Este não é um texto sobre reeducação postural ou sobre fisioterapia. É mais uma reflexão global sobre a vida, uma reflexão que me tem carregado sobrolho, que tem enchido mais do que parte de mim... Tem a ver com a relação – ou não relação – entre a forma, nomeadamente a imagem, o aspecto, o exterior, a cor relevada, e o conteúdo, nomeadamente única e exclusivamente o que interessa.
Lembro-me que as primeiras vezes que a relação – algo constrita – entre os dois conceitos surgiu na minha mente foi quando, por alturas do curso e durante as apresentações de PowerPoint a apresentar – tínhamos de preparar trabalhos que fossem simultaneamente bons no conteúdo e bons para os olhos comerem. Nessa altura, tinha por hábito preparar – em papel – esquemas complexos, que aguçassem o olhar, com revelação implexa dos conteúdos a desenvolver; esses esquemas eram passados a computador pela Vanessa, minha companheira na época, a qual também se preocupava com a decoração dos conteúdos a apresentar. Sabíamos, mais do que ninguém, que um bom trabalho tinha de ser, primeiramente, comido pelos olhos.
Vários anos após ter terminado o curso, aqui estou eu a trabalhar no meu blog, o qual é, para além de um constructo de conteúdos, um determinado objecto do olhar. Eu, mais do que ninguém, sou um homem de conteúdos. Tenho, inclusive, um certo ódio à forma e à cultura da imagem, a qual está estritamente ligada à moda, à cultura de massas, à sociedade do consumo, ao marketing diabólico... E é aqui que chagamos ao ponto culminar da minha actual obsessão... Até que ponto estamos contaminados pela imagem, até que ponto estamos tomados pela “cultura do olhar”, pela “cultura da forma”. Tenho lutado muito contra as várias expressões da “cultura da forma”, principalmente aquelas que dizem respeito à minha área: o Pilates, o Fitness, os métodos sofisticados de Terapia Física, as mistificadas Medicinas não convencionais e até mesmo os não menos sofisticados – senão realmente sofistas – métodos de Fisioterapia como Bobath ou a Reeducação Postural Global... Uns, mais do que outros, possuem uma amplitude de abordagem comercial sem limites... e isso choca-me um pouco. Choca-me, por exemplo, o tom de “moda” do Pilates e do Fitness que por aí se praticam... E chocam-me, sobretudo, porque a Imagem que os mesmos revelam esconde uma grande pobreza de conteúdos!
Sim, é verdade que as nossas vidas estão repletas de marketing, de esboços mais ou menos estéticos de formas mais ou menos imperativas do olhar! Devemos lutar contra isso, contra algo que é tão visceralmente instintivo e, no fundo, natural no homem?... Na minha opinião, sim, devemos lutar contra os excessos e devemos tentar sempre gerir as fronteiras – muito espúrias – entre aquilo que é Forma e aquilo que já é conteúdo.
Mas, ainda assim, o que é mais danoso não é o facto de vivermos embrenhados de Forma, mas sim o facto de, tantas vezes, a Forma ser desprovida de valor, de conteúdo. Aí sim é que devemos lutar sem parar, lutar para que exista, pelo menos, uma relação proporcional entre as duas coisas.
Depois de muito reflectir, percebi que também eu trabalho a minha Imagem. Escrevo artigos inflamados para o Público, revelo uma imagem de “outsider”, trabalho o “aspecto” das minhas intervenções, e, no domínio das classes de Pilates, modifico constantemente os esquemas e trabalho a entoação de voz... etc. Sim, também eu me incluo dentro dos criminosos da Forma. Mas considero-me um lutador! Luto contra tudo isto ou, pelo menos, contra o seu excesso. Por outro lado, questiono-me se não devemos tentar dominar a ciência da forma, a ciência do “público”, o marketing popularucho, como única maneira que temos de “ascender”... E, por mais que me envergonhe disso, concluo, todos os dias, que mais vale fazer parte dos vencedores, bons manipuladores do mercado, do que dos vencidos... Que resolução tomarei para o novo ano?...
Lembro-me que as primeiras vezes que a relação – algo constrita – entre os dois conceitos surgiu na minha mente foi quando, por alturas do curso e durante as apresentações de PowerPoint a apresentar – tínhamos de preparar trabalhos que fossem simultaneamente bons no conteúdo e bons para os olhos comerem. Nessa altura, tinha por hábito preparar – em papel – esquemas complexos, que aguçassem o olhar, com revelação implexa dos conteúdos a desenvolver; esses esquemas eram passados a computador pela Vanessa, minha companheira na época, a qual também se preocupava com a decoração dos conteúdos a apresentar. Sabíamos, mais do que ninguém, que um bom trabalho tinha de ser, primeiramente, comido pelos olhos.
Vários anos após ter terminado o curso, aqui estou eu a trabalhar no meu blog, o qual é, para além de um constructo de conteúdos, um determinado objecto do olhar. Eu, mais do que ninguém, sou um homem de conteúdos. Tenho, inclusive, um certo ódio à forma e à cultura da imagem, a qual está estritamente ligada à moda, à cultura de massas, à sociedade do consumo, ao marketing diabólico... E é aqui que chagamos ao ponto culminar da minha actual obsessão... Até que ponto estamos contaminados pela imagem, até que ponto estamos tomados pela “cultura do olhar”, pela “cultura da forma”. Tenho lutado muito contra as várias expressões da “cultura da forma”, principalmente aquelas que dizem respeito à minha área: o Pilates, o Fitness, os métodos sofisticados de Terapia Física, as mistificadas Medicinas não convencionais e até mesmo os não menos sofisticados – senão realmente sofistas – métodos de Fisioterapia como Bobath ou a Reeducação Postural Global... Uns, mais do que outros, possuem uma amplitude de abordagem comercial sem limites... e isso choca-me um pouco. Choca-me, por exemplo, o tom de “moda” do Pilates e do Fitness que por aí se praticam... E chocam-me, sobretudo, porque a Imagem que os mesmos revelam esconde uma grande pobreza de conteúdos!
Sim, é verdade que as nossas vidas estão repletas de marketing, de esboços mais ou menos estéticos de formas mais ou menos imperativas do olhar! Devemos lutar contra isso, contra algo que é tão visceralmente instintivo e, no fundo, natural no homem?... Na minha opinião, sim, devemos lutar contra os excessos e devemos tentar sempre gerir as fronteiras – muito espúrias – entre aquilo que é Forma e aquilo que já é conteúdo.
Mas, ainda assim, o que é mais danoso não é o facto de vivermos embrenhados de Forma, mas sim o facto de, tantas vezes, a Forma ser desprovida de valor, de conteúdo. Aí sim é que devemos lutar sem parar, lutar para que exista, pelo menos, uma relação proporcional entre as duas coisas.
Depois de muito reflectir, percebi que também eu trabalho a minha Imagem. Escrevo artigos inflamados para o Público, revelo uma imagem de “outsider”, trabalho o “aspecto” das minhas intervenções, e, no domínio das classes de Pilates, modifico constantemente os esquemas e trabalho a entoação de voz... etc. Sim, também eu me incluo dentro dos criminosos da Forma. Mas considero-me um lutador! Luto contra tudo isto ou, pelo menos, contra o seu excesso. Por outro lado, questiono-me se não devemos tentar dominar a ciência da forma, a ciência do “público”, o marketing popularucho, como única maneira que temos de “ascender”... E, por mais que me envergonhe disso, concluo, todos os dias, que mais vale fazer parte dos vencedores, bons manipuladores do mercado, do que dos vencidos... Que resolução tomarei para o novo ano?...
3 comentários:
Hola, te escribo desd euruguay, no se si entiendas mejor el español o el ingles. En cuanto al Pilates yo soy Instructora Certificada y tampoco me agrada como se hace tanto marketing con el tema. si puedo decirte que existimos profesores que trabajamos de manera consciente aplicando criterios nuevos que evolucionan la tecnica, como ser El S.G.A que tambien estudie con una representante de Souchard en la Argentina, y Anatomia para el movimiento de Blandine Calais. Si hay buen contenido en el Metodo, siempre y cuando evolucione. Ana.
mundopilates@gmail.com
Vc é muito radical...
Vc julga todos profissionais... só vc que é o melhor em matéria de consciência? será???
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