudicando,
assim, a actividade profissional). A condição daquele membro foi considerada
"normal", atendendo à profissão e ao volume de trabalho que vinha a
desenvolver há vários anos, se bem que, a determinada altura, as dificuldades e
o tempo requerido na/de reabilitação levaram a suspeitar da existência de uma
condição mais gravosa como ruptura tendinosa e/ou ligamentar (nenhuma ecografia
ou ressonância chegou, de facto, a ser realizada); o membro superior esquerdo
não apresentava sinais/sintomas de patologia, mesmo tendo vindo a fazer muito
do trabalho que cabia ao membro afectado. Passaram cerca de dois anos e, lenta
e progressivamente, a paciente começou a exibir determinadas "manifestações
clínicas" (para além da já referida disfunção do ombro): tremor (em
repouso) no membro inferior direito, sobretudo na zona do joelho, rigidez e
perda de mobilidade n/d/o mesmo ombro de sempre (o direito), também começou a
apresentar uma lentificação dos movimentos e das reacções de equilíbrio,
"rigidez" do olhar, já bem depois de ter perdido o sentido do olfacto
(esta perda progressiva foi, durante anos, explicada a partir da condição de
sinusite). Visitas a "médicos de família" no Centro de Saúde geraram
"diagnósticos" como "problemas de coluna" (apesar de as
radiografias realizadas à coluna não exibirem alterações invulgares para a sua
idade ou mesmo gravidade que pudesse explicar as manifestações ocorridas -
julgamento obviamente um tanto subjectivo), entre outros; pelo menos três
médicos "clínicos gerais" acharam que a ausência de "roda
dentada" (e terá uma Condição de ser assim tão absoluta, de apresentar
inequivocamente todas as manifestações do "cardápio", ainda mais numa
fase aparentemente incipiente?) era sinal inambíguo de que não estavam na
presença de um caso de Parkinson. Foi preciso que neurologistas de renome
viessem confirmar o diagnóstico de Parkinson para que a paciente ultrapassasse
a "negação inicial". Medicada, melhorou substancialmente em todas as
"manifestações", mas, ainda assim, possuía/possui alguma rigidez no
hemicorpo direito, sobretudo aquando dos movimentos e esforços (principalmente
os que exigem maior coordenação e/ou equilíbrio), algumas discinésias e tremor;
as manifestações melhoram ou deixam mesmo de estar presentes aquando da fase ON
de medicação. A cognição não tem apresentado alterações substantivas. O
"Conflito Sub-acromial do ombro" conquistou agora uma explicação mais
definitiva, foi fomentado pela rigidez parkinsónica. Refere também dores na
região cervical, sobretudo charneira cérvico-dorsal e, ocasionalmente, dores
lombares e ciatalgia (sem hipostesia ou parestesias) à direita. De acordo com
os exames (e comparando com dados do Exame Subjectivo), e (sempre) interpretando,
as dores cervicais não parecem ter causa discal (importante) mas antes no
processo normal de "desgaste" (agravado pelo/no trabalho) associado a
alterações no alinhamento (inclui "bossa" na área cérvico-dorsal), o
movimento de extensão piora a dor, enquanto que o movimento de flexão
(incluindo retroversão da mandíbula, que alinha parcialmente o muro posterior
da coluna) alivia. A área em questão parece estar sobrecarregada em
"mobilidade", dada a rigidez (observável) da coluna dorsal associada
à rectificação desta (incluindo leve tendência para omoplatas aduzidas, mas sem
retracção evidente da musculatura entre as mesmas, como poderia ser esperado. A
adução das omoplatas pode potenciar a relação acrómio - cabeça do úmero). A
cervical condiciona o funcionamento do ombro e vice-versa. Já ao nível do
quadrante inferior, podemos considerar que a ciatalgia possui origem primária
na região discal lombar (a mobilização segundo Maitland alivia, flexão agrava,
os exames complementares referem a existência de herniação discal),
verificando-se que a mesma dor é agravada na posição de alongamento em flexão
com joelho estendido do membro inferior direito (limitando, assim, o recurso
"terapêutico" à Tensão Neural Adversa). A ciatalgia, quando presente,
não melhora com o alongamento do músculo piramidal. Em termos posturais, possui
rectificação cérvico-dorsal, com dorsal rígida a condicionar mobilidade
acrescida na zona de charneira cérvico-dorsal (como já afirmado) e também na
lombar (condicionando a presença de herniação nessa região, provavelmente
associada a hipermobilidade, sobretudo na área de charneira lombo-sagrada),
tendência para anteversão da mandíbula agravada com expiração máxima realizada
na posição de decúbito dorsal (posição básica e manobra segundo Mézières) - a
rectificação da cervical cria geralmente tensão sobre os tecidos moles da
região -, ombros em anteversão, mas sem retracção evidente das Cadeias
musculares ântero-internas (verificado em decúbito dorsal com abertura do
braço. Por vezes, a retracção da musculatura inter-escapular pode conviver com
a cifose dorsal, a cifose pode até dever-se à insuficiência da musculatura
dorsal tensa/encurtada, não é o caso aqui. Há muitas outras causas para a
cifose, a dinâmica varia muito de "caso" para "caso", um
número elevado de variáveis condiciona uma série de manifestações e/ou
possibilidades, a Ciência "analítica"/"dianóica" tem por
hábito isolar variáveis, limitando assim um objecto de estudo holístico por
natureza, por outro lado, aquele isolamento é pretendido em nome do rigor,
rigorismo esse que os estudos de tipo fenomenológico/hermenêutico/casuístico
podem não conseguir alcançar. Note-se o conjunto assaz elevado de hipóteses que
coloco na explicação de uma qualquer alteração, de algum modo há sempre
explicação, independentemente das inerentes contradições, o homem é
naturalmente contraditório, joga com diferentes pesos e diferentes medidas,
distorce, modifica, adapta, o discurso, a argumentação, mesmo sem disso ter
consciência, o que me leva também a reflectir a relevância do meu paradigma...
o que o torna melhor que os outros? No fundo, nada a não ser a circunstância do
seu enlace), portanto existe possibilidade de retracção do diafragma,
verificável na reacção da cervical, mandíbula e ombros aquando da expiração
forçada, mas contraposta pela anulação da curvatura lombar e ausência de
encurtamento do psoas (o que, demais a mais, pode sugerir que o diafragma está
retraído em determinados pontos, compensatoriamente "livre" noutras
inserções), lordose lombar diminuída (forte tendência para bascular
posteriormente a bacia e eliminar a curvatura lombar), associada a retracção da
região inferior da Cadeia muscular posterior (sobretudo ísquio-tibais
externos); o encurtamento referido contribui obviamente para a "báscula
posterior" da bacia, e esta posição cria uma propensão para agravar os
sinais relativos à herniação lombar, porque há maior quantidade de flexão,
aliás uma tendência contínua para flectir a lombar, podendo afectar/aumentar a
hérnia. A postura da bacia e coluna não parece ser anamnesicamente consequente
à postura/alinhamento do membro inferior (neste caso pode verificar-se: pés
planos, ligeiro valgismo dos joelhos e rotação externa das ancas), se bem que
não parece pertinente, no caso em questão, tentar reconstituir a história da
evolução morfológica e postural da paciente, nunca há um modo absoluto de saber
como tudo foi acontecendo. Aqui é mais relevante entender que, a par de uma
anulação da lordose lombar, estão presentes encurtamentos na secção inferior da
Cadeia muscular posterior, na cérvico-dorsal, no diafragma. O encurtamento na
secção inferior da Cadeia muscular posterior é compensado pelo alongamento
lombar e este é compensado com um encurtamento nos níveis acima. Estes
encurtamentos apresentam as citadas repercussões na função da coluna e membros.
Não existe, aqui, uma apresentação mézièrista mais "característica"
como encurtamento da lombar, diafragma e em rotação interna dos membros, ou a
tendência para um encurtamento da secção inferior da Cadeia muscular posterior
ser compensado com um alongamento de toda a secção superior da mesma Cadeia,
mas uma dinâmica está presente e ela não é só muscular, há que atender à
questão do Equilíbrio neuromuscular, ao mecanismo de Controlo postural; na
paciente, o Equilíbrio global está francamente dependente da acção de ambas as
ancas, ísquio-tibiais externos e tricípetes surais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Existe,
assim, uma relação estreita entre os caracteres puramente miofasciais e os
neurológicos. E essa relação viciosa pode, inclusive, arrastar graves
consequências com o avançar do tempo. E isso implica uma dinâmica assaz
complexa. Obviamente é impossível representar um conjunto significativo de
relações dialécticas no que respeita ao corpo-mente desta paciente. Mas podemos
dar alguns exemplos. Vejamos o caso da relação entre a rigidez parkinsónica e a
rigidez de carácter mais puramente miofascial. É impossível separar as duas
anteriores. A rigidez parkinsónica propriamente dita aumenta a rigidez muscular
e contribui para o encurtamento, por seu lado, estes aumentam a rigidez
parkinsónica. Se, acaso, não existir um trabalho de alongamento das estruturas
miofasciais, é possível que a rigidez no seu todo aumente e ela levará ao
incremento do encurtamento e este ao incremento da rigidez; uma só sessão de
alongamento do tecido miofascial pode produzir uma diferença enorme, pois pode
ajudar a reduzir a rigidez e a necessidade de administração de medicação para a
mesma; com o tempo, a Fisioterapia de cunho "reeducativo" pode levar
a grandes diferenciações na evolução do próprio Parkinson. E se este evolui
favoravelmente, a parte psicológica também se manterá mais "incólume"
e isso implica que haverá também menos tensão e, portanto, menor rigidez. A
mais pequena variação pode, assim, produzir grandes alterações. Por exemplo, o
trabalho facilitatório no treino de marcha pode produzir alterações no
funcionamento do Sistema Extra-Piramidal e isso pode levar à redução de rigidez
e, por conseguinte, à melhoria do padrão de marcha, se bem que esta
"melhoria" é obviamente subjectiva, sua avaliação dependerá sempre da
visão tanto do terapeuta como do paciente e seus elementos de suporte. A
modificação dos factores neurológicos poderia, também, levar a uma diminuição
da rigidez da banda ílio-tibial e ísquio-tibiais externos à direita, isto
poderia levar à redução da báscula posterior da bacia, o que pode ajudar na
prevenção de mais ciatalgia, e, com esta menos presente, também se reduz a
tensão nas áreas atrás referidas, o que leva igualmente à melhoria do padrão de
marcha, e esta leva à redução da rigidez, etc., etc., poderíamos continuar
eternamente (<i>vide </i>o esquema dos
"Principais Problemas"). Um pequeno toque, um simples movimento ou
alongamento, pode espoletar uma evolução completamente distinta da condição do
paciente, para ela concorrem múltiplos factores em relação dinâmica e
qualitativa complexa; mexendo numa variável, mexe-se com o conjunto do Sistema,
e este é "aberto" e interactivo. Poderíamos, quiçá, representar
relações mais directivas e/ou mais "distantes", mas tudo isto resulta
de uma construção, duma projecção clínica, os elementos influenciam-se
mutuamente e é pouco verosímil esperar uma possível redução
"positiva" desta dialéctica da Condição, a qual inclui
necessariamente a própria dinâmica do terapeuta, sua variância psico-física.
Qualquer esquema representativo das relações possíveis será necessariamente
limitativo, incluirá apenas as variáveis que a subjectividade nomeou e sublimou
enquanto de mor relevância. Logicamente, a tentação de tratar um Sistema com um
método ou paradigma também ele Sistémico é enorme, e quanto mais íntegro o
Sistema e/ou o método, maior a complexidade dialéctica, a probabilidade de
dialéctica relativística e dogmática, e a improbabilidade de redução da coisa a
relações singulares, alvo da medição empírica tradicional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr-pBARPL8LRc4wwplNWiRXIGfGl-tq2JjnOaXjeNFB5sYpmwzd1heiM79kMvrEcOcqzQ0jNt1crUV4gRQCocic83ojAf3wDb8Cpk33Z6KpXHSxAPrvV1IfGFMje_5ZubRMw9FBg/s1600/Esquema2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr-pBARPL8LRc4wwplNWiRXIGfGl-tq2JjnOaXjeNFB5sYpmwzd1heiM79kMvrEcOcqzQ0jNt1crUV4gRQCocic83ojAf3wDb8Cpk33Z6KpXHSxAPrvV1IfGFMje_5ZubRMw9FBg/s320/Esquema2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Numa
primeira fase dos tratamentos, após o trabalho respiratório (com incidência na
expiração, com processo inspiratório passivo, de modo a produzir o máximo
alongamento do diafragma, músculo inspiratório) com estabilização da
cabeça/mandíbula na posição de decúbito dorsal (modo clássico de início de uma
sessão Mézières, com vista a alongar secção superior da Cadeia muscular
posterior), a sessão era iniciada com postura do tipo Mézières com alongamento
da Cadeia muscular posterior acentuadamente na zona dorsal (evitando o
alongamento excessivo da lombar, contra-indicado à herniação); pretendia
alongar globalmente, preparando, assim, todo o trabalho a realizar, e a posição
permite alongar a dorsal de um modo extremamente eficaz, a partir daí poderia
trabalhar todo o quadrante superior (cervical e ombro), seguido do quadrante
inferior; mais tarde, a postura mostrou ser muito "exigente" (tanto para
a cervical, obrigada a uma flexão excessiva, como para a lombar, pela mesma
razão) para a paciente e tivemos de fazer uso de soluções mais analíticas que
permitissem alongar, pelo menos parcialmente, a Cadeia muscular posterior
(chegámos a utilizar a postura de flexão da coluna a partir da posição de
sentada - excelente para o alongamento da dorsal, incluindo os músculos
inter-escapulares -, mas esta postura também veio a revelar-se agressiva para a
lombar, não deixando, apesar de tudo, de ser uma posição excelente para
trabalhar o movimento de flexão lateral da cervical, visto que mobilizamos e
alongamos numa posição de alongamento mais ampla, de resto muitas vezes se
escolherá mobilizar/alongar analiticamente no "interior" de uma
postura determinada). O trabalho lógico seria o de decúbito dorsal, operado de
cima para baixo, incluindo parte respiratória (que afecta o Sistema por
inteiro), e acabando nos membros inferiores; trabalharia cervical, ombro
direito e antebraço homolateral (zonas de rigidez), alongaria, depois, secção
inferior da Cadeia muscular posterior e trabalharia membro inferior direito,
incluindo alongamento do tricípete sural e tendão de Aquiles (zonas de
rigidez). Só depois manipularia coluna lombar na posição de decúbito ventral,
para "compensar" área da hérnia, faria exercícios de mobilidade da
coluna, hipopressivos abdominais, e treino de Equilíbrio. Seguiria um processo
semelhante ao que defendi em «O Anti-fitness ou o manifesto anti-desportivo»
(Alongamento » Mobilidade » Força). No entanto, muitas vezes a Realidade
obriga-nos a alterar a abordagem. Depois de ter feito aquele tipo de
"trabalho", havia coisas a aperfeiçoar; a paciente continuava a
apresentar algumas queixas de ciatalgia; ora as hérnias e as dores neuropáticas
não gostam dos alongamentos do tipo "reeducativo" (pois são
realizados proeminentemente em flexão da coluna lombar, com consequências para
os discos intervertebrais), estava visto que teria de "moderar" a
abordagem, por outro lado, com o tempo, a cervical e o ombro passaram a ser as
áreas alvo da própria paciente, aquelas que ela queria/desejava mais
trabalhadas, delas em bom estado precisava para o exercício da profissão (e
ainda lhe restam alguns anos de actividade profissional...), o que me levou a
inverter a ordem do tratamento, indo, agora, de baixo para cima (o quadrante
superior é preparado "à distância" com o trabalho no quadrante
inferior), e, além disso, era também necessário trabalhar o Equilíbrio logo no
início da sessão (com algumas vantagens neurológicas preparatórias), pois
aquele "treino" criava um nível de tensão tal que seria imprudente
deixá-lo para o fim, abandonando, assim, a paciente à sua tensão novamente
amplificada. Passámos a fazer o trabalho de Equilíbrio logo no início, com
recurso, claro, a várias superfícies desequilibrantes (no trabalho de
equilíbrio unipodal, começo sempre por trabalhar o equilíbrio do lado
contralateral ao afectado, de modo a treinar a transferência de peso para uma
área "remanescente" que "empurra", e só depois trabalho o
equilíbrio do lado direito, neste caso colocando membro esquerdo à frente do
direito, criando mais enfoque deste lado, associando-lhe alongamento do
tricípete sural em pé, e várias actividades funcionais, sobretudo com cervical
e membro superior direito; por vezes é necessário fazer alguma marcha normal e
descontraída a meio dos exercícios para permitir o relaxar da zona lateral e
posterior do membro inferior direito, incluindo o pé, onde se acumulam tensão e
discinésias). Comummente, nesta fase, trabalho também os movimentos da cervical
(cuja execução é fonte de mais "estímulo desequilibrante") - vários
em "quadrante" (por exemplo, flexão/extensão e flexão lateral com a
cabeça rodada para cada um dos lados, ou rotação com a cabeça flectida/estendida;
a flexão lateral e a circundação fornecem um maior estímulo ao treino de
equilíbrio, para além de afectarem mais a cervical inferior, zona que se
pretende mais trabalhada, porque afectada por dor) -, com os olhos abertos e
fechados, com a base de sustentação mais ou menos ampliada (joelhos
ligeiramente flectidos, para diminuir a pressão na coluna), realizo também
trabalho expressivo, movimentos facilitados como em "Feldenkrais" ou
"Bobath" (e que implicam um "esforço" menor, mas maior nível
de consciencialização), misturo tudo com os movimentos da cervical e o trabalho
de equilíbrio, acrescento-lhe treino de coordenação e parte cognitiva, tudo
feito de acordo com a "intuição", sem separações, nomeações
desnecessárias. Posso pedir várias tarefas em simultâneo, com olhos fechados
para exigir mais à proprioceptividade (as tarefas simultâneas podem ou não
permitir a coordenação entre elas, por vezes pede-se a realização simultânea de
duas actividades impossíveis de se coordenar, ampliando a exigência cognitiva),
mas há que não exagerar, geralmente estas actividades aumentam muito a tensão e
discinésias no membro inferior direito, e nós não queremos que aquela tensão se
torne intolerável, para além disso, as actividades provocam também discinésias
na mão direita, geralmente peço que as mãos permaneçam juntas e enlaçadas de
modo a calar aquelas manifestações (pode não passar de um mero preciosismo, mas
os preciosismos são apanágio do perfeccionista, e mesmo não fazendo qualquer
diferença, convém que o terapeuta "acredite"; se o terapeuta
acredita, o paciente também acredita, este - sim - é o verdadeiro e eficaz
efeito "Placebo": a crença partilhada, ancorada na relação
"transferencial" terapeuta-paciente); as tarefas deverão ser
"funcionais", sem resistências, intencionais e descontraídas (muito
particularmente, é essencial manter os ombros soltos, se bem que, por vezes,
podemos treinar actividades com a pessoa "abraçada a si mesma", de
modo a aumentar a exigência para o Equilíbrio), outros pacientes pedirão outro
tipo de abordagem mais "tensa"... A associação entre actividades tem
de ser coerente; se, por exemplo, trabalhar com base de sustentação pequena e
olhos fechados, a exigência para o equilíbrio é maior, e aí há que prevenir
mais o aparecimento das discinésias, se peço muitas actividades, aumenta o
risco de frustrar a paciente (a frustração cria ansiedade e esta aumenta a
tensão e as discinésias, tal pode constituir porta de entrada para uma
regressão, e a mais ínfima destas pode, por efeito cumulativo, ter grandes
implicações em todo o processo, incluindo frustrar familiares e o próprio
terapeuta; é fundamental perceber que, em analogia com o mecanismo ético-moral
convencional, equilíbrio atrai equilíbrio, estabilidade puxa por estabilidade,
"melhorias" produzem renovadas "melhorias", e isto em <i>design</i> sistémico de cascata de
auto-indução de influências), tudo na medida certa, facilmente se ultrapassa o
limite do razoável, a linha que separa este do irrazoável é ténue, e, para
mais, subjectiva, da parte do paciente e do próprio terapeuta
"construtor" do paciente, variando muito segundo diferentes
circunstâncias, poderia referir aqui inúmeras possibilidades ambíguas, a sua
gestão não pode ser aprendida em livros, não pode ser receitada, é preciso
avaliar e ajustar constantemente, o corpo de um momento já não é o corpo do
momento seguinte, a nossa avaliação é multivariada, multifactorial, e a nossa
cabeça não comporta (pelo menos por agora) Algoritmos, um dia o andróide fará o
nosso trabalho com eficácia maior, o que parece ser irreproduzível deixará de o
ser, o que augura ser "Espírito" desvelar-se-á enquanto
"matéria", o Efeito Borboleta será "relativamente"
controlado, o múltiplo será conseguido pelo "artificial", e este
último será "humano", porque igualmente complexo, "consciente"
(?) e multidimensional, deixará de fazer sentido um texto como este em que
pretendo recrutar - sempre frustradamente - diversos elementos de um Sistema. A
sessão continuava, à semelhança das anteriores, a ser feita totalmente em
"ambiente" de colchão, sem recurso a marquesa (podemos também
utilizar a posição de sentado num banco, com alongamento do tricípete sural -
particularmente do solhar, músculo tónico, portanto com maior importância na
manutenção da posição de pé e maior tendência para o encurtamento - com joelhos
flectidos, levando o calcanhar, sempre junto ao chão, para trás da linha do
joelho). Crucial será dizer que o aumento de tensão na banda ílio-tibial à
direita acarreta um risco para o tratamento, dificultando o relaxamento das
estruturas, criando pressão (compensatória) sobre o membro inferior esquerdo,
esta pressão gera dor, bem como a da banda ílio-tibial referida, a dor alimenta
as compensações, para além de interferir tardiamente com o trabalho da
paciente, sobretudo de manhã, aquando o período <i>off</i> da medicação (a preocupação com o trabalho, bem como a
lentidão, cria tensão e esta interfere com o tratamento). Depois do treino de
equilíbrio, a paciente descia adequadamente para o colchão, retardando a flexão
da lombar (por causa da citada hérnia discal), e ficava precisamente "de
gatas", numa posição que permite alongar o tricípete sural (e também a
fáscia plantar, o seu alongamento pode afectar - até neurologicamente - o
conjunto do Sistema, daí ser importante massajar esta área, obviamente com
gestão da dor produzida; muitas vezes se irá massajando a mesma área no decurso
do tratamento), portanto com o peso colocado por cima dos pés, com estes
virados para a área cefálica. Depois de alongada analiticamente a secção
superior da Cadeia muscular posterior (pode ser igualmente usada uma posição de
alongamento lateral do quadrado lombar, com o cuidado de não forçar o membro
superior, sobretudo o direito, onde reside maior tensão) e de realizados, já,
alguns movimentos de flexão/extensão e flexão lateral da lombar (na posição de
gatas, com o cuidado de manter alguma extensão da coluna lombar, de modo a
contrariar a tendência desta para a flexão; o movimento de flexão/extensão deve
anteceder o de flexão lateral, pois a flexão alonga o que é mobilizado em
flexão lateral; no entanto, o perigo de ciatalgia pode levar-nos a ater outro
raciocínio, resultando na realização primeira da flexão lateral com
proeminência para o lado direito - com ou sem auxílio manual - de modo a ter
efeito sobre os discos intervertebrais, reduzindo a área da hérnia, e só depois
efectuando o movimento de flexão/extensão, escusando a flexão excessiva.
Obviamente, muitas das decisões em causa passam por antecipar o resultado de
uma projecção, imaginamos o que poderá estar a acontecer com o corpo e reagimos
em função disso, mas o modo como projectamos o comportamento do Soma depende,
grandemente, do paradigma metodológico a que permanecemos fiéis, e, no exemplo
acima apresentado, o paradigma estrutural/postural aparece em contradição com o
paradigma funcional, isto querendo simplificar o que se não deve. De algum
modo, não existe solução de continuidade entre o <i>metodológico </i>e o <i>epistemológico</i>.
A intervenção demanda sempre um <i>Sentido</i>,
muitas vezes mais "criado" do que realisticamente existente (mas o
"criado" torna-se "real" ao ser real-izado), e o que se
justifica parece sempre legítimo; diferentes paradigmas interpolados numa só
intervenção podem, porventura, implicar diferentes <i>Sentidos</i> ou raciocínios ripostados "contra" o que é, ou
deveria ser, Uno, mas antes isso do que a supremacia dogmática de um só
paradigma, potencialmente alienador de toda uma visão; se bem que sua pureza
"estética" possui efeito denodado sobre a "crença" e esta
influencia, directa e indirectamente, o tratamento, bem como os efeitos do
mesmo, e talvez tudo não vá para além do placebo, da satisfação, no sentido
mais subjectivo, que, em grande medida, é tudo o que interessa, a
"satisfação" do paciente é mais importante do que a do terapeuta,
excrescência fortemente egóica, edificação subjectiva e volúvel) - mantendo
sempre o alongamento da zona sural -, fazíamos o trabalho de decúbito ventral,
a mobilização e exercícios (a mobilização da coluna é antecedida de alongamento
preparatório, queremos mobilidade com menos atrito, era solicitada uma boa
amplitude de extensão da coluna, imediatamente depois de efectuada a
mobilização segundo Maitland - numa posição de prévia extensão da coluna, de
modo a permitir aprimorar ainda mais a amplitude - e alguma manipulação do tipo
McKenzie, esta realizada simultaneamente com tracção da coluna por meio dos
membros inferiores, eventualmente também com movimentos de flexão lateral.
Persiste o desejo de estender uma coluna lombar com tendência para postura de
flexão, a qual alimenta o risco de aparecimento de manifestações decorrentes
das herniações lombares. Depois, os exercícios mais "activos" -
utilizamos, frequentemente, um exercício semelhante ao "de gatas",
mas com apoio nos antebraços, posição que implica maior esforço abdominal, se
bem que força um pouco os ombros, pelo que não pode ser prolongado durante
muito tempo (há também que assegurar que a cervical está alinhada e não
estendida, os membros inferiores devem estar colocados de modo a permitir a
mobilidade lombar) - ajudam a repor a "tensão" na região abdominal,
podemos por exemplo fazer trabalho de mobilidade associado a força do
"centro", algo que requeira "ins/estabilidade" e que ajude
a activar o "core", e podemos acrescer-lhe actividades com o membro
superior com a preocupação de alongar a zona do antebraço sem colocar tensão no
ombro, a "tensão" (contracção) é para a zona antagonista ao
antebraço, de modo a ajudar a inibir a musculatura "palmar",
geralmente muito tensa, local onde ocorre mais frequentemente o fenómeno de
"roda dentada", que, a propósito, mais parece um tremor vibracional e
não uma "roda dentada", e o tremor, muitas vezes apelidado de
"repouso" tem, na verdade, componente intencional, ele aparece ou
aumenta aquando da iniciação/realização do movimento, mas isto é aqui nesta
paciente, o mesmo pode passar-se de modo dissemelhante com outrem), encerrando
assim a parte mais "activa" do tratamento para a paciente, o resto
seria mais "relaxante" para ela, seguindo-se, assim, o trabalho em
decúbito dorsal. Trabalhada a zona lombar, e não querendo acordar a ciatalgia à
direita, é fundamental evitar o alongamento excessivo da secção inferior da
Cadeia muscular posterior, recorro, assim, à tracção manual daquela zona e,
simultaneamente, trabalho o alongamento do tricípete sural de ambos os lados.
Frequentemente, tracciono os membros inferiores e, através deles, mobilizo
lateralmente a coluna - também pode ser feito com flexão lateral activa -,
consigo assim, mais uma vez, mobilidade com menos atrito. A zona lateral do
membro inferior direito precisa muito de ser alongada, é uma área de grande
tensão, parte da ciática é provocada pela tensão que aquela zona transmite à
coluna e à parte neural, portanto, o alongamento tem de ser feito e, no
entanto, tem de ser muito suave, um pouco a mais e está tudo estragado, um
pouco a menos e será insuficiente. Escolho a postura de "Cadeias
cruzadas" de Busquet para conseguir o necessário alongamento lateral, mas,
como sabemos, nunca há só uma área afectada, há sempre duas, porque a
"supostamente não afectada" substitui grandemente a afectada, sendo
assim necessário tratar sempre os dois lados do corpo, e, naturalmente,
começamos pelo lado não afectado. A postura de Busquet é usada no lado
esquerdo, com alongamento do membro superior esquerdo, incluindo punho, mão e
dedos, a zona da Cadeia interna, e toda a zona lateral e posterior do membro
inferior esquerdo; aqui não existe o perigo de ciática (nunca houve ciatalgia à
esquerda, no caso desta paciente), e, antecipando o alongamento que terei de
fazer à direita, resolvo exagerá-lo à esquerda, incluindo na zona da coluna, de
modo a preparar a área para o alongamento do outro lado, diminuindo assim os
riscos deste último. Não esquecer a respiração, com enfoque na expiração
máxima, com o objecto de aprimorar o alongamento. Após o alongamento global à
esquerda, temos o membro superior esquerdo e o membro inferior homolateral
preparados para serem analiticamente alongados e mobilizados (um dia o
Parkinson, patologia progressiva, poderá vir a afectar este hemicorpo, por que
não prepará-lo para o futuro?). À direita o alongamento é mais suave e, por
isso mesmo e não só, mais prolongado, gasto imenso tempo a alongar e mobilizar
tendão de Aquiles, área directamente afectada pelas discinésias e tensão;
aproximando-me da zona lombar, suavizo essa parte da postura de Busquet, se
necessário continuamos a postura com o joelho dobrado, ao invés de esticado,
não queremos acordar a ciática, e, claro, o membro superior direito está também
em posição de alongamento, incluindo punho, mão e dedos, às tantas, arranjo
maneira de manter a postura de modo autónomo e vou criar mais alongamento no
membro superior direito (com cuidado, não queremos agudizar a condição do
ombro), estendendo bem punho, mão e dedos, zona geralmente com muita tensão (e
acrescentando massagem e/ou Contract-Relax, tudo impelindo a expiração).
Finalizada a postura, tenho de me dedicar logo ao membro inferior direito, não
posso levar muito tempo, não quero que passe o grosso do efeito do alongamento
no membro superior, desejo que aquela zona ainda esteja algo
"distendida" de modo a mobilizar mais eficazmente todas as
articulações. No membro inferior, mobilizo joelho, pé e tendão de Aquiles,
massajo e fricciono o mesmo tendão, mobilizo o joelho criando
"espaço" na articulação femorotibial, fricciono profundamente o
piramidal desse mesmo lado (se já não o fiz durante a postura
"cruzada" de Busquet...), já o próprio alongamento global incluía a
realização simultânea de tracção e massagem do membro inferior, as mãos não
param, instintivamente vamos trabalhando tudo, os métodos são todos um só, uma
só técnica, o corpo como um Todo. Vindo cá para cima - com a paciente em
decúbito dorsal e ambos os membros inferiores colocados em 90º de flexão de ancas
e joelhos com banco por baixo (até que o banco seja colocado, é mantida aquela
posição de modo a exigir actividade do "core", mas com o cuidado de
não prolongar muito o exercício, um pouco a mais, o abdominal não aguentará e a
coluna será afectada, com aparecimento provável da ciática, há situações em que
se pede o trabalho de um membro de cada vez, sobretudo daquele que é
contralateral ao membro com ciatalgia; também não queremos flexão excessiva da
anca, para não a forçar, nem flexão excessiva do joelho), ou seja, numa posição
de alongamento da secção superior da Cadeia muscular posterior, postura que
tornará o trabalho na cervical mais proveitoso para a própria cervical e
restante coluna, visto que trabalhamos em "Campo (parcialmente) fechado"
("Champ clos") -, mobilizo o membro superior (fricciono profundamente
o tendão da longa porção do bicípite, utilizo técnicas harmónicas, vibração,
invento à medida do intento), afasto a omoplata do úmero, mobilizo com tracção,
quero aliviar a pressão, diminuir a superfície de contacto, é fundamental mover
sem atrito a área do "conflito", queremos libertar aquela zona, todo
este tratamento grita a palavra "liberdade", é o meu paradigma
principal, limitação minha quiçá, visão restritiva talvez, mas é uma tão
legítima como outra, e certo é que parece resultar, bem... no fundo tudo
resulta, basta acreditar, mas também é preciso que o terapeuta acredite e o
terapeuta acredita mais quando o método se transforma em Dogma, em Ideal, este
é praticado com violência interior, temperança, e voltando ao membro superior,
a mão, o punho, os dedos, mobilizados, aquelas articulações estão muito
familiarizadas com a rigidez - daí que mobilizo também o cotovelo, o punho e
cada articulação dedo a dedo -, e depois vem a cervical, também alongada (antes
de ser massajada, de modo a que a massagem não destrone os efeitos do
alongamento, por exemplo, dos trapézios, sendo este iniciado no lado esquerdo e
só depois efectuado no lado direito, mais afectado com tensão, e, portanto,
deixado para o fim, de modo a fazer com que este alongamento sujeite o do lado
contralateral), massajada, manipulada, mobilizada (em posturas diversas, e
também com os membros superiores fechados, omoplatas abduzidas, posição de
algum alongamento dorsal, havendo, assim, mais alongamento também na cervical,
para além disso trabalhamos expiração profunda com estabilização da mandíbula
(não deixando que esta se desloque, em compensação, mas tendo o cuidado de não
a forçar em demasia, a pressão nesta área pode ter efeitos daninhos sobre todo
o Sistema), com o objecto de alongar diafragma - cadeia inspiratória enquanto
cadeia central que cruza todas as Cadeias musculares - este trabalho pode
também - e deve - ser feito logo no início da posição de decúbito dorsal com
membros ainda estendidos no colchão, o trabalho respiratório prepara o restante
tratamento, no entanto, nem sempre este preciosismo do Dogma mézièrista pode
ser preconizado, pois a paciente fica apreensiva com o processo respiratório
máximo, salvemo-nos de ser demasiado "radicais" ou
"fundamentalistas", características nem sempre moralmente
"negativas", passe-se o absurdo deste "negativo"),
libertada, traccionada (esta tracção, em conjunto com a posição dos membros
inferiores em flexão, permite descomprimir toda a secção superior da Cadeia
muscular posterior, se acaso esta tracção precedesse o trabalho da cervical,
bem como o trabalho do membro superior direito - em relação dinâmica constante
com a cervical - e, quiçá, tudo o que se fez/faria com implicação na lombar,
sobressairiam veras vantagens para a paciente), bem que o neurocirurgião queria
nela pôr a prótese, ah... mas este trabalho tem feito as vezes da prótese, por
vezes parece milagre como uma só sessão por semana compensa tanto esforço,
tensão e disparate repetidos ao longo de toda a semana. Queria poder
pormenorizar ainda mais - um tratamento com esta paciente demora geralmente 90
minutos -, mas é impossível explicar cada molécula de movimento, os gestos do
terapeuta são pensados até ao absurdo, por isso tem de ser ele a saber, a
escolher, a decidir em conjunto com o paciente. Que faria eu de uma prescrição
que lá contivesse duas ou três "ordenações", que faria eu da
Credencial que só permite tratar uma zona do corpo?, existe por aqui todo este
melindre, esta preocupação, mas, volta e meia, há sempre quem diga "o
fisiatra estudou mais anos, tem de saber mais, por algum motivo ele
existe", estudou tantos anos e sabe tão pouco o que as coisas são, estudou
tanto e nada percebe, será que o estudo a mais começa a ter certos efeitos
adversos? Pois aquele corpo é Uno, às tantas, quando mobilizo, o meu corpo está
a dançar, e se o meu corpo dança, o paciente já dança também, faço a postura e
estou eu também em postura, liberto o paciente porque me quero livre também, e,
se eu for livre, não o privarei de igual bênção. E porque sou livre posso
sempre mudar tudo de repente, às tantas muda todo o Sistema, todo o método,
porque algo assim o exigiu, a circunstância criou a demanda, e nós far-nos-emos
diferentes, os mesmos de sempre, a variar, a soltar, a colar, altera ali,
acrescenta acoli, isto cabe numa folha de papel???<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><i>in</i> "O homem-Nada. Corpo, dialéctica e relativismo moral" (Edições Mahatma, 2016)</span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-49926558274937531292016-05-13T12:08:00.002+01:002016-05-20T20:15:52.562+01:00«O homem-Nada. Corpo, dialéctica e relativismo moral»<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
O novo livro, já disponível através de edicoesmahatma@mail.com e nas livrarias Bertrand...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2yVstIfO9jM2CFJ4c8MgQE8xwcZ2ZlaxpcxpYODcvxM8e9PQ3W6ILxFKVrk2SfnizXZmlDAzOPQrMbIYleMa1mAqjqE5KVvHQUCrhoOUlpuV690atk7xqdQRUp5si2EKuIwgYMA/s1600/Frente+capa+Homem+Nada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2yVstIfO9jM2CFJ4c8MgQE8xwcZ2ZlaxpcxpYODcvxM8e9PQ3W6ILxFKVrk2SfnizXZmlDAzOPQrMbIYleMa1mAqjqE5KVvHQUCrhoOUlpuV690atk7xqdQRUp5si2EKuIwgYMA/s320/Frente+capa+Homem+Nada.jpg" width="225" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-33775137622658563092015-08-14T20:36:00.000+01:002015-09-27T22:22:29.161+01:00«O homem-Deus»<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Já disponível na editora (edicoesmahatma@mail.com para encomenda) e nas livrarias Bertrand:<br />
<br />
http://www.bertrand.pt/ficha/o-homem-deus-?id=16874664<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb6PbQXjXUW-VkTZUt6Tq7NM057GyYdcOzWrw1YvJUclWeIARAl5hn77d-Z-FGgjhJ4JYE3DSgr__X6aYwmjK-wzC8__UrItSdDdcMcXKNFNWx0-X-ZbL-_CmYckhvzhLzL15YNw/s1600/O+homem-Deus+capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb6PbQXjXUW-VkTZUt6Tq7NM057GyYdcOzWrw1YvJUclWeIARAl5hn77d-Z-FGgjhJ4JYE3DSgr__X6aYwmjK-wzC8__UrItSdDdcMcXKNFNWx0-X-ZbL-_CmYckhvzhLzL15YNw/s320/O+homem-Deus+capa.jpg" width="225" /></a></div>
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-61134582832473945882015-04-22T17:01:00.001+01:002015-04-22T17:05:00.152+01:00Anti-vacinação e homeopatia: o que falta referir<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vive-se, neste momento, uma
intensa polémica à volta das (apelidadas) "terapias não
convencionais", sobretudo a homeopatia, e da temática da
"anti-vacinação", todas estas o produto de uma intensa querela que
tem contraposto o modelo clínico/materialista ao novo - e tão propugnado -
modelo da "Nova Era", cambiante de uma "nova ordem" na
forma de ver e interpretar as questões da Saúde. Na verdade, há várias questões
complexas a ter em conta no domínio da polémica citada, muitas delas
insuficientemente explanadas, injustamente elididas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em grande medida, é impossível
discutir o tema em causa sem recrutar toda uma dimensão epistemológica,
complexa e multivariada, que parece muitas vezes ver-se omitida. Vive-se, fortemente,
uma dualidade, que é, na realidade, o binómio dominante do tempo Humano. Essa
dualidade contrapõe o materialismo ao espiritualismo, o cientificismo ao
dogmatismo (no "bom" sentido do termo), o modernismo ao
pós-modernismo, o realismo ao idealismo e o positivismo à dialéctica. Em tempos
o dogmatismo prosperou, mas o Renascimento e o Iluminismo vieram cientificar,
categorizar, organizar cognitivamente, o terreno do corpo-mente, gerando a
visão de uma "Clínica" (Foucault), de mote analítico, mais tarde alvo
de crítica pelos que se dizem "holísticos". Num tempo em que o
materialismo ainda é preponderante, uma nova forma de Renascimento - o
Renascimento pós-moderno, a "Nova Era" espiritualista - parece vir
responder a prementes necessidades humanas e afectivas, necessidades muitas vezes
insuficientemente atendidas pelo profissional de saúde "científico".
E, assim, mesmo dentro dos campos da medicina, enfermagem e fisioterapia, duas
tendências dominantes parecem contrapor-se com vigor (apesar de, a meu ver, não
serem mutuamente exclusivas): a "medicina baseada na evidência",
centrada fortemente em estudos do tipo "estatístico-probabilístico",
e a Saúde Holística, baseada num modelo essencialmente casuístico e, quiçá,
pós-moderno (fenomenológico e interpretativo).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acontece que, nos domínios da
Espiritualidade mais antiga, e fazendo uso de Platão, é possível ater a
possibilidade de existir um nível de "Razão" que transpõe o domínio
do que actualmente se entende por "ciência". Na verdade, o termo <i>Scientia</i> advém da "Epistémi"
platónica, que, segundo «A República», inclui um nível de "Dianóia"
(semelhável ao que a ciência moderna entende enquanto "ciência",
filha dilecta do liberalismo) e um nível (superior) de "Noésis",
meta-racional, dificilmente redutível ao "analítico" e ao modernamente
científico, e só concebível no formato de uma hermenêutica vívida, gnóstica e
dialéctica. Assim, nos termos da filosofia Idealista/Espiritualista, é possível
conceber a existência de um nível de Razão só atingível pelo instrumento
dialéctico e argumentativo. Ora, acontece que, supostamente, muitas das
terapias "não convencionais" lidam com forças que transcendem o
"material" e o "comensurável"/"analítico". Para
esses terapeutas, tratam-se de forças meta-racionais, energias de um nível
psíquico e, mais, espiritual, só concebíveis em termos de um entendimento
profundo, singular, muitas vezes irredutível à linguagem da ciência moderna e
aos estudos já citados. No entanto, visto não haver forma de
"falsificar" (para utilizar o termo de Popper) ou "reduzir"
muitos dos (supostos) efeitos destas terapias, na perspectiva da ciência
moderna esta suposta Razão é tão-só uma forma disfarçada de crença, se não uma
maneira subtil de enganar, de intrujar. Os proponentes da ciência moderna têm a
sua razão, porque a retórica permite muito e pode levar a tomar por racional e
verdadeiro o que não o é verdadeiramente (o que significa que a suposta
"Noésis" obtida não o chegou nunca a ser). Os perigos do que Popper
apelidava de "relativismo dogmático" (e o filósofo "tomou de
ponta" a própria psicanálise) são inúmeros, porque a retórica em questão
permite justificar tudo, o facto de algo resultar, o facto de algo não resultar
e o "assim-assim". </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não obstante, aquele nível de
Razão é (pré)aceitável no ponto de vista de alguma Filosofia, menos aceitável
são os quase inexistentes critérios que permitam discriminar o
"verdadeiramente racional" do "falso racional".</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Muitas das terapias "não
convencionais" são baseadas em princípios "idealistas",
supostamente racionais, que muitas pessoas aceitam aprioristicamente, no que os
materialistas associariam a um processo de "aceitação acrítica",
movida pelo sentimento e pela crença. E a irredutibilidade destas terapias
contribui para criar um fosso entre os dois paradigmas difícil de resolver,
porque o que respeita aos Princípios de muitas destas terapias não é
aparentemente do foro instrumental e analítico dos críticos materialistas. E a
verdade é que, supostamente, estas terapias operam a um nível espiritual e
"trans-corpóreo" (metafísico) que, para os materialistas, é tão-só
corpo e nada mais. O que também nos poderia levar a pensar que estas terapias
não actuam a um nível e num prazo consistente com o que as pessoas
efectivamente desejam. O que querem mesmo as pessoas? A saúde do corpo, o
bem-estar, ou a libertação e a transcendência?... Porque a transcendência, no
seu verdadeiro sentido, já está para além da "pessoa" em si mesma,
tal como o Espírito, que já não respeita tanto à pessoa no sentido individual,
emocional e afectivo. E, no entanto, as pessoas procuram as terapias, movidas
pela urgência do "bem-estar", que, ainda assim, é epifenómeno da
modernidade, a mesma a que aquelas terapias pretendem contrapor. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E, dentro do mesmo espírito de
crítica à ciência moderna, de transposição do modelo dominante, surgem, quase
sempre dentro dos contextos "naturalistas" e
"espiritualistas", as contraposições aos fármacos, às vacinas, a tudo
o que o mesmo Espiritualismo propõe ser uma grande máquina de destruição do
corpo (ou será da alma?). Acrescem-lhe as críticas ao modo de efectuação de
estudos, incluindo a fraude científica, a limitação dos estudos com base em
médias, os interesses dos próprios cientistas e das indústrias (e a forma como
os interesses, as profecias auto-confirmatórias, mexem com os resultados
obtidos, fantasma do pós-modernismo crítico). E o mais irónico é que as
terapias "não convencionais" começam também já a ter os seus estudos
publicados, no mesmo modelo que o Espiritualismo critica. Mas os materialistas
preferem muitas vezes ignorar esses estudos, ou, no mínimo, apontar-lhes as
limitações. São movidos pelo preconceito, pelas suas próprias crenças? Eles
advogam que não, que a ciência é feita de "provas" e não de preconceitos.
E, assim, o que os "terapeutas" acusam nos cientistas é precisamente
o mesmo que os cientistas acusam nos "terapeutas". E o esforço de
conciliação, de síntese honesta, acaba por ser reduzido ao pré-juízo, à
incomensurabilidade de paradigmas (nos termos de Kuhn).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No fim, restam os restolhos de
uma limitada síntese de saberes, pois que as pessoas preferem adoptar posições
extremas, quando a verdade é que nem o paradigma "espiritualista" é,
de facto, o que muitos entendem enquanto tal, nem o modelo materialista é assim
tão infalível; e do mesmo modo fica a faltar a aclaração de conteúdos
epistemológicos. Enquanto fisioterapeuta que sou, posso dizer que, mesmo dentro
da Fisioterapia, se criam condições para grandes querelas epistemológicas,
infelizmente sem que os terapeutas possuam preparação teorética para tal (o que
leva a que os mesmos se agarrem também de forma radical a um daqueles modelos).
O fundamentalismo, seja espiritualista, seja materialista, tem os resultados
visíveis. Grandes "guerras" se prevêem, e o paciente sentir-se-á muitas
vezes divido pelos modelos preferenciais dos próprios terapeutas. Eu mesmo me
divido entre os dois modelos, e nem sei se falo enquanto fisioterapeuta ou
enquanto ensaísta.</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-12883664357594828622015-03-26T20:40:00.002+00:002015-03-26T20:40:26.903+00:00«Crítica da Razão Espiritual»<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
É o título da mais recente das minhas produções. Ela implica o maior trabalho estético que alguma vez coloquei num livro. É um dos livros que considero mais conseguidos. E talvez por ser tão "rigoroso" e trabalhado, este meu livro tem saída limitada, sendo difícil de ser encontrado nas livrarias. No caso de quererem tê-lo de modo mais célere aconselho-vos enviarem-me um email para coelholewis@hotmail.com ou para a Editora Mahatma (edicoesmahatma@mail.com).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrE437Mstsifn6nvsqDueuFMVKvrIegFECK9sjQmsSQ9Mj0Hbe_XiQbZRwWR6comaGdOqQQvHHgDJL3lA8zxv1aIxPfycfaG-XWxmcveLZ2aVJqwZLAHHlAA5gvO0Nft-EoRz0DA/s1600/CRE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrE437Mstsifn6nvsqDueuFMVKvrIegFECK9sjQmsSQ9Mj0Hbe_XiQbZRwWR6comaGdOqQQvHHgDJL3lA8zxv1aIxPfycfaG-XWxmcveLZ2aVJqwZLAHHlAA5gvO0Nft-EoRz0DA/s1600/CRE.jpg" height="320" width="225" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Podem também consultar este link: </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
http://www.bertrand.pt/ficha/Cr%C3%ADtica%20da%20Raz%C3%A3o%20Espiritual/?id=16200310</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-87110584180530447472015-01-11T23:03:00.002+00:002015-01-11T23:03:21.383+00:00O risco da liberdade de Imprensa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
Relativamente ao atentado à
"liberdade de Imprensa" em Paris, houve quem criasse o (Princípio do)
contraditório relativamente às reacções de solidariedade para com o Jornal
"Charlie Hebdo", coisa que inflamou novas reacções, agora para com
estes mesmos "relativizadores" da (origem da) dor por tantos
partilhada. Por ser igualmente um relativizador (se bem que não um dos autores
referidos atrás), gostaria de esboçar rapidamente o conteúdo possível desse
mesmo "contraditório".</div>
<div style="text-align: justify;">
A liberdade, móvel ilusório do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser humano</i>, é um Princípio norteador de
todas as nossas acções e, dentro dela, a liberdade de Opinião tem sido encarada
como Valor inquestionável e inquebrantável. Ainda assim, obviamente que toda a
liberdade se pretende "responsável" e, do mesmo modo como aceitamos
aprioristicamente o Valor da Liberdade, aceitamos também o Valor apriorístico
da Responsabilidade para com as opiniões, próprias e alheias, incluindo as
consequências do azedume que as opiniões pessoais possam fazer criar no outro. De
igual modo, a Liberdade de Imprensa convoca comummente um conjunto de
Princípios de "bom-senso", sem os quais o mais inadmissível seria
igualmente valorizado e publicado. Por vezes, o objecto de uma crítica faz
recrutar em nós, autores (e é como autor que escrevo esta opinião), a
necessidade de criar alguma dissidência, de provocar o riso ou o
"grito" nos que considerarmos moral ou paradigmaticamente
anquilosados. E é essa necessidade "criadora" que leva muitas vezes a
escrever ou a "desenhar" qualquer coisa que, pelo conteúdo, se pode
considerar como estando "no fio da navalha" entre o aceitável e o
inconsequente. E é aí que regressa a questão da responsabilidade. É que o
exercício da liberdade de opinião implica a capacidade de assumir um risco.
Resta saber, claro, se as consequências se justificam perante a liberdade
preconizada... </div>
<div style="text-align: justify;">
Obviamente, para todos nós que
aceitamos o Valor prévio da Liberdade de Opinião, é praticamente inaceitável
que os conteúdos publicados pelo "Charlie Hebdo" possam ou devam
justificar a consequência por todos conhecida. No entanto, é provável que o
grau de ofensa dos conteúdos do citado jornal seja bem maior para estes
islâmicos extremistas, para os quais esta resposta "terrorista" é
certamente justificada (passe-se a questão da relatividade, na verdade
infantilidade, do binómio "bem" <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vs.</i>
"mal"). Para eles será tão "normal" esta resposta como para
"nós" (supostamente, os ocidentais) é "normal" chorar o
mesmo acto (e para outros "nós" é "normal" fazer o mesmo
aos islâmicos, sendo que muitos já reagem com o intuito de tomarem o Todo pela
parte, com a intenção "bem humana" de vingarem o terror, recriando
novo terror, e descendo assim ao nível dos que se pretendem do lado do
"mal").</div>
<div style="text-align: justify;">
Penso que alguns dos que
"culpam" os autores dos Cartoons do ocorrido não estão a sugerir nada
para além do que eu próprio sugiro (?). Não acredito que os estejam
verdadeiramente a culpar, mesmo assumindo que lhes imputam o "desrespeito"
pela religião alheia. Não acredito que os acusem do ocorrido, mas tão-somente
de eventual "mau-gosto" (decerto eu, que, num dos meus livros, acuso
Deus, bem como o seu filho, de possuir uma insuficiência fálica, também devo
ter algum "mau gosto"...). Ninguém coloca em questão a existência de
uma Escala de Valores. Ninguém achará decerto razoável que o exercício de uma
liberdade, mesmo que com potencial "desrespeito", possa ter como
consequência algo que seja mais "destrutivo" do que a acção original.
Do mesmo modo, eu, que comummente digo e pratico heresias, provavelmente não
faria as coisas de outro modo, não deixaria de escrever, e fá-lo-ia com a
consciência das reacções. E, obviamente, não esperaria ser ferido ou morto por
tal coisa, porque o acto de uma liberdade opinativa e dissidente não tem, aos meus/nossos
olhos, a mesma carga pejorativa que tem um acto de morte ou terrorismo; verdade
que, aparentemente, não o é para alguns islâmicos mais extremistas, para os
quais a ofensa dos seus Dogmas é imperdoável. E os seus dogmas são axiais e
inquebrantáveis, como o nosso Dogma da Liberdade de Imprensa e de Opinião.</div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-52359868611313798372014-02-07T08:15:00.001+00:002014-05-01T14:25:39.347+01:00A Clínica do Sagrado<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="text_exposed_root text_exposed">
<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">Caros amigos: É com grande prazer que informo que aquele que pretendo que seja o meu último livro antes de umas "férias grandes" está já disponível em algumas livrarias e pode ser obtido mais rapidamente através do email: <a href="mailto:edicoesmahatma@mail.com">edicoesmahatma@mail.com</a> (esta é a via preferencial para aquisição por parte dos irmãos do Brasil, bem como de qualquer outro país). </span><br />
<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}">Ele resume todos os<span class="text_exposed_show"> aspectos que desenvolvi nas minhas obras anteriores, mas é a obra que apresenta o panorama mais amplo/inclusivo e o maior cuidado estético. Intitula-se «A Clínica do Sagrado. Medicina e Fisioterapias, Psicanálise e Espiritualidade» e apresenta uma visão filosófica integral duplamente de (re)espiritualização da medicina e Fisioterapia e de psicanalização do Sagrado e da Espiritualidade. A obra apresenta vários pontos de grande controvérsia e inclui vários artigos que criaram grande polémica (como o artigo «Enfermagem de Reabilitação e Fisioterapia: percepção de uma ameaça») e pretendo que contribua para solidificar o terreno epistemológico da minha profissão (Fisioterapia) e igualmente para polemizar questões relativas à Espiritualidade, incluindo o Esoterismo (sobretudo a Teosofia) e a temática do Inconsciente Colectivo.</span></span></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed">
<span class="userContent" data-ft="{"tn":"K"}"><span class="text_exposed_show"></span></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05r7PkvOafn4I0TDxXYvBrF9_EFyeAZXewUhJ22zHA_owVE5jXMf7yiJcPBvatgzMaZsPgWkpIaE-hbonIvj3ONtoWdTZvTqRY6MxXlxr1ehhsEd4v5k5EfeB9cSBJxGtL0-Ifg/s1600/CAPA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi05r7PkvOafn4I0TDxXYvBrF9_EFyeAZXewUhJ22zHA_owVE5jXMf7yiJcPBvatgzMaZsPgWkpIaE-hbonIvj3ONtoWdTZvTqRY6MxXlxr1ehhsEd4v5k5EfeB9cSBJxGtL0-Ifg/s1600/CAPA.jpg" height="320" width="220" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="justify" class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Eis o Índice do Livro:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">1. Prefácio</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">2. Crítica da Razão Clínica (tempo e
Espiritualidade, medicinas, psicanálise e Alquimia)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">3. Médicos, enfermeiros e afins: poder e
capitalismo</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">4. Enfermagem de Reabilitação e Fisioterapia:
percepção de uma ameaça</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">5. A triagem dos enfermeiros nas urgências
hospitalares </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">6. Sobre a crise (e emergência) da Fisioterapia em
Portugal</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">7. Manifesto sobre a emergência de uma Fisioterapia
pós-moderna</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">8. Fisioterapia "baseada na Evidência" ou
"centrada no Raciocínio Clínico"?</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">9. Sobre a (des)importância da Educação Física no
ensino secundário</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">10. Homossexualidade e psicanálise: doença ou
dogmatismo?</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">11. O Paraíso (perdido) da modernidade</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">12. O lugar da fé nos ritos e na Espiritualidade: o
exemplo natalício</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">13.
Nietzsche e a psicologia do Super-Homem</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">14. Corpo de Lúcifer, paixão de Sophia (fragmentos
e aforismos)</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhetPi0BClOhDQxnSkrGKO3YIr9gY5FHgzBvo0ufeiz5ZiFWUqpZHJ687iiqDP0mq-bAXfP4ygwAqKSB_kdzr1W68OzSrh5DfpUd6pJ1JvcF0D_HbTDhnsZQk2JJ2x4316Fidv1PA/s1600/clinica_pressrelease.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhetPi0BClOhDQxnSkrGKO3YIr9gY5FHgzBvo0ufeiz5ZiFWUqpZHJ687iiqDP0mq-bAXfP4ygwAqKSB_kdzr1W68OzSrh5DfpUd6pJ1JvcF0D_HbTDhnsZQk2JJ2x4316Fidv1PA/s1600/clinica_pressrelease.jpg" height="320" width="226" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-76504829809441517522013-10-26T18:53:00.001+01:002013-12-20T09:02:36.089+00:00«As Metamorfoses do Espírito», já disponível nas lojas Bertrand<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17SBHhE2fxsE0pta7ikCxuOpqvXSEDdGdCUss4Dv6x0ki964Aa8yDLCIRfQ4Y900rUJ0MssMcZzpz3Z5VsimDuoad_sMcOU3yCP1P070CUi-5UikBcly637qk3WDXsX2afhZU7w/s1600/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito+Capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg17SBHhE2fxsE0pta7ikCxuOpqvXSEDdGdCUss4Dv6x0ki964Aa8yDLCIRfQ4Y900rUJ0MssMcZzpz3Z5VsimDuoad_sMcOU3yCP1P070CUi-5UikBcly637qk3WDXsX2afhZU7w/s320/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito+Capa.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Para os leitores fora de Portugal que estejam interessados em consultar ou adquirir/encomendar o livro: <br />
<a href="http://edicoes-apeiron.blogspot.pt/">http://edicoes-apeiron.blogspot.pt/</a></div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-43102022526603252472013-10-18T23:55:00.003+01:002014-02-10T23:54:26.365+00:00A paixão de Sophia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A solidão inicia e nutre
o filósofo, para que este possa Iniciar-se e nutrir a Verdade. O verdadeiro
filósofo vende-se tão-só a uma opinião, a sua, que é também a de todo o mundo
unido na indiferencialidade. O filósofo genuíno prefere a reclusão da sociedade
que lhe cospe do que a reclusão do corpo traído à caverna da ilusão. Todo o
homem de verdade é um Homem da Verdade. E todo o Homem da Verdade tem Sócrates
ou Cristo em si, pois prefere o sacrifício ao Uno do que o prazer da mentira. O
filósofo não se importa de ser "para-terreno", "estranho ao mundo",
objecto de gozo, quiçá do ataque de massas amotinadas. Quem está destinado a
desvelar está destinado a sofrer, pela Verdade, pelos outros, à cruz pregado,
na cruz em rosa se transformando. Um contra todos é o destino do pensamento. É
o preço a pagar para que o "um" e o "todos", o Eu e o
Outro, se tornem Uno. Daí que, se a Filosofia é a tarefa de Um, o Espírito é o
destino do Todo. Se o pensar é o karma do Eu, o Uno é o Karma global, até que
virá aquele prístino (não)momento em que já nem há Karma, corpo, Eus, outros,
leis, tempo ou cosmos, senão o Eterno Presente.<o:p></o:p></span></span></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Totalidade procede da
Verdade. E o filósofo vende-se à Verdade. Que fazer se o filósofo descobrir que
a Verdade do Espírito é somente a sua verdade? Deverá ser fiel à Verdade que
entretanto já não é a que deseja para si? Ou deverá ser fiel à Verdade do
mundo, a mentira que este precisa para continuar a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> e a prevalecer? A escolha decidirá a diferença entre o filósofo
e o sábio.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Verbo transpõe
nefandamente os neurónios do filósofo, para que o seu Córtex pré-frontal passe
a ser a Coroa cabalística do sábio. Dualidade e dialéctica são os quesitos
argumentativos do espírito, agora o Eu, depois o Todo, agora o Todo, depois o
Eu, porque o Espírito objectivo pode ser a partícula cósmica do Ser, o ser-aí
egóico, o ser-aí para-egóico. O ideal subjaz ao Ideal e o Ideal subjaz ao
ideal. O Todo está na parte e a parte no Todo. O Cosmos é um número infinito de
outros Cosmos, o átomo é o locus de mundos infinitamente reprodutíveis,
infinitamente clonáveis. Deus reside no Eu, é o próprio Eu, o seu pensamento
aprisionado e logo colapsado no vazio, de um vazio que não o é para mais ser a
essência, o Ser, que é o Todo de Nada Ser, sem diferenças, sem densidade
carnal, sem distinções mundanamente diabólicas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É o caos que domicilia as
profundezas do ser que demanda a mesma busca que visa a libertação do caos. O
risco de perpetuar uma sucessão cumulativa de caos é enorme. A loucura é uma
possibilidade. Querer dar ordem ao Ser é contaminar a possibilidade de este se
libertar da Ordem que o agrilhoou. Fortes grilhetas condicionam mais do que as
fracas. Fortes grilhetas condenam a (não) libertação. Como trazer à mente o
palco indeterminado do eterno presente?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Tudo é Espírito. Seja no
Todo realista, seja no Todo do ideal do filósofo. Seja no que Há, seja no palco
da residência neuronal do pensador. O pequeno reproduz o grande, como a gota de
água reproduz o tecido purpúreo do oceano. O homem é uma célula do Universo e
inclui múltiplas células que são o universo de outras células ou universos. A
matéria é somente espírito formatado, tornado denso para ser trazido à
consciência. Sem a matéria o espírito não poderia ser pensado, mas a matéria é
também espírito etéreo de outros espíritos densificados, tal como os deuses são
os homens de deuses maiores, e estes são os homens de outros deuses, para que,
no fim, não sejam nada, de grande ou de pequeno, de Uno ou de múltiplo, porque
o eternamente grande, que é também o eternamente pequeno, dissolve todas as dimensões
que nunca chegaram a existir senão na consciência de mentes enclausuradas na
caverna da carnalidade limitadora, na prisão da cognição dos desenhos de
relações. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Tudo o que é o é em
relação a algo. Nada é absoluto senão o Absoluto do Espírito, e este pode ser
somente o resíduo solipsista da mente conturbada. O bem e o mal são a
diferenciação do Uno, só factível na mente de opacidades. A mente reitera
referências, valores que fixem a "normalidade", critérios de pertença
ou exclusão. Tudo se define em termos de um critério e a ilusão do absoluto vem
da banalização de critérios. A "banalidade do mal" é muito mais do
que um mal "normalizado", é a própria supressão do mal pela mudança
de critério, porque o novo "normal" fixa uma nova referência moral. Não
obstante, a tentação de demonizar agrada às emoções desregradas, às próprias e
às dos espectadores extasiados. Acusar um "mal" é possuir controlo
sobre um comportamento, controlo sobre o si sempre em perigo de regredir à
animalidade confrangedora. E defender o inocentemente mau não é muito diferente
disso.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Quão inútil é tentar
conhecer a Origem profunda do que nos angustia! É a própria Roda da Lei de
todos os Divinos que acarreta que a Consciência Pura seja o relativo de um
Divino maior, infinitamente em todas as "direcções", que o esforço do
Eu seja o desígnio da evolução no e para o Nada, a ausência de Sentido, senão
de um pequeno sentido.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Absoluto acarreta
sempre o peso de ser relativo face a um Absoluto maior. Isto significa, por um
lado, que é sempre possível alcançar o Absoluto nos termos de um critério, de
uma definição, de regras necessárias de um jogo de determinação. Significa, por
outro lado, que todo o Absoluto é um relativo, à semelhança de uma Eternidade a
comportar-se como um segundo de um Deus maior, para o qual tal eternidade é
somente uma efeméride. O processo não tem fim, o que acarreta a ausência de
metas e a vanidade de toda a vontade, a futilidade da acção, só contraditada
pelo peso da Lei gigantesca de todos os tempos, que acarreta a obrigação de
transcender o eterno retorno, para abraçar um eterno retorno ainda maior.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Fica a dúvida de se esta
Roda gigantesca não é também ela a Lei de um corpúsculo, que, em conjunto com a
infinidade de outros corpúsculos, formam uma outra Lei (senão uma desordem...)
ainda maior, e isto sempre na base da Infinidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A ilusão é então a
condição sempre provisória do ser. Não há, senão, a ilusão face a outra coisa,
ou o "absoluto" face a um qualquer objecto. Quem não domina as
escalas do Ser nada domina. E dominar uma só linguagem é somente perceber uma
só escala, infinitamente pequena face a algo maior, infinitamente grande face a
si mesma. O Absoluto transcende todas as escalas na perspectiva escalar humana,
mas é somente mais uma escala menor na perspectiva escalar de um Ser Supremo
(Supremo para nós, pequeno para Supremos maiores).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Fica, assim, a humildade
a depender da aceitação de que algo só pode sê-lo em comparação com outro algo,
tudo se define em termos de outrem, que nós, deuses de nós mesmos, somos apenas
uma peça de um gigantesco e inacabável jogo, Divina Comédia, mas só "comédia"
face à pequenez das nossas mentes.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Fica, não obstante, a
certeza de que a nossa existência é crucial ao Todo que É, que nada seria igual
sem o que Somos, e que, no mais pequeno dos nossos átomos reside um Divino que
contempla hostes de outros seres, que são o Divino de outros seres, cujos
átomos possuem um Universo (entre uma infinidade de outros) eventualmente
semelhável ao nosso; no nosso palco encontramos todos os palcos, conhecer é
somente trazer o palco à consciência, e mostrá-lo é levar o palco próprio aos
outros que já estão a modificar o palco que lhes mostro, e que já podia ter
algo deles, e que, todavia, não podia deixar de ter, porque todos os palcos são
o palco comum, aquele que o Eu esqueceu e que não tarda a recuperar, numa não
recuperação, porque nada se perdeu, tudo É, tudo flui, tudo é Divino, o átomo
do átomo do átomo de uma molécula de outro homem, talvez não homem, mas uma
coisa inanimada, talvez não coisa, mas outra que é, para a minha pequenez, pura
incognoscibilidade, mas, ainda assim, um mosquito de algo Maior, e este é o
pequeno de outro mosquito.......... <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A realidade que em nós
existe no formato de uma rede de esquemas cognitivos não é a Realidade, senão a
nossa realidade, a mesma que uma cultura gravou na matriz de neurónios
egotistas. A grande Sabedoria perene, e muito particularmente os saberes
orientais, esotéricos e mistéricos, apercebiam o Mundo enquanto Unidade, a
partir da qual, qualquer tentativa de disciplinação ou fragmentação cognitiva
não poderia deixar de ser vista como acometimento de um afastamento diabólico
em relação ao que as coisas São (se é que são alguma coisa... pois, se o Divino
é irredutível, Ele é Nada de particular e em separado); de algum modo, para
esse Saber, a própria divisão kantiana entre Númeno e Fenómeno não faz sentido,
porque tudo é Númeno e o Fenómeno é parte e o próprio Númeno... e isto é muito
diferente de dizer que o Fenómeno é a única coisa que interessa, um pouco à
semelhança do que preconizam os existencialistas ocidentais. Foi o Ocidente que
tendeu a materializar e a dividir o indivisível. Até mesmo a Filosofia
Platónica constitui, de algum modo, um esforço de charneira entre a Perenidade
mistérica e oriental e aquilo que, mais tarde, será o contexto ocidental;
veja-se que o que para outros é a Totalidade obtida após um número interminável
de Vidas, para Platão passa a ser preferencialmente a Morte. E mesmo eu, que
não deixo de ser um produto do Ocidente, me sinto mais confortável - ou seja,
menos sujeito ao desgaste de um descondicionamento e, de algum modo,
"re-condicionamento" de uma nova realidade cognitiva, que, para
Platão, não seria condicionamento mas somente reminiscência ou desvelamento
anamnésico - em aceitar que a libertação é a morte ou o Nada e não uma Essência
do Irredutível que, mais a mais, para um ocidental, tem pouco valor.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">De algum modo, desde a
desmitização socrática e platónica, a Filosofia começa a perder igualmente a
sua relação de indiferencialidade arquetípica com o Uno. Daí o seu próprio
termo e o contexto ocidental do seu nascimento enquanto especificidade do
filósofo, ser singular. É que, no momento em que se fala de um filósofo que
pensa o Cosmos, já não estamos verdadeiramente na Razão Contemplativa e muito
menos nos níveis metanóicos coadunáveis com o Atman "hindu";
começámos já a entrar no domínio da Razão Dianóica, coisa que atinge o seu
apogeu telúrico com a revolução científica do Renascimento e com o Princípio indutivo
de Bacon. Se bem que a Patrística já condensa uma perspectiva da temporalidade
ocidental linear, bem ao jeito da religiosidade Judaico-cristã, coisa que ajuda
a reificar o afastamento do arquétipo paradisíaco da indiferenciação, a
cientificidade renascentista e, no contexto especificamente filosófico (se bem
que, nesta época, também a Ciência era "filosofia natural"), a
construção de Descartes, auxiliam no afastamento entre Sujeito e Objecto, que
somente precisará da estocada final das Luzes e do Liberalismo para reificar
uma Visão da Realidade que podemos designar de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">autorística</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">egóica</i>. O
tempo moderno é, assim, o tempo da liberdade, mas de uma que respeita ao Eu, e
mesmo as perspectivas políticas contratualistas visam, de algum modo, o
respeito do Eu, que também pode ser o Eu adstrito ao Outro. Fica a Ética muito
dependente do respeito pelo Outro visto como um Eu, que poderá, algum dia, vir
a ser o nosso próprio Eu a desejar ser respeitado pelo Outro. A Filosofia
ocidental e até a sua famosa divisão em Anglo-saxónica <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vs.</i> Continental firmam, de uma vez para sempre, a fidelidade ao Eu,
e o "Espírito" perde o seu significado de Totalidade Ética para quase
ser confundido com a noção de mente ou alma. O dualismo cartesiano vem,
inclusive, reificar a separação entre corpo e mente, quando a única coisa que
poderia ter algum sentido problematizar seria a dualidade Corpo-Espírito, se
bem que mesmo a diferença entre materialismo e espiritualismo é corruptela da
mente ocidental, clivagem não aceite pelo contexto do Oriente esotérico (apesar
de aceite por algum esoterismo ocidental). O idealismo alemão e o romantismo só
aceitam o Espírito no seu sentido metafísico a um nível máximo, e, ainda assim,
assumem a necessidade de referirem a "metafísica", quando o Oriente,
reactualizado pela Teosofia de Blavatsky, assume o Espírito como a Totalidade e
a matéria como a substanciação do Espírito. O Ocidente vê o Espírito como Eu
livre, que também pode ser o EU Total ou mesmo Deus, mas mesmo aí o Espírito
possui um lugar "localizável" no "topo" de uma escala,
quando a Verdade mais prístina não se coaduna com escalas, mapas ou referências
cognitivas. A visão da História e da Dialéctica, e de uma Utopia que firma o
seu fim, seja num sentido Ideal e Superior - como em Hegel - seja num sentido
material - como em Marx, tudo isto são realidades escatológicas, coadunáveis
com um Fim, referência ocidental que uma mente de temporalidade cíclica e
reencarnativa nunca poderia conceber. Mesmo o Pós-modernismo do séc. XX vem em
abono de uma perspectiva do Ideal subjectivo e só num sentido algo
"forçado" pode ser incluído numa visão do Espírito enquanto Ideal
objectivo; mas aí, já o Pós-modernismo nada acrescenta à visão oriental.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Num nível radicalmente
materialista, o reduccionismo, o subjectivismo, o relativismo, o
desconstrucionismo, vêm empolar a entrada do homem na temporalidade
dessacralizadora, e se há algum Universal é porque ele é fisicamente genético
ou porque importa à sobrevivência das Sociedades, sobrevindo na totalidade das
culturas que pretendem manter-se. Matou-se Deus, mas ainda antes disso matou-se
o Divino panteísta, e se há algum panteísmo que ainda sobreviva é porque
somente se apelida a Realidade enquanto tal de "Deus", do mesmo modo
como se lhe poderia chamar outra coisa qualquer. A própria compreensão de toda
esta realidade força o autor deste texto a fazer um esforço de
descondicionamento do esquema cognitivo que lhe é mais familiar... esforço
inglório, vão, porque mesmo ele está condicionado pela (não) adaptabilidade ao
contexto que lhe é familiar e que deseja, quiçá, que deixe de o ser. Esforço
espiritual que reitera o masculino que há em mim, para logo a noite querer
sombrear-me com o feminino lunar, no preciso momento em que tento interpretar
psicanaliticamente a razão para tal ruminação, como se tal interpretação fosse
a condição da exorcização daquilo que um oriental não quereria jamais
exorcizar. Esforço do espírito que tem em si o orgulho de o ser, e que, como
tal, não pode sê-lo (Espírito), senão um demiurgo manifesto, preso ao orgulho e
à soberba de ser o que é, quando é a própria soberba que o impossibilita de SER
simplesmente NÃO Sendo. Sendo e orgulhando-me disso, como aquele que isto
escreve (e que é, portanto, relativo) e pretende ser lido e publicado, sou,
mais uma vez, a confirmação do meu contexto, da frustração de não SER senão
aquilo que sou para o Ocidente, a psique do Eu que decerto pretende o divã do
psicanalista com a minha saúde mental preocupado, mas não a Psique do Estado de
Buda, que não é bem-estar, saúde ou felicidade, senão a Felicidade do Todo,
que, a um nível imanifesto, não é senão algo que aqui não posso escrever,
porque, no acto de escrever, logo deixaria de o (não) ser.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Daí que o Eu que o
Ocidente e a sua Psicologia e Medicina reificam não é senão a doença de um Todo
do contexto do Espírito. A Psicologia moderna e ocidental está preocupada com o
Ego, quiçá com a Civilização na sua História, no seu contexto. A Psicologia
profunda, esotérica e, sobretudo, milenarmente oriental, está preocupada em não
se preocupar, em deixar de ser Eu e em perder definitivamente de vista a
História, a Civilização, o retorno e os contextos. Quer ser
"sem-texto", abandonar a "personna" (máscara), a ilusão,
mesmo sabendo que tal abandono evolutivo será ciclicamente retomado pelo
regresso quedo à roda das encarnações, processo que é pura Necessidade, tal
como a evolução que o Ocidente pretende já reificar, não coisificando jamais
senão o eterno retorno com o orgulho de o ser, e não tomando consciência de que
a evolução é o destino fatal e que o mal, a involução e a existência infernal
não são mais do que atrasos, erros pecaminosos, uma Luz adiada mas jamais
eternamente "inevitada".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E, agora, abandonando
este mesmo texto, que, por escrever, logo confirma que sou um Eu vendido a mim
mesmo, lá vou eu ter de me arrancar ao que muitos chamam de inutilidade e
divagação, para abraçar o contexto do que outros vêem igualmente como
inutilidade e divagação, que é a realidade carnal, real para os primeiros,
irreal para os segundos, não conseguindo ainda ter resolvido a minha própria
dualidade, aquela que me divide entre o Homem e a mulher, o Espírito e a
matéria, o Oriente e o Ocidente, o Bem e o mal, os princípios de uma
diferencialidade que me agarra à carnalidade e me faz sofrer, e que possui a
sua resolução na diferenciação sexual face à infância da fixação edipiana
bissexual (para os primeiros) e/ou na vista da indiferencialidade da condição
"meta-humana" (para os segundos). Sei, somente, que, um dia, quando
tudo isto estiver resolvido em mim, tudo parecerá ridículo por ser tão simples,
tão banal tal inflexão. Resta saber se é possível tal coisa estar resolvida em
mim, continuando a ser "mim", pois que, quando já não for
"mim", terei provavelmente a prístina resolução, que não é resolução
alguma, pois aí não há sequer problemas, nesse Paraíso que não é nenhum campo
de papoilas ou a ilha de Circe. No Todo será o Nada, a não consciência ou
existência... não admira que muitos queiram a resolução pela ilusão da falsa
Luz, que, de qualquer maneira, é também a consequência do condicionamento
moderno de um Eu que não desiste de o ser, e, que por isso mesmo, atrasará o
momento de Não Ser. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A indução é o pecado de
todo o filósofo e aquilo que o "comunica" com o cientista. O primeiro
chega a transformar a noção do Eu em todo um Ideal objectivo, e nessa
generalização perde-se o sábio. Os homens de ciência, do conhecimento ou razão
ainda não tornados "Consciência pura", criam as leis que impõem à
natureza, para que depois possam tirar desta o que desejam ou ambicionam. O
sábio mais puro é a própria natureza, e como tal, dela nada pode tirar que não
tivesse que tirar de si mesmo, aliás do Si-Mesmo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o filósofo tem em
si um poeta fingidor. Ser filósofo "absolutamente" é ser poeta rendido
à tentação, sem temer a clausura dos métodos ou a vergonha dos Sentidos, na
condição de ter em si "todas as opiniões do mundo". E mesmo quando
"todas as opiniões" são somente a sua opinião, não duvide o ser comum
que a opinião do filósofo/poeta tem mais peso que todas as opiniões pessoais de
todos os Cosmos pessoais. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Filosofia antecede a
Sophia e esta antecede a Luz. A primeira começa algures na Epistémi-Dianóia e
estende-se pela Epistémi-Noésis. A segunda atinge o Nous. A Luz transcende o Nous,
é o Atman do Sanathana Dharma (Bramanismo). Para o materialista, a Epistémi é
explicada pela Doxa, dependendo até desta, e o Espírito é um artifício, uma
generalização do Quaternário Inferior, do Corpo-Mente. A mente diferencia-se do
corpo por uma mera questão de mensurabilidade relevante; para o materialista, a
mente não tem peso, a mente só existe enquanto abstracção quimérica de um
cérebro comensurável; portanto, para o materialista, o Espírito é como uma
Super-Mente, que, pela sua relação com o Imperativo Ético, não pode deixar de
ser a Civitas, o Superego de Freud. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Uno Sujeito-Objecto é
a obsessão que conluia a Espiritualidade com o Pós-modernismo. Mas se para a
primeira esse Uno é um facto objectal e nominal, para o segundo o mesmo Uno é
subjectivo, mesmo que acabe também por ser objectivo. Não obstante, como o Uno
Sujeito-Objecto do Espírito só pode ser acedido pela mente do filósofo, fica o
Uno em questão a significar a subjectividade, o espírito ou o si-mesmo do
pensador; por outro lado, sendo a realidade interna do sábio toda a realidade
que interessa, como se, para o pensador, a Realidade fosse a sua realidade
(mesmo que não o reconheça, seja por incapacidade, seja por falta de desejo), o
Uno Sujeito-Objecto do Pós-modernismo acaba por ser o do Espírito no sentido da
Sabedoria perene (isto, claro, assumindo que a antiga Sabedoria, à semelhança
do esoterismo teosófico, não utilizava a literalização dos seus saberes
enquanto velo de uma realidade subjectiva que somente põe em comum - aliás, confirma
- a intersubjectividade duns quantos eleitos do e/Espírito). Certas
coincidências são vistas de diferentes formas pelo materialista e também pelo
espiritualista (passe-se a infelicidade da "clivagem"). Enquanto que
o espiritualista reconhece a "reprodução" do macroscópico no
microscópico, o materialista reconhece a generalização do microscópico para o
macroscópico. A segunda perspectiva - de âmbito pós-moderno - não pode deixar
de ter um cunho muito contemporâneo, com o conjunto das influências relativistas
e subjectivistas das tendências "modernas". Num certo sentido, o
Pós-modernismo recai no "relativismo dogmático", na medida em que o
pensamento de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um</i> generalizado para o
Espírito objectal não passará de uma incerteza (a)científica (no sentido popperiano
do termo)... com o relativismo a deixar de o ser no preciso momento em que o
tal pensamento singular prova ser o pensamento colectivo (do Singular Divino).
Por outro lado, não podemos esquecer a componente literalmente construtivista
do Pós-modernismo, relativa à possibilidade da mente ter funcionamento quântico
e poder - literalmente - construir o fenómeno que deseja construir. Aqui, já a
mente individual, o espírito subjectivo, poderá contribuir, de algum modo, para
a construção do Espírito objectal, um pouco como se todo o homem fosse um
demiurgo a contribuir para a eterna transmutação do Divino. O subjectivo
tornar-se-ia literalmente objectivo, não só no sentido da apercepção, mas
também no sentido do percepto dos Logoi "superiores" (Atman »»» Brahman),
para que, a um nível máximo de subtilização (a superação da condição humana
precisaria da qualidade quântica da mente) o puro livre-arbítrio
semi-manifestado desencadeasse a pura Liberdade do Divino imanifestado.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Comprovada a existência
de uma quântica mental, comprovada estaria também a possibilidade real de uma
evolução "para-terrena" do homem, incluindo a Libertação
"búdica" no homem ainda encarnado. Algo que contrariaria a
perspectiva de uma "Libertação" enquanto mero resultado de uma Roda
da Lei Kármica somente no sentido de uma gigantesca determinação do Ser (ou da
ontogenética determinação do ser), o que, mais a mais, poderia nem ser
verdadeiramente "Libertação".<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O "pensar" é
puro acto demiúrgico e a linguagem do pensamento é o seu Logos. Sempre que o
filósofo pensa está a ser um demiurgo, no sentido em que está a dar forma ao
Divino. Não obstante, não sendo o próprio Divino, o seu acto demiúrgico é um
pouco cego, senão uma das infinitas possibilidades do que Deus É ou pode Ser.
Daí se explica o relativismo, a confusão babélica de vozes ou linguagens, a
incapacidade do pensador ser Deus Total, senão meramente demiurgo, parcialidade
de uma Totalidade inacessível à mente humana agrilhoada à carnalidade de
opacidades, à caverna da ilusão que urge o desvelar. O filósofo revela, o sábio
desvela, mas os dois, não sendo o Divino, mas somente partícula demiúrgica
Dele, somente poderão revelar infinitamente, desvelar parcialmente. A
condenação babélica urge sempre que o Homem tenta desvelar mais do que lhe
permite a mente obscura. Resta o caminho de Sísifo, o eterno retorno de uma
torre que o filósofo persiste em construir, a frustração de querer Ser, para
que, no nível final, a reunião da infinidade de possibilidades crie a eterna
brancura, o pleno preenchimento do oceano do Infinito, em que Ser já Nada É,
porque Tudo Ser ou Nada ser são a mesma coisa, e já nem o homem se pode
desiludir com tal opacidade de possibilidades, pois já este deixou de o ser
para Nada ser e tudo Nada conter.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Caos quântico que
subjaz ao Divino é isso mesmo: a infinidade de possibilidades, a pura
Liberdade, dentro da qual uma escolha é já uma instrução parcial, ou seja, a
Palavra ou Arché afecto ao Demiurgo. O Verbo é o Livre-arbítrio do Demiurgo, as
instruções ou Leis de um Cosmos. Um Cosmos é, por isso mesmo, um Universo (Uni
+ diverso). O Infinito quântico que subjaz a tudo o que Há é a soma, aliás, o
Todo de um número infinito de potencialidades e, portanto, de Universos. Aí não
há Lei, pois esta, sendo uma coisa e não outra, é relativa, e o Divino é o
Absoluto.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se existe uma Verdade
mais verdadeira que outra Verdade, se é possível criticar o relativismo, se é
possível ver o início e o fim de um processo específico, que é a Verdade vista
como coisa precisa, tal só é possível no contexto de um Universo, de um
Demiurgo, de uma Consciência. Ora, o Divino é Consciência Pura, Consciência
absolutamente ilimitada, que, de algum modo, é Consciência de Nada, uma não
consciência, porque a consciência é sempre "de alguma coisa", e já aí
a consciência é demiúrgica, relativa, de uma coisa em detrimento de outra.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O estado de Buda (ou
algum que o transcenda) tem sido descrito por alguns como Consciência Pura, Não
consciência, porque o Ego e o Relativo são calados no desapego ao corpo e ao
mundo (Cosmos), coisa muito dificilmente alcançável ou mesmo perspectivável no
contexto de um ser encarnado, mas potencialmente concebível nos termos da
"mente quântica". Sem uma partícula da pura Liberdade o ser humano
não pode ser Deus, mas somente um Demiurgo. Para que o humano se transcenda e
chegue ao estado de Buda é preciso, a meu ver, conceber necessariamente a
existência de um nível de pura liberdade no contexto do ser humano. Sem ele,
somente com livre-arbítrio, não vejo como defender a possibilidade de o ser
humano poder alcançar um estado verdadeiramente Livre e Divino, um estado
Final, se é que tal existe, o estado que é também o inicial e o de sempre, o
que sempre lá está mas somente não pode ser visto pelo sistema corpo-mente.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não obstante,
questionamos a possibilidade de atingir o estado de Liberdade após um ciclo
muito maior e Civilizacional de encarnações e até de Eras e raças (teosóficas),
mas mesmo aqui há que questionar se o que "desvelamos" é o Todo ou se
é somente o nosso Universo (mas haverá um Universo específico em que
vivamos?...).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Regressando à temática
do relativismo, é inevitável pensar no Filósofo-Poeta, aquele que admite todas
as possibilidades, aquele que assume em si o formato de diversos demiurgos, a
heteronímia de pessoalidades, que, obviamente, quanto mais rica for maior será
a aproximação ao Divino, também maior parecerá o relativismo, quando, na
verdade, é maior a aproximação ao Absoluto. O relativismo enquanto
multi-perspectivismo, uma certa forma de indiferenciação face ao Divino, o
pesadelo da ausência de "opinião" dos tolos, o pesadelo da ausência
de "personalidade" duma certa Psicologia moderna e ocidental, este é
o caminho de aproximação ao Todo inter-Universal e inter-Cósmico; é também a
correspondência ao muitas vezes apelidado "relativismo radical",
aquele que diz que todas as possibilidades se igualam e têm igual valor; ora,
isto é falso para um Universo, Cosmos ou Arché específico, mas verdadeiro para
o Todo Uno imanifestado, pois no Caos quântico do Divino, ou no oceano do que
sempre lá Está, existe a já citada infinidade de possibilidades, o que, mais a
mais, vem reificar que o relativismo verdadeiramente radical iguala o Absoluto,
um pouco como o preenchimento infindo de riscos pretos num papel branco acabará
por tornar esse mesmo papel completamente preto. Note-se que o campo da Física
enquanto ciência experimental moderna ainda ultrapassa dificilmente o campo do
que respeita ao Demiurgo que nos é familiar, gozando talvez justamente com a
ideia do Divino sobretudo porque ainda pensa que o Divino é somente o Deus
criador do Judaico-Cristianismo, não entendendo que este seria no máximo um
demiurgo (e mesmo isto não seria, e é até ridículo recalcitrar na noção
fantasista de Deus num trono celeste, que, apesar de se conceber como muito
"maior" do que os deuses das mitologias arcaicas, ainda assim não é o
Divino que temos tratado enquanto tal; interessa-nos, obviamente, mais o
panteísmo do que o teísmo...). Não tem a Física uma preocupação muito grande com
aquilo que pode transcender o campo de um Arché específico, não querendo perder
tempo a pensar na possibilidade de existirem outros Universos, com outros
códigos "genéticos"/logóicos, até porque a Ciência moderna pretende
estudar somente o "conhecido" e igualar o "desconhecido" ao
"inexistente" (não admira que o seu método "realista",
positivista, potencialmente falsificabilista, não possa jamais
compatibilizar-se com o "relativismo dogmático" - passe-se a acusação
popperiana - do método pós-moderno 'e/ou' espiritual).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Numa linguagem
"astronómica" (para os antigos, astrológica), a singularidade
"inicial" que "antecede" o Big Bang poderia ser o Absoluto,
e o próprio Big Bang será já o momento primevo (o Arché) de um Cosmos
específico, ou seja, é já o "relativo". O Absoluto seria feito de um
número infinito de Big Bangs, de ciclos cósmicos, infinitamente para baixo,
infinitamente para cima, com o "baixo" e o "cima" a
deixarem de o ser, porque, no Absoluto, não há macro ou microcósmico. E lá vem
a metáfora do "Pêndulo de Foucault", o ponto central que pode ser
qualquer um, porque toda a evolução e todo o movimento se perfaz à volta do
ponto fixo, e qualquer ponto móvel é um ponto fixo relativamente a todos os
outros pontos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O multi-perspectivismo é
condição da racionalidade. O sábio, o filósofo do Todo, aproxima-se do
Absoluto, na medida em que assume em si mesmo múltiplas possibilidades
demiúrgicas. Não haja dúvidas, no entanto, que também a subjectividade subjaz a
tal tentativa de Ser grandiloquente. O psicanalista pode ver no homem do
Espírito a tentação teomaníaca de ser Deus enquanto defesa para a incapacidade
de ser homem, um pouco como se o perspectivismo multi-demiúrgico (ou mesmo
inter-trans-demiúrgico) fosse a tentativa de vencer a "dúvida" afecta
ao demiurgo particular. É, portanto, a dúvida que alimenta a tentação do
Absoluto. É também a dúvida que provoca o sofrimento do pensador, o caminho do
peregrino de pés sanguinolentos no deserto, aquele que tem mesmo que ser vivido
na tentativa de purificar o ser, na tentativa final de libertar o ser da rota
da carnalidade relativizadora, conduzindo-o ao Não Ser.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o filósofo
verdadeiro tem em si o objecto da libertação. Mas o caminho para o mesmo não
promete ser fácil, convida facilmente à desistência, ao pecado da tentativa de
ver a Luz onde ela não existe, à ilusão de ver o Absoluto no si-mesmo relativo.
Daí que, de algum modo, todo o filósofo perseverante tenha de ter um sentido
mínimo do seu próprio ser, uma segurança egóica mínima que permita a perfídia
do caminho sem a cedência à ilusão, à desistência, ou mesmo à "fuga para a
frente". Ou seja, uma dúvida primária excessiva promete simultaneamente
formar o filósofo e gorar a sua meta. Todo o filósofo verdadeiro tem de assumir
a possibilidade da Loucura, ou melhor, da "não loucura" face ao
oceano de relatividades e ao multiverso de incertezas. Ser filósofo é, então,
simultaneamente ter e não ter mapas, ter e não ter referências, ter e não ter
chaves.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O produto do pensamento
enquanto argumento racional é, como dizemos, o resultado de uma Doxa, mas em
que o aspecto exterior é o de uma Epistémi. Não é criminoso assumir que todo o
argumento racional possui uma matriz genealógica emocional ou mesmo devocional,
até porque o filósofo é um homem, um ser emocional que precisa de buscar na sua
íntima volição o motor da defesa do argumento. Criminoso é que o próprio
argumento seja externamente emocional, um pouco como vemos a acontecer nas
defesas tempestivas de seres conluiados com interesses. Por vezes, o criminoso
da argumentação, o oportunista, na incapacidade de argumentar racionalmente,
"defende-se" acusando o pensador de possuir um qualquer
"complexo de inferioridade". Não percebe o oportunista que esse
complexo (que, mais a mais, todos possuímos em algum grau) é somente o motor da
argumentação mas nada diz sobre a qualidade da racionalidade do corpo do
próprio argumento. Se há, nesse mesmo contexto, algum ser que se vendeu à
subjectividade, esse é decerto aquele que, por falta de capacidades, resolveu
pessoalizar o impessoalizável.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A ignorância é um
pré-requisito da Sabedoria. Esquecer a cultura é condição do despertar do
Espírito. Há mais Espírito no recém-nascido ou na douta criança do que na mente
do erudito. Saber muito é garante de não saber nada. E pertencer à História é a
condição fundamental de se ser esquecido por ela. Porque o acto de rememoração,
a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">anamnesis</i> mítica do
"Princípio", é o verdadeiro objecto do historiador, como do homem da
cultura, e de todo o homem que pretende encontrar nas grandes Estruturas as
suas próprias estruturas "falhadas". E é por isso que todo o
historiador pretende deixar de ser História para passar a ser mito, é por isso
que a sua actividade visa fixar a História enquanto memória atemporal, um pouco
como se o tempo dialéctico quisesse ser o Não tempo da Eternidade ou como se a
História quisesse nunca tê-lo sido. Assim sendo, o Historiador trabalha para
deixar de o ser. Tal como o homem da Cultura que pretende extorquir o momento
arquetípico do fluxo de aprendizagens do seu tempo, esquecendo muitas vezes que
a evolução requer a lentificação e o abandono do tempo, que para se Ser é
preciso deixar de se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>, que a
cultura requer a Sabedoria mas que a Sabedoria transcende e despreza a cultura.
No máximo dos máximos, a cultura é somente o aspecto externo da Sabedoria, a
rampa de lançamento do culto para o momento em que tanto a cultura quanto o
saber se tornam inúteis. Olhem à vossa volta e encontrarão muitos homens
cultos. As Pseudo-Elites - literária, científica, artística, e, infelizmente,
até filosófica e pseudo-espiritual, incluindo uma certa trupe de
pseudo-iniciados, de pseudo-eleitos e pseudo-mestres que podem ser encontrados
inclusive nas respeitáveis Sociedades secretas... que são muitas vezes
Instituições que de "Espiritual" nada têm verdadeiramente... - estão
repletas de homens de Cultura que fazem a violência à Cultura que pretendem ter
ou servir, porque a trasladam no aspecto exterior de um planeta sem núcleo,
capaz de tornar o pensamento a epifania do "triunfo dos porcos" ou a
morte da prístina Sophia. Mas Sophia ressuscitará!... no momento em que o homem
renunciar a todas essas ilusões: instituições, políticas, partidos, interesses,
elites, todo o oportunismo mundano, a inteiridade do apego à matéria que vicia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o homem sofre da
adição da matéria. Urge o despertar, a libertação. Mas esta não surge sem a
ansiedade da Sabedoria, a ressaca do dharma. Tema o homem ainda mais a ilusão
dos placebos, a metadona que é como a cultura que preenche e embriaga. O risco
do eterno retorno é enorme e lá voltou o homem ao vício. A droga do prazer
acalenta e conforta, é um Paraíso travestido. E longe estamos do Paraíso
próprio, e ainda mais do que Existe (não existindo) para além do Paraíso, o
Oceano do Infinito onde já nem droga, vício, prazer ou sofrimento farão
qualquer sentido. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Tudo o que É é-o em
relação a alguma coisa. Nada É sem o seu "relativo". O que
consideramos "normal", "são" e até "moral" é
aquilo que entra dentro do intervalo de referências entrosadas primitivamente.
O "normal" e o "moral" individual é o que respeita as Leis
internas, as instruções do Arché próprio. O
"normal"/"moral" social é o que respeita o Arché dessa
Sociedade, eventualmente até o inconsciente desse Estado-Nação ou Pátria. O
"normal"/"moral" colectivo, aquilo que se entende como
Eterno, axial/axiológico, valorativo, é somente a obediência às instruções do
Demiurgo do nosso próprio Universo, do nosso próprio Cosmos. É, portanto, o
respeito pelas Leis. O Arquetípico é a matriz das Leis universais que entendemos
como a Moral eterna, eventualmente até o Imperativo Categórico. Não é o Divino,
no sentido panteísta, pois esse Divino inclui todos os Demiurgos, todas as Leis
possíveis, o infinito de combinações logóicas.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O que entendemos como os
"Valores Universais" do Ser Humano, eternas e trans-históricas, é
então o código genético do Demiurgo que nos é familiar. Este código implica o
Determinismo necessário, a Estabilidade que a Física identifica e que a
Matemática traduz. Obviamente, os sortilégios da degeneração temporal,
histórico-dialéctica, acarretam o surgimento de um Determinismo probabilístico
e, em última análise, de uma dialéctica individual idiográfica. Os novos tempos
de culto do "relativo" oferecem a dialéctica, o relativismo pós-moderno
e o pós-estruturalismo enquanto produtos de interpretação do que muda
constantemente. É aceitável e até concorre para algo mais absoluto, não seja a
própria hermenêutica/semiótica um condimento fundamental do estudo das
Espiritualidades. Não obstante, à medida que uma certa sensação de desagregação
e insegurança vai surgindo no Homem, lá vai urgindo a necessidade de
"retornar" ou "reactualizar" a realidade arquetípica. O
próprio presente, e até o devir, precisa desse retorno securizante. A religião,
a moral, os Valores, os Universais dos filósofos, são os ingredientes da
Arqueologia eterna do Ser que recalcitram em ser recrutados, muitas vezes com o
perigo de uma necessidade de retorno obsessivo-compulsivo. E isto acontece
porque o h/Homem é naturalmente inseguro, requerendo constantemente a alusão ao
Paraíso perdido.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O H/homem seguro de si
mesmo vive mais no (eterno) presente, porque é aquele que dispensa a visita
compulsiva ao Arché. Mas mesmo tal dispensa, eventualmente formatada pela
tolerância à insegurança, requer o estabelecimento de Pilares primevos
robustos. E se eles não existem, quiçá talvez tenham de ser criados. Um pouco
como se o Uno fosse a projecção do que une e põe os homens em comum: o Corpo. O
Inconsciente colectivo é, então, o que transcreve as Leis, as mesmas que
acabarão por estabelecer os limites do demiurgo próprio/individual. Claro que
esta interpretação materialista de um ser humano que cria os Deuses de modo a
amenizar a sensação da sua própria solidão e insegurança não deixa de estar
repleta da subjectividade de alguém que foi fortemente enformado pela laica
cultura ocidental. Na cabeça de um "espiritual", decerto que certos
Universais estão estabelecidos por algum tipo de Providência, Testemunho
Superior ou Demiurgo. Mas o que interessa é que, dê por onde der, o Eterno
existe e é recrutado no momento em que a insegurança da "novidade"
criadora requer a reactualização do Modelo arquetípico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ora, obviamente que a
tentação de ver na Moral absoluta a ilusão de uma construção Humana, pela
relação "inconsciente" que o Corpo genético estabelece com o ambiente
e pela Universalidade "memética" (Dawkins) das normas requeridas à
sobrevivência das Sociedades, é enorme e até pode alimentar outra tentação: a
de corrompermos a moral demiúrgica, sendo nós mesmos o nosso próprio Demiurgo,
ou seja, ousar ser o Super-Homem que constrói a sua própria moralidade, a sua
própria referência do que é "normal"/"anormal" e
"moral"/"imoral". Certamente que este tipo de liberdade
relativista já existe, mas falamos da "imoralidade" de construir uma
nova "moralidade", e, portanto, já não uma "imoralidade". O
velho problema do Livre-arbítrio acaba por ter de ser recrutado para a
discussão, pois nunca o Super-Homem o será verdadeiramente se se construir com
base nas referências que já possui, nomeadamente a referência primeva, o Arché
da origem. É um pouco a imagem de um analisando que, por mais que pretenda
vencer as "instruções" dos seus deuses particulares/pais, nunca
conseguirá ter "absolutamente" um Arché próprio, ou seja, somente
poderá aproximar-se de um Arché próprio (de qualquer modo, o
"próprio" é sempre o Eu e o dos outros, tal como o "outro"
é ele mesmo a partir de outros...).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Lá fica, mais uma vez,
no "caldo" a questão da Liberdade/Livre arbítrio e da maior ou menor
possibilidade de assumirmos o Demiurgo e o Divino que nunca seremos e que,
ainda assim, nunca deixámos de ser.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A mais complexa das
instruções herméticas ou especulações filosóficas parecerá tão simples quanto a
frase "o azul não é vermelho" ou "2 + 2 = 4", no momento do
total desvelamento. Como parece tão óbvio hoje o que ontem se enchia de
opacidade. Como auguro ser tão idiota aos olhos de seres espiritualmente
superiores a mim. Como somos pequenos aos olhos do Divino!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A investigação radicada
no paralelismo conteudístico entre a Espiritualidade, a Psicanálise e a
Neuropsicologia (incluindo também a Psicologia cognitiva e a Neuropsicanálise)
urge como necessária, mesmo arriscando a possibilidade de acabar por se
desmistificar o que é geralmente visto como "belo",
"místico", "mistérico".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não é, consabidamente -
e isto é só para dar um exemplo -, a Moral do Superego o resultado da
actividade do Córtex pré-frontal do Cérebro? Não é razoável admitir - passe-se
a lógica escatologicamente materialista - que a Moral Civilizacional, o eterno
arquetípico, é consequência da projecção, particular »»» geral, microscópico
»»» macroscópico, do Superego individual para o Superego colectivo (com este a
incluir um nível crescentemente civilizacional, mais tarde colocado sob a
alçada da responsabilidade de um ser exterior divino, pela simples razão de que
é mais forte/seguro o que é instituído a partir de
"fora"/"cima"...)? Não será, então, a Moral civilizacional
e Divina o resultado da Colectividade de homens cujos córtex pré-frontais
requereram a generalização do que subjaz ao comportamento de preservação
"vital"?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É um dado adquirido que
o Córtex pré-frontal está envolvido nos processos avaliativo-antecipatórios do
comportamento, ajudando a "projectar psicologicamente" as
consequências da acção, o que nos leva a pensar que é também nele que reside o
que entendemos como "liberdade responsável", que é nele que reside
uma importante causa das neuroses, com estas a estarem muitas vezes associadas
à capacidade sobrepujada de antecipar a morte ou a destruição. Também a
Consciência, incluindo o Insight filosófico, requer a máxima conformação da
actividade destas áreas "mais evoluídas na escala evolutiva" com as
áreas somato-sensoriais (que possuem, geralmente, dominância no hemisfério
direito do cérebro, aquele que tende a estar muito associado ao
"masculino" - como o "masculino" da Espiritualidade - e à
Gestalt - fundamental para o Insight, o Eureka da descoberta filosófica, com a
Filosofia a ser também uma actividade fundamentalmente masculina, e comigo a
achar que tal não pode ser explicado unicamente por um punhado de circunstâncias
histórico-sociais...) e as áreas emocionais da base do cérebro. Será o
Espírito, a Totalidade Ética, o lado místico do Superego ou do córtex pré-frontal?
É lá que reside Deus? Não é lá que residem os nossos Deuses/Pais?...</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sabidamente, a
Psicanálise freudiana atribuía uma importância superior ao Inconsciente (Id),
ao Corpo, à necessidade de regresso às Origens, do que ao Superego e à Moral
castradora, que chegava mesmo a demonizar. O arquétipo religioso operava como
entidade "perigosa" para a liberdade e o "parricídio"
(Dostoiévski) ou a "morte de Deus" (Nietzsche) afiguravam-se como
necessários à construção do Arché pessoal. Também a Espiritualidade possui este
tipo de construção, mas impõe mais restrições ao poder do "Arché
pessoal", coisa que uma certa Psicanálise iniciática não soube prever,
acabando mesmo por encorajar o excessivo despimento do sentimento de culpa, sem
o qual a "destruição" e a "imoralidade" ousam tornar-se a
"regra".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Aquilo que põe em comum
o terreno genérico da Espiritualidade profunda e a Psicanálise dos seus
primórdios freudianos é, de algum modo, a importância atribuída ao regresso ao
Arché, no qual o ser recebe a energia tónica de reinício da Vida. O mesmo Arché
que permite a purificação, se bem que o seu conforto pode alimentar a
manutenção indefinida no Inferno. A evolução é requerida nas perspectivas
Psicanalítica e Espiritual, mas se a Psicanálise freudiana advoga a necessidade
de "libertação" (com esta a ser essencialmente "material"
e, portanto, parcialmente ilusória) por meio da diferenciação egóica e
personalística, uma certa Espiritualidade - como a relativa ao Sanathana
Dharma, incluindo o Buda-Dharma - requer um passo final no sentido de uma
libertação "maior", para fora do corpo (se bem que mesmo esta pode
ter algo de ilusório...), com vista à indiferenciação. Os dois produzem o
"eterno presente" e a Ética: a perspectiva psicanalítica advoga que a
descoberta do "Eu" leva à supressão da angústia de castração e, como
tal, à derrogação dos impulsos destruidores; a perspectiva do Dharma advoga que
a verdadeira Ética implica a morte do Ego, da individualidade (se bem que mesmo
isto é questionável).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Rapidamente, não consigo
resistir a uma analogia cognitivista. Imagino já que o trabalho psicanalítico,
muito associado ao tratamento da neurose, seria um pouco como divorciar o
cérebro emocional do cérebro "pré-frontal", reduzindo o peso do
segundo, enquanto que um trabalho essencialmente meditativo reificaria o mesmo
tipo de divórcio, mas daria uma maior ponderação ao córtex pré-frontal
(acredito que existe aqui uma evolução lógica de um possível "tratamento
do Espírito", mas isso foi um assunto que já tratei nos meus livros «O
Corpo e o Nada» e «As Metamorfoses do Espírito»...). O próprio Yoga começa por
ser mais "corpóreo" e acaba por ser mais "meditativo", um
pouco como se a "Voz do Silêncio" requeresse primeiro a gestão das
oscilações da dualidade carnal do mundo infernal.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O processo escalar
evolutivo é, assim, um pouco como a evolução do próprio cérebro (no sentido
tanto filo como ontogenético), feita de "baixo para cima", do Id para
o Superego, do Sistema límbico para o Córtex pré-frontal, do Quaternário
inferior para a Tríade Superior, do cérebro do Eu para o cérebro do Todo, da
Psicologia para a Psicologia Social e desta para a Sociologia, e da Sociologia
para a Macro-Sociologia, do deus-homem para o Deus-Homem, do demiurgo
individual (analítico) para o demiurgo colectivo (moral), do demiurgo para
Deus, da Obra ao negro para a Obra ao branco e desta para a Obra ao Vermelho.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Na perspectiva da "Queda",
imagem cunhada pela religiosidade primeva, só temos mesmo é de inverter o
sentido desta ordem, coisa que não reside na lógica interna de um materialista.
Tal como um espiritualista não gosta de ver o Bem Espiritual transformado no
Superego, e numa certa perspectiva nem o é, pois o Divino, de algum modo, não é
moral ou imoral (mas o Superego pode ser o Demiurgo, a Lei do Universo a que
pertencemos)...</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Estas analogias são aqui
apresentadas de modo propositadamente simplista. O que se propõe não é,
obviamente, novo, mas não podemos deixar de nos espantar com o terreno de
alguma incomunicabilidade entre a lógica materialista e a lógica
espiritualista. Talvez alguma Psicanálise constitua a excepção a esta regra,
pois que ela sempre tentou fazer a ligação do Colectivo ao Individual, e esse
esforço não se esgota obviamente com Jung. Nas últimas décadas do séc. XX houve
até um esforço suplementar de redenção da Psicanálise relativamente à Ética dos
tempos modernos, com a sua aproximação aos modelos de comportamento ético-moral
numa lógica já bastante mais distante das construções freudianas (que estariam
obviamente adaptadas a um tempo em que a castração religiosa era bastante mais
visível e socialmente relevante). O esforço de conciliar a Psicanálise com as
diversas construções Espirituais é maior do que nunca e, a meu ver, tem todo o
mérito. Também terá todo o mérito o esforço conciliatório da Espiritualidade
com as neurociências ou, termo preferível, a Ciência Cognitiva, algo que já se
realiza há umas poucas décadas. O que não é muito meritório é recalcitrar na
incomunicabilidade hermética entre as diferentes fontes de Saber, um pouco como
se a guerra de paradigmas justificasse o dogma que os alimenta. O moderno
"religare", a lógica "simbólica" de aproximação e fusão
disciplinar, deve representar o derradeiro esforço de compreensão da Realidade,
a mesma que já sabemos ser "diabolicamente" procrastinada à custa da
suposta "incomensurabilidade de paradigmas" (Kuhn). De resto, o
"religare", a aproximação entre o que sofreu a diáspora da
temporalidade entrópica e relativizadora é aquilo que todos desejamos: o
regresso mítico ao "in illo tempore", o Paraíso da Luz de
entendimento. Tentemos, tentemos sempre e sem desistir o regresso a Babel.
Resistamos ao castigo da Queda, à tentação de gorar o caminho do conhecimento
da árvore do "bem" e do "mal". Malditos sejam os homens que
preferem a destruição da Torre! E malditos sejam ainda mais os que vêem a
concordância e o encontro onde não reside qualquer Luz, os que resistem à
espada desconfortável mas necessária ao Caminho, os que persistem em ver o
Absoluto no Impermanente, e os que calam a solitária criança que corajosamente
diz "O Rei vai nu".<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O 'Masculino' é
dominante na Espiritualidade e também na Psicanálise. Se a grande obra
Espiritual evoca a sublimação do Espírito no "masculino" e da matéria
no "feminino" tal deve-se também ao facto de ter sido o sexo
masculino aquele que se problematizou mais ao ponto de sublimar a sua
"inferioridade" para as grandes Estruturas do Espírito. Se o
"masculino" é dominante na Psicanálise é porque o rapaz tem um
trajecto mais longo para percorrer na identificação própria relativamente ao
seu casulo "uterino"; a rapariga corre menos riscos visto que, mesmo
que não consiga desprender-se completamente da ligação à Mater, ainda assim
esta é do seu género. O "masculino" é, assim, mais problemático que o
"feminino"; o homem é, de facto, o sexo fraco, e é isso que faz com
que os grandes filósofos sejam dominantemente do género masculino.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Aprecias as grandes
Igrejas, os grandes monumentos, enches-te de prazer na sua contemplação.
Prefere-los aos elementos voláteis da modernidade. Na verdade, procuras em tal
contemplação as tuas próprias Estruturas, visas retirar das Catedrais a Cátedra
da tua própria Identidade. De facto, é preciso ser-se muito seguro de si mesmo
para poder vogar numa cultura "nouvelle vague". A falta de segurança
própria alimenta, muitas vezes, a nostalgia do antigo Dogma, do tempo do
Cânone; por outro lado, o excessivo desprendimento das Estruturas no mundo
moderno (associado à velocidade vertiginosa da mudança, impermanência,
relativismo multiperspectivista) leva à multiplicação da sensação de
insegurança. Uma certa Psicanálise freudiana propende a libertação das
Estruturas, mas também uma certa Psicanálise propende a existência de um mínimo
de "Leis", sem as quais o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
poderá sentir-se perdido, assim como também se defende um mínimo de
Civitas/Superego, na ausência do qual o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser
</i>se tornaria associal, um pequeno ditador (também um pouco à semelhança do
que actualmente se verifica na Sociedade...). Parece-me que o caminho do meio,
da virtude do meio-termo, é a via mais sábia: suficiente liberdade (Id) para
que o ser possa vogar à sua (?) vontade, suficientes Estruturas que permitam ao
ser manter a noção fantasmática do ancoradouro (Arché) e também a noção dos
limites éticos. A boa "educação" passa pela arte de potenciar o
equilíbrio entre os extremos, e visar a Autonomia da criança/paciente é
sobretudo dar-lhe este equilíbrio entre as Estruturas e a Liberdade, mas sempre
tendo-a (ou tendo-o) como um fim em si.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Arché é, então, a base
do conforto e também da criação. A assunção do homem enquanto seu próprio
demiurgo implica, como já vimos, o retorno ao Arché Pater, ponto de partida
para a reificação definitiva do Arché egóico. Este Arché próprio não é, como
também já pudemos constatar, comparável a um estado de verdadeira Liberdade
criadora, mas, ainda assim, dá ao sujeito o poder de criação, o Livre-arbítrio
do Super-Homem nietzschiano. Se este novo ser reifica o seu próprio Arché, isso
significa que ele é capaz de criar os seus próprios Valores, a sua própria
Moral, a sua própria Lei, o seu próprio sistema de um "Nomos" (e
também de um "Nosos", o anormal). Isto é, como sabemos, o ponto de
partida para a perspectiva de um relativismo, que, se é perigoso, é porque
existem outros homens, eventualmente Super-Homens, também com os seus próprios
Valores, as suas próprias referências. Daí que o evitar do conflito e da
destruição só possa ser obtido por dois grandes meios: a manutenção e
celebração do retorno ao Arché Primário, genealógico, a rememoração das
referências comuns do Universo do Todo, ou então, a criação de soluções
contratuais, comportamentos "adaptados" que permitam a salvação do Eu
no seio do Todo e da liberdade do Outro face à liberdade do Eu. Estas soluções
não são necessariamente conscientes, como as que vemos nascer na época das
Luzes ou no formato de Teorias políticas e judiciais; incluem também os
comportamentos morais que as diferentes culturas arcaicas requereram adoptar de
modo a se permitirem sobreviver; o facto de muitas culturas com comportamentos
"não adaptativos" à sobrevivência terem desaparecido nos confins do
tempo leva a que permaneçam tardiamente culturas com comportamentos semelhantes
que o mais incauto tentará ver enquanto Universais genéticos, quando, na
verdade, são Universais culturais.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não obstante, as
mitologias arcaicas mantêm a sua dominância no contexto da construção de um
certo tipo de "ethos" moral. Mas não nos iludamos. A religião não
trata somente da Totalidade Ética e há muito que os aspectos nocturnos e saturninos
das mitologias puderam ser "desvelados". Se há toda uma Filosofia
preocupada com a Razão e uma boa parte da Espiritualidade preocupada com a
questão da Moralidade que tentam empolar somente os aspectos racionais das
mitologias, em particular certos "comportamentos paradigmáticos" do
que podemos encontrar em Homero ou Hesíodo, é bem certo que o lado
"lunar" da espiritualidade também integra as estruturas arquetípicas,
se bem que uma boa parte do Esoterismo conceba esses aspectos como o lado
luciferino correspondente de algum modo à "obra ao negro" da
actividade evolutiva de Sophia.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Obviamente a concepção
de um Divino Absoluto não é muito compatível com a noção dos "deuses
humanos" e com atributos da mitologia grega, e é por isso que nela
encontramos o modelo flagrante do paralelismo entre o Macrocosmos de deuses e o
microcosmos humano (ou seja, entre o Inconsciente colectivo e o inconsciente
individual). A desmitização destas estruturas arquetípicas, assim como o
empolamento dos seus aspectos familiarmente Racionais, têm o cunho da
subjectividade de filósofos (disfarçada de Racionalismo) e religiões moralistas
que pretendem ver somente o Absoluto em tudo o que é Sagrado. Mas o Sagrado
transcende o Divino, assim como o homem é dimensionalmente mais inclusivo que o
Super-Homem. A obsessão pela Racionalidade é a incapacidade de o h/Homem lidar
com a fenomenologia/dialéctica da subjectividade. A subjectividade é criadora,
inventiva, transcende o Arché básico e isso pode causar muita ansiedade. E a
obtenção do Arché próprio envolve a labuta do peregrino, as dores de
crescimento, o que acarreta quase sempre um certo grau de desconforto.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A procura do Arché
perdido e a necessidade de fuga ao sofrimento são obsessões do homem que ainda
não se encontrou, do homem que não se tornou ainda Super-Homem. Por outro lado,
sabemos que o homem desencontrado é aquele que muitas vezes assume certa forma
de protagonismo, de liderança. Será razoável presumir que uma certa obsessão
pela racionalidade por parte do mito e da religião advém da obsessão
racionalizadora do homem influente cujo Ego »» Superego expansivo gerou o mito
primevo? Terá a Religião origem na insegurança narcísica do homem que requeria
criar Estruturas externas como modo de compensar a falta de Estruturas internas?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O Jesus histórico é o resultado de uma construção supergóica. O
avatar mitifica-se pela sua insuficiência narcísica. E se o rato pariu
uma montanha, tal como um suposto e questionável Jesus
histórico ajudou a parir o Cristianismo, é porque uma altíssima dose de
"complexo destruidor" enformou a mente de uma personalidade e mais
tarde de uma Instituição. A busca da Estrutura grandiloquente é a busca do
si-mesmo há muito perdido. A busca do Si é a busca do Ego e a Obra somente
existe porque há alguém para ser obrado. Todos os outros, testemunhas inocentes
e abandonadas à sua sorte, recebem de braços abertos os pilares do
Superego como quem deseja o chão do lar há muito desejado. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Ser Narciso é condição de ser Cristo. Ser pequeno é condição de grandeza.
O Uno hipermoral resulta da incapacidade de ser Uno na tentação. Temer a
tentação é temer a perdição ou a felicidade. Pecar é ousar ser feliz. Foi
preciso uma grande dose de abandono e frustração para que o h/Homem ousasse
criar as condições do seu próprio agrilhoamento.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Jeová, tal como Cronos, ousa temer o acesso à sua grandeza. Aquele
que não tem nome tem, na verdade, nome e encarnação; não deseja, na verdade,
ter nome ou diferenciação, pois assumir a sua diferença é assumir a liberdade
desconfortável e o risco do abandono (que abandono nunca seria se o homem
existisse no lugar do não homem). E até o Absoluto tem nome e encarnação; não
conseguiu, no entanto, a diferenciação suficiente para renunciar à construção
da montanha.</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Os Deuses e a religião não seriam possíveis sem a psiconeurose. Os
confessionários podem não ter o conforto do Divã, mas serviram bem na sua
função redentora. O padre receita rezas, o psicanalista torna-as inúteis. O
padre conforta e o psicanalista também... O esoterismo está para a religião
exotérica como a Psicanálise libertadora está para uma certa Psicanálise
castradora. O perigo da Transferência existe em todos eles...<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Colocassem o avatar no divã, teriam evitado inúmeros problemas!
Coloquem a ciência no divã, evitarão muitos outros. Coloquem a Civilização no
divã, ela precisa de exorcizar os seus demónios, não de Espiritualidade
meditativa. Receitem anti-depressivos à Civilização e confortá-la-ão; mas temam
o dia do desmame!!</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Ser homem plenamente é não requerer pilares, arquétipos, montanhas,
como quem despreza a floresta e o deserto alquímico. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> seguro de si mesmo despreza a
Espiritualidade, o mito, o Clássico, abraça o presente com carinho e
serenidade, aceita a mudança, não teme o grupo ou mesmo a tentativa de
alienação, vive o engano sem grandes problemáticas. Se isto não é o eterno
presente não sei o que será. Requerer o Espírito, as Estruturas alheias que
irão (?) ser as próprias e os divãs é a prova dada da inferioridade e o
risco da sua confirmação no eterno retorno.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Nenhum homem seguro de si mesmo se quer conhecer.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">O sentimento de culpa é a essência da moralidade. É preciso uma
grande dose de recalcamento para que o homem anseie espiritualizar-se. Faria
melhor em aceitar-se, encontrar o seu Ego, para não querer transcender-se.
Ame-se a si mesmo e amará o outro. Temer a força das emoções e a satisfação
egóica do amor é temer a punição de um fantasma incestuoso, a culpa que uma
Mater castradora foi capaz de entrosar num denso aparelho de auto-repressão. A
urgência da Libertação é a urgência da supressão da dor supergóica, o alívio do
sentimento repressivo de culpa. O alívio do Sofrimento é o fenecimento do
sentimento que força a moralidade. O dharma não é, então, o caminho para a
libertação. O divã e os psicofármacos marcam aí mais pontos. Aceite-se o Ego, o
absoluto da individualidade, a perfeição da singularidade, a grandeza da
diferencialidade, sem temer ou lamentar o facto de tudo ser determinação,
condicionamento, subjectividade, injecção hormonal. É certo que somos
determinação relativa, mas, não o sendo, não seríamos o que somos, não
poderíamos sequer lamentar ser o que somos, não poderíamos sequer ter a força,
o motor da mudança no seio do que não chega sequer a mudar, senão na ilusão de que
o devir depende de nós, da nossa vontade, do nosso ser. Não aceitar o nosso Ego
é ceder à vontade do fantasma do passado, ao sentimento repressivo que ele estende
ao nosso próprio controlo. Aceitar o Ego, conviver com o facto de sermos
condicionados, não desejar-mos deixar de o ser, não temer não sabermos ou
controlar tudo, tolerar a incerteza e o relativismo, aceitar que tudo é
impermanente, não resistir à mudança e saber que ela é a regra e que o Eterno,
as Estruturas, o Uno não passam de ilusões, não temer a mortalidade e a própria
destruição, não temer ser ultrapassado, gozado, vilipendiado, inferiorizado,
rejeitado, ofendido (como quem nem tal poderia vivê-lo...), tudo isto implica
muita força, uma segurança interna, que, não existindo, requer segurança
interna para passar a existir. E a própria resistência (defesa) de quem lê isto
e teme aceitá-lo é a prova suprema de que aqui jaz alguma verdade: a verdade de
quem isto lê e nisto se reconhece, e, por reconhecê-lo, ser maior a zanga, a
fúria para que tal não suceda.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">(E já este texto trai o autor do aforismo, porque o seu esforço, o
seu perfeccionismo, tudo evidencia que o seu próprio Superego o impele, a sua
própria necessidade de Compreensão o vitima, a sua própria frustração o
movimenta, o seu próprio contexto fala por e através dele... o contexto que
sabe ser determinante, mas que, às tantas, deixa de reconhecer como tal).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">O complexo de castração determina tanto na tentativa do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> de corresponder à culpa recriada
pelos fantasmas internos (arquetípicos) como na tentativa de controverter a
esses fantasmas, numa alusão à luta contra a culpa, na perspectiva de uma
potencial saudável emancipação arquetípica. Entre estes dois pólos (que não o
são, porque há um punhado inumerável de possibilidades mais "polares"
do que estas), podemos conceber a possibilidade de uma infinidade de
comportamentos ou atitudes possíveis por parte do Sujeito que responde a esse
complexo fantasmático, sendo que o "relativismo" inerente a esta
"infinidade" é sobretudo a "força de expressão" que advém
do conjunto incomensurável de relações dialécticas entre possíveis variáveis
(as mesmas condições originárias poderão gerar múltiplas possibilidades
comportamentais, atendo o conjunto quase infinito de variantes culturais assomado
ao poder esmagador do "efeito borboleta") dificilmente
"controláveis"/"determináveis" por qualquer <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>, instrumento ou Super-Homem [quiçá,
alguma forma de inteligência artificial venha a assumir esse estatuto, dada a
Hiper-consciência que adviria dessa capacidade de controlo multi-factorial -
sempre problematizável pela força infinitesimal do tomismo de variáveis e
definições - que, perante tamanha complexidade (eventualmente reprodutível pela
força numérica de chips e circuitos, não biológicos... mas o que é ser
biológico senão mera estrutura redutível às partículas mais básicas?... redução
que aproxima o biológico do não biológico), teria um nível de consciência
basilarmente humana, senão meta-humana (isto, na base de uma preocupação
meramente semiológica). O que é ser <i style="mso-bidi-font-style: normal;">humano</i>
senão ser duplamente condicionado e consciente? (passe-se a necessidade de uma
"definição contratual") Seria esta forma de "inteligência
artificial" humana ou meta-humana?... homem ou Super-Homem? - </span><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Não
esquecer que ser hiper-consciente não significa ser necessariamente mais livre,
a não ser talvez "mais livre que outrem", mais livre que os
alienados, mais livre no plano ilusório... e, já agora, o divã dá, então, a
liberdade ou a sensação de liberdade e controlo? Ser livre é o verdadeiro
objectivo? Não procuramos aquilo que noutro plano revela ser somente a sensação
subjectiva de liberdade? Esta sensação acarreta mais liberdade nominal do que
aquela que os supostos "alienados"/"condicionados"
possuem?...</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">
</span><span style="font-family: Calibri; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Deveria o divã buscar somente a Felicidade, mesmo que esta
requeresse mais "adaptação" e eventualmente menos liberdade? Mas a
adaptação não requer a sensação de liberdade, de modo a que o sujeito seja
menos defensivo?...</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">]. [</span><span style="font-family: Calibri; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Nota: a tentativa de um simples homem
controlar um número máximo de variáveis poderá ter o efeito secundário de
frustrar a acção, um pouco como o obsessivo que se perde nas ruminações, o que,
de algum modo, significa que a complexidade é útil até ao ponto em que ela
esbarra com a loucura, que, no poeta, no ser livre, é assumida com as plumas de
uma angústia sem angústia. Há, então, que escolher: ser homem ou ser poeta? ser
homem ou ser Demiurgo/Deus? ser humilde ou tentar ser Super-Homem? assumir a
limitação e não sofrer com a culpa de não sermos mais que ela ou assomar-mos a
loucura castradora com o risco de implodirmos? (por enquanto, mesmo havendo a
capacidade para mais, ficar-me-ei simplesmente por um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad infinitum</i>, menos por medo de implosão do que por economia de
espaço, o que, mais a mais, explica o tamanho "controlado" dos meus
múltiplos aforismos...)].</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">É a fraca capacidade preditiva da Psicanálise que ousa acusá-la
muitas vezes de ser "pseudo-científica", mas é por isso mesmo que o
método hermenêutico/pós-moderno desempenha nela um importante papel, o mesmo
método que se adapta à idade Outonal da vida (3ª idade, maturidade), que é
aquela que assume a plena complexidade e o multi-perspectivismo de vozes e
linguagens (e até a possibilidade de entrosar as vozes e linguagens num só
constructo sintético, síncrono, pós-moderno... Livre!!! Ora, ser livre é estar
menos preocupado com previsões e controlo de variáveis - deixemos isto para a
escala das ciências naturais - do que com interpretações e vivências
espontâneas, sem preocupação por um qualquer tipo de engenharia de controlo... <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vide</i> a tentação teomaníaca do terapeuta
em interferir, muitas vezes de forma abstrusa, com a conduta do paciente, com o
equilíbrio do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>, que, de qualquer
modo, ao procurar-nos, pede, de certa maneira, para que exista um certo nível
de "interferência contextual", a mesma que ousamos ser
"benéfica" para o paciente, a mesma que, sendo pela Saúde do
Singular, e atendo o Equilíbrio sinérgico e homeostático da Natureza Global,
poderá significar a patologia de um "outro"... o que, mais a mais,
poderia ou deveria aumentar as preocupações ético-morais do terapeuta nos
termos da "Humanidade", o que, ainda assim, não deixa de ser o
desiderato de um sentimento de culpa, do mesmo "complexo de
castração" que todos temos a algum nível, e que terá iniciado este mesmo
"fragmento").<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Quando a mãe se recusa a largar o seu filho, quando o pai objecta à
sua natural evolução, de quem é a angústia de separação? Do Pater/Mater
castrador ou do filho que propende o conforto paradisíaco? Quando a mesma
tendência afecta a relação deste filho com o seu próprio filho, de quem é a
angústia de castração senão do franco poder de determinação transgeracional?...
Será isto o normal processo de evolução, o mesmo que alimenta milénios de
Obras, de arte, da ciência, do Espírito?... Ai Ego, como dominas tudo!!!...<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Não existem verdades universais, exceptuando a verdade de que não
existem verdades universais (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad infinitum</i>).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">O mal e o bem não passam de abstracções. O mal é o "bem"
do outro que luta pela vida, que luta defensivamente contra o que
"interpreta" como um mal (é daqui que vem o preconceito...).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Dai ao homem um placebo arquetípico - um medicamento, um cigarro, o
jogo, a paixão, a filosofia ou a religião - e reduzirás a sua ansiedade: o seu
"bem(estar)" é maior, o "mal" é menor, o bem exercitado na
"comunhão" aumenta, as tentações destrutivas diminuem. A solidão é
destrutiva, a desadaptação gera mecanismos compensatórios que quase sempre se
exprimem por uma hipermoral racionalizadora, castradora. Dai o amor pleno ao profeta
e ele desvanecerá no seu messianismo. Dai a compensação narcísica ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> e ele passará a amar a Humanidade
nos seus erros, a aceitar a sua imperfeição (mesmo o que interpreta como
"mal" passará a ser respondido com tolerância...). Dai ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> a felicidade e o mundo parecer-lhe-á
todo ele mais belo, todo ele mais feliz. E o "mal" passará a ser uma
mera brincadeira de crianças, uma marotice de garotagem, uma provocação da
adolescência, um rito assaz transportador do exercício do prazer erótico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Tira as defesas ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> e
ele entregar-se-á mais facilmente ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">outro</i>.
A religião, a filosofia permitem a fuga do ser à relação, a perpetuação da
visão de que o mal é uma condição absoluta, quando pode ser somente o "mal
subjectivo" do que não consegue dar-se, entregar-se. No dia em que o ser
frustrado for amado o "mal" parecerá desvanecer-se (nem que seja por
breves momentos). No dia em que o ser não frustrado for, por qualquer razão,
traído ou odiado, o mundo começará a parecer-lhe mais odioso, maléfico, até os
dias parecerão mais "borrados" na sua luz.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Segoe UI";">Portanto, é a subjectividade que condiciona a escolha de
paradigmas, de filosofias, que, ainda assim, não perdem necessariamente a sua
objectividade interna e conteudística. A escolha de hoje parecerá a traição de
amanhã, porque o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> muda, não
profundamente, mas nas suas percepções face ao que pensa ser, face ao que pensa
ter alcançado, sendo que o que alcança "ser" parecer-lhe-á sempre um
dado adquirido, o alcance final daquilo que "sempre terá sido tão
óbvio", daquilo que, de repente, "é o que sempre foi", mesmo que
não o tenha visto. Assim sendo, o ser não é senão o que subjaz a as estas
mudanças, o Nada que reflecte estas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">personnas</i>.
No parecer clínico, parecerá falta de personalidade, o que, mais a mais, é
somente a avaliação de uma outra sombra que possui a sua (?) avaliação
proveniente de um paradigma, um entre muitos possíveis. Para outros, poderia
tal mudança ser o reflexo do contexto, e mesmo esta visão é apenas mais uma
entre tantas possíveis. Inúmeras visões, no seio das quais aquela que parece
mais "verdadeira" é somente a que obedece às referências da
"normalidade" do contexto em causa (aquilo que entendemos como
"bom-senso" resulta do mesmo processo referencial). Ser o contexto é
parecer mais são, travestir-nos de visões é parecer mais louco, ser coisa
precisa dá mais segurança - ao Eu e aos Outros -, ser de tudo um pouco dá,
aparentemente, mais insegurança. Veste-te, traveste-te, despe-te, faz o que te
manda a ilusão, mas, por mais que te esforces, nunca serás mais do que ilusão,
mesmo quando pareces absolutamente trans-vestido ou, ilusão maior,
permanentemente despido.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Doxa precede a
Epistémi. "A existência precede a essência." A subjectividade precede
a objectividade. O conflito interno, a necessidade de libertação face ao
fantasma castrador e a defesa do Ego face às ameaças de destruição interna
(sempre partindo do modelo psicanalítico de "complexo de Édipo" sem o
qual nada disto faz qualquer sentido) explicam a escolha do paradigma e a
intolerância face ao paradigma concorrente. As conhecidas tendências marxistas
do jovem libertarista são, muitas vezes, o reflexo da necessidade de libertação
face aos Deuses/Pais da 1ª idade do seu desenvolvimento, mas, ainda assim, não
deixam de se consubstanciar como mais uma prisão arquetípica, um referencial de
securização. Somente o despimento dos conflitos e das defesas permitirá o
despimento dos referenciais a o surgimento da tolerância. A Tolerância não é,
assim, algo que possa surgir de fora para dentro, mas somente com a mudança
interna (a própria abertura mental face a ideias "novas" somente pode
existir se o Ego não tiver necessidade de se agarrar obsessivamente a um
Paradigma securizante). A Pós-modernidade multiperspectivista é, então, a maturidade
do Ser firmado que não "sofre" com a possibilidade de
comensurabilidade de paradigmas ou de compatibilismo de referências opostas. O
crescimento desfaz o fundamentalismo, a maturação quebra o fanatismo, traz a
paz interior de quem coexiste com todas as Verdades (agora tornadas mais
próximas, semelhantemente aceitáveis).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se bem que um certo
esforço Racional pretenda desmitizar a compreensão da Realidade, ainda assim, o
fundamento arquetípico mantém-se vivo nas construções Espirituais, incluindo o
Esoterismo, mais lançadas para a perspectiva de uma Racionalidade noética. O
mito é expressivo da subjectividade demiúrgica, mas é também a expressão do
Inamovível, do eterno, do Valor racional. O tempo Judaico-Cristão pretende
desvitalizar o arquetípico, e acaba mesmo por ser assimilado ou por assimilar
uma certa tendência científica, mais tarde dessacralizadora (no entanto, o mito
também se mantém camuflado no tempo Histórico, por meio de símbolos, ritos e
liturgias). Mas a Espiritualidade profunda e esotérica, incluindo a ocidental e
cristã, mantém, de algum modo, a ligação à perspectiva mítica, que pretenderá
sempre valorizar como o assomo do Intemporal do Arché. Aqui já não nos
referimos necessariamente ao mito mais "antropomórfico", se bem que
mesmo este acaba por ser transformado pelo esforço de "interpretação
alegórica". O Esoterismo valoriza o mito, e até aceita a sua carga
"subjectiva", mas aproxima-o do seu modelo de visão Racional do
mundo. O Esoterismo funde o arquetípico com o Racional, igualizando-os no demiúrgico,
na importância do Sagrado do Intemporal e do Eterno, e chega mesmo a manter
vivo o esforço de literalização das construções cósmicas e
"meta-cósmicas", com a Teosofia moderna a constituir o exemplo
paradigmático de "reactualização" da Totalidade arque-racional.
Lembremos que, de todos os Esoterismos, a Teosofia moderna é provavelmente
aquele que mais mantém vivo a cultura perene, o paganismo, grandemente pelo
esforço de conciliar Filosofia, Religião, Espiritualidade e Ciência na
Totalidade "arquetípica" que nunca devia ter deixado de Ser (aliás,
eideticamente falando, nunca deixou de Ser). O esforço teosófico e de outros
esoterismos reacorda, ressuscita, a realidade mítica, pretendendo mesmo
devolver-lhe a sua realidade literal. A Nova Era seria, assim, como o regresso
arquetípico literal ao "mito", um pouco como se o Homem necessitasse
(e bem que precisa!) e requeresse a nova lentificação temporal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todas as manifestações
de "Espiritualidade" têm em comum o desígnio da superação do Corpo. A
grande diferença entre as manifestações do Ocidente relativamente às do Oriente
está na importância atribuída à matéria enquanto contraparte necessária à
Evolução. O Oriente ousa um maior panteísmo, uma visão mais holística, monista,
do Corpo-Espírito. O Ocidente teísta demoniza mais a entidade corpórea e até
certas expressões esotéricas como o Hermetismo ou a Cabala possuem a sua
tendência dualista, se bem que não atingem o grau de demonização do Corpo que
se obteve com a entrada na História/Cultura reificada pela lógica
Platónica-Cristã. A Filosofia ocidental demarca-se do mito precisamente no
momento em que hegemoniza o lugar da Razão face a um Corpo com o poder de
agrilhoar o ser na caverna da ilusão. Sucessivamente, o Judaico-Cristianismo, a
Patrística e a Escolástica vão mergulhando o Homem numa lógica de temporalidade
"linear" entrópica que reifica/antecipa o tempo profano. O
Cartesianismo agrava o dualismo em causa por meio da separação do Corpo
relativamente à Mente, e somente a partir do panteísmo de Spinoza voltamos a
assistir a uma reunificação do corpo-mente que, de qualquer modo, não viria a
ser apercebida pela maioria dos próprios filósofos. Leibniz estende de algum
modo o panteísmo de um certo Racionalismo no formato de uma visão do Equilíbrio
do Todo, em que os males da matéria são vistos como a parte requerida ao Bem de
um Divino justificativo dos sofrimentos. Spinoza e Leibniz realizam uma certa
forma de panteísmo aproximável da visão Oriental, mas o racionalismo científico
das Luzes viria contribuir para a derradeira separação entre Filosofia e
Ciência, com a segunda a vituperar a entrada extremada no tempo profano da
modernidade. Uma parte da Filosofia mantém o seu cunho dualista. A Filosofia
Idealista, cunhada com a (pós)modernidade, aproxima-se do Espírito, e, nesse
sentido, também se avizinha de uma visão monadística. Por outro lado, as
tendências relativistas e materialistas de outra Filosofia levam à sua
aproximação ao monismo fisicalista, antecipando, de algum modo, a preocupação
obsessiva com o corpo e a subjectividade, que atinge o seu zénite no século XX.
Um certo esoterismo ocidental possui uma visão panteísta comparável com as
visões racionalistas de Spinoza mas é provável que somente a teosofia moderna
tenha chegado a um certo tipo "superior" de profundidade monadística.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O que interessa perceber
é que, se no Ocidente, a entrada no tempo profano reifica, sobretudo nas mentes
das massas, a "materialização", dessacralização e desespiritualização
do Ser, o Oriente mantém, ainda assim, uma certa resistência a essa tendência,
até que a perda de tal resistência leve a que possamos dizer que o Oriente se
ocidentalizou. A Espiritualidade profunda do Oriente mantém uma visão da
Totalidade Corpo-Espírito bastante mais próxima do que se entende por Monismo,
se bem que várias tendências dualistas e até algumas materialistas puderam
surgir no Sanathana Dharma milenar. A grande diferença face ao Ocidente está na
forma como perspectivam o corpo e o tratam (ou tratavam, até há algumas
décadas), evitando a sua demonização e nele perspectivando o aspecto
"manifesto" da Essência Total. Vejam-se os exemplos do Buda Dharma ou
do Taoísmo. O corpo é um templo que deve ser respeitado, é o palco da evolução,
sem a qual, na perspectiva do Sanathana Dharma, não é possível obter o saldo
kármico. Obviamente, numa perspectiva de uma religiosidade de temporalidade
linear, ou seja, não genericamente reificante da "reencarnação", o
corpo passa a ser visto facilmente como matéria a desprezar, a ser o palco da renúncia.
[devo acrescer que o tratamento do tema se apresenta como propositadamente
simplista, pois, na verdade, cada filosofia, cada momento preciso de um
filósofo, pode ser avaliado e reavaliado, categorizado e re-categorizado, sem
limite, até que acabemos por compreender que é inútil qualquer tentativa de
categorização e que vale mais (tentar) entender a profundidade de uma só frase,
de um só momento, de um só vislumbre filosófico-espiritual].</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A minha defesa do
regresso das medicinas ocidentais ao contexto de um Paraíso entretanto perdido
parece quase frustre se constatarmos o conjunto existente de medicinas ditas
não convencionais, que conseguiram manter alguns resquícios de uma Sabedoria
milenar, incluindo não só a visão de um Uno Corpo-Mente como a visão de um Uno
Corpo-Espírito. As medicinas e terapias ocidentais já ultrapassaram
parcialmente o cartesianismo (umas mais do que outras), mas, com as devidas
excepções, ainda não entraram verdadeiramente no domínio do Espírito, sobretudo
porque este ainda é muitas vezes entendido como sinónimo de "mente".
Por outro lado, desenganem-se os que pensam que toda essa indústria de métodos
pseudo-místicos reitera a desejada entrada da medicina oriental no contexto
ocidental, pois mais se perspectiva a ilusão placebetária e o feitiço
mercantilista com vista ao mero "bem-estar" e à felicidade individual
do que o assomo de um Caminho verdadeiro, de uma Libertação, que, mais a mais,
é vista pelo materialismo ocidental como ilusória. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Toda a Terapia
diferenciada é um pouco como um Arché autonomizado pela progressão temporal
face ao Arché Pater. Se a diferenciação alimenta a confusão babélica e
relativizadora de linguagens, o destino evolutivo é o regresso a um certo nível
de Indiferencialidade primeva. Daí que, à semelhança da muitas vezes advogada
síncrese das diferentes estruturas religioso-espirituais, também as diferentes
expressões terapêuticas, desde as milenares prenhes de um maior nível de
holismo até às ocidentais mais corrompidas pela entropia do tempo, deveriam
conspirar nos termos de uma síntese propiciadora do entendimento do que é
comum, eterno, arquetípico. Caminho de Unificação que tende a ser adiado sempre
que uma "suposta novidade" ou um "novo método" vem criar a
ilusão de uma evolução, que, de qualquer modo, não poderia sê-lo sem que a
própria noção de tempo sofresse uma transformação profunda. Obviamente, no
contexto individual do próprio terapeuta, o conjunto dos métodos estruturados no
tempo "paradisíaco" alcança um certo estatuto arquetípico, face aos
quais o exercício da inventividade e da liberdade criadora do terapeuta poderá
vir a padecer de um certo receio. Perante a descoberta própria, o terapeuta
sente muitas vezes a necessidade de procurar a semelhança da técnica já criada,
um pouco como se requeresse a autorização do Pater. Quando o ideal seria que o
acto irrepetível do terapeuta fosse somente a acção arquetípica indiferenciada,
sem nome ou categorização, etiqueta ou especialização, um pouco como se o novo
fosse a reactualização inconsciente do eterno, sem que tal requeresse a
necessidade de firmar a origem, o nome de um criador, até porque o criador é o
próprio terapeuta, o artífice de algo que sempre foi o que É, o agente livre de
uma Permanência que vê na nova expressão um meio heurístico de manifestação. O
Eterno é o Arché primevo, o Logos primário. A manifestação e o tempo histórico
do ser-aí permitem a concretização, a densificação por caminho autónomo e
irrepetível do que pertence ao permanente. A fenomenologia do Espírito é,
assim, um modo de trazer à História o que pertence ao Arquetípico, de modo a
que o eterno se travista de uma dimensão de materialização fenoménica que, mais
a mais, o acabará por levar de novo ao Eterno. A acção livre do ser, do
terapeuta, é a relativização do eterno, pela livre acção - sempre securizada
pelo Arché que nunca perde de vista - do Permanente na mecânica do
"antes" e do "depois", um pouco como se o Eterno requeresse
a separatividade, a densificação, o ganho de consciência necessário à re-urgência
do Eterno.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Relativo é, então,
condição do Absoluto, a fenomenologia é condição do Divino, a razão dialéctica
é condição da razão pura, o tempo é condição da Intemporalidade, o carnal é
condição do Espiritual, o Eu inferior é condição do Eu Superior, o corpo é
condição do Nada, o Ego é condição do Espírito, condições que nem o são, senão
somente manifestações.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se, na mente do
Espiritualismo, a emoção (Kama) ocupa o lugar mais elevado na hierarquia dos
"corpos" do Quaternário Inferior (Corpo, no sentido abrangente), não
é de todo incoerente considerar que também a Psicanálise actua, à semelhança de
diversas Terapias não convencionais, no sentido Superior »»» Inferior. Nesta
perspectiva, a Psicanálise poderia, de algum modo, deixar de ser conluiada com
a visão de um certo reduccionismo que pretende traduzi-la por meio de uma
linguagem neurobiológica. O Espiritualismo vê nos fenómenos neurobiológicos o
"efeito" (ou a manifestação) e não a causa dos processos de doença. A
velha batalha entre o Espiritualismo e o reduccionismo opõe igualmente
psicólogos e psicanalistas, querela muitas vezes alimentada pela
incomunicabilidade de linguagens e paradigmas, seja porque eles são de facto
incomunicáveis, seja porque não existe um entendimento contratual na relação
entre significantes e significados.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Note-se que se a
mensurabilidade científica (pelo menos, considerando a sensibilidade dos
instrumentos de investigação de que dispomos actualmente) pretende ser o
critério de distinção entre o corpo e a alma - o que, de algum modo, significa
que a obtenção de instrumentos suficientemente sensíveis ou a utilização de
diferentes metodologias pode tornar "científico" amanhã o que hoje
consideramos como "acientífico" ou até mesmo, erradamente,
"inexistente" -, o grau de "Holismo" é aquilo que distingue
o Corpo-Mente (Quaternário Inferior) do Espírito (Tríade Superior), o que pode
levar a concluir que o que pertence ao Espírito não é da responsabilidade do
objecto da Ciência física e/ou médica... conclusão que deve ser adiada
atendendo à grande complexidade do objecto das diferentes ciências, incluindo
uma Ciência Cognitiva que inclui uma matriz de vários saberes e ciências...
Onde colocar, por exemplo, a Psicologia? Não inclui ela também toda uma riqueza
de paradigmas? Não poderá incluir igualmente o método hermenêutico? Será que
este método prova seja o que for? A Psicanálise pode ser incluída neste
conjunto? É ela uma ciência? A ciência é uma Ciência? E lá nos perdemos nós na
própria confusão de linguagens, em que a realidade já não é o que É - se é que
É alguma coisa - mas é aquilo que queiramos que seja, pois fica a verdade e a
lógica dos termos dependentes de critérios, e estes critérios também dependem
de outros critérios, e isto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad infinitum</i>.
No fim, arriscamo-nos ao relativismo ou à loucura, ou, pelo menos, à
consideração de "loucos" por parte dos outros, os "sãos",
os que vêem a realidade da forma mais simples e parcimoniosa, os tais que os
complexos vêem como "loucos" de superficialidade.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Uma neurose obsessiva
coaduna-se com certas alterações verificáveis, por exemplo, na Tomografia por
Emissão de Positrões. Estas alterações são a causa da neurose e os aspectos
psicanalíticos são somente a abstracção do que está na base ou as referidas
alterações são a consequência de aspectos que se iniciam em níveis superiores?
Obviamente que, no fim, pode até parecer inútil o que é o início e o que é o
fim, pois já nem há causa nem efeito iniciais senão um ciclo vicioso, no seio
do qual a intervenção é sempre meritória, independentemente da parte do círculo
em que se actua (visto que tal "interacção" acaba por modificar
também "viciosamente" o conjunto do ciclo).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Toda a realidade é,
assim, uma questão de entendimento. A comunicação só é possível porque existe a
ilusão de comunicação. E esta ilusão só existe no devido respeito pelo contrato
de linguagens. As linguagens permitem o pensamento e a organização cognitiva, e
as coisas precisam de ser organizadas em esquemas internos para o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">serem</i>, como se nada fosse o que fosse
sem que tal fosse confirmado pelo assentimento da referência interna. Se
diferentes culturas, linguagens e paradigmas assentam no diferendo de
referências e critérios, é certo que a multiplicidade de todos estes elementos
se perde no Infinito da união. Nesse Infinito, os critérios e organizações
cognitivas passam por caricaturas "terrenas". Este Infinito é o Uno
epistémico. Diferente do Uno entendido como Bem no sentido ético-moral. O
Espírito é muito mais do que a construção hiper-moral de uma Espiritualidade
vista quase como sinónimo de Ética. Um código moral pertence ao domínio do
arquetípico, do demiurgo, mas não do Divino.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O inconsciente
individual gera o inconsciente colectivo gera o inconsciente individual. O
corpo gera a Lei gera o corpo. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>
gera o Todo gera o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>. O Arquétipo é
a Lei. A Lei multiplica-se e gera outras leis. O Arquétipo é a Física. A busca
do Paraíso perdido é a busca dos físicos de uma teoria unitária, de um elemento
fundacional da matéria. A actividade dos físicos, e a obsessão pelo
determinismo materialista, é a fixação dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">seres</i>
pela regularidade, pela previsibilidade. O h/Homem teme o novo, o imprevisível,
o acontecimento irrepetível vítima do esquecimento entrópico. Buscar as Origens
é buscar o Si perdido e historicamente multiplicado, erradicar o efeito do
tempo, fixar a imortalidade do eterno presente. O h/Homem tem a obsessão da
Estrutura, sem a qual não pode <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ter</i>, não pode ser presente ou devir. Daí
a busca de um Sentido para a História e a dialéctica da Existência. O mito é
como o inconsciente colectivo: não desaparece genuinamente, mesmo no que
aparenta o Profano.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A necessidade de
mistificar as profissões é um pouco como o que acontece com as Terapias e a
própria Psicanálise: na arte do hermetismo está o mistério e o secretismo,
capazes de criar o mito no inabalável e intransponível código secreto. O
intransponível traveste-se da ilusão da eternidade, porque o segredo reifica o
inquebrantável. Nas Terapias, procura o terapeuta engrandecer a sua
"arte" (já não profissão) - aliás, engrandecer-se a si mesmo - e no
paciente o placebo arquetípico que permite ceder-lhe a sensação de conforto que
uma Estrutura própria reificaria de forma determinante.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Na Psicanálise, o
psicoterapeuta busca tratar-se a si mesmo. Se o psicanalista fosse seguro de si
mesmo não seria psicanalista, nem tentaria mistificar a sua "arte".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A impermeabilidade
hermética das artes e secretismos reifica a Elite e esta só pode sê-lo no
irrepetível do incomum. O homem do Espírito tem a fobia do comum, pois a
imersão no grupo parece amputar fantasmaticamente aquilo que é a diferença
imortalizante. Ser popular é ousar ser esquecido. Ser comum é ousar ser feliz.
Ser Eu diferenciado é ousar ser livre. Ser livre é poder morrer e não temer o
momento do apagamento. Libertar-se pela renúncia é já não ser livre porque Nada
se é. Quando se É não se quer a liberdade, pois o Ego sente em si a Estrutura
que falta aos outros.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O secretismo reside
somente na incompreensão do que, ainda assim, pode estar à vista de todos. Por
vezes, o grau de secretismo, a arte do oculto, é tanto maior quanto mais
visível é o que se pretende ocultar. Esconde-se melhor o que se revela, porque
na provocação do reconhecimento do velo está a confirmação da incapacidade de
desvelar o que só alguns são capazes de reconhecer enquanto auto-tecido
arquetípico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O secretismo é, então, a
condição espontânea da arte só por alguns dominada, se bem que se consigna como
condição da magicidade própria da vida (o segredo é fascinante, o proibido
sidera!), do oculto que se pretende perigoso, inalcançável pelo comum dos
mortais. O que, mais a mais, é o pré-requisito do respeito, aquele que os
incapazes devem aos eleitos, o que a plebe deve ao nobre, o que o comum deve ao
aristocrata, o que o homem deve ao Super-Homem, o que o mortal deve ao
imortal... base justificativa da importância das Sociedades Secretas e do seu
suposto elitismo... não vá a "Doutrina Secreta" cair nas mãos da
"gentalha" perfeitamente incapaz de compreender os graus mais subtis
da Vida (ou da Noite).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não deixa, ainda assim,
este grau de Secretismo de se aproximar de um certo nível de Paternalismo que a
Elite deverá ter para com os comuns mortais, o que quase nos leva a entender a
importância do Dogma e até a tentação do Poder, da Instituição e até da
Ditadura. Releva, na linguagem ocidental, do Ideal Platónico, em oposição ao
ideal Liberal, como quem opõe o Ideal do filósofo à Liberdade colectiva e à
Liberdade individual nos termos do Liberalismo. É que a Verdade parece crescer
em contraparte ao entendimento democrático e ao utilitarismo das massas. E as
maiorias só conhecem a linguagem emocionalizada, abreviada pelos códigos da
simplicidade descartável (se bem que a Emoção ancora numa matriz Universal, e
daí o fácil apego dos homens à sua Linguagem Arquetípica). As mesmas maiorias
que, por incapacidade de desvelo, requerem ser "protegidas" de si
mesmas, por acção da Autoridade, do Arché Pater. (Tratar as pessoas
"comuns" como crianças é, assim, como ser ditador, curiosamente
respeitado e tornado popular; tratar as pessoas como adultas, apontando-lhes os
erros pelo domínio da Razão, é ser visto como ditador, muitas vezes crucificado
pela acção das massas sedentas de sangue; ser bom é ser insociável, ser mau é
ser agradável... nos termos do Espírito, claro!).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não obstante, toda a
revolução faz sentido se se pretende fazer medrar a Autoridade ou a Cátedra, se
entendemos estar nas mãos de incapazes, catedráticos exteriores, labregos do
interior, coisa que, ainda assim, se torna perigosa, porque todo o Ego
revolucionário se pretende "Catedral" de Sabedoria, o que mais pode
ser ilusão endócrina.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Entender que, de algum
modo, não há uma verdade definitiva e que a revolução de hoje deixa de fazer
sentido amanhã, que a Liberdade de hoje é o Dogma de amanhã, que a minha
liberdade é a prisão do vizinho, que a minha felicidade é o sofrimento do
outro, que o meu bom Dogma é o mau Dogma de um outro, conduz tudo a uma lógica
de Poder, Subjectividade, como se toda a presunção de Razão (incluindo uma boa
parte da Ciência moderna) fosse somente a capa travestida de uma Doxa
dominante. No fim, resta somente o "Eu", quiçá submergido pelo
sentimento de culpa perante a impossibilidade de ser mais do que simples
Sujeito, quiçá travestido da sensação de que tudo é inútil, tudo é vão, toda a
luta é ilusória, quiçá simplesmente Livre!!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O que mais importa na
Espiritualidade é o seu apriorismo axiomático Hiper-racional, aquilo que nela
revela do que Somos, independentemente do motor ou veículo que permite chegar
ao Superior. A subjectividade, o caos interno, pode explicar o que motiva o
h/Homem na procura dos "Porquês" mas isso não significa
necessariamente que as respostas obtidas sejam mais falaciosas só porque existe
uma "vontade mediada pela frustração". Por maior que seja o complexo
de castração que oriente o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> no
sentido da Verdade, a obtenção desta vale por si, senão pelo homem, pelo menos
pela Essência desvelada. Negar isso seria como desvalorizar a obra de arte só
porque foi criada por um bipolar ou a obra literária "estimulada"
pelo ópio. As vias são irrelevantes aos efeitos, desde que esteja em jogo a
Verdade. Resta saber se o mesmo se afirma quando a Verdade não é compatível com
a Ética, coisa que, de qualquer modo, a Espiritualidade despreza, porque uma
Verdade não ética não é vera ou, pelo menos, não é Absoluta.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">«E é verdade que a
Fortuna e a Natureza equilibram sempre as contas: nunca nos é concedido um bem
que não surja um mal contrário» (Nicolau Maquiavel). A Perfeição é inatingível.
Estamos condenados a uma evolução cíclica em que a fase harmónica é seguida por
uma desarmónica, em que o "mais" é compensado pelo "menos".
O corpo, a Sociedade, a História, o Universo, todo este Sistema em que os
elementos se gerem por equilíbrio, fluxo energético que não permite o ganho de
uns sem a perda dos outros. A Eticidade pura, a Utopia final, tudo isto é
sonho, só possível no sono da imanifestação temporal. De resto, todo o sonho de
um Paraíso é pura ilusão, pois que sempre que o Sistema evolui a favor de uns
tem de compensar em desfavor de outros, um pouco como o bem de um a ser
avaliado como o mal do outro. Estamos, por isso mesmo, condenados ao
desentendimento, à incomunicação, à luta constante pela vida, pela estúpida
sobrevivência, como quem quer manter a Roda da Lei, a mesma que determina as
lutas e os méritos que são requeridos ao Equilíbrio que garante a existência da
Roda. Sair da Roda é a ilusão de muitas formas de Espiritualidade e de
Religião. Mas para fazê-lo é inevitável fazer uso das regras que as mesmas leis
de animalismo determinam em nós. Ser Unidade Ética requer, então, a
competitividade esmagadora, que alguns disfarçam da ilusão de comportamento
moral, quando, mais a mais, neles fala a injecção hormonal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Fortuna determina o
grande Equilíbrio entre o Bem e o mal. A Justiça é o estado de homeostase
prometido por esta Gaia de panpsiquismo/animismo/vitalismo. Se não há justiça
para os pequenos é porque os pequenos desequilíbrios, as pequenas oscilações,
são a condição do Equilíbrio Global.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se tudo fosse
absolutamente Justo já estaríamos no Nada, na ausência de tempo e de atrito. É
porque existem diferenças e desigualdades que existe a injustiça humana (as
desigualdades são determinadas primitivamente); é a soma das injustiças humanas
que faz o Equilíbrio Total, eventualmente só totalmente perfectível pela
libertação pela morte. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Os novos tempos prometem
a extinção do Cânone, o derrube do Dogma, a urgência do multi-perspectivismo; a
nova sociedade promete cruzar inúmeros modelos, inúmeras fórmulas de vida,
muitas delas outrora susceptíveis de incriminação ou sugestionáveis do
preconceito. A "anormalidade" ou "crime" de hoje será a
normalidade ou o vulgar de amanhã. A perda do Dogma lança-nos no caos, e o caos
prenuncia um novo Dogma. O multi-perspectivismo autoriza a entrada num mundo de
liberdades muitas vezes só desejáveis no mundo do sonho contido no "ilhéu
da Utopia". Claro que o excesso de liberdades pode vir a ser rematado pela
autorização de um novo Cânone. O que parece impossível hoje torna-se possível
amanhã. Vivemos no mundo das ilusões (claro que há ilusões e ilusões, uma
escala de ilusões, e mesmo o que se "desilude" permanece (menos)
iludido), da impermanência, da dialéctica da homeostática: os movimentos
aparentes reforçam a noção de um Equilíbrio, só perspectivável numa escala de
"macro-História" (semelhante à Teoria da Gaia aplicada à natureza
ambiental terrestre). A guerra de hoje é compensada pela paz de amanhã, a qual
não durará eternamente, pois que a aparente estabilidade terá, mais cedo ou
mais tarde, que vir a ser compensada por uma lógica de crise. Apelamos, mais
uma vez, à perspectiva cíclica da História (e dos Universos), aquela que
promete que "nada dura para sempre" e que tudo terá o seu
"eterno retorno". Pois que tudo tende para o equilíbrio e a História
- e também a Não História - fará com que a referência fixada pelo Demiurgo seja
respeitada. Referência transtornável pela ordem do Divino, transformável
infinitamente num rol de diferentes Cosmos, diferentes Verbos. Mas não
duvidemos que a flexibilidade em torno desta referência é enorme. E é por isso
que, nos próximos tempos, poderemos vir a conhecer mudanças únicas, variantes
de comportamento social que as nossas próprias referências cognitivas estão
longe de conceber (e que muitos apelam como "imoral" ou mesmo
"impossível de ocorrer"). A nossa própria estrutura arquetípica apela
à resistência perante a mudança, por motivos da mesma homeostase (que não
pretendemos ver corrompida pela permissividade face a novos Valores). Mas seria
mais sensato simplesmente adaptar-nos, pois que o que entendemos como Valores e
também como a Lealdade aos Valores não é o que as gerações futuras irão
entender como Valores e como Lealdade aos mesmos. Para eles, nós seremos os
"maus da fita", os "conservadores", e eles nem suspeitarão
que também serão os "conservadores" relativamente aos seus filhos e
netos.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Assim sendo a
Pós-modernidade, não é, não obstante o que já muitas vezes afirmei no passado,
necessariamente a promessa de uma Nova Era de Espiritualidade, um pouco como
pretendem os profetas messiânicos. O que também não significa que possa vir a
Era da Desgraça, do Anticristo ultraliberal. Mais arriscaria dizendo que aí vem
o "Admirável Mundo Novo", aquele que promete a Utopia, pelo menos vista
enquanto tal, seja pelos clones de "baixa condição" seja pelos clones
de "elevada condição". Isto porque a nova Medicina promete curar a
doença do corpo aos ricos (assaz a doença da alma) e a doença da
"consciência" aos pobres (frustrando-lhes a própria noção de que
estão doentes ou de que possuem um Direito face à cura). A Utopia do Todo seria
o fim desse mesmo Todo (até porque não há Bem Absoluto em terra que a entropia
não venha transtornar, que a homeostase não venha desafiar nos termos do
equilíbrio entre o "bem" e o "mal"... salve-se a própria
relatividade "subjectiva" destes termos...). Seja porque teriam
alcançado o Nada, seja porque esse Paraíso levaria à sua própria
autodestruição, por mecanismo de implosão (gerada pela inércia, e não pela
"luta", porque, na Utopia, esta já não existe).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Chegamos, enfim, à
Teosofia...</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A mais pequena porção do
Universo contém no infinito do seu núcleo a Infinidade da Causa incausada, o
Eterno Ser, Não Ser, Consciência Pura, Não Consciência, Totalidade
imanifestada, o Nada. É Pai, Mãe e Filho, ou Espírito, Alma e Corpo, unidos na
indiferenciação, na homogeneidade do Eterno Presente. É Parabrahaman, o Eterno,
o Caos quântico, a matriz omnipresente que a tudo subjaz, o que é
indestrutível, inefável, inalcançável pela finita e relativa mente humana.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Imanifestado é
Espírito Puro. O momento de um pensamento deste Espírito é já Brahman, a Causa
Primeira, o Demiurgo, a Lei primária e já relativa, o início da diferenciação.
A Lei é o Universo é o 1º Logos (imanifestado). Corresponde a Atman ao nível do
microscópico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O 2º Logos é Buddhi e
aqui os elementos masculino (espiritual) e feminino (material) ainda se
encontram numa extensão semi-manifestada do demiurgo. A manifestação e a
diferenciação entre Espírito e matéria inicia-se com Mahat, o Mental Cósmico, o
nível mais elevado a que o ser humano enquanto tal pode ousar transcender-se (o
nível superior da Alma).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Tríade Superior é o
nível Espiritual e só na Alma reside o elemento criador. O demiurgo pode ser
interpretado como o conjunto dos três Logoi, e o Arché (Verbo) é a Alma
criadora, a Mãe virginal.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Da contemplação à acção,
do indiferenciado ao diferenciado, do imanifestado ao manifestado, chegamos ao
Quaternário inferior, o Corpo somático que se estende de Kama ao plano físico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O homem encarnado só
pode, na melhor das hipóteses, atingir o nível Mahat, o demiurgo no sentido
mais diferenciado, material e atributivo. A Libertação sugeriria os níveis
metanóicos, se não algo mais no sentido de uma imanifestação impossível ao
homem do corpo físico.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Tríade é o septenário,
e é esta a constituição do Universo, septenários dentro de septenários,
Universos dentro de Universos, com cada partícula a conter todo o código
demiúrgico em si mesma, senão o próprio Divino imanifesto.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O demiurgo é o Universo
é o Cosmos é a Substância é pura Determinação é extensível diferenciação e
extensível relativização. O tempo prolonga a involução até ao centro e a partir
do centro voltamos à evolução. A involução é a expiração do Eterno passivo e a
evolução é a inspiração do Eterno activo.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A expiração diferencia,
relativiza, externaliza, aumenta a aparência mayávica, o nível de sombra ou
reflexo relativamente ao Uno, cria a distância face ao Inefável, aumenta a
Saudade do homogéneo, reifica a incognoscibilidade e distancia os sentidos do
que não pode ser compreendido. A Substância é a acção do demiurgo que dá forma
ao Númeno e o condena à aparência densificada do fenómeno.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A inspiração condensa,
internaliza, conduz o caos do relativo ao caos quântico do Absoluto da Pura (não)
Consciência. É a Totalidade indiferenciada, imanifesta, o Nada do Eterno
Presente, Aquilo que não pode ser pensado, sentido, vivido.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Nada inicial é a
criança ingénua e selvagem da pseudoliberdade e o Nada final é a criança
retornada ao Absoluto activo puramente livre.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Substância demiúrgica
queda no tempo, no atrito, na materialidade do sofrimento. O topo da montanha é
a indiferencialidade substantiva mas não é o Eterno presente da plena
Libertação.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O demiurgo é relativo e
diferenciado face ao Divino, pois é a (uma) Lei, mas é indiferenciado face aos
níveis mais escatológicos e materialmente densos da Substância. O Divino é o
repouso no eterno movimento.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A ausência de respiração
no eterno movimento imanifestado é o Pralaya e este é o ponto de partida e o
ponto de chegada. É o caos a partir do qual se origina o Cosmos e este é a
temporalidade da Roda (re)encarnativa de ciclos de separatividade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Roda é a Determinação,
o Verbo, o mesmo que condena mérito e demérito, o mesmo que determina a
incognoscibilidade da Pré-História, do Caos, que é também o Destino da
consciência de nulidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É um processo
inteligente? Somente na cabeça do ser humano, talvez não tanto para quem
consiga transpor esta Roda Gigantesca. Mas decerto que esse alguém é ninguém
porque é Absoluto, que também é o alguém de um Absoluto maior, o relativo de um
Eterno mais amplo. Infinitamente para cima e para baixo, e lá continuo com as
imagens pequenas e as palavras relativizadoras. Infinitamente para lado algum?
É que o destino final é o caminho perpétuo, a inteligência do sem fim, que é a
não inteligência, a inutilidade de razões, o Caos sem razão. Na Razão
encontramos a desrazão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O pequeno sublima-se no
grande, deifica-se pelo véu do absoluto. A criança virginal reside no caos, no
estado pré-verbal, na inconsciência ou nas trevas do Ser Absoluto. e/Ele é só
ele e mais ninguém. Egóico sem ser egóico, porque o cérebro reptiliano é a
carne acéfala do Absoluto Nada sem carne, o significante de um significado que
gerará o Verbo. A Palavra surge e é toda uma linguagem que explode no Big Bang
do Ser consciente. A carne do incarnado é encarnada na verbalidade da
consciência que não levará mais que um infinito para se tornar o infinito das
linguagens, dos Universos, do sofrimento das existências, das mortes e das
vidas, dos recuos e dos avanços do peregrino que se diferencia na totalização
do indiferenciado. A morte final será o retorno ao Nada perpétuo da actividade,
um movimento agora reencontrado na atemporalidade activa, no Eterno da ociosidade
que é o destino do arco ascendente do ser que ameaçava a ociosidade terrena da
não evolução.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O oceano das existências
é assim a diferenciação da carne no oceano do eterno presente, o cósmico a ser
supra-cósmico, o caos é a ordem é o caos, tudo é contínuo, tudo indivisível,
mesmo no Universo da materialidade escatológica.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Cada Palavra é uma Ordem
do Divino que não ordena. Cada Verbo é um Cosmos que não perderá a oportunidade
do combate pela consciência, porque o demiurgo tem inveja de Deus, pretende ser
Deus, a isso se destina, porque ele é o Verbo destinado pela matriz ociosa da
Testemunha inconsciente. A música originária é a totalidade de notas divididas
pela continuidade da solução universal, é a fórmula mágica de um significado
que gera o significante. A dupla articulação faz a linguagem no preciso momento
em que a duplicidade se pensa para fora do Uno imanifesto. O Verbo é o
significado, o Ser que está prestes a ser significante, para que o mais
escatológico desses tenha a consciência significada do significante da
realidade, e já a realidade é criação do significado do significante de células
neurais onde circula o Verbo que é função das circunvoluções cerebrais que não
poderiam existir fora da significação de outras células neuronais de outras
circunvoluções.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O sonho é o sono do
Absoluto. É a noite do Ser que o dia formata na demiurgia de uma realidade que
o homem confunde com Deus na eterna fantasia do homúnculo cerebral. A ilusão
agarra o homem ao espelho lunar do Ser, evitando o lunar da Inconsciência da
prístina ilusão da consciência.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No cérebro máximo
circula o sonho de Deus, que é engano porque o sonho é inconsciente e isso é
abaixo do córtex, no hipocampo da noite do Ser, da criança selvagem que ousa
querer ser Deus, o desejado regresso à Luz que já é a escuridão da noite de
Brahman, o não atributivo do Atributo máximo, a Indiferencialidade da máxima
diferencialidade, o assexual da genitalidade, porque o sexo do pequeno Deus é o
Nada do grande Deus, e porque as analogias são a brincadeira consentida do
poeta que tem em si neurónios dançantes no flamejo da liberdade herética,
incompreensível ao pequeno, incognoscível no eterno.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O sexo do homem é o não
sexo de Deus. O sexo de Deus é o não sexo do homem. Se Deus-Pai não quer, o
homem não sonha e a obra não nasce. Se o Pai não consente, o Ser não se sente,
e não se sentindo não se Torna e não se tornando não é Homem não é Deus sexuado
é Deus assexuado, por imposição da defesa psíquica, não por evolução da mesma
defesa que, de qualquer modo, é o resultado do mesmo Deus que quer e não quer,
que sonha e que amedronta, que deseja e que frustra, que determina e
indetermina determinando.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Infinito reside em
cada uma das partículas do Infinito. Ver partículas é, ainda assim, ver
limites. Ver um septenário é igualmente ver limites. Se somos absolutos não há
limites senão os que a mente fenoménica teima em criar. Níveis superiores de
Evolução são vistos - aliás, não vistos - como incognoscíveis, mas a
incapacidade de ver, porque a mente humana é limitada, não deve ser confundida
com a incognoscibilidade Absoluta. Estamos longe de saber o que Há e o que É,
porque mesmo o que entendemos como Ideal é somente o que alcançamos com o ideal
próprio. O nosso ideal é a opacidade de um Ideal maior, o reflexo de um Deus
enganador, que, se assim é, é porque a nossa limitada mente assim o vê. O que
pretende ser Essencial parece subjugado ao fenómeno do Dasein. Até mesmo na
Teosofia encontramos as limitações próprias de um Sistema que é sublimação da
mente subjectiva. Porque a ideação do Divino no Verbo que ordena o Logos
demiúrgico parece a sublimação da ideação interna na acção humana. As
correspondências são explicadas pelo Esoterismo como a reprodução infinita do
Absoluto em cada partícula do finito já não finito. Mas, a ser assim, o reflexo
fenoménico parece ser menos enganador do que consta aos olhos do Ser Supremo
(que é, na verdade, a Autoridade do autor esotérico). O materialismo vê as
construções esotéricas como ardis de mentes individuais, personalidades que perspectivavam
a sua própria mitificação; assim sendo, a ideação divina seria o divino da
ideação própria, e nada estaria na Essência que não estivesse na essência
própria, individual do Eu, mas não individual porque também o Eu é composto de
infinitas partículas de consciência, com cada uma destas a ter a consciência
própria do Absoluto e a ser o cruzamento do conjunto das consciências das
alteridades. Este jogo de influências cheira ao Absoluto da quântica e mais me
parece que um certo tipo de Determinação que a Teosofia defendeu tem de ser
reactualizado na perspectiva de uma mente quântica que pretende ser a ideação
de muitas outras ideações, a acção de muitas outras acções, e que é também o
resultado de todas as ideações do Universo, que não são plural mas sim Unidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser prolixo é ter mais
caos quântico na nossa própria mente, já não nossa mas de todos os outros que
pretendemos mudar em prol do Eu e que só mudam em prol do Eu agora Outro que
será para eles vantajoso. E aqui temos a receita de uma Roda Gigantesca de
influências, porque no Grande Universo de Universos todas as forças conspiram
entre elas para algo que mais parece a preservação, que, atendo a potencial
ausência de Sentido - pelo menos alcançável pela minha mente limitada -,
traveste-se de uma Existência que se explica por si mesma, na futilidade da
inutilidade de um Plano maior, que só pode mesmo ser explicado pela não
explicação da minha própria incognoscibilidade. Ser limitado é não entender os
desígnios da Inteligência Maior, que quer manter-se à custa de uma evolução
cíclica de cada um dos seus elementos no plano de um quase "não
plano".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Uma possível querela
entre o Espiritualismo e o Materialismo fica assim por resolver, porque o
Sistema de referências não nos permite mais do que Isto. Ser Aquilo é uma
impossibilidade. Estaremos destinados ao repouso da inexplicação? Parece-me que
o Eterno Presente gora a própria preocupação pelo Sentido, e se tudo estivesse
determinado, um certo Buda-Dharma e até Schopenhauer teriam razão em dizer que toda
a busca é fútil. Note-se que é a própria Determinação, a própria volição do
oceano arquetípico da Eternidade que demanda a desrazão de progredir na
Evolução que somente pretende fazer do reflexo da caverna de carnalidade o meio
termo do acesso à Ideia de uma nulidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O que é estranho é que o
Divino, sendo Absoluto, tenha a necessidade de se auto-consciencializar nos
Logoi e nos níveis de encarnação. Percorrer todo um caminho só por ambição de
ser Nada é um pouco estranho, e até irrita que o Divino passe uma boa parte da
eternidade finita com saudades do que já Era. Se Deus está em repouso, também
estranho que se ponha a pensar, porque isso é já relatividade. Como conceber a
passagem do Absoluto ao Relativo? Como conceber o desejo do Absoluto? Mesmo que
o Absoluto tenha todos os desejos que o Infinito permite, não será isso a
grandiloquência de tudo querer ser e experimentar? Deus possui, assim, uma
insuficiência fálica, como o seu filho, porque não se contentam em ser algo
especificamente, diferenciadamente, quando Nada ser é o mesmo que ser Todas as
Infinitas possibilidades de todos os Logoi possíveis (não será a manifestação
um pleonasmo material da imanifestação? Se os Logoi são todas as possibilidades
de Deus, então igualam-no na sua soma, que é, na realidade, uma soma infinita,
não contabilizável. Mas, ainda assim, é como dizer ao repouso para se
movimentar de todas as formas possíveis, mas esse Infinito movimento era já o
repouso que existia inexistindo).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Peço, enfim, autorização
ao demiurgo para chegar a Deus que o preside para poder obter conclusões mais
agradáveis ao meu Ego. Sei que o demiurgo não gosta do Ego, mas ele também tem
lá o seu próprio Ego, e é através dele que me diz que Deus está indisponível
para falar (e que nunca o viu a fazê-lo). Enfim, visto que, de qualquer modo,
Deus está em mim mesmo, e não no Céu do Cristianismo, talvez tente contactá-lo
no sono, que, existindo sem sonho, é o repouso Dele em mim, do mim que é Ele,
do Ele que é já o Inconsciente, de Deus que passou a ser agora - para a tal
mente limitada - o nocturno de Satã, que, ao vir à Luz, lá começou a
dessatanizar-se, a fluir na consciência de um Ego que, a bem ver, é toda a
consciência do mundo, com a metafísica a ser a mente superior, de uma ideação
própria, digo do Eu-demiurgo, do cérebro da intenção, do corpo da acção, que é
o Soma da intenção, que é corpo do Universo, um Infinito dentro de um Finito
dentro de outro finito infinitamente no Infinito. (Lá vou eu ter de aumentar a
dose de Clomipramina, até porque o Deus Cristão que a Cultura Ocidental sempre
me conseguiu impregnar - mentira, se há algum é a mamã castradora - já está a
querer vociferar o castigo eterno de não chegar ao Paraíso, que, de qualquer
modo, é somente o Arquétipo do mito, a imaginação do homem, o meu próprio
fantasma deste momento irrepetível, que já não existe, já é passado, na memória
trazida ao presente, ao eterno presente que a mesma Clomipramina ajudará a
trazer à ordem do dia, aliás da noite).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Divino é o palco
infinitesimal da mente. A sua intenção é a acção do demiurgo, a criação do
Universo do ser-aí, na vida, no mundo.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Divino é o
inconsciente, as trevas do (não)Eu, prestes a ser a consciência do mundo, do
outro, do século.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Ordem é o caos
mundanizado, o Divino secularizado. A Ordem é o caos de possibilidades.....
determinadas mas relativas a...<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O drama é a
personificação do Arquetípico, a máscara da indiferença.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O ovo cósmico é o
Universo, o Demiurgo, o Arché de um Divino intencionado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sempre que o Divino
pensa surge a tragédia do mundo. O Divino contém em si todos os mundos
possíveis.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Arché é o cordão
umbilical que liga o Divino ao Universo, a Totalidade indiferenciada à
Totalidade diferenciada... que é indiferenciada face à corrosão do tempo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Universo é o grito de
angústia do Divino, o seu impessoal desejo de ser-aí, de ser o prazer da Noite
do tempo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Noite Eterna do Divino
repousado é a defesa absoluta do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
amedrontado. No mundo, é o receio que leva o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> a defender-se do Outro, do século, pela imersão nas Trevas,
como se o medo fosse a condição do Absoluto de Deus.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Criar é trazer ao mundo
uma só memória da noite eterna dos tempos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A linguagem divide e
dissimula. O mundo é a personificação do que não tem nome nem pode ser
imaginado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A matemática é a
linguagem de uma das naturezas de Deus. Ser poeta é trazer ao mundo a
meta-matemática, a fórmula unitária do que não tem fórmula.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Filosofia
institucional, tal como a ciência, é a condição da morte da Filosofia, tal como
a multiplicidade afasta da Unidade e o Universo dissimula o Uno. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser são, para um
psicólogo moderno, é ser "normal" segundo o critério do Universo.
Quem tenta ser Deus, meta-universal, sofre da patologia, da alienação face ao
mundo. Daí que, de certo modo, a psicose, a alienação, seja a condição de Deus,
mas que requer, no prelúdio do seu caminho, a angústia neurótica. Estar no
mundo eternamente é ser neurose de "eterno retorno". Evoluir é a
garantia da esquizoafectividade necessária ao Divino. Ser Deus é ser pura alienação
do que o humano entende como "consciência". A Consciência pura do
Divino é a "loucura" do humano, tal como a "renúncia" é a
condição da patologia do mundo.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O psicólogo moderno
consideraria o psicólogo oriental como louco e vice-versa. Não é só uma questão
de temporalidade, é mesmo uma questão de linguagens. E querer separar a
"saúde" da Espiritualidade, como quem pretende dar ordem a este
discurso, é já por si manifestação da doença do Ocidente secular.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser louco é, então, o
objecto do filósofo. Morrer é o objectivo do Espírito. Doenças no contexto da
mente ocidental, a mesma que inventou o alfabeto e vê as antigas
línguas/linguagens como coisas antigas e ultrapassadas. A modernidade é
económica, no padrão e na atitude, e nisso vejo a sua doença. A mesma
modernidade que faz o hino ao conforto, mas que, não obstante, produz mais
infelicidade e neurose do que alguma vez se viu. Obviamente!... pois a neurose
é a condição da própria modernidade, o eterno retorno no conforto da inanição,
de uma que não é a noite de Deus, mas a noite do tempo medievo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Face ao peregrino o
poeta é um louco. Ser poeta é saltar entre mundos, sabendo que também o salto é
uma infinidade de mundos. Pertencer ao mundo é ser o louco que afirma a loucura
do poeta.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Cá estou eu a tentar ser
poeta e, não obstante, cumpro a pontuação, coloco as vírgulas e respeito a
sintaxe. Como é triste ser-se prisioneiro. Como o obsessivo que retorna sempre
à Ordem inicial. Mas é que quer-se mais. Quer-se a desordem (não)inicial, a
fonte de todas as ordens possíveis, o Infinito que existe em mim e que a minha
mente condicionada frustra nesta limitação de pôr barreiras e de privar os meus
olhos de Ver o subatómico.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O incognoscível de hoje
é o evidente de amanhã. A dúvida de hoje é a certeza de amanhã. As certezas do
amanhã serão a folia do depois de amanhã. No fim, resta a futilidade de todo o
caminho, a ignorância da eternidade, a Consciência absolutamente ilimitada, que
é também a Não Consciência.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">As linguagens são a
condição da incomunicação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A língua permite comunicar
a impossibilidade de se ser Amor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O amor é a dissolução do
Universo na volúpia da ilusão da união. A união é o retorno ao Amor da
indiferença, da ausência de erosão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor dissolve o tempo.
A paixão expira-o, fá-lo explodir na diatribe do Universo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A paixão é o contrário
do Amor, porque a sua loucura une os seres perturbando a sua União.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A linguagem cifra o
acesso ao Ser, interrompe a continuidade como a ponte que liga e desune as duas
margens de um rio.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A jangada que permite a
fusão com a outra margem do rio é como o conceito: revela, confirma o velo;
facilita, assegura, a incomunicabilidade. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A linguagem é condição.
Opõem-se ao Absoluto que só É na ausência de condições, na inércia da
determinação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Caos é a (não)condição
da re-União, do regresso a Si mesmo. O caos é a condição da re-União, do
regresso ao Si mesmo. O Uno caotiza-se para se assegurar, na individualidade,
da sua condição de Uno, que, mais a mais, não é condição.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">As palavras reiteram a
comunicação, confirmando a sua impossibilidade. Elas querem unir o que precisou
de as inventar para que a desunião do Uno requeresse a saudade do regresso a
Ele.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O diálogo reitera e
perpetua a incomunicação. Dialogar é não comunicar, é confirmar o deus pessoal,
o ascendente do não Ascendente. E, ainda assim, é tentar o retorno ao Paraíso
do entendimento, ao Princípio do mundo, à Origem de todas as coisas, quando
elas não suspiravam, não ousavam sequer ser o que viriam a ser.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Conhecer um número maior
de relações de causa-efeito que concorrem para um fenómeno é ser inteligente.
Compreender que esse jogo de relações é incognoscível "absolutamente"
- como quem duvida da possibilidade de se ser Super-Homem - é ser sábio (ou
para isso tender). Reduzir a metamorfose contínua e infinitesimal dos desenhos
de relações factoriais a um punhado reduzido de relações consideradas
"mais relevantes" - como quem esquece o "efeito Borboleta"
- é ser feliz.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Os mesmos homens do
Espírito que reiteram a União são quase sempre os que não a conseguem viver,
porque o Espírito é a compensação face ao medo de perda do Eu na possibilidade
da fusão. Daí que o homem mais genial seja sempre o mais pudico. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Pensar, buscar o Todo na
busca do Eu, é o meio-termo do Silêncio muitas vezes adiado. O mutismo é a
pacificação, a finalização do caminho de Sísifo, quando não se trata de um
Sísifo na base da montanha. E é a condição do regresso ao processo, que envolve
a tomada de consciência do Absoluto, o aparecimento súbito do tempo no Não
tempo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O encontro do si
arquetípico é, então, o encontro de Deus, da Humanidade. Trata-se de buscar a
imortalidade, para que, no momento seguinte, logo se ambicione o regresso ao
atrito.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No mundo há a saudade da
paz. Na paz há a (não)saudade da guerra. Eis o Eterno Retorno, o movimento
perpétuo que alimenta a Mesmidade.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Civilizacional é a
traição da nudez dos primórdios, mas confirma-a se for verdadeiramente racional
e evolutivo, se aproximar, logo desconfirmando-a se o racional afirmar a
eternidade da distância entre as duas margens do que, ainda assim, é Uno.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Ser humano completo
supremo na linguagem é o Deus Supremo na não linguagem. A ponte dos homens
confirma o desmoronamento da Torre de Babel. E esse desmoronamento não é o
resultado do ciúme de Deus, mas sim do seu amor. O Pai que ama o seu filho
frustra-o dos caminhos fáceis, como a mãe que bica o seu filho estimulando a
saída do ninho e a urgência do voo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No seu estado pré-verbal
a criança vive no eterno presente de si-mesma, em que o Paraíso não tarda a
transgredir-se na erosão do tempo. Com a aquisição da linguagem, a criança
perde a sua primeira virgindade, mas mantém uma outra que a retém no início do
Ser que não tarda a perder-se para a potência da acção, a urgência da
conquista. A conquista do mundo será a conquista de si-mesma, a explosão do
Início no jogo do Universo embriagado. A ausência de conquista é como a
conquista da plenitude: o regresso à Origem do Verbo, para que o seu próprio
Ser se venha a perder no tempo em que só os pais eram os deuses, no não tempo
dos primeiros anos de vida, aquele que nos lança à memória da escuridão, à
saudade do repouso, à eternidade do oceano em perpétuo movimento pacificado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Mito, imperialismo,
messianismo, o "falta cumprir-se Portugal"... Eis a fórmula da
esperança, do desespero da espera eternamente retornada. O Quinto Império é o
sonho grandiloquente do homem que não conseguia ser homem, é o produto de um
complexo que só pôde ser ilusoriamente sobrepujado através da morte redentora,
da mitificação do encoberto. Todo o Império resulta da loucura, da vontade de
tornar grande o pequeno, de fixar o Eu na morte de Édipo. A saudade portuguesa
e o seu mito imperialista retardam a possibilidade de se <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> simplesmente, porque o sonho é convidado a substituir o corpo,
porque o futuro, o regresso contínuo ao passado, é recrutado na incapacidade do
presente. Diria que "falta cumprir-se o presente", aqui, agora, no
passado revisitado e logo abandonado, no futuro desejado de ser presente, no
presente que já somos na felicidade consumada.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Palavra é o pudor de
Deus. Quando se vê na linguagem, já a sua omnisciência é toda a potência do
mundo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A autonomização, a
interpretação de um papel ou máscara, é o meio caminho para a sua inutilidade
na comunhão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A consciência implica o
fenómeno, o fingimento, espelho que ousa reflectir a verdade num reflexo lunar,
que é somente a realidade distorcida na pura dissolução do Divino.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O verdadeiro místico
reproduz o silêncio irreproduzível. O falso místico, que por aí vemos a fazer o
exercício das terapias enquanto promessas de milagre ou magia, produz somente a
sensação do silêncio, o pecado de fazer ver a luz humana no lugar da Luz
eterna. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O trauma da separação
inicial confronta-se com o medo da morte criando a fobia do não encontro com a
Origem, o momento não assistido da criação. A separação é somente a confirmação
da descontinuidade do que se destina à União, ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">religare</i> (religião) do que nunca chegou a separar-se.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O apego é somente o medo
da morte, da impossibilidade de encontrar no outro o momento da União original.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Só uma densa camada de
recalcamento pode fazer encobrir a verdade fascinada da mulher face ao falo
primitivo. A Origem é sempre fascinante, porque é familiar.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A fobia do amor é o
temor da anquilose do Ego e o Ego é a tentativa de regressar ao amor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A angústia de separação
é só a incapacidade de fusão primária.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O poeta e o artista não
produzem, reproduzem. São os agentes da representação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não há criação, senão na
consciência. Aí o poeta finge criar. Fora dela, o poeta é só um imitador:
imita-se a Si-mesmo, porque o objecto a reproduzir está no Todo que nunca
deixou de ser.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E, ainda assim, o
messianismo, o espiritualismo, o abstraccionismo, são doenças da alma que não
encontra a sua natureza íntima, são o desequilíbrio do Ser que não consegue
reificar a sua sexualidade, que não consegue redimir-se enquanto terra. A
Natureza é a via do equilíbrio, aquilo que jaz no meio termo entre o Divino e a
pura escatologia, entre o Absoluto e o relativo, a via do meio que permite a
pacificação manifesta, realista, do ser humano.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não há concepção, não há
criação, não há liberdade. Só há formatação, concretização, materialização,
carnalização, do que sempre lá esteve, sempre lá está e sempre lá estará. Não
há "pensar", só há "repensar".<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o
"religare", todo o "simbólico", é a aproximação ao momento
originário.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O destino está todo no
Princípio. Os gostos, as preferências, os gestos, o mais ténue movimento, estão
todos contidos no momento primário, no Logos inicial. O que é do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> individual parece diferenciar-se
pelo meio e a cultura (que também é meio), como a linguagem que se torna
língua, mas também o meio é a expressão do Início na multiplicação da
aparência, do simulacro dos seres, que não são plural verdadeiramente, mas sim
Singular, uma só coisa, um só momento, preso ao fluxo e refluxo, expiração e
inspiração do mesmo Todo, do mesmo Nada, do mesmo movimento de repouso
eternizado. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Toda a existência é uma
in-xistência. Toda a in-xistência é uma existência. O Divino existe no
fenomenológico e o fenómeno é o in-xistir na mente do ser. A cognição é o
dentro que é o fora (fora da essência, do númeno, fora e também dentro, porque
tudo o que está fora está em manifestação "do dentro", assim
"existir" é, de facto, "e-xistir").<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A psique individual e a Psique de Deus são duas
expressões aparentemente inversas do Mesmo, ou seja, do que é e Não é verso e
reverso.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O transbordo dos seres é
a ausência de sexualidade. A sua fusão é o corolário da cena primitiva e já as
fronteiras deixaram de o ser. O sexo no seu sentido mais puro não existe; no
amor puro só existe a masturbação. Amar sem limites é amar-se a Si-mesmo, na
ausência de mediações, na ausência do outro.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No Amor, no Uno, toda a
agressão do "outro" é auto-agressão. Magoar quem se ama no transbordo
é destruir a possibilidade de se ser feliz, de coisificar o Eu. E já a defesa
mostra que ainda o amor não é Amor, porque há ainda um Eu que quer sentir-se
nos seus "bordos", nas suas ilusórias fronteiras.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A necessidade é a
relatividade do ser. A relatividade alimenta a necessidade, como a peça de um
puzzle que procura o repouso do puzzle finalizado.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O devir é só a ausência
de consolo, o défice de Infinito. Todo o porvir é um regredir.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A vulnerabilidade é o
alimento do amor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Cada acto é um só
Universo, uma multiplicidade de Universos, o multiverso de leis e das
relatividades que elas tornam necessárias.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O livre-arbítrio é a determinação
da ilusão da liberdade de escolha.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Vens para esta
discussão, trazes as referências que fazem de ti um homem, e ainda te atreves a
presumir que não possuis preconceitos, que és livre e que auferes de uma
"mente aberta"? Ninguém é livre, até a tua tolerância ou aceitação
são as que as tuas referências permitem. Não és livre, pois até a tua percepção
é aquela que o teu Eu restringe. Não és livre jamais, pois o teu caminho de
descondicionamento, a tua tentativa de te libertares será sempre feita com base
no que possuis, no que retiras da Realidade, no que a tua subjectividade
pretende ou deseja desvelar (a mesma que tentará sempre resistir ao que dói, ao
que custa ao conforto interno).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Quando ganhas
consciência da Vida já esta é a própria consciência, e já a consciência está
minada pelo ponto de partida que a alteridade entrosou no teu corpo outrora
selvagem. A partir daí, tudo o que entendes é condicionado pelos primeiros
entendimentos, e estes pelos anteriores, e estes pelos dos outros que te antecedem
e, quiçá, te fazem nascer, e os deles pelos das suas próprias alteridades
arquetípicas. Somos somente a ilusão do que somos, e também o mundo será a
ilusão que a nossa ilusão lhe confere. Ser livre é uma impossibilidade e até o
seu pré-requisito - a consciência - é uma impossibilidade, porque não há
"ganho de consciência" que não seja feito a partir de uma referência
"relativa" e com vista a reificar ou a reagir a essa referência. Tudo
o que conhecemos, aliás tudo o que "auto-conhecemos", é, assim, a adaptação
do conforto próprio ao desconforto do mundo, para que este se torne mais
confortável no percepto daquilo que nunca passou de desconforto próprio.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não há, assim, qualquer
possibilidade de pensar a partir do "vazio". Todo o pensamento se faz
a partir de referências, pontos de vista específicos que minarão, condicionarão
qualquer possibilidade de Hiper-consciência. O Estado mais próximo de tal
consciência, da visão do Super-Homem, corresponde a um nível de Totalidade
heteronímica, poética, que leva o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
relativo a despersonalizar-se, a atentar a loucura (por incapacidade de
suportar tal intoxicação perceptual), a perder-se enquanto homem e a recriar-se
no Demiurgo, que assim se manterá se esta Totalidade não é ainda o cenário
negro de um Todo-Nada (portanto, de Deus). Daí que talvez o homem tenha de se
perder se quer alcançar o Todo. Daí que o auto-conhecimento, a consciência
abrangente, talvez sejam profundos inimigos de uma Liberdade no sentido puro,
divino. Atingir-se-ia mais profundamente este estado de Liberdade pelo mero
"desligar" meditativo, após um processo de
"auto-conhecimento" revelador das quimeras condicionadoras, mas
jamais após um processo de "auto-conhecimento" do mundo (mundo que,
neste sentido, não existe, senão no mundo próprio da consciência da personna).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Por outro lado, por que
não simplesmente aceitar e fazer o luto do simples facto de sermos
condicionados, de essa ser a condição da nossa máscara, quiçá exibida com o
orgulho da identidade que pretendemos manter a todo o custo? Porquê o
sentimento de culpa em nos constituirmos como um Arché específico e em o
mantermos na nossa imersão relativizadora do mundo?...</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Temos ainda outra opção
temporal: assumirmos tantas máscaras quanto as que nos servem e são úteis.
Sermos todas as referências que fazem a "normalidade" de cada Época,
sermos o Arché dominante de cada tempo, a partir do qual estaremos sempre
adaptados à dança de todos os "relativos", de todos os códigos, de
todas as linguagens.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Temos assim três grandes
possibilidades: Sermos o Nada divino, totalmente livres, sermos o Arché
dominante que firmámos precocemente e adaptarmos a realidade às nossas
necessidades (termos livre-arbítrio...), ou sermos o caos que permite
modificarmos o nosso Arché segundo os códigos de cada tempo (pois tudo é
relativo e os Valores de hoje não são os Valores de amanhã).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A nossa psique tende a
requerer uma certa estabilidade, uma certa estrutura, um Arché um tanto ou
quanto definido e pouco flexível, sendo que a ansiedade surge muitas vezes nas
tentativas de sermos Nada ou de sermos simplesmente Caos. Mas sermos Caos pode
ser somente o Arché "primevo" adaptado à dança do tempo, coisa
factível sobretudo se aceitarmos que a ideia do Universal é uma quimera.....
Quantos de vós estão preparados para aceitar que não há uma Verdade objectiva
moral alcançável, que não há Arquétipo Ético senão o que cada tempo e cultura
estabelece como tal, que a História é uma mera questão de construção e de
contrato de intenções, que a Verdade é somente a construção feita à medida de
cada Arché individual, que os próprios Valores do passado são continuamente
modificados de acordo com as necessidades do presente, que a realidade está
visceralmente dependente do contrato de linguagens e de códigos semiológicos
que utilizamos e que "fazem" o nosso percepto? Aceitar que "tudo
é relativo", que tudo é a construção própria feita à imagem do Eu com
necessidades subterrâneas (as quais também não podem ser plenamente conhecidas,
senão parcialmente na reconstrução do passado, pois lembrar é, na realidade,
reconstruir, reaprender), é o primeiro passo para entendermos que seremos
sempre a nossa própria sombra (reflectir é ver o reflexo do Eu), que a própria
tentativa de conhecer o mundo é inútil, que o auto-conhecimento é somente um
exercício de confirmação narcísica, e que mais vale sermos "livres"
no transformismo constante do Eu na paródia do mundo do que vivermos
perpetuamente infelizes porque não alcançamos o que o nosso próprio Arché (na
relação culposa com o Arché Pater/Mater) nos manda alcançar, e que mais valia
nada demandar porque o nosso Arché já devia ter deixado de o ser para outro ser
e outro ser, nesta impermanência que o mundo é (não sendo), neste multiverso de
"normatividades" em que a Lei e a Justiça dançam com a nossa própria
noção de "Valor" e "Norma" (nossa já não nossa, porque não
há um "nós"). Não querer esta dança permanente é arriscar a eterna
saudade do Arché infantil (aquele a que tendemos a agarrar-nos como leões,
ainda mais quando o mesmo vacila, vacila no presente na recordação do passado
no qual algo pode ter falhado, e se não falhou é o presente que falha na
recordação do passado que não falhou), portanto a inadaptação ao presente de
cada tempo cuja infelicidade consequente pode vir a ser compensada com a
tentativa de o ser se tornar Super-Homem, Absoluto, Deus, ou seja, dono de
todos os tempos, de todos os Archés, do Nada que é o vazio em que
"todos" se tornaram já UM.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Só aceita a pura
relatividade aquele cuja origem é absoluta. Só aceita a mudança aquele que não teme
perder-se nela. É preciso muita Ordem interior para não querer fazer parir uma
estrela que dança. A Ordem interior é uma rede de Esquemas Cognitivos; esta
rede não é sempre a mesma, e a referência modifica-se com o tempo, mas haverá
sempre uma Estrutura para perceptuar a realidade. Aceitar que os Esquemas se
modificam e que o Eu de hoje é diferente do Eu de amanhã é, no fundo, confirmar
a força do Esquema/Arché primário, a certeza de que a Primavera da vida teve
floração suficiente para que as mudanças do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
nunca fizessem enfraquecer a ideia de que ainda há algo do Ser primaveril em
todos os outros seres com o mesmo nome.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O ocaso do presente tem
o poder de provocar o ocaso do passado. A tristeza tem o peso esmagador de
alterar a percepção da própria Realidade, escurecendo-a, alterando igualmente
as memórias (a sua percepção, o sentimento relativamente a elas, o peso das
mesmas no presente), minando a própria volição, arma requerida à mudança. O
Passado determina, então, também a própria capacidade para alterar o futuro, e,
portanto, a percepção desse mesmo passado. O presente, já esse, mesmo quando
desabrido, só determina na relação dialéctica com o Eu do passado, um pouco
como se a tragédia do presente fosse somente o catalizador da Tragédia do Passado.
Alterar o presente é, assim, inútil (a longo prazo), se a Estrutura em si não
sofre mudança. Se é que a Estrutura pode ou deva ser mudada... tal tentativa
acarreta um conflito: este é a vida é um risco, a sua ausência é a frustração é
a inércia. O terapeuta é a "interferência" do presente, o catalizador
do Passado, o factor de mudança; se é para "melhor" ou
"pior", tal já se trata de um mero jogo avaliativo abstracto (o toque
muda, não necessariamente para melhor, o conflito pode ser um mal necessário,
os efeitos do toque não são, de todo, completamente previsíveis ou
controláveis, o terapeuta não é, verdadeiramente, um demiurgo totipotente, e o
seu toque pode, na relação dialéctica com o "Universo paciente",
produzir imensos efeitos, alguns até potencialmente catastróficos, o que nos
leva a questionar a eficácia de certas terapias - <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vide</i> a questão do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">relativismo
dogmático</i> com estas potencialmente associado - e o jogo altamente
"relativista" da "psico-análise").</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A "sorte" do
presente é, assim, em grande medida, a predestinação do passado, da capacidade
de relação e avaliação com/do mundo envolvente. As relações dialécticas do Eu
interno com o Eu objectal afectam a saúde do corpo (corpo fantasmático, corpo
físico), directamente pelo efeito do meio, indirectamente via <i style="mso-bidi-font-style: normal;">psique</i>. E o Eu afecta o mundo que o
rodeia, o que faz de cada um o "terapeuta" do outro. Os actos de
agora condicionam os actos do futuro um pouco por mecanismo compensatório, na
base de uma equilibração de limites eternamente móveis e instáveis.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No fim, obtemos um ciclo
vital de relações, um Sistema complexo de vitalidades, em que a lógica de luta
ou fuga tem de entrar inalienavelmente em jogo. A humildade de um é contrastada
pela dominância do outro (humildade e dominância reais ou meramente representacionais?
As relações reais não serão somente a projecção das relações fantasmáticas?), a
tentativa deste segundo em ser humilde rapidamente se vê contraditada pela
dominância do primeiro. Para além disso, o sujeito tenta sempre tirar mais do
que dar. Mesmo quando parece dar, oferecer atenção, passa ao outro a sua
própria compreensão do mundo, um pouco como se nunca chegasse verdadeiramente a
sair de dentro do seu invólucro. A concordância não é comunhão, é somente o
disparo simultâneo e co-ilusório de um punhado de neuroquímicos.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">(Psicanálise,
Psicodinâmica, Psico-Dialéctica, Psico-Dialéctica-Sistémica, o Infinito...)<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A relatividade pura
torna as fórmulas peças de museu, inúteis para a regularidade que não existe.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Até o "estudo de
caso" é a preocupação da regularidade. Na ausência desta, todos os estudos
seriam inúteis, toda a Ciência/Epistémi destoaria da realidade imprevisível, o
relativismo seria a pura indeterminação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> individual é gerido pela autodeterminação, que é a condição de
uma Condição (de não liberdade).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A única especulação que
interessa verdadeiramente é a (não) especulação da Imaginação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Maior inocência que a
noite do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> é a noite de todos os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">seres</i>. O ser(aí) é já representação do
teatro da Vida. Antes da consciência existe inocência; antes do nascimento, a
inocência é ainda maior. Antes de todo o teatro, a pureza da inocência eleva-a
à Não Existência.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O ênstase do Princípio
propicia o êxtase do imediato. Entre os dois há só o Infinito.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Esquecer a Origem é
esquecer o devir, perder a vontade, deixar de ser, ou Ser verdadeiramente no
eterno presente.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ambicionar é querer o
que já nos pertence. É corresponder aos fantasmas do Início, e aos fantasmas
dos fantasmas do Início, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad infinitum</i>.
Corresponder-lhes é obter o que se ambiciona, o que já se possuía, daí que toda
a ambição é vã, toda a vontade é fútil, o objecto de um monstruoso jogo de
determinação, de uma vontade superior que nos escapa e que também Lhe escapa.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Inverno é a alucinação
da Primavera. Contém-na, como o Caos contém a Ordem, que É não sendo. A
Primavera é o renascimento da Ordem, tomada de forma de um Inverno/Inferno que
a idealizou. Eternamente, porque é um círculo de Permanência na substância da
lucidez.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Primavera é o início
do desastre do que será redimido no Inverno. E o Inverno voltará a
desejar/intencionar a Primavera.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor Espiritual é a
inversão da sexualidade do amor passional. O Amor Espiritual iguala o amor
passional se a União da noite dos tempos é o inconsciente do sonho próprio.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A atracção, o desejo, a
sexualidade, são a perda da nudez. O sexo é a sua recuperação. O falo marca o
pólo Espiritual da desunião que tende para a fascinação do pólo passivo, o
retorno à União.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A cultura cobre a nudez
da Sabedoria. A razão dianóica cobre a nudez da razão noética. O Espírito
(não)vê a nudez com (sua) (não) potência. A Civitas vê a nudez com o pudor do
prazer a refrear. A matéria vê na nudez a potenciação do desejo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A dialéctica, a
concretude, o brincar da criança que já se afasta do Paraíso que a iniciou, é a
Divina comédia, o jogo simbólico de Deus.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O verdadeiro Amor
despolariza os seres, fusiona-os num só Ente, que não se sente, não dura, não
vive, por se (não) consciencializar no eterno presente do si já Não Si.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor Universal é o
Amor nunca citado, nunca vivido, o que sempre está onde está o que não é sendo
sempre o que É não sendo. O Amor é o silêncio, a noite suprema da ausência de
signos, pólos e até vacuidades.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor não é a
tolerância do silêncio, mas sim o silêncio da tolerância.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O amor terreno tenta o
silenciamento que trará o Amor Universal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O amor passional quer a
loquacidade do prazer enquanto falso silêncio do sofrer e quer a fusão temerosa
enquanto falso silêncio do Ego. A fusão terrena é a tentativa de segurar o Eu
na ilusão de um Todo. Todavia, se o Eu se conseguisse, de facto, segurar,
reificar, encontrar na sua Estrutura Original, encontraria talvez o verdadeiro
Amor, no exacto momento em que abandonaria a relação com o amor passional.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Mesmo no plano do amor
passional o excesso de linguagem e de racionalização tende para a destruição da
subtilidade da União arquetípica, original, primitiva, primaveril. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor subtrai-se ao
Logos, à linguagem, à sociedade. O Amor é a subtracção entre o Divino e o
Verbo. Como a subtracção de Pascal Quignard: Homo - Logos = Animal.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o homem do segredo
é um dissimulado à custa de querer encarnar a ilusão da forma. Simula para
sobreviver e é a própria necessidade de sobrevivência na forma que comprova a
sua honestidade, a sua incapacidade de ser segredo pleno. O segredo não é
compatível com o mundo. Não obstante, é a sua intenção, a prefiguração da
Ordem, da forma em que o ruído tornou o segredo indizível, inalcançável,
amnésia assaz irreversível.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">As fachadas sociais
apagam o silêncio da emoção (Verbo). O silêncio da emoção apaga o silêncio do
Divino (pré-Verbo). <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Silêncio do Divino
contém em si todas as iniciações possíveis. Nele, a própria fascinação é
castrada. O silêncio da noite intemporal é a pura indiferenciação. O silêncio
arquetípico é o silêncio que já começou a deixar de o ser para as coisas se
serem.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se o Verbo vive no
esquecimento, o Divino nem sequer o chega a permitir. A anamnesis só é possível
no reino do Verbo. O Início é, então, o segredo; já o Divino é o puro Silêncio.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Segredo dos Primórdios
implica que a grande Obra seja necessariamente anónima.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">As grandes obras da
Humanidade não estão assinadas, não possuem História e não cedem facilmente à erosão
do tempo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Também a sexualidade é,
de algum modo, a conformação do Segredo, do silêncio que lhe propõe o
secretismo da descoberta da nudez. O corpo e o sexo não são estruturas
dessacralizadas, como propôs um certo cristianismo, antes são objectos que
confirmam a nobreza do momento primevo, a beleza de teor arquetípico. Até a sua
proibição, o seu secretismo, a sua castração às mãos de uma religiosidade
exotérica, terão sido elementos fundamentais para fazer do sexo a aventura
inesquecível da descoberta. Os momentos da modernidade dessacralizada, aqueles
em que o sexo é já um vazio de olhar, em que o corpo já não produz a admiração,
o espanto do temível desvelamento, são também os momentos que subtraíram o
sonho e o mistério à voz criadora do momento da descoberta do corpo. Ao
desaparecer o tabu do sexo, desapareceu também parte da beleza da sua
descoberta, grande parte da aventura do confronto com as estruturas
proibicionistas, agora tornadas "liberais" e indiferentes. De certo
modo, o arquétipo castrador é também o impulso derradeiro de libertação. Se não
existe o ensejo de aprisionar (por parte de um Pater), também desaparece a
necessidade (por parte do filho) de moldar um qualquer caminho de
descondicionamento, de libertação face às Estruturas super-morais. É como
permanecer mais perto do sossego do divino, na ausência da aventura da
descoberta na encarnação. É que só mesmo através do corpo, através da
substância e da auto-consciência é possível possuir o "antes e o
depois" requerido ao caminho evolutivo. Sem atrito não há caminho, não há
descoberta, há somente a paz, que, de qualquer modo, não levará muito tempo até
conhecer o seu estertor.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Enquanto criação humana,
enquanto estrutura narrativa, o mito é posterior à sexualidade, e engloba uma
diferenciação linguística, social, capaz de incluir a reprodução geracional de
padrões culturais, comportamentais e de parentesco. Falamos, claro, do mito
mais enquanto constructo psico-sócio-familiar e histórico-cultural, e não do
mito no sentido mais colectivo e singularmente primevo. No fim, ambos são
construções humanas, já diferenciadoras e algo temporais no relativo a um
Paraíso "pré-arquetípico", aquele que respeita ao Uno imanifesto e
fusional (a noite eterna dos tempos).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O que acontece,
portanto, é que o Homem sublima para as altas instâncias do Uno o que não é
verdadeiramente Primevo, Original.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É, assim, o Homem o
construtor da sua própria Primavera, da sua (não sua) "cena
Primitiva".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Homem constrói o
sonho, o mito que o comandará. Projecta os Valores que projectarão a acção e a
cultura, e estas, por sua vez, projectam novos Valores. É, assim, a estrutura
fantasmática do Mito e dos Valores um constructo plástico, em permanente
reconstrução, metamorfose.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Dizendo de outro modo, o
Inconsciente Colectivo torna-se Consciência Colectiva (a qual não deixa de se
inscrever no inconsciente individual, pela forma como o Superego ajuda a
esculpir o mundo fantasmático do ser).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O tempo é a condição da
degradação do mito. O mito enquanto sublimação de Valores construídos e
sujeitos à mudança é, então, uma construção já "pós-Arquetípica",
podendo até levar a identificar como "Arché" verdadeiramente primevo
aquilo que o não é. Atemos, mais uma vez, a perspectiva relativista, segundo a
qual os Universais são a ilusão de uma espécie de contrato social.
Aparentemente, podemos contrapor ao "Universal cultural", o Universal
físico, de raiz primariamente genética. Mas tenhamos cuidado! O que o corpo nos
diz em termos aparentemente Universais pode também ser o reflexo do tempo
Histórico, porque o contrato Histórico interfere com a expressão do corpo.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Da mesma maneira como o
mito pode ser um falso "Arché", também o "Princípio" do ser
individual pode ser somente a ilusão do "Princípio". O que se visa
recuperar não é, na verdade, o verdadeiro "Arché" - este já
irrecuperável - mas sim o que é entendido como tal, relembrado como tal. Como
se, ao contrário do que diz a perspectiva platónica, já não fosse possível
desvelar, mas somente reconstruir. Assim, toda a anamnesis acaba por ser uma
re-mitificação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Arché passa por ser,
então, não só o Universo singular do verdadeiro "Princípio", mas
aquilo que a cultura projecta como tal, o "Princípio" construído
enquanto Mito original. De algum modo, a cultura vai criando historicamente
diversos "Archés", várias estruturas míticas que apresentarão o
padrão de "moralidade", "normalidade",
"sanidade", de comportamento exemplar, paradigmático, o que ajudará
as culturas a subsistirem ao tempo e ao terror da História.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Algures, num tempo
específico, diversos comportamentos terão sido eleitos como exemplares no
sentido em que propiciam a sobrevivência do corpo da própria cultura. As
culturas que apresentavam comportamentos destrutivos teriam perecido algures
nos meandros da "evolução histórica". O que significa, que as
culturas que sobreviveram poderiam possuir comportamentos semelháveis, com um
certo isomorfismo ético-moral, isomorfismo interpretado pelos homens como prova
de que os Valores em questão seriam Universais, de um Uno visto como
basilarmente genético pelos materialistas e visto como demiúrgico ou mesmo
divino pelos espiritualistas. Quando, na verdade, se trataria de um Universal
transcultural.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Acredito que
comportamentos considerados como universalmente imorais como o incesto não o
seriam se as possíveis e verificáveis consequências físicas do mesmo não
tivessem levado os homens a vê-lo como um "comportamento a evitar",
algo que foi generalizado nas culturas e, mais tarde, nos mitos, algo tornado
"comum" num sentido meramente transcultural.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Universal
transcultural não deixa, ainda assim, de ser um Universal, e a Moralidade não
se perde face ao que se apresenta. Somente perde algum do seu conteúdo mágico,
primevo, genealogicamente primordial. O imoral continua a sê-lo, talvez não no
sentido de um Uno verdadeiramente primevo, mas no sentido do Universal
transcultural ou mesmo no sentido meramente sócio-cultural... pois, o imoral
pode ser somente o que se considera como tal no relativo ao contrato nomotético
criado por cada cultura, cada sociedade, cada tempo histórico. O facto de, por
vezes, a moralidade estar confinada à variância sócio-cultural e temporal -
relativa ao facto de cada cultura marcar o conjunto dos critérios, padrões e
referências do que é e não é normal/saudável/moral - não significa que esse
"moral" seja necessariamente menos possante face a algo que
consideremos como Universal.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Obviamente, no sentido
estritamente Espiritual, considera-se a Ética como sinónimo de
Indiferencialidade, e isso, de algum modo, acarreta uma hierarquia, que aqui
posso resumir:</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Divino Imanifesto »
Universal Arquetípico (Mito) » Universal transcultural (sub-arquetípico, também
mítico) e Linguagem » Língua e Cultura » Sociedade » Família</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É o tempo que faz
deslocar o nível menos diferenciado para o nível mais diferenciado. Já o
caminho evolutivo envolve a inversão do sentido da hierarquia, mediante o
trabalho de descondicionamento. Parando no nível do Universal Arquetípico, o
homem é capaz de fundir-se com algum do seu primitivismo (ou será "primativismo"?...),
de perfazer o encontro da diferencialidade sexual, que é o objecto da
Psicanálise freudiana de amplitude clínica e também daquilo que firmava a
religiosidade arcaica, xamânica, ctónica, nocturna (aqui o Sagrado é o Sexual).
Somente na Espiritualidade oriental e também no Esoterismo é ambicionado o
objecto de pura libertação, de superação do corpo, de qualquer tipo de
condicionalismo e, portanto, da própria manifestação (este nível é negado pelo
materialismo, para o qual tudo é corpo físico, não existem sequer diferentes
planos de manifestação espiritual, e a Liberdade é igualada ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">design</i> genético... coisa, de algum modo,
mal suportada por um certo Espiritualismo que não quer aceitar o facto de
sermos condicionados e estarmos fatalmente agarrados ao condicionamento
genético... mais uma vez nos questionamos: será a essência da Libertação e a
carência de um Absoluto Espiritual a necessidade sublimatória de um ser que não
é capaz de lidar com a sua própria angústia de castração?...).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O homem singular atribui
um sentido à vida. O Homem-Deus desvela o significante onde estão contidos
todos os sentidos possíveis.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O Amor precisa da guerra
para se tornar Ele mesmo. Tal como o Divino que requer a consciência na
formatação do Cosmos. É a aventura de Psique no alcance de Eros. O Amor-Uno
implica a resistência do amor humano: o primeiro é a Unidade inconsciente, o
segundo é o receio da fusão primária, da cópula incestuosa com a Mater. O
receio edipiano marca a guerra da dualidade, da temporalidade. Já, no Uno,
todos os mitos terão sido extintos (nunca chegaram sequer a existir).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A visão do Amor é cega,
resguarda o eterno silêncio. E, assim, é o Amor o encontro da Rosa no coração
do deserto. É um despertar no sono do tempo, é o Tornar-se Testemunho do
incomensurável, incognoscível, indizível.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A criança no útero da
mãe recria o raio cósmico do coito de Deus.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O coito entre dois
corpos recria a cena primitiva da infância. Difere do coito de Deus, que
suspende todas as infâncias.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O verdadeiro Amor, a
paixão Universal, implica o sacrifício dos corpos unidos na confirmação das
suas infâncias. Ele está para além de qualquer infância, porque não é início de
nada, senão o tempo abolido na Eternidade de todos os inícios.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Amar um outro é confirmar
a comédia da retórica. Permitir a assimilação no Uno é exterminar a própria
necessidade de retórica. Daí que a ausência absoluta de guerra implique tão-só
a ausência de vida.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Na busca do Divino
procuramos confirmar-nos. No seu encontro acabamos por nos perder.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todo o verdadeiro
filósofo - todo o verdadeiro terapeuta - é pouco sociável, porque requer a
urgência da nudez primária e a crueza da noite indiferenciadora. Ser cordial é
perder a Simpatia Original. Ser "simpático com" é não ser Simpático
plenamente. Ser "para os outros" é permanecer na negação de "ser
os outros".<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Quem Une come, devora,
assimila. A antropofagia encontra o seu Sagrado mais puro na vontade da
aniquilação do múltiplo na Unidade devoradora (como nos ritos dionisíacos...).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não há união nem
desunião, há só o Uno, que, de tempos a tempos, ganha forma.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É a própria tentativa de
recuperar a infância perdida do Eu que implica que o amor não seja o Amor do
desvelamento da infância eterna de todos os Eus. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não existe a consciência
individual, só o fluxo das consciências alheias, que não são elas mesmas senão
o Verbo gerador.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Crescer é deixar-se
fascinar pelo Universo na servidão involuntária à Ordem Divina.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A inteligência criadora
não é uma inteligência, porque a criação transcende a competência. Ser
competente é obedecer, ser clone do comportamento instituído, morto-vivo numa
sociedade de autómatos. Ser sábio é perverter a inteligência, gorar as
instruções dos livros e mandamentos, desafiar as leis do demiurgo, ousando ser
a Lei própria ou mesmo a incerteza permanente. A Sabedoria cresce na mesma
medida em que decresce a inteligência, se corrompe a cultura e se deprava a
Sociedade. A Sabedoria não se aprende ou se busca, não se obtém senão pela
desocultação da obviedade do Espírito em desvelo. E essa Sabedoria decerto não
o parecerá para o Ser desocultado, o mesmo que terá perdido irremediavelmente
toda a inteligência, toda a aprendizagem, todas as capacidades, porque estas já
são o Ser Total que não se distingue delas, das mesmas que já não requer porque
já é o Uno omnipresente.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Escrever isto como quem
tenta reificá-lo no plano de uma Totalidade que É mas ainda não se desocultou
perfeitamente é confirmar a inteligência do homem limitado, que, ainda assim,
visa a certeza da sua capacidade, a coisificação da sua diferença, o que, mais
a mais, comprova a sua pequenez, a sua finitude, a sua mortalidade. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A auto-consciência é o
equívoco do ser que não existe existindo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O auto-conhecimento, no
seu sentido profundo, é uma impossibilidade! Para se conhecer, é necessário que
exista uma separação relativa entre o Sujeito que conhece e o objecto que é
conhecido. Se o objecto do conhecimento é o próprio Sujeito, então é necessário
que este se abandone a si mesmo para conhecer o Objecto "Sujeito". No
entanto, o acto de conhecer implica uma mente, uma estrutura onde radique a
consciência, a mesma que teria de ser superada para que o Sujeito se
abandonasse a si mesmo de modo a se conhecer, a si já não si. A exteriorização do
Ser relativamente a si mesmo implica a sua morte, e nesta já o Ser e o si-mesmo
(o objecto) se fundiram, se implicaram mutuamente no Uno indiferenciado. E se é
Uno já não é Separatividade, um Eu que possa conceber-se como tal.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É por isso que haverá
sempre uma parte profunda do nosso ser individual que estará irremediavelmente
perdida no subsolo da memória, pois nem o Eu lhe acede (porque não consegue
arrancar-se de si mesmo, daí que muitos dos nossos defeitos só possam ser
apercebidos pelas vítimas - os outros - dos mesmos), nem o outro tem a
convivência necessária com o Eu para neste poder penetrar. </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Espiritualidade, no
seu sentido mais genuíno, implica a morte dessa ilusão mercantilista das
"terapias do auto-conhecimento", pois nem o Espírito é o
"Eu", nem o Uno é conhecimento, pois, no silêncio, já a Razão Pura
(?) se perdeu para gerar o Divino. Fica, assim, o auto-conhecimento a ser o
marco psicanalítico (para a Psicanálise mais profana nada mais existe, e o Uno
é o ser individual com um nível refinado de auto-consciência e potência
realizadora e ética) necessário enquanto passo de um processo meditativo - o
amor no sentido do "apego" - que visa a Meditação final enquanto
"Voz do silêncio" implicativa de uma visão do Amor no sentido de um
Uno que é anterior ao próprio Princípio (Arché). O amor afrodítico ou o self
psicanalítico é, assim, condição do amor de Eros (no sentido que lhe foi dado
pela mitologia grega, perspectivável na obra de Apuleio) ou do Self no sentido
do Buda-Dharma.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todas as Terapias
remarcam a sua validade no preciso momento em que passam a valer mais pelo
conteúdo e o Ideal, do que pelo aspecto exterior. Aí pouco interessa quem as
pratica, se o Silêncio é implicado no que as procura. Fundeando a visão da
Totalidade, profissões, artesãos, disciplinas, tudo isto é ilusório, tal como
quem pensa que um "auxiliar" ousa necessariamente menos que um
"terapeuta" e o "terapeuta" ousa necessariamente menos que
o "médico", com base no aspecto "exterior" dos anos de
estudo (e em academismos trôpegos, que parecem valer mais pelos hierarquismos
do que pelo que verdadeiramente interessa). Pratique-se o abandono das ilusões,
da farsa da exterioridade, a mesma que já terei apresentado várias vezes no
passado (não por inconsciência ou limitação, mas porque o discurso deve
apropriar-se ao contexto, às limitações do público que o lê).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">É perfeitamente
aceitável pensar que o terapeuta tradicional sem formação académica pode saber
do que faz, e não tenho dúvidas de que a sua proximidade à nudez arquetípica
pode ser infinitamente vantajosa (face aos que jazem mergulhados na verborreia
académica e na intoxicação conceptual, passe-se o que já tem constituído a
minha própria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mea culpa</i>).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E - acrescento - nada me
opõe verdadeiramente à inteiridade das terapias ditas "não
convencionais". Elas trazem consigo o que falta ao Ocidente, incluindo uma
visão da doença enquanto palco de um desequilíbrio dos planos corpóreos
superiores (ao físico) ou até mesmo enquanto resultado do saldo kármico e da
acção antitética. E uma possível comunicação entre elas e as terapias
ocidentais é perfeitamente concebível: na ciência (nos seus diversos sentidos,
etimológico e moderno), na hermenêutica, na linguagem. (Planos dissemelhantes
do Corpo têm em comum a modificação consequente do plano físico.)</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No fim, tudo é Uno, e
todas as nomeações e catalogações terão sido transtornadas no palco
infinitesimal da Unidade, aquele que torna todas as fronteiras ilusórias
tentativas de minar a liberdade na qual nos inscrevemos no nosso sono divino,
no Silêncio das amarras da manifestação.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Identificarmo-nos com um
outro é conceder o que já não nos pertencia. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Todas as relações são
relações de incesto. E se a frase fere, se preludia a sua não aceitação é
porque a defesa do Self não permite inteirar as verdades desagradáveis, as
realidades que a Realidade não conformou à norma e à moral (e, por isso, ferem
a homeostasia interna ao desafiarem a referência normativa impregnada no Eu).
Simples são os que refutam aquela frase, como simples são os que a proferem
porque requereram chocar os desavisados como quem quer afirmar o Ego frágil,
como simples também são os que com ela não se chocam porque é a defesa que
embotou a sensibilidade, dessensibilizou a emocionalidade. Mas como tudo é tão
ilusório!! Pois que o que hoje choca amanhã será vulgar, o que hoje parece
certo amanhã será frustre. O Absoluto é o momento, quando a colecção de
momentos é o Relativo, a frustração da efemeridade, que ninguém quer aceitar
porque a ausência de uma Estrutura ofende a segurança egóica, a manutenção da
personna que se requereu escolher (?) na sempre necessária adaptação à
realidade de erosão, ao espaço de perpétuas ofensas, lutas e dissimulações. E é
assim que nos agarramos a nós mesmos, pedindo socorro ao fantasma interno,
maternal, o mesmo que nos olha e julga no momento da dissidência, o mesmo que
promete fender-nos no preciso momento em que condenamos a Sociedade do bem e do
mal à ilusão de uma simples abstracção, o fantasma que vê em nós o seu próprio
fantasma de prolongamento egóico, e que já via na sua estrutura mistérica (ou
seja, da infância) o seu fantasma arquetípico de poder demolidor, o mesmo que
permanece sempre na densa sucessão de gerações, não cedendo nunca à morte (nem
ao divã) nem à ilusão de tentar fazer disto a minha própria ilusão, a ilusão do
autor que sabe que a sua própria angústia é somente o momento efémero numa
sucessão de um momento maior, o de um tempo que não cessa, que, por isso, é
Absoluto, Divino ou Permanência, salvem-se os jogos simbólicos esotéricos,
muitas vezes estupidamente literalizados (não entender a realidade esotérica
como simbólica, alegórica, é, tal como julgar que há fronteiras ou absolutos,
não ter entendido nada de nada, como se algo houvesse para entender nesta
eterna extensão de um movimento que não cessa, que é metamorfose interminável).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No coito, encontramo-nos
com o útero materno. Um regresso que é a expectativa da recuperação do Paraíso,
da nudez libertadora, do tempo em que nada havia a provar, de uma infância
despreocupada, sem pudor, sem vergonha, sem o "outro", sem a mentira.
O mundo é uma ficção, a mudança eterna do que não É, a transfiguração reflexa
do que as coisas São, a corrosão do Princípio radical que permite a cessação do
sufoco dos espelhos que nos iludem. A materialidade, as trevas femininas,
permite-se dar sentimento à Ausência, e este parece ser o único sentido
possível. O Espírito puro, as trevas masculinas, dão fim ao caminho de erosão,
mas já aqui não há aventura, a mesma que prefigura a recuperação da Ausência de
aventura. Como tudo acaba por ser tão simples, é somente a questão de "Ser
ou Não Ser", e os homens complicam tanto esta nudez, tornam tão opaca e
opressiva a Infância na qual deveríamos permanecer eternamente, não a Infância
Divina, mas a Infância que já fomos e queremos voltar a ser, uma em que tudo
era tão simples e não existia esta luta tão grande entre os homens em nome de
um Eu que é, na essência, a criança dominadora das brincadeiras dos homens.
Urge reactualizar a nossa própria Origem, urge trazer ao presente o sentido de
Sermos, para que possamos definitivamente fazer o luto da perda do Paraíso,
para que possamos finalmente ser homens, simplesmente seres plenos de sentido e
entendimento, porque plenos do sentimento de Sermos e Estarmos.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Transportamos connosco a
criança que determina o adulto que pensamos ser, com vista a ser a criança que
nunca deixámos de ser. Crescer é, então, decrescer. Evoluir é crescer
verdadeiramente, regredir no tempo, lançando-o no Divino que em nós pede para
(não) Existir. A criança é o Arché coexistente ao ser. O Divino é o que
antecede e finaliza o Arché, podendo também sê-lo na vastidão do Absoluto a
incluir todos os arquétipos. Ser criança é ser feliz, na ilusão de ser livre!
Ser Divino é ser livre genuinamente, na ilusão de coisa alguma.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">No momento em que a
reprodução humana passar a ser movida pelo intento altruísta a espécie
extinguir-se-á. (E aí far-se-ia justiça ao pecado original, que mais não é do
que o infinito de actos que fazem desmerecer a continuidade da nossa
existência).<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Estar no caminho para o
Espírito é querer ser a Origem e temer a diluição no teatro de máscaras (estar
imerso inconscientemente nesse teatro carnal é não estar no caminho para o
Espírito). Estar no Espírito é ter superado a Origem, ser a liberdade pura da
Origem própria, e não temer a possibilidade da submersão no teatro da vida, que
aqui é só a compaixão ou a distracção luciferina. A Origem é a relação
incestuosa com a Mater, a sua transcendência é o Amor mais puro. Como acontece
com Fabrício em «A Cartuxa de Parma» de Stendhal, que assume a suprema
ingenuidade arquetípica no formato de um Ideal Superior, concretizado no (não)
Amor incestuoso com a sua tia, e só mais tarde transportado para um Amor mais
genuíno (por Clélia), coisificado no "Silêncio" da Escuridão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A
fobia das convenções sociais atesta o desejo da Idade da Inocência. E o desejo
da Infância é a busca da confirmação do Ser que teme desagregar-se no mundo de
estranhas sombras, demónios escondidos atrás de máscaras de concupiscências
laceradas pela violência da loucura. Só a criança, o douto ignorante, o sábio
selvagem, é capaz de tomar as rédeas do Amor no sentido mais puro, na sua tez
de imortalidade alquímica. O Amor mais genuíno é uma impossibilidade da vida. E
é por isso que milénios de literatura conceberam a morte dos amantes no momento
da concretização do Amor, que é o derradeiro segundo da implosão dos seres num
só elemento, no vazio da existência cósmica. O amor terreno é a confirmação da
dualidade. O Amor espiritual mata os amantes, porque já não são dois, são já um
só, um Uno que dará ao mundo o ovo cósmico de um novo trajecto, um novo caminho
de tragédia predefinida. E é também por isso, que, em vida, o amor mais
profundo cessa todas as palavras, remata todas as intenções, esgota as
respirações, remete para o silêncio prístino do nocturno, o instante sem tempo
em que a própria fonte da vida ecoa como cascatas de água enregelada, congelada
pela imortalidade quase alcançada pelos elementos transtornados pela química
dos seres. O Amor é o colapso de todos os ruídos, é a Utopia, a perfeição, a
finalização de todas as consequências, e é por isso que o Amor mais profundo
não existe, senão na eterna Ilusão, no Ideal Supremo, aquele que o Romantismo urgiu
alcançar, sem que alguma vez fosse possível ousar o incognoscível; é por isso
que os amantes deste Ideal, deste númeno monadístico, nunca se encontram,
porque o encontro envolve dois seres, e a unidade é já o encontro sem encontro,
o todo sem pólos, a noite em que todas as concretizações terão sido lançadas no
vazio da infância divina, da inocência mais precoce.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
Amor fusional é a tentativa de reproduzir na terra o Amor do Ideal de todos os
tempos. Acarreta quase sempre tormenta, a tempestade ou mesmo o colapso dos
seres, porque estes se dividem entre o desejo de comunhão e a defesa das suas próprias
fronteiras. Mas não será a própria comunhão o desejo de regressar ao ovo
originário inquebrável? Não é a defesa do Eu por medo de deglutição pela Mater
a prova cabal de que a comunhão se vê como o perigo de extinção, quando o
próprio Eu deveria conter-se suficientemente a si mesmo de modo a querer, a
desejar sublimar-se na noite de todas as tragédias?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
amor platónico é o verdadeiro amor, porque o encontro na carne confirma a
ausência de comunhão. O amor carnal é o verdadeiro amor, porque o encontro no
Espírito é o receio do prazer, da afirmação do próprio sexo na consumação do
coito. O verdadeiro Amor é a renúncia ao Ego em nome do Outro, no palco da
traição de todas as sensações possíveis, do vazio que não tarda a antecipar a Sublimação.
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Amar
puramente é não estar em relação (no relativo). A relação é a "arte da
guerra", a "arte de amar". O Amor Puro não é a Arte, porque a
ausência de tragédia desobriga a existência de estratégia. A Noite quebra o
jogo, a ilusão da cave de receios, leva ao esquecimento terreno na terra do
Nunca. O dia é o esquecimento da Unidade, a saudade da Glória Divina, a ambição
da Perfeição em que todos os jogos, relações, combates terão sido sacudidos
para o momento originário que não tarda a preludiar-se na aurora do Universo de
atributos.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Esquece
quem és, renuncia à existência e receberás o Reino de Deus, o Paraíso onde não
terás qualquer felicidade, porque Nada serás!</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Luta
pela vida, combate na guerra das relações, enche-te de ilusões e terás o
Paraíso da Terra onde só o sentimento de culpa poderá impedir a tua felicidade.
Mas cuidado, pois a felicidade nunca dura para sempre, e uma nova meta quererás
possuir, até que, na plenitude do conflito com todos os "outros" que
têm as suas próprias metas, correr-se-á o risco de tudo implodir num fantástico
holocausto. O vencedor será o que tiver a melhor vista para o Holocausto: a
Testemunha, não um qualquer homem, pois nenhum ser egóico terá sobrevivido à
implosão para a qual deu o seu valioso contributo.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
amor enquanto virtude aristotélica é a "arte" consumada por anos de
aprendizagem, por vivências, aventuras e até ausências das inúmeras presenças a
dois. É o "caminho do meio" que a vida sábia prefere à paixão
escandalizadora das oscilações do mundo material. É a via psicanalítica na
utilização de uma sabedoria da existência no equilíbrio, sem Egomania, sem
carnalização excessiva, sem mergulho obsessivo na mundaneidade, mas igualmente
sem Teomania (e sem fusão dos dois em um, sem catexia, para além da virtude do
evitamento da construção de relações objectais nos quais é colocada a rede de
segurança do Eu), sem sublimação Espiritual, sem mergulho obsessivo no Nada ou
na Terra do Nunca. O crescimento é isso mesmo. É a consecução da via evolutiva
em vida, neste mundo, com a capacidade de superar a Origem e o Arché Pater, com
vista a firmar um novo Arché que possibilite dar "sol" a muitos
outros, incluindo todos os que continuarão a reinar na Terra. É a pacificação
do Eu na sua relação consigo e com o outro. Esta - sim - é a verdadeira via
Espiritual, com todas as outras a serem esta, apesar de disfarçadas de vias
racionais e de desapego (o desapego face ao mundo advém do exercício da
segurança interna. O Eu securizado é naturalmente desapegado, pouco exigente de
subterfúgios carnais e "objectos" relacionais falsamente
securizantes; o exercício "cognitivo-comportamental" e
"meditativo-transcendental" do desapego parece-me como mera
"fuga para a frente" - talvez não tanto se estas estratégias,
particularmente a parte "psicossomática" da meditação, visarem o
auto-conhecimento -, meio tosco de consumar o desprendimento. O amor é a
consequência óbvia do auto-amor, não de uma imposição "pedagógica"),
ou a serem simplesmente vias pouco realistas de firmar a tolerância e a
compaixão.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
amor a dois é a via da compensação do elemento masculino com o elemento
feminino. Os dois não se perdem, as suas fronteiras mantêm-se, somente se
tornam mais permeáveis. A relação é a arte que se firma após o período inicial
de fusão (é aí que temos o verdadeiro amor, a verdadeira "arte de
amar"). No final, a via da compensação da relação precoce (uterina,
arquetípica, fusional terrena... não confundir com o Amor fusional enquanto
Divino, Nada, aquele que inexiste) será mínima e os dois serão somente
companheiros de uma aventura de crescimento irreproduzível.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Estar
em relação com os outros utilizando-os como meio de conhecimento próprio parece
ser a melhor via para perder a relação com os outros. Estar com os outros e
"ser os outros" é a melhor via de alimentar relações de perfeita
confiança.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Estar
em relação com os outros e não usar a relação para o auto-crescimento é
desperdiçar as relações, perpetuar o isolamento. Sem as relações é impossível
ao Eu conhecer-se, confiar, amar-se a si próprio, e, por consequência, amar os
outros.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Portanto,
como pode o Eu pouco seguro de si mesmo crescer por meio da exploração das
relações que arriscará, inclusive, a criação de falsas relações (portanto, não
relações) de auto-engrandecimento?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Parece-me
que a solução reside na recíproca dedicação ao outro, em que o Eu ganha pela
dedicação que o outro confere ao Eu. O problema é que a patologia do Eu leva
quase sempre à Egomania (senão à simples auto-subtracção), o que faz com que
seja impossível para esse Eu dedicar-se ao outro, simplesmente
"escutar".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
Eu patológico perpetua a existência na concha, mesmo na suposta
"relação" com os outros. Enquanto não resolver os seus conflitos
internos será incapaz de se "exteriorizar", de "ser para os
outros". Ora, se a resolução dos mesmos conflitos requer a presença do
outro, é, então, necessário que o Outro seja "dominado" por este Eu
dominante, ou não chegará sequer a haver relação (porque o Outro não se deixou
dominar pela necessidade do Eu patológico). A problemática que se gera tende a
perpetuar a existência de conflitos, internos e externos. A Terapia urge como
objecto necessário à resolução (quiçá conflito) ou modulação desta inércia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Há
os dominantes e os dominados. As relações são jogos animalísticos. Comummente
dominantes escolhem como amigos ou amantes seres que gostam de ser dominados,
quiçá protegidos. O ser dominante pode querer, a toda a força, forçar o
auto-encontro pelo domínio do outro, e o outro mantém a segurança objectal
interna através da protecção conferida pelo domínio do primeiro.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Vejamos
uma dinâmica que agora se verifica muito: uma Mater dominante pode ser um
resultado da sua própria Mater dominante, e pode querer dominar um homem mais
inerte, futuro Pai ausente. Mater dominante + Pai ausente podem resultar num
filho com tendências homo-eróticas, porque o elemento feminino dominou o
elemento masculino. A filha também poderia ter tais tendências (contudo, menos
provável) se a dominância da Mater fosse de mote a deglutir a auto-identidade
da filha. Podíamos apresentar muitas outras dinâmicas, mas mesmo estas são aqui
mostradas de modo extraordinariamente simplista, porque entra sempre uma
infinidade de outras variáveis em jogo. É esta infinidade de variáveis que faz
com que as dinâmicas existentes sejam tão diversificadas, muitas vezes difíceis
de se prever. O que, para uns, é, exteriormente, a prova do "relativismo
dogmático" da psicanálise (acusação muito popperiana, muito
científico-liberal-falsificabilista), e, para outros, será, externamente, a
prova de uma enorme complexidade, dificilmente concebível pelo poder de uma
previsibilidade de estudos de ciência clássica (eventualmente, até mesmo, pela
previsibilidade dos estudos de carácter estatístico-probabilístico, daí a
importância do método hermenêutico e da lógica de "cada caso é um
caso" que tantas vezes tenho defendido; note-se que o critério
falsificabilista de Popper não é directamente adaptável à lógica dos estudos
sociais...).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">As
dinâmicas psicanalíticas são inesgotáveis e, simbolicamente, é possível
conceber uma infinidade delas nas relações do dia a dia; na verdade, as
dinâmicas são constantes e estão presentes na mais espúria das preferências,
atitudes, comportamentos. Tudo é susceptível de interpretação simbólica! Nada
escapa à Psicodinâmica, Psico-Dialéctica das relações.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Também
as relações terapeuta-paciente "padecem" de uma carga
simbólico-sexual impartível, inextinguível por qualquer tipo de imperativo
ético. A relação clínica acarreta uma tensão proxémica, uma aprendizagem dual
feita em duplo sentido. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Se
o caminho interessa mais do que o Destino, é porque a meta utópica, o estado de
Amor Divino inalcançável, corresponde àquela "Singularidade" do Absoluto
que transcende trilhos, florestas, desertos, conceitos, a dor, o sofrimento, o
tempo, a entropia, e até as iluminações e o próprio Nirvana, enfim... algo que
é simplesmente incognoscível e, portanto, indizível, mentalmente cegante, que,
mais a mais, se define por Nada ser. A aproximação ao Absoluto feita em vida
carnal é "somente" aquele estado de "flexibilidade
terapêutica" que permite conceber que tudo É e Não É, se bem que, atendo
um critério ou definição precisa do que pretendemos caracterizar, é provável
que um "É" seja mais verdadeiro que outro "é"; e é assim
que, pessoalmente, tenho comummente uma atitude "terapêutica",
segundo a qual afirmo a subtileza nos níveis mais densos e a densidade nos
níveis de maior subtileza. O Absoluto, tal como o sinto, corresponde à
predisposição para aceitar a mais absurda das realidades, porque ser Uno é
aceitar a Unidade e a "Omni-potencialidade" de todos os
"relativos". Estar ao nível de um 'Nous' é conceber todas as
possibilidades (até porque a Filosofia tudo permite, e a retórica, se esgrimida
com sabedoria, e também com alguma corporeidade emocional visível contagiante,
pode ser usada para tornar tudo verdadeiro, ou tudo falso, compreendendo os
próprios conceitos de "verdadeiro", "falso",
"bem", "mal"...) - incluindo a faculdade de a
subjectividade contaminar o processo de Justiça dialéctica (porque as emoções -
a Doxa - têm as suas preferências) -, permitir todos os sentidos, aceitar a
totalidade de relativos (e que o relativo entendido como real é somente o
verdadeiro do contexto dominante, aceite, entrosado, condicionado enquanto tal,
e visto muitas vezes como sinónimo de "moral" e "normal"),
flexibilizar infinitamente a escolha do relativo (ou do paradigma) que mais se
adequa ao contexto ou critério em causa (ou do paciente que temos em conta),
enfim... ser livre para tudo ser, mesmo com o risco de alcançar o estado de um
Super-Homem a/imoral. Mas este é somente o Absoluto possível em vida, aquele
estado que nos dá a sensação de que somos capazes de tudo entender, de tudo
explicar pela Razão, como se já os próprios conceitos não importassem, e até o
insight ou a gestalt fossem já secundários (terão sido fundamentais durante uma
boa parte do processo, um que requeria o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sentir</i>
como peça fundamental), porque já não são as partes que se unem e transcendem
num Todo, já é o Todo que dá Luz às partes. Quando chegados a este processo,
uma certa tentação teomaníaca apodera-se de nós, e é até fácil vir a parir
novos Dogmas, Verdades das quais nos consideramos donos e senhores, porque
entendemos ser uma só Verdade, quando, na realidade, tudo poderá ter sido só o
excesso de um Paradigma, aparentemente racional, sub-repticiamente emocional.
Ora, como vinha dizendo, este não é ainda o Absoluto a que podemos chamar Divino,
a meta derradeira, a Noite de todos os Cosmos, "Deus", se lhe
quisermos chamar isso, porque, se fosse, Nada seria já, e todo este sofrer ou
ruminar já teriam cessado, já teriam sido projectados na memória quântica dos
tempos (no máximo dos máximos, este é somente a ilusão do Absoluto, um relativo
que, na melhor das hipóteses, se aproxima do Absoluto por excelência).</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
que todas as formas de Conhecimento humano pretendem, incluindo a religião, a
Espiritualidade, a ciência, a filosofia (sublinhe-se a "ocidentalidade"
destas divisões), é o alcance desse estado quântico, o que, ainda assim,
significa que todo o Saber concorre para o Não Saber, que toda a Sabedoria
pretende deixar de o ser, que todo o Sábio é um ignorante e pretende deixar de
ser sábio ou ignorante. O sofrimento reitera o alcance desse estado. E o medo
do Nada reitera a manutenção eterna no caminho para esse estado. Entre os dois
está uma infinidade de possibilidades, onde podemos colocar o homem, os
animais, as guerras, as linguagens, as línguas, o prazer, a dor, etc., enfim...
a vida em si-mesma que, não obstante a nossa meta de Libertação, é, ainda
assim, viciante, francamente aditiva. Vício que se perfaz na eterna
insatisfação, no eterno retorno neurótico, no eterno querer Ser, no eterno
afirmar-se, tudo o que perfaz a tragédia da vida, a comédia das relações, o que
enche as existências, o que permeia o movimento, que, mesmo não tendo qualquer
sentido, é o preço a pagar para querermos crescer, saber, conhecer,
experimentar, sofrer, sofrer sempre para não sofrer, nada ser, e, mais tarde,
voltar a querer ser, num movimento indefinidamente perpetuado de evolução e
involução, expansão e retroacção, o ciclo sem sentido, a circularidade que se
confina numa gigantesca Roda da Lei, lei inquebrantável, em que todos
representam um papel, um destino a cumprir, para que o Plano possa ser
consumado... Mas que Plano este? Que Sentido este? É que, apesar dos esforços
dos filósofos, acabamos sempre por dizer o mesmo de maneiras diferentes,
alcançando sempre o mesmo, na mesma incessante dúvida, e, perante isto, só vejo
uma possibilidade: atacar a caixa de chocolates.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; tab-stops: center 212.6pt left 238.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A renúncia é ainda
desejo. A morte, o Adeus, a ausência de retorno, é a certeza do Silêncio, da
consumação do Eterno Presente, o alvor pacificante. A morte do Ego é também a
vida do ser na renúncia ao saber, ao atrito, ao deliquescer. Ser simplesmente é
o destino! Ser aqui, agora e sempre, Ser sem ser, Livre sem o fantasma do
passado, porque o Passado é o presente eternamente confirmado, frugalmente
obstinado. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A Existência é a
insistência do despertar no núcleo do ser, para que as crostas, as peles, se
percam na nulidade da noite dos tempos. Na noite do ser, no seu nicho mais
íntimo, desértico, nuclear, irrompe a luz rósea do despertar, a "aurora de
róseos dedos" que se consome no prelúdio do fim de todos os inícios, de
todas as manhãs douradas, para que a nova aurora sucumba na temporária
atemporalidade, na quase eterna irrupção das ondas de uma dança de infinitos.
Nas trevas do ser encontram-se as trevas de todos os seres. No mergulho mais
íntimo da confluência dos demónios da mais ténue partícula interna é possível
desocultar a mais exterior, nominal, monadística de todas as realidades, a
Realidade de todos e de ninguém, o númeno da unidade em que toda a bipolaridade
terá sido siderizada pelo canto divino. É, então, preciso mergulhar muitíssimo
dentro de nós para que possamos abandonar-nos. O interno é a via do externo. O
íntimo é a via do despudor. A alienação pessoal é a via altruísta, como o Ego
implodido na explosão do Todo, o mal na via do Espírito, o diabólico a visar o
simbólico, o demoníaco a mirar o etéreo, porque no Inferno se encontra o Céu,
no Hades se visa o Olimpo, no inconsciente se reconhece o Eu, no Arquétipo do
Pater se constrói o Arquétipo próprio, o ser auto-fascinado, auto-siderado,
premente da paz há muito destinada, do Graal ou da terra prometida, da rosa há
longo tempo demandada e agora estendida ao outro, ao par, ao que já era Eu sem
o sabermos, ao que queremos em nós perdido, para que o Amor mais puro surja no outro
lado do horizonte, que é a noite de todas as ilusões, desiludidas no acto
copular dos pequenos deuses, agora Deus Uno, a totalização de um Nada ser, Nada
sofrer.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;"></span> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;"></span> </span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Devorar terras e
latitudes de falésias conspurcadas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">no curso do rio que flui
no regresso à fonte,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">trilhar sonhos e
perspectivas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">frustrar as sombras
pervertidas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">querer ser o ninho de
outro mundo,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como gotas de um oceano
flamejante</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">a exigirem ser um só rio
de um só eco,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">voz distante de um mundo
de sons,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">primavera de um caos de
notas preludiadas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">nota única de um sonho volúvel,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">o esquecimento das Eras,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">a volúpia de uma teia
dançante,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">inexprimível pelo
errante,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">irredutível à predação
das feras.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A terceira Idade, a
Idade do Espírito Santo, o Quinto Império espiritual, venha a nós o vosso Reino
(o destino do "lusíada" no termo da viagem/Odisseia ou da Guerra/Mahabharata/Ilíada/Eneida,
a "mensagem" do peregrino, o fado da "esfinge" na figuração
da comédia de ilusões), o Espírito que somos já e nunca abandonámos, a ilusão
de uma carne conspurcada pelo eterno retorno das eras milenarmente sucumbidas.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Políticos há muitos,
políticos inspiradores há poucos, políticos inspiradores e com bom coração,
partiu o último deles. O mito diz que sofreu e mesmo assim perdoou. O mito é a
verdade do silêncio do homem que não existe; existiu, voltou à Origem, à Paz
depois de um longo percurso de luta!! E o mundo já não é o mesmo. E já
estaremos quase esquecidos quando a imagem do homem ainda permanecer no Eco da
Esperança, que é aquilo de que o planeta precisa. Descansa Madiba, que nós te
seguiremos, na vida, na morte, no sono, no sonho! </span><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">[<i style="mso-bidi-font-style: normal;">escrito no dia da morte de Nelson Mandela, 05/12/2013, publicado no
'Público', dia 10/12/2013</i>]<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sentes-te pequeno, queres
ser lembrado na imortalidade. Fazes a Obra, tornas-te grande, imortalizas a tua
ilusão. E que a ilusão, a grandeza e a eternidade te sejam concedidos,
merece-los se a Obra une, se criaste Amor!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">[Texto de
auto-apresentação, no contexto de integração na Maçonaria]:</span></b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Escrever
este texto nesta fase na minha vida parece, de algum modo, vir criar um certo
conflito comigo mesmo. Numa altura em que me preparo para publicar aquele que
penso vir a ser o meu derradeiro livro, a ideia de escrever surge em mim com
uma liberdade que há muito tempo não sentia. É que, perante tantas desilusões
face a uma possível compreensão do que publico, tomei, precisamente há dias, a
decisão final de interromper o processo de escrita de livros, que o mesmo não é
dizer que deixarei de escrever ou pensar... tal seria, para mim, impossível.
Desilusões, umas após outras face ao mundo, desde sempre e desde muito cedo...
E a desilusão maior é precisamente essa confirmação de que o mundo em que
vivemos é pura relatividade, uma Ilusão, um mural de alegorias e de imagens
que, de uma vez por todas, mostram ser mero "fumo".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sei
que, em parte, escrevia para agradar a uma certa Elite; nada de concreto, tem
mais a ver com os fantasmas internos, aos quais tentamos sempre corresponder.
Mas, decididamente, depois de alguns acontecimentos em que a defesa da Ética e
da Verdade, às quais dou a prioridade absoluta, pareceu ser tentativamente
derrubada pelos supostos homens da Cultura e da Elite, dou por mim, mais uma
vez, a concluir que a Verdade mais pura, a existir, reside somente na
Singularidade, na diferença virginal, e que toda esta ilusão a que se chama
Sociedade, assim como as suas Elites e Autoridades, estão muito longe de terem
sequer a consciência necessária ao "desvelar".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Diga-se,
em boa verdade, que aquilo que escrevo agora não é necessariamente algo sobre o
meu EU, mas mais sobre um estado impermanente de "espírito", que de
Espírito verdadeiramente pouco tem. Mas tinha de dizê-lo, pois este acto de
escrita acordou o desabafo relacionado com os actos de escritas - entre outros
- que têm preenchido os meus mais recentes anos.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Devo
dizer que algo que, de algum modo, expresso na minha obra é o conflito entre
dois lados que existem em mim, e que honestamente não poderia deixar de
referir: o lado Espiritual, que acredito ter dominância, e que apela aos
Valores e à Verdade, algo que existe em mim por Necessidade não redutível a
qualquer possibilidade de exorcismo psicanalítico; e o lado material/saturnino,
que tenta reduzir o lado Espiritual à necessidade de o pequeno homem que sou
procurar as Estruturas do Espírito para se preencher e reificar, tornar um
Grande Homem.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
Espírito existe per si ou é a compensação de um processo interior? A minha
procura filosófica incessante pode ou deve ser reduzida a um processo
fantasmático interno?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
que é certo é que a minha vida sempre esteve cunhada com a procura da Verdade,
e esta sempre valeu por si e pela Objectividade que a mesma reitera,
independentemente de existir um qualquer conflito edipiano que marca essa
procura. A procura em questão sempre me marcou, tanto numa infância
"diferente" de "bullizado", quanto na adolescência
parcialmente reprimida, quanto na vida adulta em que actualmente me encontro.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Os
livros sempre foram a minha grande companhia. Claro que também amei e fui
amado, claro que também tive as minhas tropelias físicas, e claro que também
sou um homem carnal com desejos e vigor físico. Foi até uma fase dessas que me
levou a escolher o curso de Fisioterapia, se bem que, no fim do mesmo, já estava
virado sobretudo para os interesses psicanalíticos e da Psicologia e
Neuropsicologia.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Os
interesses não têm sido poucos e todos os territórios do Saber têm passado por
mim, sendo que a Filosofia tem tido sempre a primazia.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Em
2012 e início de 2013, depois de uma rápida passagem pelo materialismo
dialéctico e pelo pós-marxismo, acabei por abraçar o pós-modernismo, e, de
forma algo espontânea, acabei por "despertar" para a temática da
Espiritualidade. Percebi que aquilo que estava implícito na minha perspectiva
de idade pós-moderna poderia ter a ver com o mundo do Espírito...</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E
isso levou-me a, até agora, com uma velocidade vertiginosa, a operar uma grande
revolução dentro de mim, o encontro mais verdadeiro, prístino, com aquilo que
sabia ser o meu caminho. Nunca me senti tão próximo da minha essência como
quando se começou a desvelar o mundo das Espiritualidades, um pouco como se
estivesse, de facto, a viver uma anamnesis platónica. Tudo aquilo fazia
sentido, tudo aquilo era tão óbvio, tudo aquilo era já o meu Eu, sempre lá
esteve e estava à espera de "algo" para despertar. A noção do
Universo demiúrgico, encarnado, como ilusório, a noção do Nous, o Arché, os
Logoi, tudo isto que o meu lado saturnino pretende reduzir a uma projecção
mental, mas que, ainda assim, é tão Real, a Verdade no seu sentido tão
axiomático, axial, a pura obviedade!... Obviedade, porque tudo isto era já o
meu Eu (desde há vários anos), mas precisava, de algum modo, da confirmação,
como quem precisa que lhe digam que "não está louco".</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Recentemente,
consegui perceber que mesmo o meu lado saturnino não poderia apagar o meu
destino de conluio com a Verdade, até porque ela É o que É independentemente
dos pré-requisitos psíquicos de quem a desvela. Estou ainda numa fase de
identificação, cada vez mais árdua, do conjunto de ilusões em que o
materialismo e a sociedade ocidental me mergulharam. Processo que já iniciei há
muito, mas falta ainda a "desilusão" final!... Falta também a perda
do meu próprio orgulho, da minha presunção, do meu Ego, se bem que estes
instrumentos me impelem à descoberta, me auxiliem no processo de Ser. Tudo com
vista à visão da indiferencialidade das coisas, do que elas são verdadeiramente
na sua pura continuidade, num caos Divino que se disfarça de Ordem de um caos
de relatividades.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E,
mais do que nunca, numa fase em que sinto uma nova pacificação do meu ser,
preciso de uma nova orientação, preciso de saber qual o próximo passo. Pois,
difícil para mim não é compreender, difícil é saber para onde hei-de dirigir o
meu esforço, difícil é também encontrar outras pessoas que se encontrem no
processo de desvelo, outras pessoas que possibilitem o caminho conjunto com um
Sentido... coisa egóica, no sentido em que há a procura da
"compreensão", mas também coisa supra-egóica, porque há a procura de
algo mais.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Queres
retirar-me a religião?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Poderá,
alguma vez, a medicina</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">compensar-me
na Ilusão?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Queres
que seja montanha ou consciência,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">caminho
desperto, rei do coração?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Poderá
a filosofia dar-me o consolo</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
o corpo da demência,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
a poesia e a devassidão?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Queres
retirar-me a clomipramina? </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Poderá,
alguma vez, a filosofia </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">compensar-me
na Ilusão?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Queres
que seja montanha ou consciência,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">caminho
desperto, rei do coração?</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Poderá
o Espírito dar-me o consolo</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
o corpo da demência,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
a poesia e a devassidão?<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Duvidar
é só a consequência de um transtorno da serotonina. Ser inerte é só o défice da
dopamina. O amor ou o prazer preenchem o sangue de endorfinas. Queres a
felicidade mais pura? Busca a droga, o "paraíso artificial"
embriagador, o ansiolítico e outras proezas da medicina: aí terás toda a
metafísica necessária!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não
caias nas agruras do Espírito. Despreza os que tentam dar-te a consciência. É
tão bom ser simples, feliz na inanição, no objecto inerte da sobrevivência, na
escravatura dos dias de monocordia prazenteira. Sê feliz com o pouco que somos,
que é tanto para outros. Recolhe da natureza tudo o que esta concede da sua
beleza Universal. Bebe os sons e as letargias, consente o teu corpo à preguiça
mais odiosa, aos prazeres mais invejados. Deixa que o teu corpo experimente o
sexo tórrido de uma poligamia orgulhosa, arrisca ser só o presente entontecido,
deixa-te levar na alucinação uterina. Mergulha na Primavera da tua condição,
aceita-te como és e expõe o teu destino com o orgulho do que é único e
irrepetível. Não tentes libertar-te de nada senão da infelicidade. Os filósofos
e os sábios invejarão a tua liberdade. Tentarão dizer-te que não és livre, que
és somente um iludido, um vendido à perdição mundana, um degenerado involuído.
Quando são eles os iludidos, os agrilhoados pelo pensamento, os obsessivos
categóricos que não ousam o prazer e a libertação, os conformados pelo senso de
uma obrigação: a de se libertarem, quando a sua própria ilusão os impede de ver
nessa "liberdade" a busca do conforto, da satisfação, a mesma que
"os simples" já possuem na adaptação a um mundo "normal" no
qual os filósofos se sentem "estrangeiros", desadaptados,
inadaptáveis.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
poeta, trilhar inexoravelmente o caminho da loucura, da liberdade de ser
transtorno, do domínio de todos os caminhos possíveis como quem adia
indefinidamente o encontro do que nem chega a ser demanda, roçar a Verdade e
mostrar-lhe a língua, provocar os deuses com a subtil irrisão, ser Atena de mil
formas e Ulisses de mil ardis, alquimia sem destino, obra ao negro
provocatória, o caos de mil e uma noites, consentindo adiar a diluição,
mergulhar no eterno de formas lugubremente consentidas, preludiar o infinito de
explosões de cosmos infinitamente transformáveis (em crescendo e
descrescendo...), cosmos dentro de cosmos, em que o mais pequeno do mais
pequeno possui infinitas latitudes, dízimas infinitas de cores impossíveis de
nomear. O poeta é o viajante, o peregrino de uma viagem de deboche: o deboche
de todas as dimensões possíveis, de todos os Universos que criam entre si
pontes inumeráveis. Mas quais Universos? Quais pontes? Não há limites, não há
dimensões, não há nomes nem escadas nem mapas nem esquemas, há somente o
movimento perpétuo, a dança de todas as virgindades, o poeta como ovo imaculado
de todos os ovos de todas os germes possíveis. O caos, o Nada, as trevas de
todas as tempestades, de todas as tragédias, de todas as epopeias... Transpõe
tudo isto até ao limite do indizível e encontrarás o Poeta. O verdadeiro poeta
não escreve com palavras... não escreve sequer...<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
louco sem implodir. Implodir sem o temer. Ser poeta e desprezar os tolos.
Tentar ser Tudo e sofrer por não o conseguir. Ter orgulho desse sofrimento! </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Deixai-me
ser "Deus", deixai-me lembrá-lo a todos os pequenos!!<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
pior erro das Ciências Sociais, Humanas e Espirituais: tentar compreender e
legislar aquilo que não é regular, legislável. A cada um a sua própria
"receita", a cada um a sua própria dinâmica, a cada um o seu próprio
caminho, a cada um o seu próprio destino.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
homem, força telúrica de um só sentido, dimensão definida de um só destino,
condição, montanha própria, como quem aceita a limitação de se ser Eu
simplesmente, máscara vencida, correspondida por si mesma, vendada no seu
prazer, na felicidade que é só o prazer mantido, projectado, antecipado.
Desistindo de ser Super-Homem, demiurgo, Deus, e ser apenas o peso próprio, que
é já tão difícil de suportar. Aceitar as fronteiras do mundo, poder ser somente
a ilha própria, a lei própria, o deus de si próprio, e nem isso sequer...
aceitar a degradação, o momento da perda, o instante em que a insignificância,
o erro, a derrota se apoderam de nós. Ser homem simplesmente, fazer o luto da
pequenez, ter orgulho de ser pequeno, ser e não procurar ser mais, ser a dúvida
e não procurar corresponder-lhe, tolerar o desconhecido e viver a magia de um
mundo que é feito de véus, infinitamente permutáveis, infinitamente escamáveis.
Ser Eu e agir na grandeza da certeza de querer ser Eu somente, poeta da nossa
falésia, do nosso pequeno monte descoberto, do nosso carvalho suportando a
agrura do tempo, as tempestades de lágrimas, os rios de vento. Para que surja
finalmente o momento, o segundo quase perdido do encontro, encontro próprio no
encontro com o outro, as defesas perdidas, as muralhas desemparedadas, o
segundo já perdido do amor incondicional, de um "ouvir" da amizade,
que é o instante da pura redenção, o único segundo humano. Aqui terás sido
Espírito, e a Razão, os ritos, as crenças, as filosofias, os paradigmas, a arte
e os livros, tudo isto terá sido tornado inútil, matéria estéril que atrofia as
relações de homens estupidamente racionalizados. Ser homem, não ser Civilização.
Ser homem, coração encontrado na ilusão. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">O
sol remete para o ocaso todas as esperanças de ver a luz na frugalidade do
olhar reflectido nas águas túrgidas, empoladas pelos ciclos da vida nocturna.
Na noite, a dúvida desperdiça-se em mil tentativas de vivificar a ânsia da vida
dormente, o estertor do sonho recria o prurido de matérias e ferrugens,
putrefacções da carne divinizada pelo som perdido no eco litúrgico da poeira
cósmica, do leite derramado pelo arco-íris da matriz tecedora do mapa dos
universos de leis caotizadas pela dispersão de olhares perdidos na temeridade
do esquecimento. Recria nos teus poros o leito de todos os céus esculpidos
pelas mentes bárbaras da Torre de Babel, retém a liberdade dos povos na aurora
da tua paixão, manifesta em ti o princípio de um acorde de nostalgia, como um
oceano de nuvens a projectarem a sombra merecida no mar de ácidas lavas,
retorna ao vulcão fulgurante que projectas no teu olhar, sucumbe ao amor transtornado
dos loucos que rugem pela voz do vento da paixão, preludia a estocada funesta
dos sonhos corrompidos pelas grilhetas da tua própria misantropia, esgrime o
desejo perdido no ódio à tenacidade,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">preenche
o vazio dos que odeiam arqueologias,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">tentaculiza
a verdade dos sóis e das engrenagens,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">recua
perante o frio enchendo-te da sua luz,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">sê
livre, sempre, aqui, em todas as realidades,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">mata
a tentação de te escoares em vis barragens,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">mata
a tentação de não seres o caos merecido,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">a
loucura dos grandes, o crime enaltecido,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">suspende
a tua lei, levita, levita sempre,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">suspende
a gravidade, suspende a tua mente. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">*<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Descansa,
cessa de buscar,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">de
perder o fio da vida,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">a
ilusão enternecedora.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não
procures explicar,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
deus ou devaneio,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">quando
a Vida é já tão curta</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">e
o seu fluxo perde a tenacidade.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Querer
assustar a Verdade,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
quem a apanha no momento dúbio,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">é
querer o amor e o transtorno da ansiedade,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">E
é tão fácil ceder, conceder na teimosia,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">partilhar
o sono com as tardes há muito idas</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">da
inocência de outros tempos,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">como
a infância de outras Eras,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">que
é só o momento do mistério,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">o
que move a urgência de querer ser,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">de
querer voltar ao primevo Império,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">de
urgir no tempo prometido,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">que
é a paz de onde algures me retiraram.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sê
criança, não ouses crescer,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Trai
todas as expectativas, tudo o que pedem,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Trai-te
a ti mesmo não traindo a tua ilusão,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Mergulha
no sonho, nele permanece,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sê
grande em ser pequeno,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
homem simplesmente,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Como
quem quer ser feliz somente,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Não
pensar, não ser transtorno,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
só a terra, e as tardes douradas,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">A
emoção de ser sentindo,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Sem
Razão, só distracção,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
Eu mesmo, sem disso duvidar,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
Eu mesmo, e afirmar o orgulho de o ser,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">
Ser Eu mesmo, e não ambicionar,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
Eu mesmo, e nunca despertar,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
Eu mesmo, o guardador de rebanhos,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Tudo
ignorar, tudo ser,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Ser
o orgulho de não querer saber,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">de
não me importar sequer por não querer saber,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">de
não me importar com seja lá o que for,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">senão
com a felicidade e o egoísmo dos simples,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">da
criança mais plácida,</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Agnus
Dei despido de sacrifício.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Times New Roman;">
</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">Entro
no Inverno, deito-me, prenuncio a noite de mim, a noite de todos os mins, nesta
prometida hibernação, nesta nostalgia do Absoluto. Boa noite e até à próxima
manifestação...<o:p></o:p></span></span></span></div>
</div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Calibri;">
</span><div style="text-align: justify;">
</div>
</span><div style="text-align: justify;">
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: x-small;"><em>in «A Clínica do Sagrado. Medicina e Fisioterapias, Psicanálise e Espiritualidade» (2014, Edições Mahatma)</em></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-75990321596173983292013-10-14T15:54:00.001+01:002014-04-06T23:41:58.134+01:00O Paraíso (perdido) da modernidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Um
sentimento profundo de abandono - a solidão como impropério de pilares ainda
não reificados pela intenção civilizadora - terá levado o homem a criar os
Deuses, face aos quais o desenvolvimento de uma dependência arquetípica urgiria
como inevitável, a mesma que coisifica o h/Homem e que, simultaneamente, o
condena à possibilidade do eterno retorno ao mesmo Princípio que o iniciou. O
eterno retorno é o resultado da angústia de separação face a uma estrutura
arquetípica rememorada como paradisíaca. Também pode ser a necessidade de
renegociar com os fantasmas propiciadores de uma identidade ultrajada, os
demónios de uma infância em que os pilares arquetípicos, se bem que existentes,
se tornaram laxos. E se esses pilares são frágeis ou laxos, ora por défice de
deuses ou amor, ora por excesso do mesmo, a angústia de castração surge muitas
vezes no formato de uma agressividade, porque "o ataque é a melhor
defesa", porque urge gritar o domínio de um Ego deficientemente integrado.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
comportamento do h/Homem é, a cada momento, o resultado determinístico da
relação precoce com os seus deuses, e da relação dialéctica entre a última e o
conjunto de outros "a prioris". E o homem do Espírito, o filósofo, é
aquele que, de forma genuína, empreende a viagem mais radical no sentido de
firmar os pilares arquetípicos, enganadoramente não tanto os do "Eu"
pessoal mas mais os da Civilização, se bem que mesmo estes acabam mesmo por ser
os do "Eu", a mesma subjectividade que preludiará a preferência por
determinado paradigma e a escolha de um modelo filosófico em detrimento de
outro.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Claro
que o homem do Espírito se arrisca a manter-se como tal eternamente, pois que o
adiamento indefinido da negociação com os fantasmas privados no formato de uma
racionalização e projecção para matérias absolutistas e espirituais promete não
ter resolução à vista. O homem bem seguro de si mesmo não se torna filósofo.
Não pretende ser espiritual. Não tem sequer o sentimento de culpa de origem
arquetípica necessário à disciplinação do pensamento e ao desiderato ético que
subsume o desígnio do Espírito. A um nível radical urge o risco do Super-Homem
i/amoral.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
próprio acto ético, tal como o comportamento perfeccionista, é alimentado pelo
fantasma castrador, aquele deus fantasmático que, ao invés de permitir a âncora
securizante, alimenta o "Big Brother" interno. Fica o ser destinado a
agradar ao seu próprio Pater fantasmático, processo não resolúvel sem a viagem
terapêutica aos infernos, residência dos demónios recalcados. A "obra ao
negro" saturnina inicia o caminho de progressão, aquele que não é sentido
como necessário ao que se possui a si mesmo e a um atraente ancoradouro do
Princípio.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
Arché é assim causa de saúde e patologia, harmonia e desarmonia, é o início e o
fim, o que inicia e o que reinicia, o Pai fantasmático e o Ego tornado Pai. O
presente do ser, um pouco como o Eterno Presente do Espírito, só é possível
depois do Arché ter sido purificado. Sem a eliminação das impurezas castradoras
e da poluição da relatividade carnal íntima à temporalidade entrópica é
impossível atingir a Pedra filosofal, a sensação de completude que promete a
Imortalidade.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
tempo moderno pressente-se livre de Deus e da castração religiosa. Mas ilude-se
ao admitir a liberdade e a evolução. Uma nova religião tomou as rédeas do
controlo das consciências: a ciência, o liberalismo económico. O homem tem uma
fixação pela zona de conforto, recalcitra em procrastinar o momento do encontro
com o Si. Uma Histórico-Sócio-Psicanálise é requerida e o desiderato de uma
Ética Espiritual afecta à presunção da Nova Era arrisca fazer regressar o Homem
ao Arquétipo religioso, ao domínio de um novo Dogma. Nada de espantar,
atendendo a que o eterno retorno cíclico há muito condenou o Homem a repetir
sempre os mesmos erros...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A
Espiritualidade só pode sê-lo se conluiada com a eticidade, mas a ausência de
um critério falsificabilista que permita ao "não sábio" fazer a
distinção entre o verosimilhante e o não verosimilhante exponencia o risco de
uma nova dogmatização mefistofélica.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A
própria modernidade científica possui já esse pendor fáustico, promete dar ao
Homem a capacidade de se autodestruir, nem que seja pela promessa
"médica" da vida eterna, ou porque é a própria Inteligência
artificial que promete vir a ser o novo Deus. A tecnologização produz a
indústria dos mortos-vivos. A máquina e o homem são um só corpo, como
transparece nos filmes de Cronenberg. E ainda há-de vir o tempo em que o Homem
pensará que terá sido o computador a criá-lo a ele e não o contrário.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">É
que o tempo modifica a própria História, e são os Valores do presente que
constroem e demonizam os Valores do passado.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A
própria noção moderna de espírito não corresponde verdadeiramente à noção de
Espírito da sabedoria perene. Pois a linearidade Judaico-Cristã-Aristotélica
igualiza espírito e alma e contribui para individualizar aquilo que só fazia
sentido na perspectiva da Totalidade Ética. O liberalismo vem iniciar
decisivamente a temporalidade, matando o Arquétipo, matando Deus, com a
vantagem da morte do mau dogma, com a desvantagem da morte do bom dogma, com a
vantagem da destituição do Deus exotérico e religioso, com a desvantagem da
destituição de um certo panteísmo de continuidades, e lá se trocou
definitivamente a noção de Uno pela noção de Separatividade, afecta à
cientificidade das disciplinas e descontinuidades e ao espírito da
individualidade político-económica.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
próprio espírito autorístico e a obsessão pelo «Eu» é uma criação do Ocidente e
da modernidade. As Luzes vão reificar o racionalismo com vista ao paradigma de
um Ouro liberal. Na Ciência, é a Razão empirista dos anglo-saxónicos e o
cartesianismo corpo-mente. Na Educação, a massificação dos conteúdos cria a
Pedagogia e reitera o racionalismo humanista, e a razão Espiritual que
justifica o Ensino magistrocêntrico perde-se e até acaba por ser demonizada. A
obsessão pelo «Eu» na Educação moderna levou inclusive à perda da noção do
verdadeiro objecto da Universidade, quando, na verdade, esta não é sequer
Educação, nem lhe compete visar a criação de competências ou profissões.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O
mercado e a cultura da celeridade industrial e plastificada parecem querer dar o
toque final na dessacralização dos tempos modernos. Mas desenganem-se os que
pensam que esta cultura dessacralizada é isenta de deuses. O Big Brother
tecno-científico e industrial aí está repleto de força, a ditadura do mercado dita
a degeneração final do que vale <i style="mso-bidi-font-style: normal;">per si</i>;
as coisas já não valem o que valem, elas valem o valor que lhes é imputado, e
esse valor é decidido pelo mercado, e ficam assim o clássico e o sagrado
destituídos da sua qualidade, porque o mercado os acha "antiquados",
coisas do passado, quando o eterno não é passado, presente ou futuro, mas a
modernidade diz também que o eterno não existe, é a ilusão do homem do Espírito,
o mesmo que teve necessidade de criar o Eterno por temer a sua própria
destruição. Esquece o homem moderno que também ele teme a sua destruição. Matou
os deuses, mas inventou outros instrumentos pseudo-arquetípicos, mas que, não
sendo sagrados, não param o tempo, não securizam, não pacificam.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Às
tantas, mais vale o arquétipo controlador do tipo ético, do que aquele que faz
a violência. Mas é que o Homem está condenado a transformar qualquer Arquétipo
inicialmente bom numa estrutura de conforto alienante e castrador. Demanda o
tempo entrópico que o homem volte sempre a fazer asneira. A entropia é a
fisiologia do eterno retorno. Para que, transpondo a condição humana, o próprio
Arché demande a evolução, a mesma que poderíamos querer gorar, mas que estamos
destinados a não o conseguir desejar. E como estamos condenados a tornar-nos
deuses mesmo que o não queiramos, poderíamos sempre tentar a vanidade da
vontade, a desistência do caminho, mas é que a nossa condenação itera a própria
desistência da desistência, senão a ilusão da liberdade...</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">A
eterna repetição é a regra de um Ocidente que opta por manter a ilusão de que a
actualidade é evoluída face ao passado, quando é o próprio mecanismo temporal
que obriga ao desgaste da estrutura do Princípio paradisíaco. É mais uma
ilusão, a concorrer com a ilusão etnocêntrica - que implica a noção da
superioridade da cultura ocidental, assim como a ideia de que a Europa é o
velho mundo, quando, na verdade, a cultura oriental é que é realmente o berço
da Sabedoria - e a ilusão especista - que depreende que o ser humano é o único
ser dono de consciência, sofrimento, e, como tal, de direitos ético-morais.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Há
ainda a ilusão dos Valores estanques, aquela que permite avaliar o passado à
luz dos valores actuais, sem que um esforço de adaptação hermenêutica tenha
sido requerido. A mesma que permite considerar o passado como
"atrasado" face ao presente, como "mau" relativamente ao
"bem" do presente (como se o "bem" e o "mal" não
tivessem sido sempre meros julgamentos de valores...), quando há somente uma
incapacidade de perceber que não há verdade alguma senão a nossa verdade, o
nosso contexto, e que a tentativa de nos colocarmos num outro contexto reitera
a saída de nós mesmos, o exercício de uma racionalidade meta-egóica, e a necessária
elevação na escada/escala da Consciência, o propósito da libertação da nossa
condição, a tentativa de libertação de uma mente a partir da mesma mente de que
nos pretendemos libertar. Oxalá a mente permita o funcionamento quântico, pois,
de outra maneira, a libertação não terá outra resolução senão na morte da
carne, na extinção do Eu, no encontro do Si-mesmo com o Nulo que somos
incapazes de trazer à cognoscência.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia;"></span></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-family: Georgia; font-size: x-small;"><em>Publicado na Revista "Triplov" (Dezembro de 2013) e também no livro «A Clínica do Sagrado. Medicina e Fisioterapias, Psicanálise e Espiritualidade» (Edições Mahatma)</em></span></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-28539784331866715342013-10-10T18:18:00.001+01:002013-10-10T18:19:28.221+01:00O novo livro: «As Metamorfoses do Espírito. Sobre o mal, a psicologia da Filosofia e o Super-Homem», já disponível em http://edicoes-apeiron.blogspot.pt/<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">«A via do ‘Arché’ é a via do Demiurgo: alcançando os
alicerces do manifesto, a tentação que se consome visa a duplicidade de um
desejo do Inominável e de um desejo de Individualidade, como a criança que, na
eterna saudade do ventre consolador, vislumbra a possibilidade de um devir que
mais não é do que a solidão de uma aventura que, perpassando trevas, mas também
recompensas e letargias, visa a Unidade do ‘Eu’, que, não sendo porventura a
Totalidade, é a derradeira pacificação do Ego, que já não é Narciso porque
consolidou o momento originário, o instante em que a consciência teve origem e
já não era autoconsciência ou o era sem o ser porque era já o baldio de uma
argamassa de Logoi desconformes, porque de outros que já outros não são, porque
já são o ‘Eu’, que nunca ‘Eu’ será, mas que, todavia, é Ego afogado em sonhos,
esperanças, desejos, ambições, necessidades, com tudo isto a ser o prelúdio da
ilusão que se derrete no devaneio da identidade, na falsa noção de que se é num
mundo em que nada É verdadeiramente, porque o Espírito tudo dilui, porque o
Espírito se escoa num movimento perpétuo criando poros e fragmentos onde a
densidade se permitia afirmar numa coisa irrealizável, porque o Espírito tudo é
e subsume, tudo transtorna num Nada que é precisamente a Realidade tornada
incognoscível pela pérfida incerteza, e esta a manar num fluxo permanente de
relatividades, que pareciam ser somente desalentos, ou falta de talentos, e
acabou por ser a Verdade colapsada no Vazio, de um caos que harmoniza as ordens
incertas, irreparavelmente prementes da premência da iminência de Universos,
coevos e derivados, que se parodiam de ser alguma coisa quando a Verdade não o
é e mais se afirma pela frustração de querer ser o que É, quando Nada Ser é a
derradeira fantasia.»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><em>in</em> "<strong>As Metamorfoses do Espírito. Sobre o mal, a psicologia da Filosofia e o Super-Homem</strong>", o novo livro que reflecte a problemática do mal, o corpo, a psicanálise, a Espiritualidade e a filosofia de Nietzsche, e que inclui o ensaio poemático e o fragmento aforístico como via de "comunicação".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em breve nas livrarias Bertrand e <strong>já disponível para compra em </strong></span><a href="http://edicoes-apeiron.blogspot.pt/"><strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">http://edicoes-apeiron.blogspot.pt/</span></strong></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> num preço promocional de lançamento, com a possibilidade de envio para qualquer país fora de Portugal, incluindo o Brasil e restantes países lusófonos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1D-izXV8hdZ9G4u3bNNjMASGYewH5aJ7tlnm97-vUin6RrxukRyMT0-WSLwtiSLGwTfSlSiweUPgH-4imLH-zYdtLESatq46dBgs948aLXHft5wkCbWIZbhgQ21ljYpZ2Z16gHQ/s1600/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito+Capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1D-izXV8hdZ9G4u3bNNjMASGYewH5aJ7tlnm97-vUin6RrxukRyMT0-WSLwtiSLGwTfSlSiweUPgH-4imLH-zYdtLESatq46dBgs948aLXHft5wkCbWIZbhgQ21ljYpZ2Z16gHQ/s320/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito+Capa.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;"></span> </div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-39359991084136133912013-10-07T12:56:00.002+01:002014-04-06T23:23:36.987+01:00Crítica da Razão Clínica (tempo e Espiritualidade, medicinas, psicanálise e Alquimia)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">«<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O fundamento
do tempo é a memória</i>»</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">Gilles Deleuze<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></b></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">«<i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Luzes que
descobriram as liberdades inventaram também as disciplinas</i>»</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt;">Michel Foucault<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Atendo
o absoluto da Singularidade divina enquanto Totalidade imanifestada do que as
coisas são no sentido objectivo (para logo deixarem de o ser na perdição
quântica do eterno presente e traduzirem o Nada do eterno movimento, no sentido
heraclitiano de um repouso permanente), e o reino material arquetípico como a
Totalidade manifestada do que as coisas são e estão quase a deixar de ser para
outra coisa ser, não restam muitas dúvidas de que a temporalidade e a corrupção
dos elementos por ela implicada são pertença do mundo da matéria, desse
"inferior" que se inicia logo abaixo do Inefável para quedar
luciferinamente no seu nível mais grotesco e saturnino, no quase esquecimento
de um reino dantesco de demónios e fantasmas muitas vezes apelidados de
"diabólicos".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
diabolismo, enquanto coisa que afasta ou desagrega, é menos o afã de um
personagem secularmente demonizado por um certo cristianismo exotérico do que a
qualidade implícita da carnalidade, o tecido inestético das leis da
animalidade, a espessura própria do ser fenomenológico, do devir corruptor, do
atrito desolador, enfim, a vestimenta veladora dos falsos absolutos, de um
mundo em que a relatividade e a incerteza vão sendo alimentados pela corrente
lodosa de uma temporalidade embriagadora.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Embriagação
de um tempo que consome a perfeição paradisíaca de um "Princípio"
arquetípico (Arché), porque a relatividade produz a multiplicação numa quase
infinidade de acontecimentos, factores ou variáveis. Um tempo que remata o
princípio do fim das origens, pondo ciclicamente fim ao sentimento vívido do
Sagrado, colocando um termo no receptáculo da necessidade do conforto mítico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
tempo, a História e a dialéctica têm o poder de fundear o Homem no eixo
cabalístico dos contrários, numa reprodução incessante de dualidades instáveis,
e somente a repetição cíclica do Princípio permite renovar a condição
originária, aquela que, na perspectiva do "bom selvagem" de Rousseau,
denuncia o carácter incondicionadamente benigno de um Homem ainda não traído
pela maldade da temporalidade entrópica. Uma renovação revista na perspectiva
do "in illo tempore" mítico (Mircea Eliade) ou do regresso cíclico à
Era de Ouro indiferenciada, antecipada pela destruição diluviana da Era precedente
(conspurcada pela soberba do poder de uma cientificidade fausticamente rendida
à intenção de destruição mefistofélica).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Este
"não tempo" do Princípio reitera a inocência, a liberdade do conforto
de uma vivência despreocupada no Paraíso, portanto uma liberdade um tanto
animalística, uma pseudoliberdade que requer o tempo para propender o caminho
próprio de uma liberdade autónoma, trajecto destinado pelo próprio Arché,
incluindo a necessidade saudosista de regresso ocasional à estrutura inicial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
regressão indefinidamente perpetrada pelo passado mítico, um pouco diferente da
perspectiva cíclica do Bramanismo/Sanathana Dharma, na qual o "eterno
retorno" está destinado a deixar de o ser para que uma libertação genuína
no sentido do Divino possa ser ciclicamente alcançada (o que não implica que um
novo processo involutivo não velha igualmente a ocorrer, mas com a
possibilidade deste "retorno" não o ser verdadeiramente porque a nova
involução se dá no ventre de uma escala de evolução espiritual superior à que
precedeu o grande ciclo temporal anterior). O retorno periódico ao conforto dos
Deuses, Heróis ou Pais consoladores, que implica a diluição da "angústia
de separação" do Homem face a um "Superior" que a Humanidade
mítica requereu construir porque não conseguiu tolerar a solidão da sua
Condição originária.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
tempo Histórico pode ser o que se iniciou há milénios, como também pode ser,
reiterando a perspectiva de Michel Foucault, o que se inicia derradeiramente
com o liberalismo, sobretudo no que à "Clínica" diz respeito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
tempo é, assim, o sinónimo da profanação, da secularização, da dessacralização
da Unidade primacial, com esta a ser submetida a um processo de fragmentação
cognitiva, necessária de algum modo ao próprio processo de massificação secular
dos saberes no contexto escolar e até das profissões (agora vistas numa perspectiva
smithiana).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
tempo clássico, na perspectiva de Foucault, antecede o liberalismo, até ao qual
o Sagrado se mantinha ainda como força dominante, se bem que há muitos séculos,
senão milénios, que tinha assumido um formato exotérico de religiosidade popular
confortadora e limitadora da liberdade de pensamento (estando a sabedoria
profunda e esotérica reservada a uns poucos iniciados ou eleitos, e,
particularmente desde os tempos medievos, sujeita a um tipo especial de
secretismo, que teve a perseguição da cultura eclesiástica oficial enquanto
catalizador).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Cedendo
à tentação de estabelecer marcos históricos, há que reter particularmente o
processo epistemológico de separação cognitiva entre Sujeito e Objecto,
iniciada com o nascimento da Ciência moderna e reforçada esmagadoramente pelo
Positivismo do séc. XIX, processo que reificará decisivamente a tragédia da
separação dos saberes, incluindo a dessacralização e a desvinculação Ética de
um saber adequadamente "científico". Como se a Ciência/Epistémi não
fosse iniciaticamente todo o Conhecimento dito "racional", em
oposição à Doxa, matéria opinativa e portanto irredutível ao julgamento da
Razão...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
irredutível é assim reduzido e dividido pelo fluxo da temporalidade
desorganizadora e relativizadora. Processo relembrado pelo orgulho de uma
ciência que tem a fobia de ser confundida com o dogma religioso ou o dogma
pagão que ainda vigorava na medicina do tempo anterior ao liberalismo, esta
última tantas vezes parodiada nas comédias de Molière.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
nova ciência exclusivamente materialista assume o protagonismo no século de
Darwin, retumbando esmagadoramente, ao ponto de até as matérias humanas e
espirituais se tentarem assumir nos termos do tecido semiológico próprio do
positivismo. A Sociologia e a Psicologia nascem enquanto ciências precisamente
porque tentam explicar os fenómenos humanos mediante a utilização dos
instrumentos da Física, e até a matéria espírita - interesse
"lúgubre" dum século muito marcado pela atracção ocultista - se tenta
definir em termos essencialmente científico-materialistas. O séc. XIX marca
definitivamente a abertura à obsessão telúrico-individualista, e somente um
certo Idealismo e algum Romantismo se manterão epistemicamente desligados da
obsessão da concretude (mas não em termos políticos, com os mesmos a abraçarem
algumas das pretensões "igualitaristas" da revolução liberal, e
assumindo uma perspectiva utopista de uma nova Idade de ouro, de uma Sociedade
"última" e renovada). O idealismo alemão manter-se-á parcialmente a
salvo da pretensão do racionalismo científico das Luzes, se bem que a noção de
um "fim da História" enquanto Utopia finalista de um tempo
linearmente demarcado o aproxima da perspectiva Aristotélico-Judaico-Cristã de
representação da Realidade, com esta escolástica a desempenhar, de algum modo,
um mediador de proximidade e adaptabilidade da religião às perspectivas
científicas da modernidade. Hegel propõe uma dialéctica do tempo que somente vê
o seu "fim" na assunção do Espírito, nos termos de uma temporalidade
"ocidentalizada", e o materialismo dialéctico vem substantivar a
dialéctica mas destronar o idealismo com a presunção de encontrar a Utopia no
"fim da História", mas agora numa perspectiva
"adequadamente" profana e materialista (se bem que não positivista).
Mesmo o relativismo do séc. XIX, nos termos de Schopenhauer e Nietzsche, não é
do tipo "absolutista", mas somente ancora na perspectiva de que todo
o Absoluto, todo o Espírito, se reduz a uma dinâmica de subjectividade,
antecipando, de algum modo, a obsessão freudiana do séc. XX.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">No
século XX, a assomar à tónica subjectiva da Psicanálise - que propende, por um
lado, a "relativização" da quimera do Absoluto e, por outro, a
proposta "determinista" face aos comportamentos -, temos o
relativismo "absolutizante" encaminhado pela nova Ciência quântica,
que logo é aproveitado pelo Espiritualismo para coisificar a proposta libertarista
do Homem (nunca se chegando a demonstrar adequadamente que aquilo que pertence
à escala subatómica pode ter algo a dizer no respeitante à escala do homem, no
seu sentido restrito), num sentido próximo do Idealismo hegeliano e ainda mais
próximo do Idealismo Objectivo das antigas Espiritualidades, e quase
grosseiramente usurpado pelo Pós-modernismo, que vem re-substantivar a
aproximação entre Sujeito e Objecto, como se tal coisa fosse nova e não
incluísse o tecido "cognitivo" do reino milenar das Espiritualidades.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não
obstante, o Pós-modernismo tem uma relação bastante mais próxima com o
relativismo que o mundo das Espiritualidades, pois se o primeiro concebe a
possibilidade de um libertarismo enquanto regra abrangente, negando um pouco a
metafísica - coisa que assumirá um aspecto mais radical com o
pós-estruturalismo e o desconstrucionismo -, o segundo não pretende negar a
realidade literal (ou será um velo?) de um Absoluto meta-humano, reduzindo o
relativismo ao humano "velado", prisioneiro da caverna da
carnalidade, sobretudo se inquilino de um edifício pouco elevado da
escala/escada da Consciência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não
obstante, munido de uma série de influências bem contemporâneas - para além da
ciência quântica e das filosofias idealistas e relativistas, o pós-marxismo, o
subjectivismo, a psicanálise, a ciência cognitiva, entre outras -, o
Pós-modernismo vem marcar a aurora de um ensombramento, que é o da ciência
realista, positivista, ainda actualmente convencida de que a Realidade externa
pode ser estudada em independência face ao observador. Podemos dizer que o
Pós-modernismo é, então, uma "reactualização nostálgica das origens"
espirituais (perdoe-me Mircea Eliade por repetir tanto as suas palavras), e,
nesse sentido, é impossível não vislumbrar na Pós-modernidade o ensejo da Nova
Era, daquela que rematará o regresso ao Espírito (resta saber se a Nova Era que
se aproxima corresponderá a um "simples" retorno à Era mítica, ou se
a corrupção dos tempos modernos levará à destruição diluviana, com a
possibilidade de a Nova Era ser também o tempo de uma nova "raça" -
isto, claro, segundo a visão teosófica, e não me atrevendo eu a referir tempos
concretos).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
"eterno retorno" parece figurar perpetuamente como a Regra da
temporalidade dialéctica. E isto inclui, sabidamente, a própria História da
Filosofia e das Ideias, com um faseamento triplo de "Idades humanas"
(que tanto podem ser as do Homem civilizacional, como as do homem singular no
sentido ontogenético) em cíclica e constante repetição: (1) a infância, a idade
mítica, arquetípica, em que os Deuses/Pais ainda desempenham o papel de
protectores, e em que a religião fortemente exotérica ainda assume a dianteira
face à esotérica e profunda; pode ser o tempo pré-histórico ou até mesmo a arqueologia
foucaultiana, a idade clássica anterior à modernidade liberal. Um tempo que não
exclui as excepções da espiritualidade esotérica para uns tantos eleitos e uma
mística ocidentalizada por meio de uma Grécia assumidamente platónica e de um
Idealismo que será sempre o modelo dominante da História da Filosofia,
espiritualidade, arte e literatura ocidentais até que o domínio aristotélico
comece a tomar a dianteira. (2) a juventude/adultícia, a idade moderna,
científico-materialista, aquela em que o Homem utiliza o cepticismo científico
enquanto instrumento de assunção de uma fúria libertadora face ao Paraíso agora
visto como castrador (de facto, se a "angústia de separação" da criança
é o quesito dominante do apego ao Arché, a "angústia de castração" do
jovem domina no (novo) apego ao dogma científico, com este "re-apego"
a ser prova de uma falsa Luz, de um Arché reinventado, igualmente protector,
mas agora mais apologético de uma nova automomização que não viu, contudo, a
sua realização integral, senão o perigo da eterna manutenção na compulsão da
materialidade). A idade ainda dominante nos tempos em que vivemos, em que o
Homem, desconhecendo o verdadeiro e prístino objecto da Espiritualidade (porque
a "doutrina" oficial insiste somente na visão dessa enquanto sinónimo
de religião "mediada", exotérica, literalizada, viciosamente
cultuada), pressupõe a laicização enquanto estratégia de independentização face
aos Deuses/Pais. Não entende que a sociedade de consumo, a mundaneidade
prazenteira, a overdose de informação, a quimera tecnológica e a indústria
cultural das "massas" exercem a violência castradora de um modo
semelhável a qualquer outra forma de castração inquisitorial. Queixa-se dos
tempos do Sagrado e parece não reagir à "normalidade" do tempo
moderno do Big Brother. Confunde Cânone e Dogma (no bom sentido) com
aprisionamento e contenção, permanecendo alienadamente refastelado num mundo em
que as Estruturas e os Pilares civilizacionais sofrem a humilhação dessa inútil
e trôpega juventude pseudo-reaccionária (e isto inclui aqueles que padecem da
"doença infantil do Comunismo", que, pretendendo-se livres do sufoco
religioso, não se reconhecem nos termos tentaculares da prisão ideológica). Um
tempo em que, face à ausência do conforto religioso, destruídos (pelo menos
aparentemente) os pilares da protecção arquetípica, o Homem mergulha, mais do
que nunca, no jogo de quimeras, ilusões placebetárias, feitiços mentais
plastificados, dificilmente controvertidos pela força de uma Infância (que, de
qualquer modo, já não existe, pois já nem os pais ou as famílias existem...) ou
do divã do psicanalista, quase sempre mais necessitado de terapia do que capaz
de propiciar a evolução mental do seu "paciente". (3) a maturidade (a
pós-modernidade), a fase verdadeiramente evolutiva, aquela que remete para o
arquetípico, mas que propende o avanço para o arquétipo próprio, para o
Demiurgo que existe veladamente e em potência no próprio homem, senão Deus-Homem
Ele mesmo enquanto Civilização, Totalidade, Unidade, Indiferencialidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ora,
revendo a temática do "eterno retorno", <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vide</i> o número interminável de vezes em que estas três idades se
verificam (e repetem) na História do Homem, incluindo as fases da vivência
helénica: fase homérica (mítica), fase moderna (transposta, por exemplo, nas
obras de Eurípides, marcando uma certa emancipação face aos deuses míticos) e
fase pós-moderna (o helenismo propriamente dito, a fase fulgurante de uma
Alexandria enquanto foco centrípeto das mais ricas culturas, não olvidando os
saberes milenares profundos e herméticos). Veja-se também a própria História da
Filosofia, que vive intermitentemente a transmutação "paradigmática"
do Idealismo em materialismo e este em Idealismo...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Esta
vivência da temporalidade dualista, em que a Idade Síntese (Esotérica) poderá
resultar do confronto dialéctico entre uma Idade Tese (Arquetípica) e uma Idade
Antítese (Moderna/Liberal/Materialista) realça particularmente a tendência
inalienável para a Existência se conceber nos termos de uma odisseia de
perpétuo e inextinguível movimento dinâmico, em que o eterno retorno parece ser
quase a regra, incluindo as grandes Idades míticas (desde a Idade de Ouro à
Idade de Ferro), e até, de certo modo, os grandes processos cíclicos, tal como
vislumbrados pela antiga filosofia da Índia. Uma simples discussão filosófica
perpetrada entre dois simples seres poderá ser bem exemplificativa da forma
como a temporalidade dinâmica de uma instabilidade perpétua ou "não
concordância" poderá originar um mecanismo "ad eternum", sem
solução final e aparente à vista...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Daí
que a própria noção de Idade de Ouro enquanto Utopia do "fim da
História" poderá parecer mera quimera, pois não há mundo Ideal que sempre
dure e que sobreviva à necessidade de mudança ou transposição. Tal como não há
existência Utópica que permaneça eternamente incorrupta e imaculada, até porque
é a própria entropia que demanda o desgaste temporal do que parecia
incorruptível.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Esta
tendência para considerar as coisas incorruptíveis também merece um certo esgar
ou sorriso. É a própria ilusão (mayávica) da carnalidade que demanda que as
coisas pareçam "obra acabada", objectos do Absoluto (quando é a
própria História que acaba por demonstrar que aquilo que parecia inicialmente
um Valor incorruptível demonstra ser, mais tarde, um pequeno valor relativo ao
tempo que somente alguns pretenderam absolutizar movidos por insegurança
interna - necessidade milenar dominante do espírito em querer ser Espírito -
e/ou intenções menos benevolentes). Como se o Absoluto pudesse sequer ser
contemplado pelas nossas mentes relativisticamente determinadas. Como se o
Divino estivesse ao alcance das mentes humanas, escolar e cognitivamente
treinadas para serem "uma coisa e não outra". Como se o pensamento e
a linguagem, que são necessariamente relativos, ousassem sequer reflectir o
Irreflectível e pensar o Impensável, que é como dar coloração ou qualidade ao
Inefável, Inqualificável, Inexprimível, à Totalidade imanifestada, ao Nada da
Singularidade quântica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
dialéctica do "eterno retorno" apela obviamente a um tipo de
relativismo não comparável à noção de uma certa irrepetibilidade fenomenológica
(como no "Dasein" de Heidegger), com esta a ser, de algum modo, a
regra da existência interior, pensada como tendo um início e um fim definidos,
se bem que esta "consciência linear" pode ser a norma do íntimo de
cada ciclo, fase, Idade ou Era.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Por
meio dessa irrepetibilidade lá vai o homem alimentando a noção de que ele é o
mundo, de que é livre e indeterminado, de que ele é o responsável único pela
História, responsabilidade rapidamente abandonada para um "outro"
(homem ou Deus), no preciso momento em que o peso inexorável de um destino
escabroso revela acontecimentos históricos dificilmente suportáveis por uma
mente arquetipicamente oca (passe-se a incoerência da "insustentável
leveza do ser"...). A lógica do homem tem sido essa: livre para o que
consegue fazer com mérito ou quando as coisas correm bem, determinado para a
incapacidade ou quando as coisas não correm pelo melhor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
irrepetibilidade fenomenológica nutre obviamente a sensação de liberdade
necessária a uma não desistência do caminho face ao devir. É ela que
possibilita o antes e o depois requeridos à evolução. Por outro lado, a
evolução implica o reencontro arquetípico, mas este deve ser um
"retorno" essencialmente temporário, de modo a que o
"iniciado" possa firmar a aurora da sua libertação. Este
"prelúdio" precisará do Outono amadurecido da vida. Requererá a
superação dos condicionamentos que citei nas fases da Primavera (Infância/Era
mítica) e do Verão (Adultícia/Modernidade materialista), com vista a uma
lentificação da temporalidade, em que a síntese esotérica se aproxima de algum
modo da fase infantil arquetípica (o que é o mesmo que dizer que a evolução
demanda o regresso à infância, ao útero materno, ao paraíso do
"Pater"... para que uma "infância própria" possa ser
(re)criada).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Este
retorno rememora, obviamente, e num tom mais profano, o objecto da Psicanálise,
e também o objecto da Fisioterapia reeducativa (tal como a concebo, enquanto
voz minoritária), com estas a assumirem o aspecto de uma verdadeira Alquimia
transmutadora. Não se pretende, obviamente, que estas terapias forneçam somente
um placebo que, ao promover a mitigação do sofrimento das "dores de
crescimento", mais implica a "não evolução" do que o necessário
crescimento espiritual. A Psicanálise tem sido muitas vezes aplicada com o
intuito de mitigar o sentimento de culpa face à tentação "teomaníaca"
do homem querer melhorar-se de forma ética e redentora. Aí, estaria a assumir
um papel semelhável ao da religiosidade exotérica, confortadora do sofrimento,
com este último a poder constituir-se como a "espada" necessária ao
crescimento («Não vim para trazer a paz, mas sim a espada»). Da mesma maneira,
a Fisioterapia e a medicina convencionais são usadas maioritariamente enquanto
estratégias de minoração da dor/sofrimento, como quem pretende calar a raiz de
um sofrer mais profundo. Obviamente que o conforto importa, tanto quanto
importa regressar ao Arché paradisíaco, com este a ser capaz de minorar a dor e
de proporcionar algum alívio prazenteiro. E é no seio desse mesmo Arché que
pode e deve ser buscado o elo requerido ao caminho próprio. Mas o risco de uma
perpetuação de residência no paraíso em que o Pater é um "outro" é
extraordinariamente grande, e é nisso que tanto o mito quanto a religião
exotérica se fundem numa proximidade de "eterno regresso" (uma
neurose, no sentido psicopatológico), senão até de um mal maior que é a eterna
manutenção na infância (a alienação da psicose). É certo que é uma requerida
"atemporalidade", mas quer-se igualmente o momento da realização
integral, que, no sentido terreno (portanto, do "quaternário
inferior"), é o Homem superior (quiçá o Super-Homem) capaz de criar ele
mesmo o seu Arché, e portanto de ser criador, Pai Demiurgo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Não
obstante a ligação das antigas terapias ao princípio espiritual da libertação
(incluindo, com obviedade, a meditação) - subjacente, muitas vezes, a um trabalho
feito no sentido Superior > Inferior - dificilmente podemos considerar que a
Psicanálise e a Fisioterapia reeducativa ultrapassam o elemento
"alma" do quaternário inferior. O excesso de materialismo que as
consome (porque surgidas institucionalmente na época moderna) leva-as a ousar,
na melhor das hipóteses, a criação do Demiurgo no próprio paciente. O que não
invalida que elas não devam ser o mais "holísticas" e totalizantes
que for possível. Coisa que, no contexto da medicina e fisioterapia convencionais,
ainda está longe de se verificar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
Psicanálise e a Fisioterapia verdadeiramente holísticas (que, no caso da
última, é uma raridade, não obstante aquilo que se advoga) podem ser vistas,
então, como uma reactualização da Alquimia, se bem que, considerando que se
mantêm ao nível da "manifestação humana", não deverão ir para além da
mera "purificação mercurial" (ou seja, o retorno à matéria prima).
Assumindo que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> encarnado está
inextrincavelmente ligado a uma "condição humana" de determinação,
não posso deixar de conceber que, mais do que a libertação (no seu sentido
literal), o homem somente conseguirá, no melhor dos casos (portanto, na
condição de homem completo), escalar até ao topo da montanha de
Consciencialização (quiçá, alcançando uma sensação de completude, não desejará
sequer a suposta "libertação" face à Totalidade, pois que já se sente
como Total, narcisicamente compensado, um Sísifo pacificado...). O que
significa a obtenção de uma adequado nível de Noésis, mas jamais a verdadeira
Totalização do Ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
ouro alquímico não é, então, o desiderato das modernas terapias e psicanálises.
Terá sido o objecto de outros tempos, anteriores à corrupção da idade mítica
pela temporalidade da modernidade liberal. Poderá vir, igualmente, a ser o
objecto da pós-modernidade, aquela que acredito vir a criar a derradeira
redenção da Espiritualidade esotérica (será possível acreditar que ainda actualmente,
no tempo hipermoderno, existem no nosso Portugal profundo pessoas que acreditam
ser a maçonaria, a alquimia, o rosa-crucianismo ou a teosofia obra do Diabo?...
Se for obra o Diabo, é somente porque os níveis saturninos são a rampa de
lançamento da iniciação. Talvez ainda possamos encontrar nessas terras alguns
rituais mistéricos, e ainda mais provavelmente "crentes"
"ortodoxos" com uma atracção pelo fogo... E não é tudo isto a
maravilha das trevas medievas, aquelas a que ainda se associa a suposta origem
"recente" da Alquimia?).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Claro
que a obtenção do "Ouro" tem como pré-requisito a progressiva
consciencialização e "libertação" face ao condicionamento relativista
associado ao velo da carnalidade. O que significa que há, de algum modo, uma
relação de proporcionalidade directa entre a consciencialização, a libertação,
a subtilização (em que o corpo começa, de algum modo, a deixar de o ser) e a
lentificação gradual do tempo. No estado final, obtém-se a Totalidade, que é
como abandonar a escala da materialidade (ou seja, a condição humana) e abraçar
a escala quântica da Energia imanifesta. Que é como tornar-nos Deus, ou
simplesmente pertencer ao Divino, que é o Éter que tudo É e atravessa, que em
tudo jaz e tudo controla; é o Testemunho e portanto a Totipotência; ou será
simplesmente o Nada, Não Ser Total sem consciência ou livre arbítrio (apesar de
possuir pura Liberdade)?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Será
certamente a ausência de "antes e depois", de atrito, de sofrimento,
de devir, e também de individualidade, de separatividade, de subjectividade; e
é por isso que alguns psicanalistas antipatizam com o objecto da
Espiritualidade: preferem a felicidade do Eu na Terra, de um Eu pacificado,
quiçá Demiurgo ou Super-Homem (Nietzsche), mas desprezam maioritariamente o
ensejo do esvaziamento egóico, do sacrifício ético, da perda da consciência
própria em nome de uma Totalidade indiferenciada. Alguma vez no contexto da
teoria clássica de Freud poderia ser concebido o "andrógino" ou o "Hermafrodita"
enquanto ser "psicanaliticamente acabado", ainda mais quando o
período "final" do seu "desenvolvimento psicossexual" é o
da diferenciação genital?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
esta perspectiva podemos assomar a interpretação psicanalítica da
"construção Espiritual" que, valha-nos o elemento meramente
interpretativo, poderia ser o objecto crucial da Psicanálise Jungiana. Porque
em Jung, tanto o Arquétipo como o Inconsciente Colectivo podem ser
materialisticamente interpretados como uma Consciência Civilizacional/Colectiva
no contexto do qual as construções religioso-espirituais dos diferentes povos
teriam origem no mero facto de possuírem genéticas comuns e também relações
comparáveis com o seu ambiente exterior. Será isto suficiente para explicar
tamanhas similitudes entre construções espirituais de diferentes religiões,
mesmo entre aquelas que dificilmente poderão ter sido culturalmente
miscigenadas?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Esta
é uma interpretação materialista que tem sido muitas vezes apresentada, e que
assomada ao facto de muitas construções supostamente esotéricas terem resvalado
para o lado da fraude, coloca muitas vezes a Espiritualidade numa situação de
alguma delicada reputabilidade (temos de admitir que a impossibilidade de
podermos utilizar um qualquer critério falsificabilista de modo a distinguir o
"verosimilhante" do "não verosimilhante" na matéria
pertencente ao domínio da Noésis pode levar a alguns excessos e, sobretudo, ao
engano dos mais desavisados ou nescientes... Isto é também a fraqueza de uma
apregoada "não cientificidade" do método pós-moderno, incluindo a
possibilidade de um certo "relativismo interpretativo" com intenções
parciais e não cunháveis com a Ética criar o "mau dogma" e a dominação
a partir daquilo que seria no máximo um "bom dogma" do Espírito, o
que nos rememora o objectivo do critério falsificabilista de Popper e dos
"liberais"). Como convencer as pessoas, as massas presas à
carnalidade, da "obviedade" das construções do Idealismo enquanto
Obra maior da Sophia (pelo menos para os "destinados" ou
"eleitos" a uma compreensão do que pode ser visto como reminiscência
platónica)? Não será talvez por isso que, em tempos passados, um certo
secretismo mistérico permitia o acesso dos saberes profundos somente aos
eleitos, aos mais preparados e já mais desalienados?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Mantendo
a visão da crítica materialista, é possível afirmar que, de algum modo, uma
certa perspectiva psicanalítica poderá advogar que a Espiritualidade é somente
o resultado da generalização do Inferior mental individual para o Superior
Civilizacional e Supergóico. Desse modo, o Arché é como a Origem do ser (o
útero, o nascimento ou o início da consciência), o Paraíso é a casa dos pais,
Deus é o Pai, e as fases da vida individual podem ser os inúmeros ciclos a que
já me referi, ou simplesmente os inúmeros processos reencarnativos; o eterno
retorno corresponde ao regresso constante aos nossos fantasmas infantis e que
preludia o neuroticismo da vida, assim como a evolução corresponde ao
crescimento individual, e a obtenção do próprio Arché, ou seja, a chegada ao
topo da montanha (o mercúrio alquímico enquanto matéria impoluta), pode ser a sensação
de completude da maturidade ou, antes disso, o momento de o homem se tornar ele
mesmo Pai de um ser vindouro (coisa não facilmente alcançável pelo ser que não
se redimiu a si mesmo no confronto com os fantasmas impregnados pela fixação
arquetípica e que podem ser a angústia de uma prisão de recalcamentos). A lógica
das analogias podia ser requerida eternamente, e se o materialismo vai sempre
advogar que é o homem que fez Deus à sua imagem, o Espiritualismo vai sempre
defender que Deus é que fez o homem à sua imagem, para que o verdadeiro sábio
não queira sequer importar-se muito com estas questões (e divisões) e prefira
somente viver simbolicamente os processos, e crescer, libertando-se, ou ter a
sensação de descondicionamento (esta liberta, mesmo sendo nominalmente uma
ilusão, porque uma certa dependência arquetípica, a ligação à condição animal,
se mantém na persistência da materialidade). Também poderíamos entender a
questão da Totalidade ética e do Eterno Presente como o resultado normal do ser
pacificado, porque libertado do processo de Eterno Retorno. Livre da neurose e
da vivência contínua do passado, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
vive finalmente pacificado no presente, capaz de amar porque se sente amado e
securizado (segurança obviamente dependente do encontro, fixação decisiva e
redenção do Arché infantil enquanto pré-requisito da Estrutura própria, aquela que
dará ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> uma sensação de
"firmeza" suficientemente grande para aniquilar o excesso de defesas
sublimatórias ou mesmo destrutivas e maleficentes e igualmente de modo a
permitir tolerar melhor a diferença relativamente ao outro, ao Grupo e a uma
Sociedade que rebola eternamente na intenção de controlo supergóico de uma
"liberdade individual" potencialmente diluidora da estabilidade e da
previsibilidade, senão da intenção político-económica de dominação maquiavélica
alienadora; tudo isto significa que o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i>
não poderá ser pacificado na relação com o outro e fusão com o Todo, sem que
primeiro aceite a sua própria condição relativa e se perdoe a si mesmo no
abaulamento das defesas primitivas, as mesmas que são constantemente recrutadas
no mais pequeno gesto ou relação do Eu com os acontecimentos diários e que
repercutem a condição de uma determinação que visa a "libertação para
trás" num plano sequencial em que a obtenção da "matéria prima"
deve antecipar a superação do próprio corpo e em que a frustração do processo
pela tentativa precipitada de "calar o corpo" reitera a "fuga
para a frente" que, mais a mais, ajudará, de certo modo, a perpetuar a
neurose do "eterno retorno" [entretanto, e saindo da analogia
"microscópica", devo acrescentar que também a própria Espiritualidade
entende a eterna manutenção na manifestação à imagem do ideal da Psicanálise
também como eterno retorno....... o que nos leva a encarar a possibilidade de a
Psicanálise ver no Superego civilizacional a defesa - no sentido psicodinâmico -
de um processo evolutivo na carne, da mesma maneira que a Espiritualidade vê no
adiamento da libertação uma "defesa" para a não evolução na
Globalidade....... dito de outra maneira, a Liberdade do Eu, na verdade
condição do filósofo e do Super-Homem, é a meta da Psicanálise mas o meio-termo
da Espiritualidade, enquanto que a Liberdade do Todo é a meta da
Espiritualidade e, de algum modo, o sufoco castrador da Psicanálise, obviamente
mais no aspecto de uma religiosidade exotérica edipianamente protectora - até
porque esta acaba mesmo por perder o nível ético do Espírito para abraçar o
apriosionamento do "Grande Inquisidor" (Dostoiévski) - do que no
aspecto da Espiritualidade esotérica, se bem que mesmo esta pode ser vista nos
termos de um objecto Civilizacional que, na perspectiva de Freud, é supra causa
da "neurose de várias épocas culturais"]).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Será
o esoterismo uma construção simbolicamente velada relativa à vida do homem
singular? Ou será que isto existe desta maneira por causa da lei das analogias,
porque "Atman é Brahman e Brahman é Atman" ou porque "O que está
em cima é como o que está em baixo, o que está em baixo é como o que está em
cima"?...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Parece-me,
no entanto, que não deixa a perspectiva materialista de se conceber como
eventualmente perigosa, isto no prisma da Ética e do comportamento moral.
Aceitar simultaneamente que todo o altruísmo é unicamente o resultado final de
uma injecção hormonal prazenteira e ego-maníaca, que a moral se resume a uma construção
relativa ao tempo, lugar ou até mesmo à classe (Nietzsche) e que o Espírito é
somente o produto de uma mente conturbada, tudo isto importa menos pela sua
potencial verdade nominal do que pela sua latente consequência na desconstrução
do Arquétipo/Pater moralizador, sem o qual o ser deixa de encerrar uma força de
contenção supergóica requerida à abolição da própria empresa de imoralidade.
Obviamente, que, apelando mais uma vez à perspectiva analógica, não é muito
difícil ver os efeitos de uma certa relativização radical no mundo moderno: não
é só Deus que morreu, é também a consciência da importância dos Valores, do
Cânone, das Estruturas. A Pátria e a Família passaram a ser "verbos de
encher", o que não é particularmente perigoso para a nossa visão de homens
feitos e minimamente morais. Mas que consequências terá isso na
"Consciência moral" da Humanidade futura? E não poderá ser encontrada
nesta desestruturação dos pilares sócio-familiares do Princípio infantil, assim
como na excessiva relativização dos novos tempos em que nada se mantém ou perdura
e tudo é instável, inseguro e efémero, um dos grandes fundamentos do
exponencial crescimento da psicopatologia das neuroses e
"depressões", já para não referir a clássica "loucura da
normalidade" (Arno Gruen)?...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
Psicanálise advoga a importância da evolução, mas, por vezes, abusa na
"ideologia" do descondicionamento. Pretende muitas vezes esvaziar o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> de todo o sentimento de culpa, o que
não é coisa perigosa se efectivado num ser com uma forte "angústia de
separação", mas, tornando-se "moda", pode ajudar a criar - como
já está a acontecer - seres desprovidos de barreiras, e por isso mesmo,
incapazes de se auto-civilizarem e amputados do processo de evolução no
verdadeiro sentido do termo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
amputação do Espírito tem o resultado que se vê: a criação de uma Sociedade em
que não existe a consciência do "outro" (coisa que, como já vimos,
não é a consequência obrigatória da actividade do divã). Todos se sentem
Super-Homens, e jazem já numa luta contínua pela supremacia. O neoliberalismo é
apenas um sinal clínico deste mundo em que a Hiper-modernidade toma o aspecto
de um vírus, altamente contagioso, que infecta o próprio cérebro das suas
vítimas e que não levou muito tempo a manifestar-se numa pandemia globalizada
(lembremos que somente um tiro no cérebro é capaz de "matar" o
morto-vivo, com esta "morte" a possibilitar a eventualidade platónica
de uma verdadeira vida).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Nas
mãos da modernidade viral, a própria ciência e o saber podem adquirir um pendor
fáustico, verdadeiramente destrutivo. E, perante isso, a engenharia genética,
que poderia parecer a "Obra mercurial", e a Física quântica, que poderia
ser o prelúdio do Ouro da "Obra ao Vermelho", perdem tal estatuto,
porque, ao invés de nos conduzirem à merecida Totalidade diluidora do
sofrimento, mais rapidamente nos conduzem à destruição diluviana.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ora,
este é apenas um dos resultados mais visíveis da dessacralização da Ciência. Ao
fragmentar e dividir os saberes, esvaziando-os do seu conteúdo Espiritual, os
corpus científicos da modernidade prometem criar uma espécie de Admirável Mundo
Novo em que somente uns poucos terão acesso à Utopia, relegando para muitos a
parca fatia da realidade de sofrimento. Para além disso, parece-me que os
poucos que terão atingido a "libertação" não terão provavelmente essa
qualidade de ajuda a todos os outros que estão "no caminho" e que o "Buda
Dharma" tanto apregoa no formato da Compaixão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
própria Bioética surgiu com o intuito de criar alguma consciencialização nas
matérias da Vida, incluindo as várias medicinas, coisa que não faria sequer
sentido no antigo tempo milenar, especialmente no Oriente, onde a divisão entre
os saberes não integrava o tecido cognitivo daqueles povos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Esta
divisão pode parecer a "normalidade" dos nossos tempos, mas isso não
significa que estejamos perante o ideal de sanidade. Há uma diferença muito
grande entre as três qualidades "normal", "são" e
"moral" e vislumbra-se um paradigma de "normalidade" que
poderá atrasar indefinidamente a entrada no mais "são" e
"moral" paradigma civilizacional da Nova Era.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">É
triste notar que os novos profissionais de saúde já não concebem a sabedoria
plena enquanto encontro não mediado com o Outro e a sua arte.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
obsessão pela Cientificidade parece ser a regra e o afastamento da realidade do
próprio paciente aumenta exponencialmente. Pretende-se trocar o terreno
supostamente imensurável do Paciente Uno pelo terreno enganadoramente
mensurável do Grupo, tal como reificado pelos estudos
estatístico-probabilísticos a que a nova geração presta culto (estudos que, não
obstante a "evidência" dos erros e da fraude, não deixam de espoletar
uma certa forma de dogma científico).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Vende-se
massivamente a noção de "bem estar", no plano de uma espécie de
eudaimonia endorfínica, advogando a suposta holisticidade de métodos
psico-corporais, perpetrando a noção de uma falsa espiritualidade e os aspectos
embriagadores e alienantes de uma suposta mística, e criando a ilusão de que o
Esoterismo é este acerbo de feitiços mercantilistas (como se a ignorância
relativamente à palavra não fosse já monstruosa...).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Cria-se
a fantasia de que o caminho para o "Ser" passa somente pelo exercício
do auto-encontro, repleto de "boas sensações" e de "iluminações
pacificantes", quando, na verdade se há "alguém" em específico
que se sente iluminado então é porque não está definitivamente na Iluminação.
Ilusão agravada pela noção de que as necessidades de um Ego carente são uma
prioridade, como se o "caminho" não implicasse necessariamente o
desígnio ético. Caminho do peregrino, via da pedra, do deserto ou da floresta,
de uma Gnose subterrâneo-filosófica (ou, se preferirmos, inferno-espiritual)
que quase sempre aduz o "sofrimento" como ingrediente inevitável
(lembremos que o "caos" sofredor é um pré-requisito obrigatório, se
bem que insuficiente, para a concepção do filósofo; como obter o nascimento do
Espírito sem as necessárias dores de parto?... as mesmas que agora se pretendem
suprimir a todo o custo, substituindo-as pela quimera de um produto
"final" nem por sonhos finalizado).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
terapia verdadeiramente holística não é como os feitiços da mediania que vão
ajudando a viver no "eterno retorno" de uma infância castrada e
alienada, "medicada" para a perpetuação da doença de um sofrimento
meramente atenuado. O terapeuta que age como "paliativo" ou
"placebo" não é um verdadeiro terapeuta, é mais como o fraudulento de
um certo "esoterismo" que não é verdadeiramente
"esoterismo". Uma terapia que não busca o retorno conciliatório com
as Origens não tem direito a denominar-se de "Terapia", e uma
Psicanálise que pretende evitar o sofrimento a todo o custo não é decerto uma
Psicanálise no verdadeiro e Total sentido do termo. É certo que a rapidez de
resultados e o fogo de artifício da quimera de terapias atraentes atrai mais o
paciente que quase deseja ser alienado (até porque o peso da Realidade pode ser
esmagador, e é nesse sentido que uma cuidadosa e lenta revelação deve antecipar
um ainda mais lento desvelar, não vá a Luz fazer cegar ou enlouquecer o
"iniciado"...) e o terapeuta que deseja prosperar no negócio. Mas o
caso é que tanto o Espírito como até a Mãe Natureza sempre requereram grandes
períodos de tempo para se efectivarem como Obras (quase) plenamente firmadas.
Quem deseja o Eterno Presente não deve ambicionar o rápido futuro. Arrisca
manter-se eternamente no passado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">A
medicina afecta ao paradigma "científico-liberal" é, de algum modo, o
mal necessário à estruturação cognitiva dos saberes. Mas assumir que um médico,
e sobretudo um terapeuta, não conseguiu transpor e desconstruir o Verão das
"disciplinas" para alcançar o Outono da Totalidade de um Corpo visto
como entidade bio-psico-espiritual é, no mínimo, preocupante. Obviamente a
esmagadora maioria dos profissionais não consegue reificar tal desconstrução e
a moda do "holístico" passa por ser mais publicitada do que
genuinamente exercitada e integralmente compreendida. Pudera!... Com um
aparelho educativo (na verdade, doutrinador) comprometido com a cientificidade
"dianóica" do saber, para além da obsessão pelas categorizações e
classificações, não admira que a "normalidade" social maioritária
pareça cada vez mais "louca" (se bem que, para eles, somos nós os
loucos). A ciência moderna parece agradar mais ao Sistema e à Economia que as
matérias "inúteis" da Filosofia e da Espiritualidade... com estas a
representarem até um potencial inimigo da "ordem social"...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
Sistema nutre um compromisso dominante nas sociedades modernas: medicina,
ciência, indústria e tecnologia. A medicina/terapia trata de manter os actores
sociais (se preferirem, os proletários) "activos" e "funcionais"
para que possam produzir a "indústria", auxiliada pela tecnologia que
a ciência "pensou"; por outro lado, a ciência precisa da tecnologia
para ser "praticada" e a indústria necessita de "actores
sociais" funcionais e ricos para consumirem. E o que é que os actores
sociais tanto consomem agora? Tecnologias e medicinas (nos formatos dominantes
de "bem estar", terapias e Fitness). Por outro lado, também a
medicina precisa da Tecnologia para ser praticada e da ciência para se
legitimar. E visto que o "esgotamento" do modelo keynesiano está a
liberalizar cada vez mais a medicina, importa que a mesma seja cada vez mais
"produtora de resultados", coisa em que a ciência médica materialista
domina, principalmente por meio da utilização das tecnologias, as mesmas que a
ciência pensou e que requereram as tecnologias para as ter pensado. Os
resultados surgem, o cliente fica satisfeito, a engrenagem do Sistema mantém o
seu alimento, e ninguém precisa de se preocupar com as consequências a longo
prazo do processo, seja para o corpo em que muitas vezes são alienadas as
verdadeiras causas da doença ou disfunção, seja para o Sistema em que a
engrenagem acabará, mais cedo ou mais tarde, por entrar em falência, por efeito
da já referida temporalidade entrópica (associada ao ciclo vicioso acrescido
pelo "efeito borboleta" afecto à Sistémica da referida engrenagem).
Este sistema está feito para que o paciente se mantenha enquanto tal
eternamente, o que também significa que se mantém perpetuamente cliente da
medicina e da sua indústria, legitimados pela mesma ciência que não assume tal
"conluio", até porque "o método científico é cego a
intenções".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Mas
é precisamente porque o novo espírito liberal "racionalizou"
(cuidado, muito cuidado com este termo) a ciência que ela se tornou cega à
intenção Ética e Espiritual. E é também porque a medicina se cientificou que
ela perdeu o contacto com a psique, e sobretudo com a Psique Divina. Se Sujeito
e Objecto não são um único elo porquê a preocupação ético-moral da medicina
científica ou por que há-de a Psicologia/Psicoterapia se inquietar com mais do
que respeita ao bem-estar emocional do seu paciente? Se a medicina científica
possui qualidades de "falsificabilidade" por que há-de retroceder aos
tempos do dogmatismo? Ignora que também o período moderno e a sua
cientificidade acusam dogmatismo. O dogmatismo de quem diz que a Realidade
externa existe "absolutamente" e que é possível aceder-lhe
objectivamente. O mesmo dogmatismo que criou a mesma Psicologia cognitiva que
admite a subjectividade do percepto e não quer muitas vezes assumir a
introdução decisiva do método hermenêutico entre as suas
"metodologias" de investigação científica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">O
mais curioso é que se torna bem notório para quem trabalha em Saúde que não é a
Razão científica aquilo que impera no sistema de avaliação, decisão e
intervenção clínica. O relativismo é que é a regra do funcionamento em saúde, e
isto inclui tanto a complexidade dialéctica de um corpo em contínua metamorfose
(e, portanto, dificilmente compreensível na sua totalidade fenomémica pelo
profissional de saúde, por mais que este seja demiurgicamente sabedor e
experiente "Testemunha"), quanto o lado mais
idealista/"pós-moderno"/psicologista de um profissional de saúde que
constrói e interpreta o seu paciente, na perspectiva de uma complexa matriz
dialéctica interna ao profissional (a mesma que apela ao Espírito, pelo menos
no seu sentido subjectivo) que integra a síntese entre as referências internas
e as referências do Paradigma intervencional que ele advoga (que começa e acaba
também por ser interno). Isto não é obviamente estranho à problemática
discursiva e do Poder, segundo a perspectiva estruturalista de Foucault. E
deveria, a meu ver, ser um foco essencial da reflexão dos profissionais de
saúde, coisa que tende a ser indefinidamente procrastinada pela noção que estes
profissionais têm de que o discurso filosófico-hermenêutico é uma excrescência
inútil e catalizada pelas necessidades de um Sistema (pelo menos o público) que
até aqui sempre ousou tratar o utente como (mais uma) mercadoria, agrilhoada
fatalmente à engrenagem da Indústria do tratamento célere, "eficaz" e
produtivo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Claro
que a lentidão de um gesto terapêutico único e fenomenologicamente irrepetível
(e, portanto, dificilmente prescrevível ou distantemente vivenciável), tecido
na perspectiva de um acto puro, lento e sagrado com vista ao "Opus"
alquímico (na verdade, um Opus conjunto do paciente, do terapeuta, da Mónada
que os indiferencia, da própria medicina/terapia enquanto projecto de
crescimento na pós-modernidade), parece estar fora de questão nos termos de um
contexto em que o "descartável" é adulado. E, por vezes, até há quem,
"espiritual" se diga, requeira que o corpo não interessa e que é
matéria inerte, como se o Espírito não requeresse a encarnação e o jogo
dialéctico da temporalidade precisamente para propiciar uma possibilidade de
evolução, esculpida dos níveis mais involutivos/saturninos para os níveis mais
"solares", como se a carne não fosse o palco da transposição, da suma
prova cabalística da dualidade polar, do caminho de avanços e retornos (céus e
infernos) do peregrino pelo deserto afoito, da escalada do homem superior no
encalce do topo da montanha, o tecido mental da purificação do mercúrio da
matéria primeira, o nível iniciático da escala com vista ao Ouro da
Indiferencialidade... o Nada da ausência de Eu, e portanto, de sofrimento,
terapeutas, filósofos e de tempo...<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Termino
dizendo que o novo paradigma hermenêutico que desejo para as Ciências da Saúde
não deverá, no entanto, rejeitar a realização de estudos científicos segundo a
perspectiva das "tendências estatísticas" (se bem que mesmo para
estes desejo um novo paradigma de rigor, tanto na execução quanto na
publicação), até porque a última coisa que desejo para a Nova Era é que um novo
dogma imbuído de "mau relativismo" intolerante tome a dianteira
(note-se que a fase outonal da Espiritualidade é a síntese das fases mítica e
científico-liberal, requerendo-as e, de algum modo, integrando-as, jamais as
excluindo categoricamente). Desejo, mais do que tudo, o empolar da reflexão, o
respeito pelas Estruturas, a revalorização do Cânone de Valores
filosófico-Espirituais, e o reaproximar fenomenológico do terapeuta ao seu
paciente, do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> e destes ao Ser, do Eu ao outro, do
Ego ao Espírito, evitando que a Clínica das disciplinas venha dividir o que, de
algum modo, nunca deixou de estar aglutinado numa extensão de impartibilidade
divina.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"><em>Publicado em 'Hospital do Futuro': </em><a href="http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blog/show?id=1967198%3ABlogPost%3A40517">http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blog/show?id=1967198%3ABlogPost%3A40517</a> <em>e em</em> <em>«A Clínica do Sagrado. Medicina e Fisioterapias, Psicanálise e Espiritualidade» (Edições Mahatma)</em></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-32935764557554423312013-09-16T23:34:00.002+01:002014-04-06T23:22:16.834+01:00Manifesto sobre a emergência de uma Fisioterapia pós-moderna<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; mso-bidi-font-family: Arial;">«<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Já não sou eu, mas outro que mal acaba de começar</i>»</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Samuel Beckett<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O início do séc. XXI assume a sua risibilidade ao
permitir o cruzamento de estradas políticas e económicas aparentemente antagónicas.
E de um modo semelhável, trajectos incomensuráveis de pensamento autorizam-se
numa plêiade de paradigmas e sistemas, vituperando o novo tempo a miscelânea de
orientações e a relatividade de escolhas. Não fosse a ameaça de um relativismo
claudicante, daquele mesmo tipo que perspectiva a verosimilhança no que é quase
inaceitável, e o multiverso dos novos tempos seria quase como o preceito há
muito desejado da liberdade, senão do tipo "puro", ao menos do pleno
livre-arbítrio. Liberdade que, na textura da Singularidade filosófica e
espiritual (portanto, noética, no plano platónico), não pode deixar de se
conceber como condição necessária, flagrantemente obrigatória, do esculpir de
um "corpus", há muito procrastinado, de pensamento "fisioterapêutico",
do "pensar"<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>em torno da
Fisioterapia, dos seus métodos, das suas práticas, da sua Ética, da sua
cientificidade, enfim... em torno de uma «Epistemologia da Fisioterapia», que,
malgrado a resistência dos profissionais àquilo que consideram como
"irrelevante", urge como requisito pungente da evolução da
Fisioterapia enquanto arte e profissão autónomas. Assim sendo, oponho à
crescente relativização consequente da reprodução de multiplicidades quase
sempre desfasadas de um adequado tecido racional o desiderato de um núcleo de
reflexão em torno da Fisioterapia, o pólo de uma «Filosofia da Fisioterapia»,
sem a qual a Fisioterapia e os fisioterapeutas se arriscam a cair num profundo
caos de inteligibilidade acrítica, que é o mesmo de que empresas carnívoras se
aproveitam para vender "métodos" como produtos de hipermercado, que é
o mesmo também que vitima o fisioterapeuta à compreensão muitas vezes trôpega,
francamente enviesada, da natureza funcional do paciente. Esta «Filosofia da
Fisioterapia» é pré-requisito obrigatório da assunção de uma nova Fisioterapia,
de uma Fisioterapia do novo milénio, da Nova Era, do tempo pós-moderno, que é o
tempo das meta-narrativas, aquele que afirma a epifania de um pensamento resultante
da dialéctica entre o multi-perspectivismo e o Cânone, o Caos e a Ordem, o
Múltiplo e o Uno, o Relativo e o Absoluto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Não é este nosso "manifesto" senão um
esboço, um discurso, um ensaio quase experimental que se pretende fazer valer
na representação de um certo pensar "fisioterapêutico" não limitável necessariamente
por países ou continentes, e, como tal, ambiciosamente "universal",
se bem que a realidade portuguesa acaba por aqui obter certa ponderação, coisa
sana ao objecto do discurso, visto que a realidade da Fisioterapia portuguesa é
provavelmente das mais amargas da Europa, senão da própria Lusofonia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">E com este ensaio pretendo igualmente contrapor-me
a uma nova, recém-nascida, geração de profissionais que, não obstante a
agressividade e a motivação "guerreira", revela um franco
desentendimento do que é verdadeiramente a Fisioterapia, uma parca compreensão
da sua natureza mais globalizante e humanitária, o que não pode deixar de
contrastar com os excessos de um certo discurso ("hipermoderno")
psicologizante que pretende ver a "entidade Holística" em tudo o que
diz respeito ao corpo e às terapias, como se nada mais existisse senão o
holismo, quando a verdade é que jamais o verdadeiro Holismo poderá residir numa
entidade psico-física que permaneça despida da sua extensão Espiritual, com
esta última a ser algo de dimensão também ela indefinida (quiçá porque
indefinível), se bem que a perspectiva materialista prefira continuar a
conceber o imensurável ou o desconhecido como inexistente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Seria quase irónico indicar a respeito do Holismo a
franca dificuldade em definir a Fisioterapia em independência de outras
terapias do tipo "psico-físico", até porque é precisamente a
perspectiva do Todo que repreende a visão fragmentária do Corpo, dos métodos ou
dos modelos, o que contrasta, de algum modo, com a tentação superlativa e
obsidiante do fisioterapeuta (enquanto profissional socialmente representado e
com vista a um crescendo dessa mesma representação) de definir a sua actividade
com vista a autonomizá-la de outras como a Osteopatia, a Quiroprática, a
Acupunctura, ou mesmo a Terapia Psicomotora, a Terapia Ocupacional e a Educação
Física. O que me leva a considerar que a Fisioterapia encarada na perspectiva "institucional"
e até mesmo "sócio-política" não pode facilmente compatibilizar-se
com uma visão "filosófica", senão "antropológica", da
Fisioterapia, a perspectiva de uma Racionalidade que visa a Totalidade, a
impartibilidade, a infinita continuidade, os ditirambos de um Corpo que urge
como Unidade irredutível a categorias, classificações, nomeações, ou mesmo sistematizações
patológicas, metodológicas e sistemáticas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Ousa ser tão artificial quanto as definições
socio-políticas das profissões e actividades referidas a visão
científico-materialista do Corpo, reificada de modo retumbante pela Medicina
nascente com o liberalismo político e económico, perspectiva assumidamente
importante para a Medicina prescritivista e até uma parte da Enfermagem,
decididamente indispensável na aprendizagem do estudante de Fisioterapia que
mergulha nos livros de Anatomia, Fisiologia, Patologia e Biomecânica e que
requer a "divisão" abstracta do movimento nas primeiras observações e
análises cinesiológicas (de outro modo, seria extraordinariamente difícil
reificar as primeiras aprendizagens no plano analítico dos estudos do
Movimento), igualmente necessária ao jovem profissional inexperiente no tracto
do doente e, como tal, demasiado agarrado às construções da Academia (pois que
nele não habitam ainda outras referências), mas esmagadoramente limitadora da
visão avaliadora e da liberdade e criatividade de intervenção no palco de um
paciente que opera como totalidade, unidade complexa em que as diferentes
componentes do corpo funcionam como peças de um puzzle, com este a reiterar um
sentido somente quando completo e finalizado, integrado num Eureka gestáltico
em que o Todo grita euforicamente a autonomia perante as partes destituídas de "ser"
e de "sentir".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O fisioterapeuta experiente sabe aquilo a que me
refiro. O verdadeiro fisioterapeuta aprende a re-observar o corpo do paciente,
destituído de marcos, quase esquecendo os mapas anátomo-funcionais, visando o "ser"
na sua prístina nudez, na sua indiferencialidade e inseparatividade,
permitindo-se, ousando, ver o corpo do seu paciente como se contemplasse um
corpo pela primeiríssima vez, à imagem de uma criança que lança o olhar ingénuo
perante a robustez de um mundo que se pretende obra acabada, humanamente
definida e ordenada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O fisioterapeuta "criança" não é
obviamente um selvagem (no sentido algo rousseauniano da palavra), pois que a
sua virgindade de olhar constitui menos uma virgindade primeva do que uma
"virgindade readquirida", capaz de firmar a sobreposição da
criatividade e da heurística na avaliação e na intervenção, com estas duas a
serem uma só, e o próprio terapeuta e o paciente a serem um só.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A Pós-modernidade demanda precisamente a síntese de
um caminho dialéctico em que a cientificidade teve o seu papel. Mas o tempo da
intervenção não é o tempo da cientificidade académica, se bem que o raciocínio
clínico tem algo (muito, aliás...) do método científico. O tempo da intervenção
reterá talvez a cientificidade do tipo de uma racionalidade noética, uma
cientificidade pós-moderna que permite cruzar num só olhar indiferenciado uma
pluralidade de olhares e perspectivas quase infinitamente transfiguradas.
Porventura, o risco de firmar como verdadeiro o que é caricato existe, à
semelhança do risco do "relativismo dogmático" (Popper), o que lá nos
leva a requerer como igualmente indispensável o "corpus" de saberes
tradicionalmente científicos, que, no plano recente da nossa profissão, tem
ganho o aspecto de um tumulto de estudos do tipo
"estatístico-probabilístico", que tanto obcecam os nossos jovens na
sua visita diária ao Pubmed. Mas igualmente ridículo é obviar uma intervenção
com base no que os "estudos" dizem ou deixam de dizer. Confio mais
rapidamente nas leis da Biomecânica e nos princípios do Raciocínio Clínico
baseados nos pressupostos anátomo-funcionais (malgrado o princípio baconiano da
observação - "ingénua" - que lhe está implícito), se bem que de nada
serve utilizar um modelo sem a adequada adaptação à idiossincrasia do paciente...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">É conveniente desconfiar desse multiverso de
estudos que preenche os olhos dos académicos, dos estudantes e dos jovens
terapeutas. As lacunas, a falência metodológica e epistemológica, a fraude
enquanto regra de execução de investigações quase sempre movidas por intenções
de título ou grau académico, todo um manancial de epifenómenos associados à
aventura da publicação em revistas quase sempre comprometidas com interesses,
um pouco à semelhança das motivações empresariais da investigação, que
rememoram o conluio que filósofos como Marcuse, Habermas ou Lyotard reiteraram
na relação comprometedora entre ciência, técnica, política e ideologia
capitalista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A dependência de estudos ou de "guidelines"
enquanto instrumentos orientadores e catalizadores da intervenção clínica não
pode deixar de se semelhar à plena acção massificada do terapeuta, que,
entretanto, deixou de o ser, para que se transformasse num "guia de
exercícios" ou num "instrutor de classes", que é como vender a
alma ao diabo, porque já a Fisioterapia deixou de o ser no momento em que o
"terapeuta" substituiu a visão idiossincrática do Universo-Sujeito
pela visão probabilística do Universo-Grupo. Quem ousa controlar um Grupo nada
controla, nem sequer nenhum dos seus elementos. Como se um só elemento não
fosse ele já todo um complexo Universo em permanente transformação, um
infindável interpolar de variáveis, capaz de ousar a impossibilidade de controlo
ou terapêutica, porque a quase infinita sucessão de acontecimentos que
concorrem para uma só manifestação reivindica a impossibilidade de alguma coisa
controlarmos, percebermos ou influirmos (?)...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Reduzir o nosso Universo-Paciente a um conjunto de
regras ou de itens orientadores, esquecendo que os estudos de índole
estatístico-probabilística falam somente de "tendências",
"ponderações" e "generalizações", o que significa que podem
não ser representativos de uma só unidade subjectiva, enfim, reduzir a complexa
dinâmica psico-morfo-analítica a um quadro de médias e de jogos ponderativos é
de tal modo ridículo que até poderia ficar admirado pelo facto de muitos dos
nossos jovens terapeutas não desconfiarem de que "o Rei vai nu". Mas
é precisamente disto que se trata... Quando todos querem ver o Rei nu com roupa
acabam mesmo por vê-lo vestido, e da mesma maneira, os nossos jovens terapeutas
têm por costume sair das escolas e Universidades com a cabeça mais absorta do
que plena de Conhecimento, cumulada mais de conceitos do que prenhe de
Sabedoria. Anos e anos de aprendizagens feitas mais em livros e mediante
instrumentos artificiais do que propriamente por meio da aprendizagem activa da
Vida acabam por fazer com que os Saberes optem por valer por si mesmos e não
pelo seu objecto de conhecimento e desvelamento da Realidade. Quão triste é ter
uma cabeça repleta de estudos, classificações e conceitos que, ao invés de
aproximarem Sujeito e Objecto, o Eu do Paciente, o Ego da Totalidade, mais
contribuem para toldar e agigantar o caminho que se pretende substantivar. No
caso dos novos jovens terapeutas, a obsessão pela cientificidade não pode
deixar de ser vista como alienadora, já para não falar das deficiências nas
habilidades relacionais e tal-qualmente no respeitante à aptidão compreensiva
das necessidades do paciente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Imputo grandemente aos académicos boa parte da
culpa da referida alienação, com a Fisioterapia científica a ser muitas vezes
vítima do divórcio da realidade do próprio paciente, como se a vontade deste
fosse vã face à totipotência da Técnica e do Terapeuta. Muitos de nós não nos
admiramos com este tipo de "desenvolvimento", até porque muitos dos
professores das citadas técnicas não chegaram sequer a ser terapeutas (no
sentido "profissional" do termo), realidade anedótica que foi
crescendo em Portugal e na Europa na mesma proporção do crescimento exponencial
do número de escolas criadas para formar os ditos "terapeutas". E é
este clima alienadamente científico que se prescreve aos futuros terapeutas, um
pouco como se a Universidade servisse mais a esclerose do pensamento e do
cepticismo do que o exercício da Inteligência Criadora e a defesa das
Estruturas, Valorativas e Intemporais. Uma escola de Fisioterapia que não
forneça ao Terapeuta os instrumentos do espírito crítico e as matrizes
fundamentais do exercício de uma Fisioterapia consciente, criativa e criadora,
auto-inventiva e auto-reflexiva, não tem direito a ser "Superior",
mas somente a consubstanciar-se na redução de uma
"profissionalização" com um mote de dependência de outras profissões
e outros profissionais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A leitura de estudos e a efectuação de formações
e/ou de pós-graduações, ou seja, o termo corrente de aprofundamento de saberes,
não é suficiente para que o Terapeuta se reifique enquanto tal (apesar de
desempenhar um papel importante no processo...). Diria até que é pouco
importante face a outra coisa que considero verdadeiramente decisiva, senão a
única coisa que fará do terapeuta um profissional verdadeiramente autónomo, um
homem no sentido ontológico do termo. Refiro-me à Sabedoria, a qual é, por
definição dos antigos, conhecimento "não mediado". 'Sophia', para ser
mais preciso, e que se refere a um Conhecimento do tipo "Gnose" e que
respeita ao conteúdo Interno ("Eso"), profundo, do saber, o qual tem
de ser necessariamente vivenciado, sofrido, percorrido pelos estrépitos de uma
reflexão que dói, que intimida, que assusta, mas que não pode ser atalhada,
porque quem a ela está destinado dela não pode fugir. E o terapeuta, o
verdadeiro terapeuta, dela também não pode ousar fugir. Não pode utilizar
estudos, guias e sistemas de regras indefinidamente enquanto paliativos de um
saber verdadeiramente vívido do Ser. Não pode adiar para sempre o encontro
inexorável com a intimidade do paciente, que é a sua própria intimidade
ontológica, que é também a intimidade Ética da Humanidade e a intimidade
Metafísica da Meta-Humanidade. Nada disto, nenhuma desta profundidade
ontológica pode dispensar a Filosofia como pré-requisito central do acto
fisioterapêutico. Nenhuma desta intimidade prístina do "auto-encontro com
o outro" (Ricoeur) pode despender da privacidade reflexiva e de anos de
sofrimento de auto-encontro. Em suma, nenhum fisioterapeuta genuíno pode deixar
de ser um filósofo, assim como nenhum homem verdadeiro pode viver a vida sem o
pré-requisito do pensamento e da Palavra.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A Palavra feita Verbo, e se "No Princípio era
o Verbo" é porque a Palavra é o início de todo o acto criador. A palavra é
pensamento e o pensamento é a Palavra. E o terapeuta que observa, testa,
avalia, toca, modela, verifica, retesta, mobiliza, manipula, transfere,
orienta, ensina, aconselha, reavalia, sente, faz-se sentir, ouve mais do que se
faz ouvir, é quase como que um demiurgo, um construtor, um escultor, que tem no
paciente o seu Deus, o seu Divino, porque é o paciente que possui a pura
Liberdade e a Pura Necessidade. E é assim que, se é o Terapeuta o principal
decisor do plano de tratamento, é o paciente o supremo decisor dos objectivos
da intervenção. E nunca nenhuma parte do processo deveria ousar ser traída em
nome de uma suposta cientificidade ou em nome de um qualquer "deve
ser", pois que o "deve" deixa de "dever" com a
velocidade de uma décima de segundo, com a concupiscência de uma reacção
química.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">É assim a Fisioterapia como a pura alquimia
transformadora, auto e inter transmutadora, que não se limita a dar ao paciente
alguma habilidade ou a toldar o seu sofrimento; pretende, de igual maneira,
presentear o paciente com a totalidade das ferramentas necessárias à sua transformação
com vista à perfectibilidade, processo quase nunca inteiramente coisificado,
raramente pretendido ou desejado, mas ambição da relação terapeuta-paciente, a
única que uma Ética unificadora e construtiva poderá proclamar genuinamente. A
Fisioterapia é, então, muito mais do que uma simples demanda de um Terapeuta
Demiurgo. É a plena capacitação do paciente de tudo aquilo que pode Ser e já É
mas somente não consegue vê-lo ou reconhecê-lo, é a totalização de um processo
que unicamente o paciente poderá concluir, pois que se trata da busca de um
Sentido próprio, do encontro com o seu "Princípio" fundacional e
arquetípico, aquele que nunca deixou de estar presente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Não pode obviamente o paciente iniciar um caminho
de auto-encontro se estiver toldado pela dor e o sofrer, o que demanda que,
desde o primórdio da relação terapêutica, o fisioterapeuta não pode deixar de
se sacrificar em nome do seu paciente, permitindo que a entropia do corpo deste
seja transmitida à entropia do corpo do próprio terapeuta. E não pode
igualmente tal transmissão "energética" ocorrer verdadeiramente se o
terapeuta se limitar a tratar uma parte do corpo ou um "locus"
sintomático, pois que isso somente permitirá transmitir a entropia duma parte
do corpo do paciente para outra parte do mesmo corpo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Daí que tenha sempre visto na Reeducação Postural e
no raciocínio verdadeiramente holístico a solução preventora de tais
substituições sintomáticas ou compensações patológicas. À semelhança do que
acontece com a Psicanálise no respeitante à complexa dinâmica da Psique, também
a Reeducação Postural permite conceber a interpretação causativa de uma simples
manifestação num círculo psico-morfo-dinâmico que poderá não ter sequer um fim
realista senão aquele que consideramos como mais relevante ou significante para
a situação em causa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Posso dar um exemplo, entre um infinidade dos que
poderia evocar. Uma simples tendinite do tendão da longa porção do bicípite,
que seria tratada na maioria das Clínicas e até mesmo dos Hospitais com recurso
a tecnologias ou manuseamentos com um efeito anti-inflamatório local, poderá
ser o resultado de uma dinâmica postural extraordinariamente mais complexa, no
sentido inclusivamente anamnésico/histórico: a tendinite poderá ter origem na
sobrecarga biomecânica do tendão associada à utilização "viciosa" da
articulação do ombro, que poderá ter o contributo de uma alteração postural
como a hipercifose dorsal; por sua vez, a hipercifose dorsal poderá ter uma
série de origens, assumindo que não se trata de uma verdadeira e estruturada
malformação congénita: compensação da hiperlordose lombar, retracção do
diafragma, encurtamento das cadeias musculares ântero-internas, insuficiência
muscular dos músculos inter-escapulares, entre outras, com as referidas a
poderem estar presentes em conjunto ou isoladamente; entretanto, cada uma
daquelas alterações poderia estar associada a um conjunto extensíssimo de
outras alterações... por exemplo, a hiperlordose lombar poderia ser o resultado
do encurtamento da musculatura paravertebral e/ou do encurtamento do diafragma
e/ou do encurtamento do psoas, e poderia estar associada a uma alteração do
alinhamento dos membros inferiores com ou sem dismetria, aumentando o risco de
certas artroses ou de certos processos inflamatórios... E poderíamos continuar
eternamente, pois à semelhança do que acontece com o "efeito borboleta",
uma causa ou manifestação muito simples poderá estar associada, causativa ou
consequentemente, a todo um outro conjunto de alterações, com o ciclo vicioso
resultante a poder não ter um fim realista em vista, o que nos pode até levar a
pensar que toda a tentativa de intervencionar a um nível postural acaba por ser
inútil, dado que não podemos controlar um número considerável de variáveis ou
factores envolvidos (tenho dito o mesmo relativamente à Psicanálise e à
tentação do psicanalista de alterar "positivamente" o estado de uma
"psicodinâmica"). Daí que se um qualquer Demiurgo ou Super-Homem
(utilizo o termo no sentido evocativo de Nietzsche) poderia ser o Ente capaz de
controlar a totalidade ou a quase totalidade de factores e dinâmicas envolvidas,
o Terapeuta, enquanto simples homem que é (se bem que a sua plena maturação
enquanto terapeuta não perde de vista o topo da montanha, residência
apaziguadora do Super-Homem), nunca poderá ambicionar mais do que o controlo
dos principais factores, daqueles que ele mesmo enquanto profissional
identifica como mais relevantes ou significativos, o que, de algum modo,
aumenta ainda mais a responsabilidade do terapeuta. O que não implica que não
possa tentar controlar um número elevado de factores ou variáveis, o que,
acrescentando-lhe as possíveis contra-indicações de certos métodos para o
paciente em causa, as variáveis orgânicas, e as próprias necessidades do
paciente, leva, por um lado, mais uma vez, à extrema dificuldade em controlar
perfeitamente um estado clínico (malgrado a tendência dos cidadãos para
pensarem que, em Saúde, tudo é óbvio e fácil, racional e absoluto, quando o "relativo"
é que é a regra dominante) - coisa que mais provavelmente o levaria à perfeita
loucura -, e por outro, à diminuição do conjunto de opções disponíveis em
termos de métodos ou técnicas a utilizar (dependendo da condição do utente,
haverá decerto métodos, posições e recursos terapêuticos que deverão ser utilizados
preferencialmente, entre outros que deverão ser esquivados).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A imprescindibilidade de um profissional de saúde
ser adequadamente formado prende-se sobretudo com esta lógica de
super-controlo, coisa menos provável de existir nos pseudo-profissionais, se
bem que é teoricamente aceitável que um simples auxiliar de Fisioterapia ou de
acção médica domine determinada técnica ou temática melhor que um terapeuta
adequadamente licenciado (para não falar do conjunto imenso de terapeutas
"mal" licenciados)...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Relativamente aos resultados obtidos, lembremos que
a própria "melhoria" ou "agravamento" de uma condição ou
manifestação não deixa de ter algo de interpretativo, no sentido de um
julgamento de valores. O que é melhor para o terapeuta pode até nem ser melhor
para o paciente, ou o que o paciente deseja pode não ser aquilo que achamos que
é melhor para ele. E lembremos que respeitar a autonomia do paciente não
significa necessariamente fazer tudo o que ele deseja, tal como tratar um filho
que se ama incondicionalmente não implica que o mimemos exageradamente ou lhe
façamos todas as vontades. Aparentes contradições à parte, o bom terapeuta
precisa do necessário bom-senso requerido para equilibrar um conjunto de
pressupostos e de decisões aparentemente antagónicos. Não é decerto nos estudos
ou na Academia que o terapeuta irá recolher este tipo de sensibilidade (até
porque, por maior que seja a prolixidade de estudos realizados e lidos, nunca
poderá ser realisticamente preenchida a necessidade de controlo de um número
relevante de variáveis em jogo, no respeitante aos momentos avaliativo e de
tratamento; se assim fosse, num qualquer futuro utópico, um computador seria
capaz de nos substituir na nossa actividade, o que me parece quase impossível,
pois que, mesmo no plano de uma visão "determinista", o número
extraordinariamente elevado de factores jogados inquina a possibilidade de um
bom trabalho terapêutico poder ser feito por um autómato autista). Seria mais
provável que o recolhesse nas fontes literárias e filosóficas, se bem que é a
própria vida de relação e de auto-crescimento que fixará a palavra última e
mais valiosa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Infelizmente nem a inteligência
filosófico-conceptual poderá acautelar o abraçar de certas atitudes mais
dogmáticas, sendo que, muitas vezes, o maior dogmatismo reside precisamente no
ventre dos mais importantes Sistemas, os mesmos que tenho pretendido valorizar.
Popper diagnosticava o "relativismo dogmático" na Psicanálise, no
Platonismo, e também em Hegel e Marx, e, se conhecesse, por exemplo, o método
Mézières ou o método Bobath, não estaria muito longe de identificar neles
alguns aspectos do dogmatismo relativista (se bem que estes métodos possuem
bases seguras em leis da Biomecânica... o que os torna, de algum modo,
incomparáveis aos modelos de teor mais mentalista)... o mesmo relativismo
pós-moderno que também requeremos para a necessária complexificação
filosófico-espiritual da Fisioterapia, aquela que os fisioterapeutas ainda
estão longe de reter, aquela que urge como obrigatória para a emergência de uma
Fisioterapia auto-reflexiva, assumindo que a intervenção mais
"responsável" e Humana será aquela que ancora num conjunto de bases
como as que venho sublinhando.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Assumir a ausência de um adequado "corpus"<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>de Saber epistemológico dentro da
Fisioterapia é antever o caos da própria Fisioterapia enquanto arte "científica",
senhora de um conjunto quase inesgotável de métodos e paradigmas muitas vezes
desnudados de uma matriz reflexiva e contextualizadora. Neste momento, em
Portugal, apesar de existirem quase duas dezenas de instituições de ensino
graduado e pós-graduado em Fisioterapia, não se conhece nenhum corpo de
investigação filosófica e epistemológica em Fisioterapia, tal como redundam no
vazio possíveis investigações casuísticas de mote hermenêutico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Um estudo de caso em Fisioterapia ou em qualquer
outra área clínica não deveria ser consumado só de aspectos quantitativos mas
igualmente se deveria preencher de aspectos interpretativos, com alicerce numa
hermenêutica (ou analítica) do paciente, numa "exegese" da fenomenologia
da sua transformação qualitativa, semiológico-proxémica (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">vide </i>a importância da análise semiótica...) e funcional (incluindo
os aspectos do movimento representativo-funcional, numa óptica psicomotora e
motricista). Assumir, como assume a grande maioria dos novos fisioterapeutas,
que tudo o que não é mensurável não tem valor é assumir alienada e
orgulhosamente a limitação do paradigma científico-liberal e o condicionamento
mental na obsessão do concretismo materialista. Nada de grave se estivéssemos a
falar de fenómenos estritamente físicos e de número comensurável e finito de
variáveis integrantes. Muito grave se nos referirmos ao ser humano e se
recalcitrarmos na obsessão dos estudos estatístico-probabilísticos, que são, a
meu ver, a grande fraqueza das Ciências Sociais desde a sua frustre tentativa
de assunção de Cientificidade sob os auspícios da moda positivista no séc. XIX.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Como já terei demonstrado em «Corpo e
pós-modernidade» (2012), a dialéctica e o paradigma pós-moderno são os
pré-requisitos do entendimento de uma Fisioterapia da Nova Era, se bem que não
será propriamente necessário abraçar certos exageros pós-modernos (que eu
próprio perfilhei no dito livro) ou até mesmo espiritualistas (como terei
perfilhado em obras posteriores). Entendo, por exemplo, a epistemologia
científica como um terreno tão relevante quanto a Ética, incluindo o estudo dos
Paradigmas à luz de Kuhn, enquanto matriz conceptual necessária ao futuro e
actual fisioterapeuta. Matérias já bem presentes nos cursos de Psicologia ou
Enfermagem, mas muitas vezes considerados "excedentários", simples
excrescências, no contexto da Fisioterapia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Se é bem verdade que "quem só de Fisioterapia
sabe nem de Fisioterapia sabe", tal não se esgota no contexto dos saberes
filosóficos, psicológicos ou espirituais. Será, porventura, assim tão
despropositado referir a importância dos saberes literários, artísticos e
musicais para a formação e engrandecimento de um fisioterapeuta? Se é normal
assumir que um médico os possua porque parece tão "a despropósito" no
contexto de um fisioterapeuta? Se até há cerca de 20 anos os pré-requisitos da
formação de um fisioterapeuta poderiam explicar, de algum modo, uma certa
falência intelectual, como explicar a nova ignomínia dos jovens terapeutas,
quando estes possuem altos graus de escolaridade e até perdura uma certa
exigência na nota de entrada para o ensino superior e a suposição de uma
exigência mínima da frequência e conclusão deste último? Que esperar da
Fisioterapia portuguesa quando os jovens terapeutas revelam tamanha ignorância
literária e reflexiva? Como propor a competitividade da Fisioterapia enquanto
profissão e a assertividade dos fisioterapeutas no contexto de uma Equipe
multidisciplinar, se os terapeutas se limitam ao estudo de alguns aspectos mais
quantitativos da Fisioterapia, relevando para segundo plano os clássicos, sejam
os da área, sejam os do Universo filosófico-literário? Como conseguir que a
"mística científica" da Fisioterapia consiga destronar a
"mística espiritual" das "medicinas" não convencionais, se
o terapeuta se define pelo vazio de conteúdos do reino do Inteligível? E,
sobretudo, como ter esperanças que, somente por meio de uma cientificidade
estatístico-probabilística, o terapeuta se possa afirmar intelectual e
profissionalmente junto dos pacientes e no contexto da própria Sociedade? Como
conseguir que a Fisioterapia consiga munir-se de "representações
sociais" mais "aceitáveis" se não há sequer um empenho de
mitificação, senão somente o esforço de forçar estudos a assumirem resultados
"suspeitos", assim como o esforço ego-maníaco e narcisista de
preencher o Currículo de formações e de graus académicos? Não reconhecerá o
jovem académico a insegurança narcísica no eterno adiar da vida profissional,
nesse eterno "ser-se estudante", nesse inacabável enchimento de
mestrados e doutoramentos que não possuem qualquer utilidade
"operática" para a Fisioterapia?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A Fisioterapia do futuro precisa decerto de
investigações, mas até estas requerem a Epistemologia para que possam ser
realizadas com um rigor e uma dimensão que ainda não são os que se desejam. E a
Fisioterapia precisa, muito mais ainda, de um rigor crítico, de pensamento, de
uma prática auto-reflexiva, de homens capazes de questionar, de profissionais
com a coragem de ousar, de desafiar, de controverter, de revolucionar. E,
obviamente, esse mesmo pensamento, essas ideias deverão passar à prática, por
meio de Obras, de projectos inovadores, conceitos vanguardistas, todo um
manancial de "Óperas" em que esteja presente o cruzamento do clássico
com o "nunca visto", até porque a Pós-modernidade é o tempo
"fora do tempo" em que todos os modelos, estruturas e narrativas
podem ser aceites e jogados no desafio do futuro e da tolerância, é o tempo da
"desconstrução", da re-interpretação, da "neo-construção".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">E perante este fluxo de possibilidades, o que fazem
os nossos jovens? Formações e mais formações, muitas vezes não integradas numa
soma cumulativa que só servirá o caos, a confusão cognitiva, a intoxicação
mental e interventiva. Mestrados e Doutoramentos que servem somente o estúpido
orgulho narcísico, numa Europa em que só mesmo Portugal liga aos graus e aos
títulos, pois que tais pós-graduações pouco servem à experiência e até à
reflexão. Participações nos mundos do marketing, da publicidade, numa tentativa
"multicolorida" de exprimir a Fisioterapia pelo "lugar
comum" dos desportos, dos atletas famosos, das Clínicas prestigiadas e
luxuosas para uns poucos burgueses ou novos-ricos (senão políticos de
algibeira, como os que temos neste nosso país da bananeira), como se o melhor
fisioterapeuta fosse o mais rico, como se a melhor fisioterapia não fosse a que
sai das nossas mãos, como se toda a Fisioterapia fosse a reabilitação do
futebolista ou a preparação do atleta olímpico, quando a verdade é que estes
são precisamente os "clientes" mais perturbados, porque, em nome da
fama ou do dinheiro, escolhem voluntariamente fazer a violência aos seus
corpos, com a estúpida conivência dos "fisioterapeutas do desporto",
que mais não fazem que ajudar na perpetuação de uma lesão, e se sentem
vitoriosos por que a "sua" equipe venceu uma Taça, um bocado de lata
que nem ao orgulho patriótico serve. O alargamento da Fisioterapia para
territórios como a Estética, os spas, como se tudo isto - os feitiços da mente
- fosse Saúde, como se o simples "relaxamento" psico-físico não
integrado em algo maior pudesse confundir-se sequer com uma Psicanálise bem
realizada ou com uma integração reflexivo-espiritual só acessível às mentes residentes
num certo patamar de Consciência...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Spas, "Bem estar", Fitness,
"indústrias do corpo" que ajudam a anestesiar o poder de uma
sociedade doente e opressiva. Paliativos da saúde mental, placebos bem-vindos à
ansiedade que estrangula. Os jovens fisioterapeutas contentam-se frequentemente
com isto, ao mesmo tempo que criticam os anti-depressivos e os ansiolíticos,
como se não fossem todos eles estratégias de sobrevivência num mundo que sufoca
o crescimento e oprime a consciencialização (e será que a ilusão não é também
necessária à felicidade? Será que a consciencialização é assim tão redentora?
Não será tudo relativo? Não chega a Terapia a ser somente um consciencializar
do que se deseja e requer e um não consciencializar das verdades mais
inóspitas?...).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Quer-se mais, requer-se uma Fisioterapia adaptada a
uma Era onde a contemplação estética e a evolução espiritual sejam a regra de
todos os seres e não somente de uns afortunados pela educação ou a sociedade.
Requer-se uma Fisioterapia como palco somático do crescimento, em que o Corpo
Físico (relevando o eixo moderno/performativo/denotativo do "homo faber",
numa lógica de desempenho e produção, clinicamente associado ao modelo
biomédico e pragmaticamente ao controlo prioritário das manifestações
sintomáticas por meios predominantemente paliativos ou placebetários) perde
terreno para o Corpo Soma (com este a relevar o horizonte
pós-moderno/reflexivo-simbólico/narrativo do "homo sapiens", numa
lógica de entendimento e integração projectivo-fantasmática psicossomática,
clinicamente associado ao modelo bio-psico-social, senão ao modelo
sócio-psico-neuro-músculo-esquelético, pragmaticamente relacionado com os
processos psicomotrizes, os métodos de domínio neuro-motor e o longo prazo
estrutural consumado no conjunto dos modelos que perspectivam um corpo enquanto
palco de Cadeias musculares, senão enquanto única Cadeia neuro-mio-fascial ou
mesmo Una Cadeia psico-organo-neuro-mio-fascial... portanto modelos que
valorizam mais as técnicas de "inibição do corpo hegemónico" - por
meio exemplificativo do relaxamento muscular e do alongamento fascial - do que
as técnicas de reforço, obsessão ainda dominante no mundo da Fisioterapia e da
Actividade física em geral, coisa explicável pela tónica na performance, vista
como instintiva e esteticamente prazenteira e produtiva e profissionalmente
pertinente, fixações do próprio Sistema industrial e da Sociedade organizada
segundo os preceitos da competitividade animalizada), em que o Instinto se
torna pulsão, e o sexo sexualidade (e.g. Freud) e erotismo (Bataille), em que a
acção se transmuta em intenção e esta em representação, e o movimento se
transtorna Motricidade. Solicita-se uma Fisioterapia integrativa dos diversos
planos da existência, concorrendo o plano somático e astral para o desenvolvimento
do plano espiritual e humanitário. Uma Fisioterapia que transponha os diversos
planos da Sociedade e os diferentes cuidados e sistemas de Saúde, auxiliando no
jogo de gestão das oscilações do mundo material, permitindo o apaziguamento psico-físico
requerido à etapa pacificadora do Outono da Vida. Enfim, uma Fisioterapia
enquanto meio de crescimento, pessoal e colectivo, egóico e supergóico, individual
e social, pulsional e moral, familiar e civilizacional, na História, nas Eras,
nos tempos, aqui, agora e sempre.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Vejo, como sempre vi, nos grandes modelos e
narrativas da Fisioterapia neurológica e da Fisioterapia de Reeducação Postural
o tecido fundacional de uma Fisioterapia narratológica irredutível ao discurso
médico-prescricionista, vinculadamente neoliberal em termos económicos.
Meta-narrativas da Fisioterapia que obviam a visão de um corpo em que as
pequenas afecções, e até alguns traumas, são explicados pela idiossincrasia
postural (e pelo movimento visto como totalidade "psicodramática"),
com esta a incluir tanto os aspectos morfológicos como os caracteres relativos
aos desequilíbrios neuro-mio-fasciais vistos como causativos dos anteriores.
Meta-narrativas de uma Fisioterapia do passado, da Nova Era, do tempo
arquetípico que é um "não tempo", uma arqueologia que Michel Foucault
identificava como tempo "clássico", anterior ao liberalismo e à
revolução industrial, prévio à transformação das 'Artes', cuja transmissão de
saberes e valores relevava uma relação do mestre com o discípulo ajustada às
necessidades próprias do último e à dinâmica ritualística do passado mediada
por iniciações e "passagens", em 'Profissões', com sobreposição de
uma lógica de massificação do ensino que a recente tomada de uma atitude
hiper-facilitista por parte das escolas e Universidades somente veio agravar...
relativamente a este ponto, escasseiam as palavras suficientemente duras que
permitam a crítica às escolas de Fisioterapia que se permitiu surgirem como
fungos nos últimos 15 anos: vende-se a noção de Cientificidade como mote de
desenvolvimento de uma Fisioterapia do Futuro, permitindo escoar a ideia de que
é esta a base própria e adequada do Academismo, num esquecimento daninho de que
as Universidades foram construídas como base de prossecução dos "Universais",
dos Valores, do grande Conhecimento, no sentido da grande Racionalidade
noética... como se a Fisioterapia académica não necessitasse precisamente dos
seus grandes Sistemas, dos seus ilustres Autores, da sua Teoria enquanto
Testemunho, das suas Narrativas conceptuais e reflexivas, sem as quais a
cientificidade per si não passará dum amontoado desorganizado e acrítico de
estudos (informação massiva, um pouco à imagem dos novos tempos internéticos
que preconizam a overdose de informação descentrada dum núcleo interpretativo,
crítico, comparativo, organizativo, meditativo); temos escolas sem tradição
académica com conteúdo, permitindo-se confundir os grandes Valores da Academia,
a tradição no seu sentido nobre, com estúpidas práticas de praxe, reificadas
por estudantes imbecis, sem palco de cultura, sem referências intelectuais, a
não ser que consideremos como "cultura" ou "referência" a
estúpida capa ou batina que o ainda mais ignóbil e vazio estudante veste num
exercício de arrogância, que até poderia ser aceitável se tivesse por trás uma
mente reforçada de Valores e contextos, mas somente tem por trás o parasita que
o novo estudante universitário constitui; nunca as escolas tiveram tantos
cursos, mestrados e doutoramentos, nunca os seus corpos docentes foram tão
graduados, e nunca houve tamanha ignomínia, tanta incultura e desfaçatez por
parte dos novos docentes (com óbvias excepções), num desmazelo conceptual que
nos faz ter saudades dos tempos do velho Alcoitão, num passado em que ainda se
ensinava que de facto "cada caso é um caso", em que os velhos mestres
sabiam passar - com conhecimento pessoal, vívido, experiencial - os saberes dos
grandes paradigmas e dos antigos modelos, em que existia mais exigência no
exercício dos saberes, dos conceitos e das práticas no antigo e extraordinariamente
difícil Bacharelato do que nas novas licenciaturas do "faz de conta",
em que notas e passagens são servidas numa bandeja de prata, como se o curso
estivesse garantido a quem tem meramente a possibilidade de o pagar, em que,
inclusivamente, um trabalho final de curso deixou de ser uma Monografia
enquanto investigação verdadeiramente realizada para passar a ser um projecto
ou anteprojecto que se faz em dias, as aulas deixaram de ter por base os
livros, os clássicos e até os artigos e passaram a valorizar os slides desse
epifenómeno chamado "PowerPoint", num exercício de estimulação da
preguiça, porque o aluno não lê nem pesquisa, somente "marra"
tópicos, o que, mais a mais, nos leva a não nos admirarmos que, mais tarde, os
novos fisioterapeutas pensem que a Fisioterapia é algo que possa ser praticado
a partir de regras e linhas estritas, como se a complexidade
multi-paradigmática não existisse, como se só existissem realidades certas e
objectivas, receitas rígidas e respostas fixas para a intervenção. Pois que,
mesmo nos termos de um só paciente ou condição, várias respostas terapêuticas
podem ser recrutadas, com este relativismo a depender mais do paradigma
inerente ao Terapeuta que "constrói" o paciente do que da condição do
paciente em "si mesma", que o terapeuta mais ecléctico ou maduro, e
sobretudo paradigmaticamente descomprometido, saberá (?) ver com maior
objectividade. E pois que é precisamente a complexidade multi-paradigmática
presente idealmente no ensino das escolas e Universidades que permite a
adequada compreensão da multidimensionalidade do paciente, dos métodos, do
próprio fisioterapeuta, base inerente à entidade de um terapeuta que pensa e
complexifica - pré-requisitos da vivência meditativa não mediada -, prólogo de
uma Fisioterapia enquanto matéria pensante e pensada que não pode ser decidida
nos termos de uma consulta médica mas somente mediante a actividade pensante e
de "livre escolha"/"livre-arbítrio" de um fisioterapeuta
capaz de avaliar e decidir os meios de actuação a partir da necessária
dialéctica interna entre aquilo que identifica no paciente e aquilo que é o seu
próprio acervo cognitivo de métodos e paradigmas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Será a desejável Fisioterapia da Nova Era possível
no conjunto do mundo ou somente na ilha da Utopia? Trará a Clínica o Admirável
Mundo Novo somente a uns poucos ou ao conjunto da Civilização que se pretende
pacificada?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Será preciso repetir o que está à vista de todos?
Não está o secular e renascido sistema neoliberal a querer perpetuar a visão do
doente como número e da Fisioterapia como um conjunto desconjuntado de técnicas
previstas num agrupado de códigos prescritivos? Não está a Fisioterapia do
presente feita para agradar ao Sistema, com um conjunto inútil de
intermediários - incluindo essa especialidade serôdia da Fisiatria - a comerem
à custa do esforço intrépido de terapeutas afogados em trabalho e das carteiras
de pacientes afogados em dívidas? Que Sistema é este que, em Portugal, permite
o tratamento feito num número ilimitado de pacientes em simultâneo (num modelo
de "fisioterapia de ginásio" que roça o cómico, com o terapeuta a
parecer muitas vezes mais o instrutor físico que ordena exercícios do que o
profissional que manuseia e se relaciona com o paciente)? Que Sistema é este
que, no nosso país, permite a profunda confusão entre terapeutas licenciados,
falsos terapeutas, terapeutas "não convencionais", imiscuindo-os num
caos de leis inexistentes ou mal construídas? Que país é este que se exclui do
controlo do funcionamento do ensino superior, permitindo a abertura
indiscriminada de escolas de formação, sem que haja uma adequação entre os
números de formandos e as promessas do mercado? Que Fisioterapia poderá ser
realizada por terapeutas a trabalharem quase a título gratuito? Que tipo de
Fisioterapia poderá existir no país se somente o Privado permite a prática dos
métodos nobres e se só uns poucos privilegiados poderão ter acesso a estes
mesmos métodos, já depois de também os próprios terapeutas terem tido um acesso
enviesado às formações, dada a sua elevadíssima custosidade?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Recentemente os fisioterapeutas começaram a
identificar uma potencial linha de lucro na criação de empresas de formação. É
um pouco como viver à custa do engano dos próprios formandos. Mas quando
alertados para o facto, alguns dos jovens terapeutas vituperam que os
recém-formados são adultos e donos de si. O que é curioso, porque no momento em
que os mesmos jovens terapeutas se decidem à mesquinhez de
"denunciar" pseudo-profissionais com base no pressuposto da
"defesa do interesse dos utentes", aí as regras do jogo mudam e já as
pessoas passaram a ser umas pobres coitadas que precisam de ser protegidas. É o
mesmo tipo de coerência que leva os jovens terapeutas a deificar os estudos
fisioterapêuticos e a, no imediato momento seguinte, a demonizar os estudos
farmacológicos, referindo os supostos "conflitos de interesses" das
empresas e das indústrias; como se os estudos fisioterapêuticos não estivessem
também eles repletos de erros, invenções, plágios, descaracterizações
ecológicas, "interesses empresariais", com muitos estudos a referirem
resultados positivos no relativo a um método que foi criado pelo próprio autor
do estudo, o mesmo que pretende vender o seu método à mesma empresa que
subsidia o estudo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Perante isto não posso deixar de pensar no
"efeito Édipo" referido por Popper e na importância do seu critério
falsificabilista enquanto proposta de distinção entre o
verosimilhante/científico e o não verosimilhante/não científico, um conteúdo da
temática epistemológica entre muitos outros que poderiam ajudar o
fisioterapeuta a ser um melhor investigador (e também um melhor clínico), mas
que, face a uma "educação superior" em Fisioterapia mais centrada nos
aspectos metodológicos do que nos aspectos epistemológicos da Investigação,
manter-se-ão enquanto resíduo de desconhecimento, plena nesciência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Urge fornecer ao jovem estudante de Fisioterapia
uma adequada educação filosófica, muito particularmente na área da
Epistemologia científica e da Filosofia da Ciência, eventualmente
compartilhável no exacto momento em que lhe são dados alguns instrumentos de
análise metodológica. Sem essas bases nunca o fisioterapeuta poderá seriamente
fazer ciência e pensar a Ciência... e aqui utilizo o termo no seu sentido grego
de «Epistémi», que significa "Conhecimento", "Razão" (sendo
que, na escala platónica, a "Epistémi" se perfaz de dois níveis: um
nível de "Dianóia", que tem mais a ver com o terreno científico -
aqui, no sentido convencional/clássico e materialista do termo - e até clínico
com que os terapeutas estão mais familiarizados, e um nível de
"Noésis", que diz respeito ao nível de Razão que advogo, ao nível de
Ciência - não entendida enquanto tal na sociedade moderna - que aproxima, e não
distancia, Sujeito e Objecto, Investigador e Realidade Objectiva).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Haja, então, uma adequada aproximação do
terapeuta/investigador ao terreno da Razão no seu sentido mais subtil, noético,
que é precisamente aquele que aproxima, que funde, que torna tudo uma só coisa,
sem divisões, fragmentações, inúteis abstracções. Reconheça-se a realidade
inexorável do marketing a velar a realidade menos obscura dos métodos e das
técnicas; dispam-se os métodos dos seus nomes e do fogo de artifício
mercantilista, das suas teorias dogmáticas e estudos muitas vezes falseados, e
espreite-se a natureza dos "signos" desses métodos... entender-se-á
que há muitos significantes para um punhado coeso, parcimonioso e unitário de
significados, muitos formatos para um conteúdo comum, muitas técnicas e modas
para que, no fim, uma natureza "nua" do corpo Uno ouse gritar o seu
domínio fenoménico, o único que importa ao terapeuta experiente, que deve ser
aquele que vê a essência por trás de tantos véus, ilusões, aparências (o
esotérico vale mais do que o exotérico, o interno vale mais do que o externo, o
profundo vale mais do que o superficial, o Uno vale mais que o múltiplo, o
Eterno vale mais que o Impermanente, o Princípio/Arché vale mais do que o
tempo). É, decerto, um campo de trabalho aparentemente contra-intuitivo, até
porque a educação ao estilo ocidental condiciona e doutrina as nossas cabeças
para pensar somente nos termos do mensurável, do concreto, do dividido, do
individual, do "separado", da "peça", do "corpo
máquina"... E parece bem certo que, se o futuro trará a tecnologização
compulsiva, a engenharia genética virá a ser fundamentalmente uma medicina de
tipo "individual", adaptada à idiossincrasia genealógica de cada
indivíduo, de cada alma. E é precisamente nesse momento, no puro momento em que
os próprios conceitos de "alma" ou "Espírito" perderão a
sua razão de ser, que o futuro trará a plena pacificação do sofrimento, pelo
aprimoramento da resiliência genética face ao atrito do mundo exterior, o que
significa que o homem hiper-racional, no sentido dado por milénios de
construção filosófica e espiritual, terá o seu derradeiro desabrochar no palco
da medicina e da farmacologia do futuro. Mas, mesmo nesse momento, lá
continuará o fisioterapeuta a funcionar enquanto elemento do ambiente exterior,
ajudando a desenhar o fenótipo, o design mais finalizado do sujeito, algo que
não pode ser substituído por qualquer químico, pelo menos no palco que se
vislumbra no século presente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Reconheço que os organismos políticos não são
sensíveis à visão de uma Fisioterapia pensada para um utente, para o seu corpo
enquanto totalidade, para o trabalho realizado nas condições requerentes de uma
(politicamente pouco desejável) consciencialização. Para o político vale
somente o número de uma espécie de quantidades que possam ser medidas por si,
pelos seus e sobretudo pelos eleitores. E à imagem desta perspectiva redutora,
a Fisioterapia é pouco mais do que a massagem feita ao membro
"dorido" ou do que a máquina que permitirá calar o sintoma
funcionalmente limitador. Perante isto, como convencer as entidades de que um
trabalho feito na totalidade, pensado com a necessária complexidade, poderá ter
uma vantagem gigantesca em termos de prevenção da recidiva e de novas lesões,
da "transmissão sintomática" e da recaída no já parco sistema
português do optimismo individual?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Como demonstrar que o longo prazo importa, que a
qualidade e o sentido de vida são o sumo da existência, que não há já ninguém
que queira reduzir a sua vida ao estrago do labor obsessivo de uma precariedade
de trabalho incessante?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Imagino o momento futuro de aproximação da
Fisioterapia do modelo psicoterapêutico/psicanalítico: uma fisioterapia paga à
sessão e não segundo códigos de métodos ou técnicas, uma fisioterapia decidida
por quem faz, porque, no acto de fazer está o acto de avaliar, no acto de
observar está o acto de tratar, no acto de manipular está o acto de testar;
mais uma vez à semelhança da Psicoterapia, segundo o modelo
"psicodinâmico", idealizo uma Fisioterapia em que a sessão de um só
utente confunde propositadamente avaliação, registo e intervenção, num todo em
que os métodos e técnicas "com vários nomes" perdem os seus rótulos
para originar o acto "fisioterapêutico" como um todo e pago pelo
utente ou pelo Sistema ou subsistema enquanto tal. Obviamente que valorizo a
Fisioterapia no seu lado mais "artesanal", manipulativo, postural e
motriz, relegando para segundo plano a quimera tecnológica que, a meu ver,
sugestiona mais do que trata (se bem que, em certos contextos mais
"desesperados", um placebo pode, de algum modo, ser um tratamento
legítimo).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Imagino o momento futuro em que o fisioterapeuta
será capaz de dispor de um franco capital de inteligibilidade, pelo menos um
que lhe permita fazer jogos de raciocínio e<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>compreender as vicissitudes da "dinâmica" de um paciente, pois
que, na ausência de capacidade analítica, fica flagrantemente comprometido todo
o processo de intervenção, tratamento incluído. Mais importante do que
"boas mãos", boas capacidades manipulativas previamente automatizadas
no terapeuta experiente, é ter "mãos intencionadas por uma mente dona de
um poderoso domínio do Raciocínio Clínico"; estas últimas cumulam a boa
capacidade manipulativa com a flexibilidade sempre requerida à adaptação à nova
situação clínica do paciente... e, a um nível microscópico, novas situações
clínicas surgem a cada momento, com a possibilidade da infinitude do decrescer
da escala e da dízima no espaço entre dois momentos imediatos... o corpo está
em permanente - heraclitiana - metamorfose, e o terapeuta deverá ser a suprema "Testemunha"
dessa fenomenologia da continuidade, desse paciente enquanto "existência a
preceder a essência" (Kierkegaard), "ser que existe" (Sartre),
"ser com intencionalidade" (Husserl), "ser-aí" (Heidegger),
dessa transcendência na liberdade (Jaspers) ou auto-percepção corpórea
(Merleau-Ponty). O corpo fala continuamente e o terapeuta interpreta a sua
linguagem, ajustando ininterruptamente as mãos e a práxis à necessidade de um
corpo cuja desarmonia requer reequilibração, cujo desequilíbrio ordena ao terapeuta
a reposição do "mais" ou do "menos" que prenuncia o
regresso à homeostase. A dialéctica subsiste no seio de tais transformações, e
também na intimidade do canal que liga o objecto-Terapeuta ao objecto-Paciente.
Já no meu «Corpo e pós-modernidade» me referi à dialéctica materialista e ao Idealismo
dialéctico, duas vertentes que concorrem para a Unidade Terapeuta-paciente, na
realidade dois pacientes, e, no fim, que também pode ser o Princípio ou
qualquer (não) momento sem tempo, Um só paciente, uma Unidade intemporal,
metafísica e não metafísica, pura fenomenologia que cruza o fenómeno Paciente
com o fenómeno perceptivo num só Fenómeno que, apesar de terreno e concreto no
sentido interpretativamente materialista, se torna Ideal Subjectivo tornado
Objectivo, porque o que se passa dentro da mente do terapeuta se torna uma
realidade per si, um fenómeno em si, que até poderia ser "sonho",
mas, que, tal como diz o poema de António Gedeão, "(...) é uma constante
da vida/ Tão concreta e definida/ Como outra coisa qualquer".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Perante isto, no testemunho da complexidade do Uno
fenomenológico que preside à realidade interna do fisioterapeuta em constante e
irrepetível transformação ôntica (como no "Dasein" de Heidegger), não
é legítimo conceber que se conhece adequadamente um paciente - o seu corpo, a
sua dinâmica sempre renovada - no tempo limitado de uma "consulta". E
da mesma maneira é risível que se aceite que um médico fisiatra possa
"prescrever" Fisioterapia, seja porque a Fisioterapia não é
prescrevível, seja porque o conhecimento da infinita complexidão do paciente
requer a infinita presença, o infinito manuseamento, a inextinguível e sempre
perdurável relação de "intimidade" com o "outro". Nada que
possa ser exaurido num tempo-limite da consulta de um médico que se sente
tentado a não tocar no paciente. Nada que possa ser decidido por quem nada
entende dos métodos precisamente mais holísticos, totalizantes... pudera... se
o médico se mantém anquilosado no terreno da visão biomédica e prescritivista,
como conceber que o mesmo conheça e domine métodos e modelos de uma mínima
complexidade dialéctica? O máximo que o médico poderá prescrever, que é também
aquilo que encontramos nos Códigos prescritivos, são técnicas desgarradas, com
vista à sua utilização numa parte ou segmento do corpo, que, de qualquer modo,
é o que os Seguros pagam, e não ouse o terapeuta tratar mais do que o membro,
mesmo que a cervical esteja implicada, não ouse o terapeuta fazer algo que não
esteja prescrito, pois é conveniente dividir as responsabilidades... Mas que
responsabilidade é esta quando tudo parece ser decidido pelas regras do
Sistema, muito mais do que pelo que identificamos no paciente?...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Como toda a percepção, como toda a cognição, como
toda a fenomenologia, também o paciente é "construído" pelo
terapeuta, com a subjectividade deste a condicionar a escolha de um paradigma
interventivo e com este paradigma a ser muitas vezes imposto ao paciente que se
pretende ver como extensão do modelo que se propugna. É a questão da
subjectividade no seu sentido pós-moderno, tal como já referi neste ensaio e
tratei com maior pormenor em «Corpo e pós-modernidade». E, diga-se, é, apesar
de tudo, um mal menor. Pior do que isso é a "construção do paciente",
num sentido mais consciente, mediada pelas pressões do Sistema e pelo afã de
lucro. Muitos fisioterapeutas vivem correntemente situações anedóticas nas
Clínicas de Fisioterapia. Todos sabemos, por exemplo, que é comum sermos
forçados a tratar diferentemente doentes provindos de diferentes seguros. O
utente do Serviço Nacional de Saúde é provavelmente aquele que tem direito a
menos tempo e a menos "luxos", enquanto que o utente particular é
tratado em gabinete particular, talvez com direito a tecnologias avançadas.
Mas, independentemente da proveniência do doente, é comum a
"prescrição" de métodos ser feita em função de factores irrisórios, à
imagem da tendência massiva para "receitar" uma "manipulação
vertebral" a quem dela pouco precisa só porque é uma técnica "bem
paga", ou a tendência para evitar "receitar" Ultra-sons, porque
o prejuízo do material e o tempo perdido pelo profissional não compensam o
potencial lucro; há uns anos, ouvi a seguinte justificação: a doente X, por vir
à hora Y, não teria direito ao laser, porque a essa hora, "os lasers estavam
todos ocupados". Por outro lado, como sabemos, a utilização massiva de
calores húmidos prende-se sobretudo por ser algo que dispensa a atenção e o
tempo do profissional (frequentemente o auxiliar, aquele que não pode praticar
legalmente a Fisioterapia), e a necessidade de rentabilizar o tempo do
profissional que ganha à hora tem a primazia, não vá a Clínica dar prejuízo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Pode parecer paradoxal que um "médico",
supostamente dono de tamanho número de anos de formação, possa ser (claro que
nem sempre) tão pouco ético e muitas vezes incompetente, mas os cidadãos
ficariam consternados se imaginassem a quantidade imensa de maus diagnósticos, a
incapacidade grotesca em fazer um exame objectivo, o alarve do exagero do
pedido de exames complementares de diagnóstico inúteis. As excepções existem, é
claro, mas, por vezes, parece-me que a regra dos diferentes profissionais -
fisioterapeutas incluídos - é a incapacidade para se dar o máximo que se pode
dar em nome do cidadão, dono do "corpo frágil".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Muitas destas temáticas são sabidamente
foucaultianas, principalmente no que à temática do Poder diz respeito, pois que
alguma desta incompetência tem por trás o desiderato de uma competitividade
bacoca entre os profissionais com vista ao domínio do corpo do paciente. Não
nos deixemos iludir: a grande maioria das lutas em prol de direitos por parte
dos profissionais de saúde tem por trás a ambição animalesca, o ideal do
domínio. Um Hospital é uma verdadeira sociedade hierarquizada, com os
profissionais a respeitarem as decisões e os pareceres em função do lugar que
ocupam na Hierarquia, nos termos dum papel de maior ou menor protagonismo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Vã ilusão a dos cidadãos que imaginam poder confiar
no seu profissional de saúde, que perdem a voz activa e o livre-arbítrio em
nome da decisão "consciente" do seu clínico. O caos parece ser quase
a regra e os serviços de saúde portugueses carecem de uma organização, de
adequados critérios que permitam a aproximação à desejada Racionalidade. E se
eles não existem é porque os interesses e as corporações falam sempre mais
alto, e pretendem sempre vilipendiar a presunção de uma Ordem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">E já que de "Ordem" falamos, e sabendo
nós que os fisioterapeutas carecem deste organismo profissional, quase não
posso conter a minha curiosidade face aos critérios que uma Ordem dos
Fisioterapeutas teria de criar para poder em si incluir os profissionais
legítimos... Esperemos que os critérios não sejam muito rigorosos, se é que
alguns virão a existir. É que o fisioterapeuta e a fisioterapia tal como
existem no nosso país não são capazes de sobreviver a critérios de franca
exigência...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Sejamos frontais. A Fisioterapia portuguesa situa-se
na Era do Ferro (à semelhança com a quinta raça, que é, de facto, aquela em que
nos encontramos), a mais baixa das Eras mitológicas. Faltam leis, falta uma
Ordem, faltam profissionais de excelência (temos alguns, mas são ainda poucos),
falta uma adequada representação intelectual, falta um trajecto de investigação
académica, faltam publicações, faltam instituições de referência, assim como
falta uma política de Saúde adequada que permita a utilização da grande
Fisioterapia de vanguarda. Falta também um núcleo duro de representação da
Intelligentsia fisioterapêutica portuguesa, incluindo o que considero urgente:
a reflexão desprovida de poluição emocional, o exercício da Racionalidade no
seu sentido Superior, Universal, e também construtivo, sugestivo duma mudança
de Paradigma, quiçá, uma mudança de todo o Paradigma português e europeu, a
começar pela reforma da mentalidade muito portuguesa que é ímpar no
"bota-abaixismo", na crítica desconexa, no cepticismo mal dirigido,
no pessimismo secular, na inveja dolorosa, na valorização das
"aparências", no "enchimento de troféus inúteis", na pura
cagança irrealista, no popularuchismo de natureza latina, no orgulho bacoco e
na mais profunda inércia, no "deixa para depois", no "não vale a
pena", no "não podes mudar o mundo". Mas, se assim é, se assim
se pretende ser, porquê tanto queixume, porquê a tendência lamentável para o
terapeuta português sempre se lamentar numa lamentação lamentavelmente
lamentável?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Esquece frequentemente o cidadão português que o
Direito é a consequência natural de uma luta, do exercício brioso de um
conjunto de deveres, da demanda do mérito e dos aspectos algo contundentes com
este relacionados. A luta e a ambição, o esforço de progressão, reiteram o seu
lugar enquanto quesitos de afirmação, não podendo deixar de assumir o ridículo
desta nova tendência para se avocar o preceito dos Direitos automáticos, porque
legalmente instituídos, sem que tenha sido primeiramente demonstrado o seu
merecimento. A Autonomia é um direito próprio do profissional que assume a
complexidade de Ser e pensar, a inteireza da avaliação e intervenção enquanto
pressupostos da plena assertividade do clínico; assertividade que importa mais
pela Pessoa completa que urge enquanto tecido ontológico de suporte ao clínico
do que propriamente pelo papel do profissional propriamente dito, com este
último a ser muitas vezes o ser pessoal acrítico que, na defesa dos direitos da
Corporação ou do Grupo parcelar, perde a natural liberdade de pensamento, a
autonomia de Ser e "Tornar-se", que é, como sabemos, pré-requisito do
Terapeuta verdadeiramente Total.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Assim, o "livre-pensador", um pouco à
semelhança do preceito racionalista, não pode deixar de ser visto como condição
obrigatória do Terapeuta, se bem que a sua Autonomia não implica a
Independência, a impermeabilidade, a incomunicabilidade hermética. Antes pelo
contrário, a assunção do profissional autónomo é pré-requisito obrigatório da
assunção do membro da equipe, do grupo, da Sociedade, da Cultura, um pouco como
a criança que requer a securização do seu Self para que possa dar-se,
relacionar-se, amar e ser amor.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A autonomização e a complexificação da entidade
profissional "Fisioterapeuta" (e igualmente do "acto
fisioterapêutico", com este a dever ser único e irrepetível, como se uma
intervenção devesse sempre ser feita como se fosse a "derradeira" e a
"sublime"... Sagrada, porque repleta de significado, capaz de ser o
momento único em que o tempo pára para deixar fluir uma quantidade massiva de
Sentido, o momento em que tudo está plenamente pensado, nada a mais nem nada a
menos, tudo com a sua "razão de ser", e portanto tudo
escrupulosamente decidido e determinado, numa determinação para a liberdade da
dança da Mónada Paciente-Terapeuta, alimentada pelo fluir em que os Corpos, o
Corpo, se transtornam de pura Arte, harmonia do movimento perfeito e puramente
livre. Resumidamente, o tratamento de um doente não é uma questão de tempos,
pagamentos, sistemas ou qualquer outra coisa mundana e/ou profana; é um momento
Sagrado, e portanto relativo à Pureza dum acto Criador, da Palavra/Logos
enquanto Verbo do Princípio/Arché) urge, assim, enquanto condição prévia duma Totalização
em que os membros de uma equipe, incluindo o paciente e sua família, se fundem
num só elemento, já não equipe mas sim Uno fenoménico. É um pouco como as
etapas da "salvação" do Eu, individual e colectivo, com um primeiro
momento de assunção plena do 'Eu' demiurgo, do Super-Homem, e um momento final
de diluição do 'Eu' no Todo, de transfiguração quântica das fronteiras da
pessoalidade individual e grupal, para que soçobre a melopeia da infinita
transformação, o murmúrio da voz de Deus feito caos embriagador da matéria dos
sentidos transviados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O orgulho de se ser terapeuta deverá, na extensão
dessa elipse de prístina liberdade, cingir o eco da plena libertação do Eu, do
outro, do mundo, logo feitos movimento perpétuo, uma sucessão de infinidade de posturas,
e a postura a ser uma infinidade de movimentos, dança permanente da harmonia de
um Universo em cíclica transformação, um entre muitos, uns dentro de outros, e
outros tantos mais, numa sucessão infinda de infinidades, de parcas e ilusórias
fronteiras. </span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: left;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 15pt; mso-bidi-font-family: Arial;"><em><span style="font-size: small;">Postura como movimento, movimento enquanto posturas<o:p></o:p></span></em></span></b></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; mso-bidi-font-family: Arial;">«<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Movendo-se, descansa (o fogo etéreo do corpo humano)</i>»</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: right;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri; font-size: 11pt; mso-bidi-font-family: Arial;">Heraclito de Éfeso<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O gesto lento, prolongado quase infinitamente numa
dança em que o corpo do terapeuta e o corpo do paciente se transfiguram numa
dinâmica quase promíscua, nua, íntima, plena, repleta de significação, lotada
de um "locus" de sentido em que a possibilidade de trair o caminho
para o equilíbrio é severíssima.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Um gesto a mais ou a menos, um pouco mais de força
do que deve ser, um pouco menos de insistência do que o desejável, tudo isto
pode comprometer decisivamente o caminho terapêutico, podendo magoar, ferir os
resultados até ali obtidos, ou mesmo aniquilar a possibilidade de uma
continuidade. O bom-senso, a razoabilidade, qualidades difíceis de definir, de
mensurar, mas obrigatórias ao terapeuta que se assume como tal. Dimensões que
revelam a quintessência da Fisioterapia, o seu lado mais qualitativo e
irredutível a sistematizações, a regras de conduta ou a guias de prática, mas
que são a "última palavra" que decide o terapeuta que irá sê-lo no
verdadeiro sentido do termo, ao invés de um "terapeuta" que nunca
conseguirá verdadeiramente ser um clínico capaz de "viver" o seu
paciente, capaz de "tornar-se" o seu paciente, na plena coesão de um
"ouvir", de um "sentir compreensivo", de um "ser capaz
de se colocar no lugar do outro".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Dimensões que resvalam continuamente nas mãos de
terapeutas que limitam o seu acto ao reduto de um "é assim que manda a
regra" ou "o exercício é feito deste modo obrigatório", como se
o manusear não devesse ser arte internamente criativa, como se a Fisioterapia
não devesse ser puramente arte, dançaterapia, escultura em movimento, como se
cada momento do "toque" não pudesse firmar a procura do derradeiro
instante de prístino Belo, sagrado desvelo, momento de fusão com a
irrefutabilidade da presteza divina. E é assim que o acto ou gesto
fisioterapêutico deve ser lento, moderado e contido numa estoicidade
embriagadora, vivido e prestado necessariamente por um ser controlado, livre,
esvaziado de oscilações mentais e instabilidades internas, portanto sereno,
pacificado, capaz de imprimir ao paciente a direcção de um momento de alívio,
de libertação face ao agrilhoamento da tensão e da dor. E é assim que o acto ou
gesto fisioterapêutico deverá sempre que possível ser longo, prolongado num
tempo jamais programado ou mundanamente limitado, dono da lentidão própria das
coisas da natureza, porque esta última, na sua inalienável sabedoria, sabe
tecer a perfeição com a lentidão de um tempo "perdido" (Proust),
porque as coisas belas e perfeitas requerem tempo, e já a impaciência, a pressa
e a rudeza são inimigos declarados da perfeição. E é assim, finalmente, que o
acto ou gesto fisioterapêutico deve evitar o mais possível a dor, o sacrifício,
o sofrimento muitas vezes imputado como "marca" do fisioterapeuta e
de uma terapia vista como necessariamente qualificada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A dor alimenta a apreensão, o espasmo, as defesas,
promete tornar a Fisioterapia um momento criador de outras necessidades
fisioterapêuticas, como se o momento da terapia quisesse trair a qualidade de
vida em nome de uma função quantitativamente louvável; como se só os números
contassem e a dor fosse o único modo proficiente de alcançar resultados, quando
é a persistência e a temporalidade que fazem a Obra. Não, não vejo como conceber
um corpo de pedra ou uma argamassa biomecânica destinada a levantar pesos e a
esforçar-se como que imbuído de competitividade atlética. O corpo é frágil, uma
verdadeira rosa de cristal dona de limites que não pretendemos ver corrompidos
por uma estúpida cultura do "No pain, no gain" que confunde
sacrifício físico sem sentido com o sacrifício espiritual do peregrino que
caminha descalço no "deserto dos tártaros". Queremos um corpo
respeitado, tratado como elemento do Sagrado que o próprio acto fisioterapêutico
reitera. Não queremos o momento sacrificial trôpego que o paciente rapidamente
imprime em si como aquela hora do dia em que será sujeito à tortura, ao
maquiavelismo de um "princípio sem fim" ou de um acto destituído de
um "fim em si".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Daí que o fisioterapeuta não pode jamais deixar de
ser poeta, psicanalista, bailarino, escultor, músico, pensador, capaz de fazer
do movimento-postura o momento profundamente expressivo da intenção do alcance
de um Sentido, coisa risível para quem transforma o movimento nos padrões
mecânicos de uma máquina destituída de conteúdo e para quem traveste o seu
paciente de um levantador de pesos ou de um atleta como "coisa
acabada" (quando nunca nada é coisa definitivamente "acabada")
capaz de se lançar alienadamente na produção industrial dos movimentos
repetidos incessantemente na fusão com a cultura massificada e plastificada dos
"tempos modernos".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">E cuidai que o fisioterapeuta que se move nas
entranhas desta cultura, como aquele que permite ao atleta competitivo produzir
a acção destruidora e violenta, somente porque a máquina do Sistema assim manda
e demanda, é um cúmplice de um crime, do crime de fazer a violência ao corpo
cristalizado que tantos anos requereu para atingir um certo estado de riqueza
práxica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O fisioterapeuta que se envolve neste crime não é
mais um profissional de saúde. É somente (mais) um agente de um Sistema que
tresanda a nulidade de um paradigma económico também ele a tresandar a desgaste
e a putrefacção. Tenho vergonha por estes fisioterapeutas e por este Sistema.
Tenho vergonha que a Fisioterapia mais "mediática" seja precisamente
esta que produz "máquinas" da diversão das massas, na pletora de um
modelo "moderno" que alguns pressupõem "evoluído", numa estúpida
incapacidade de distinguir "modernidade" de "evolução",
"desenvolvimento económico" de "desenvolvimento humano",
"capital financeiro" de "capital de felicidade",
"felicidade quimérica" de "felicidade espiritual", "ilusão"
de "revelação".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O tempo alimenta a entropia, o envelhecimento e o
desgaste, e a modernização e o suposto desenvolvimento implicam mais a confusão
de vozes e a relativização e multiplicação de gestos do que propriamente uma
adequada evolução - muitas vezes confundida com o avanço temporal -, com esta a
requerer o retorno à Estrutura arquetípica, a paragem do tempo no paraíso do
"Eterno presente". O terapeuta que actua no paciente não deve
reificar a secularidade, numa atitude de "eterno retorno" ou
"eterna dialéctica" que permite somente criar a ilusão placebetária
ou a resignação da vivência na dor; deve, sobretudo, ser o Super-Homem capaz de
fazer do paciente outro Super-Homem, um Ser genuíno retornado ao Arquétipo da
Consciência pura e desalienada, dono de um corpo enquanto extensão
antecipatória da Idade de Ouro, aquela que ousa a beatitude do Nada, da
ausência de atrito, de "mal" ou sofrimento, e portanto da ausência da
própria evolução, porque já nada requer libertação, porque o Nada é já a
Liberdade transtornada num caos de escalar quântico.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Pretende-se um corpo "paciente", que, na
perspectiva do "eterno presente" intemporal, é movimento perpétuo,
sucessão infinita de pontos ou posturas, e a postura a ser infinito movimento,
tudo é o mesmo, tudo é uma só coisa, e também o eterno devir e o eterno retorno
são o eterno presente, assim como a liberdade pura, o Ser Total, é o Nada, o
Não Ser, e o Absoluto é o Caos, o Inefável, o Irredutível.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Logicamente que o momento da Fisioterapia não é o
Absoluto, se bem que se aproxima e reitera o Arquetípico, e, à semelhança do
que acontece com o mito, pretende renovar o "Princípio", repetir o
"acto criador", retornar ao Arché enquanto modelo exemplar, e é por
isso que o acto fisioterapêutico deve ser um acto sagrado, porque renova a
condição originária, porque reinicia a perfeição da Criação, e é também por
isso que o fisioterapeuta é um demiurgo e tanto o seu corpo como o seu acto
devem ser puros, prístinos, extensões do que se pretende reificar no corpo do
próprio paciente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">O tempo bem aproveitado desempenha a função
descondicionadora, recriadora, alquímica, gnóstica, e, no percurso do processo
expansivo, tornar-se-á mais lento, na mesma medida em que o aumento da
consciência abre o Ser à pureza atemporal do Arché.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Erros, defeitos, más escolhas, dúvidas são também
um elemento necessário, até porque o terreno maculado e inconsciente das trevas
subterrâneas e saturninas imiscui a estrutura arquetípica de pureza virginal
com os fantasmas do condicionamento castrador de um mundo de temporalidade
carnal e deterministicamente relativo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">À semelhança do que acontece com as Eras do
Esoterismo, o tempo arquetípico é um "não tempo" paradisíaco, mas em
que a liberdade animalística e infantil, como no "bom selvagem" de
Rousseau, funciona como uma pseudoliberdade, no sentido em que o conforto
operado pela condição primitiva implica a dependência do modelo primário dos
deuses/pais; e o tempo histórico é o tempo do condicionamento que ora
desagrega, relativiza, desabsolutiza, vela, macula e carnaliza, ora civiliza e
imprime a consciencialização ética, significando isto que a História tem uma
dupla vertente destrutiva e evolutiva, relativizadora e organizadora,
diacrónica e sincrónica, diabólica e simbólica, maleficente e beneficente,
pecaminosa e accionadora, veladora e reveladora, com o aspecto segundo (da Luz)
a permitir o aumento gradual do patamar de consciência, o mesmo que consentirá
ao <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ser</i> atingir o estado de
Demiurgo/Super-Homem/Pai e criar o seu próprio Arché ou Totalidade noética
manifesta (numa fase em que teria conseguido libertar-se do processo cíclico de
"eterno retorno" e, portanto, do arquétipo modelar do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pater</i>... se bem que o seu próprio Arché
se encontra no paraíso desse <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pater </i>e,
portanto, o encontro do "Princípio" autonómico reitera o encontro
arquetípico primevo, no seio da odisseia do regresso ao lar), o seu próprio
paraíso, senão a sua própria condição divina de pura liberdade (aqui já não
demiurgo, mas sim Deus Totalidade imanifesta e irredutível), com esta a ser
problematizada pela perspectiva pessimista de um fatalismo de determinismo materialista
que opõe a caverna da corporeidade ao intento da libertação, ao puro
"Nous" e, obviamente, à obtenção de níveis de evolução metanóica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Não me alongarei em temas que tratei mais
pormenorizadamente nos meus livros «O Corpo e o Nada» (2013) e «As Metamorfoses
do Espírito» (2013), até porque a perspectiva pessimista - igualmente
apresentada - do eterno retorno e do regresso cíclico às trevas involutivas (cunhada
especialmente em «As Metamorfoses (...)») poderia desanimar o terapeuta que se
pretende motivado na "recriação" do "Opus" alquímico do seu
paciente, se bem que a óptica esotérica pretende que a evolução cíclica
propicia um "regresso" a um ponto mais alto, mais evoluído, mais
próximo do topo da montanha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">E se o fisioterapeuta pretende reactualizar o
momento inicial no seu paciente tal não será possível sem que a própria
Fisioterapia inicie o seu íntimo caminho evolutivo, a sua própria gnose, a sua
própria Obra alquímica, no contexto da entrada na Nova Era, na pós-modernidade
que é, de algum modo, a reactualização dos antigos tempos de valorização da
Espiritualidade profunda.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">Caminho que irá requerer inicialmente o Singular,
para mais tarde uma mudança mais profunda de paradigma ser internamente
compreendida por um grupo mais abrangente, quiçá toda uma Classe profissional
(imediatamente antes do tempo em que a própria divisão em profissões e classes
deixará de fazer sentido, porque a ambição da Totalidade itera a diluição das
categorias, e portanto a transformação da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade
numa "transUnidade").</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">A singularidade do momento único de uma
Fisioterapia pensada no jogo da multiplicidade de factores, na diversidade de
olhares, em que a visão de uma "razão dialéctica" (Sartre) do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">relativo</i> não abandona jamais o seu caminho,
simultaneamente de retorno e evolutivo, no sentido da afirmação do Espírito, no
sentido inicialmente subjectivo, no sentido derradeiro de uma Totalidade que
nunca deixámos de ser.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;">É essa Fisioterapia enquanto prática
espiritualizada, no seu sentido esotérico pós-moderno, que desejo para o futuro
próximo, para o futuro da Nova Era, o mesmo que permitirá cruzar todas as
estruturas e narrativas no ensejo valioso de criar toda uma Meta-narrativa de
base canónica e categórica e de ápice desconstrutiva e pluridimensional... uma
Fisioterapia sem medo de se pensar nas suas múltiplas problemáticas, com vista
à sacralização do acto de "tratar", do instante de "tocar".
</span><br />
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span> </div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-size: x-small;"><em>Publicado em 'Hospital do Futuro': </em><a href="http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blog/show?id=1967198%3ABlogPost%3A40449">http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blog/show?id=1967198%3ABlogPost%3A40449</a> <em>e no livro «A Clínica do Sagrado. Medicina e Fisioterapias, Psicanálise e Espiritualidade» (Edições Mahatma)</em></span></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-26788679461994746892013-09-01T09:18:00.004+01:002013-09-01T09:18:47.236+01:00As Metamorfoses do Espírito: disponível brevemente!!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggWFcSZ8Dr8L4Rf3zDCr_xO-0-uolVKgB1sXnFw_MudOZdFg8Vxe24OjpHxniVIIjPArUKFLlbObVq0YDdNtmPw9MzOKPDXVmdCUP7nX6tq9hLDSOVHDPr3F2K-O3Sb1Eqi8KtEw/s1600/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="155" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggWFcSZ8Dr8L4Rf3zDCr_xO-0-uolVKgB1sXnFw_MudOZdFg8Vxe24OjpHxniVIIjPArUKFLlbObVq0YDdNtmPw9MzOKPDXVmdCUP7nX6tq9hLDSOVHDPr3F2K-O3Sb1Eqi8KtEw/s320/As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito.jpg" width="320" /></a></div>
<br /></div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-71139113225856564512013-08-29T10:16:00.004+01:002013-09-02T01:01:46.516+01:00A triagem dos enfermeiros nas urgências hospitalares<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
A propósito das declarações do
Bastonário da Ordem dos Médicos acerca da menor competência dos enfermeiros
para realizar as triagens das urgências hospitalares, acto basilar do processo
da equidade no atendimento, não posso ignorar a necessária ressalva face a mais
uma ignóbil e frustre polémica, que, a bem ver, nada mais é do que o
aproveitamento de casos excepcionais do funcionamento dos Serviços de Saúde
para fazer valer um lóbi face a uma Corporação em emergente crescimento.</div>
<div style="text-align: justify;">
Sou insuspeito, até porque ainda
há pouco tempo era eu o autor de uma polémica que contrapunha terapeutas a
enfermeiros, assumindo eu um pouco a salvaguarda dos direitos dos terapeutas
face à crescente prepotência dos enfermeiros e da figura do enfermeiro
"Super-Homem". Mas eis que, atendo a nova polémica das
"triagens", não posso deixar de dar razão aos enfermeiros e de
condenar as afirmações e actos do Bastonário da Ordem dos Médicos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Enquanto fisioterapeuta que sou,
com treino aturado na compreensão do raciocínio clínico, o qual inclui a
relação dialéctica da capacidade de diagnóstico (clínico e funcional) e da
capacitação de realização do exame subjectivo e objectivo do paciente, posso
assegurar que, muitas vezes, é impossível compreender completamente a situação
clínica do doente, mesmo no decorrer de diversas consultas ou sessões de
tratamento. É que o paciente compreende todo um Universo semiológico, para não
falar da complexidade da relação dos sistemas orgânicos entre si e em relação
com o "Sistema psicossocial", e muitas vezes situações aparentemente
simples, como manifestações clínicas específicas, escondem processos complexos,
que chegam a nem sequer ser adequadamente compreendidos no decurso de uma ou
mais consultas. </div>
<div style="text-align: justify;">
A presunção de que há uma relação
directa entre a patologia e a manifestação vigora somente entre quem não
entende que o mundo da Saúde envolve todo um manancial de sistemas, modelos,
paradigmas, e também multi-valências, com os consequentes conflitos interdisciplinares
(quando o funcionamento da Equipe continua a ser defendido como ideal, no seio
de outros horizontes...), os quais, na verdade, não deixam de escamotear o
desiderato do poder.</div>
<div style="text-align: justify;">
O mundo da Saúde tem muito mais a
ver com o irracional do que os cidadãos possam sequer imaginar, e presumir que
há modelos perfeitos é, no mínimo, vogar no desconhecimento ou na hipocrisia.
Daí que não posso deixar de condenar as afirmações do Bastonário da Ordem dos
Médicos, até porque também os médicos conhecem as referidas dificuldades de
diagnóstico e vogam em todo um mundo de relativismos e incertezas (malgrado a
petulância de alguns profissionais que se afirmam como totipotentes, e que, por
isso mesmo, acabam por errar ainda mais). </div>
<div style="text-align: justify;">
As afirmações referidas não
passam de todo um aproveitamento contextual, que é o mesmo que é utilizado para
fazer guerra a profissões que se encontram em situação de definição emergente.
Quem trabalha em Saúde, sabe que este género de oportunismo é frequente, tal
como a constância da luta entre profissionais em nome do domínio do Sistema e
da "posse" do paciente.</div>
<div style="text-align: justify;">
O Sistema de Triagem não pode
jamais ser perfeito, até porque não se trata de um contexto de diagnóstico mas
somente de um processo de selecção da ordem do atendimento. Face ao que já
disse, e acrescentando-lhe as condições e os tempos bizarros de atendimento do
paciente, não podem restar dúvidas de que é impossível que a tarefa dos
enfermeiros possa ser desempenhada com total ausência de erros. E nada garante
que a maior formação dos médicos implique que os mesmos erros diminuam
significativamente; a não ser que esse atendimento fosse feito em muito mais
tempo e com uma acuidade muito superior... o que não deixa de ser risível, pois
deixaríamos de ter uma triagem e aproximar-nos-íamos do modelo actual (e,
diga-se, pouco benemérito) de consulta médica. <br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><em>Publicado em 'Hospital do Futuro': </em><a href="http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blogs/a-triagem-dos-enfermeiros-nas-urg-ncias-hospitalares">http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blogs/a-triagem-dos-enfermeiros-nas-urg-ncias-hospitalares</a></span></div>
</div>
<div class="blogger-post-footer">Luís Coelho
coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33490147.post-63634225199122987842013-08-21T07:50:00.002+01:002013-08-21T07:50:50.538+01:00As Metamorfoses do Espírito: em breve...<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desde já anuncio a saída, para breve, do meu próximo livro, do qual revelo o título: «As Metamorfoses do Espírito. Sobre o Mal, a psicologia da Filosofia e o Super-Homem. Ensaios poemáticos e fragmentos luciferinos» (pela Apeiron Edições).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;">Vão alimentando a ideia de ler um livro politicamente incorrecto e muito pouco convencional!!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana;"></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzyR-xBkFiVMREpiny-TeVTWvwHRUfAydT6USNUqZSVWIeYqkVrg0Y-G_Y_cWh4tCEko1_N_yOwtSkViXBKtJQgbc3is0jZySWJ2jVNppBzZigay_DLAYktTBc4DqATCsp1iIRnw/s1600/Imagem+da+capa+As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzyR-xBkFiVMREpiny-TeVTWvwHRUfAydT6USNUqZSVWIeYqkVrg0Y-G_Y_cWh4tCEko1_N_yOwtSkViXBKtJQgbc3is0jZySWJ2jVNppBzZigay_DLAYktTBc4DqATCsp1iIRnw/s400/Imagem+da+capa+As+Metamorfoses+do+Esp%C3%ADrito.png" width="272" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
</div>
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coelholewis@hotmail.com
tlm: 963304478</div>Luís Coelhohttp://www.blogger.com/profile/16374814180339772844noreply@blogger.com0