sexta-feira, fevereiro 26, 2010

RPG: lista prévia de estudos publicados (encontrados na Biblioteca Virtual em Saúde)

Marques, A. P., Mendonça, L. L. F., & Cossermelli, W. (1994). Alongamento muscular em pacientes com fibromialgia a partir de um trabalho de reeducação postural global (RPG). Rev. Bras. Reumatol., 34(5): 232-234.

Marques, A. P. (1994). Hérnia de disco cervical tratada com reeducação postural global (RPG). Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 1(1): 34-37.

Marques, A. P. (1996). Escoliose tratada com reeducação postural global. Rev. Fisioter. Univ. São Paulo, 3(1/2): 65-68.

Pita, M. C. (2000). Cifose torácica tratada com reeducação postural global. Arq. Ciênc. Saúde, 4(2): 159-164.

Teodori, R. M., Moreno, M. A., Fiore Junior, J. F., & Oliveira, A. C. S. (2003). Alongamento da musculatura inspiratória por intermédio da reeducação postural global (RPG). Rev. Bras. Fisioter., 7(1): 25-30.

Castro, P. C. G., & Lopes, J. A. F. (2003). Avaliação computadorizada por fotografia digital, como recurso de avaliação na reeducação postural global. Acta Fisiatr., 10(2): 83-88.

Smania, N., Corato, E., Tinazzi, M., Montagnana, B., Fiaschi, A., & Aglioti, S. M. (2003). The effect of two different rehabilitation treatments in cervical dystonia: preliminary results in four patients. Funct Neurol, 18(4): 219-225.

Teodori, R. M., Guirro, E. C. O., & Santos, R. M. (2005). Distribuição da pressão plantar e localização do centro de força após intervenção pelo método de reeducação postural global: um estudo de caso. Fisioter. Mov., 18(1): 27-35.

Gomes, B. M., Nardoni, G. C. G., lopes, P. G., & Godoy, E. (2006). O efeito da técnica de reeducação postural global em um paciente com hemiparésia após acidente vascular encefálico. Acta Fisiatr., 13(2): 103-108.

Moreira, C. M. C., & Soares, D. R. L. (2007). Análise da efectividade da reeducação postural global na protusão do ombro após a alta terapêutica. Fisioter. Mov., 20(1): 93-99.

Fregonesi, C. E. P. T., Valsechi, C. M., Masselli, M. R., Faria, C. R. S., & Ferreira, D. M. A. (2007). Um ano de evolução da escoliose com RPG. Fisioter. Bras., 8(2): 140-142.

Fozzatti, M. C. M., Palma, P., Herrmann, V., & Dambros, M. (2008). Impacto da reeducação postural global no tratamento da incontinência urinária de esforço feminina. Rev. Assoc. Med. Bras., 54(1): 17-22.

Heredia, E. P., & Rodrigues, F. F. (2008). O tratamento de pacientes com fibrose epidural pela reeducação postural global – RPG. Rev. Bras. Neurol., 44(3): 19-26.

Cunha, A. C. V., Burke, T. N., França, F. J. R., & Marques, A. P. (2008). Effect of global posture reeducation and of static stretching on pain, range of motion, and quality of life in women with chronic neck pain: a randomized clinical trial. Clinics, 63(6): 763-770.

domingo, fevereiro 14, 2010

Liberdade de expressão e importância dos blogues

Mesmo não tendo muito a ver com a temática deste blogue, atendendo à polémica presente relativamente às “escutas” e à “liberdade de imprensa”, penso que devo publicar aqui uma chamada de atenção.
Não nego que pode, de algum modo, ter havido uma certa pretensão por parte do Governo de auferir de um certo controlo dos conteúdos de certos meios de Comunicação Social. De certo modo, atendendo ao exagero próprio de alguns órgãos mediáticos viventes de “sensações”, esse controlo até poderia ser visto como uma dádiva à responsabilidade de informação...
É precisamente este último ponto que pretendo sublinhar. Assim como existe uma certa necessidade de os Governos nos atirarem areia para os olhos – sempre foi apanágio das democracias, e não só dos regimes mais totalitários – também os órgãos de Imprensa possuem essa mesma necessidade. Se a tentativa de controlo dos conteúdos e formato de um telejornal são um atentado à liberdade de Imprensa, diria que aquilo que os órgãos de Imprensa fazem no dia a dia – controlam o tamanho e conteúdos dos artigos, assim como censuram os artigos de opinião que são menos coesos com a política editorial do jornal em questão – também é claramente um atentado à liberdade de expressão! Eu, que tanto publico e tento publicar nos vários jornais nacionais, bem sei a forma como jornais como o “Público”, entre outros, gostam de fingir que não recebem certos artigos (cujos conteúdos são críticos para o jornal em si), assim como fingem que os seus conteúdos são irrelevantes. Aliás, até determinada data, era comum publicar uma ou duas “cartas ao director” no Público (para além de que já tinha publicado quatro artigos propriamente ditos), mas desde que apresentei a minha crítica relativamente à “gracinha” pseudo-intelectual “Vasco Pulido Valente vs. Miguel Sousa Tavares” parece que os meus artigos e cartas deixaram todos de ter qualidade para serem publicados no “Público” (mas não em outros jornais como o “Expresso” ou o “Semanário”). Ora, se isto não é um atentado à liberdade de expressão é o quê?...
Daí considerar hipócritas as acusações dos diversos jornais relativamente ao caso das “Escutas”. Também considero que existe um certo exercício de jornalismo cor-de-rosa, dado à exploração de sensações descartáveis. Em geral, considero que aquilo que os vários órgãos de Comunicação Social estão a fazer corresponde a uma absoluta falta de decoro, responsabilidade e rigor. Com estas coisas, os jornalistas vão tecendo uma “História” e uma “Verdade”, as quais não estão verdadeiramente de acordo com os factos reais.
Acuso, portanto, os diversos órgãos de Imprensa – incluindo jornais pretensamente de qualidade – de estarem a praticar um jornalismo sensacionalista, adstrito à prática do empolamento do caso das Escutas. Não estão verdadeiramente a defender a liberdade de expressão, estão a defender a liberdade de uma Imprensa irresponsável e sem rigor. Estão a defender um “jornalismo de aventuras”, romanceado, cujos conteúdos são exagerados até ao ponto em que nos pretendem fazer crer numa tentacular “teoria da conspiração”. E esse acto de praticar um jornalismo sensacionalista está a ser de tal modo exagerado que até o jornal “Sol” se permite praticar ilegalidades – legitimadas pelos jornais dos “amigos” – assim como aproveita o grande número de vendas para lançar um número extra. Mas, no entanto, jornais como o “Público” ou o “Expresso” solidarizam-se, chegando a afirmar que o direito à informação da Opinião Pública legitima a prática de ilegalidades.
Que Opinião Pública é esta que é educada por estes mesmos órgãos dos média e da Imprensa? Será a mesma Opinião Pública fisioterapêutica que é educada pelo boletim de uma “justa” Associação Portuguesa de Fisioterapeutas? Ou será que o lobbie é generalizado?
Por estas e por outras, apesar de serem fontes eventualmente pouco rigorosas, a Net, os blogues e a Fisiozone podem, muitas vezes, estar mais perto da Verdade real que aquilo que encontramos nas notícias televisivas, jornais e boletins de Associações com lobbies e favoritismos. Isto porque qualquer um pode escrever num blogue ou na Fisiozone. E esse “qualquer um”, que a Imprensa não permite, é que é a verdadeira concertação da democracia.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

A homossexualidade é uma doença?

A homossexualidade está indiscutivelmente na moda. Aliás, muitos temas aparentemente insalubres, socialmente irrelevantes (?), parecem entrar definitivamente nos escaparates da mediania... Mas, na realidade, a homossexualidade não é um tema assim tão alcalino, pelo menos para mim. Lembro-me bem do momento em que entrei para a nova escola, quando passei para o 5º ano de escolaridade. Era incontável o número de colegas que, por qualquer razão por mim desapercebida, me chamavam de “menina” ou de “florzinha”. Agora, o tipo de assédio de que fui vítima já possui nome. Chama-se “bullying”... outro assunto igualmente na moda; não, não se trata de discriminação, pois, na realidade, não sou homossexual, mesmo que fosse visto como tal. Daí não poder ser mais uma das vítimas de uma sociedade injusta, a qual passa a ter uma razão para se manifestar... Por outro lado, visto que fui muitas vezes tratado como “maricas” (reparo agora que o termo em questão nem é aceite pelo dicionário do Word...), sinto-me bastante íntimo desta minoria, que, aparentemente, é cada vez mais uma maioria!
Não pareço ter dúvidas sobre as minhas preferências sexuais. O meu psicanalista também não parecia ter dúvidas, visto que, para ele, “a homossexualidade é uma bizarria” e que no seu entender, eu jamais viria a ser “paneleiro” (outro termo não aceite pelo dicionário do Word), entendendo tal (termo) como “os homens que atacam os genitais de outros homens”.
Para via das dúvidas (relativamente à forma como os psicanalistas vêem a questão da homossexualidade) abro o manual “Novos desafios à bioética” (Porto Editora) no capítulo intitulado “Homossexualidade”, escrito por Jaime Milheiro. Passo a citar algumas partes que poderia considerar icónicas: “A homossexualidade é uma questão pessoal. É uma questão psicológica, subjectiva. Como qualquer outra propensão sexual, vem de dentro, não se implanta por fora”. Mais à frente lemos: “Na criança, as vivências com os pais proporcionam identificações e conjugam-se com o sexo biológico descoberto neles e em si” [...] “Se o desenvolvimento se processar em moldes comuns, a identificação global ao progenitor do mesmo sexo acontecerá sem grandes turbulências. Se houver inibição com angústias perturbadoras, podem desenrolar-se dinamismos característicos e consequências. Poderão acontecer fixações em patamares transitórios, pontos de passagem do amadurecimento. A homossexualidade será disso um exemplo.” Gostaria, entretanto, de dizer que estas mesmas frases, aparecem escritas numa versão de 2001. Claro que qualquer semelhança com as teorias pseudo-científicas de um Freud envelhecido é pura coincidência. E calculo que também seja coincidência qualquer confusão que se possa criar entre “psicanálise” e pós-modernismo acientífico.
Mas gostaria ainda mais de citar a parte em que o Ex. Mo Dr. Jaime Milheiro expõe a explicação messiânica da homossexualidade: “agressividades não elaboradas, fragilidades narcísicas, angústias de separação, medos de destruição da mãe, figura primordial de quem a criança totalmente depende. Identificações maciças com essa mãe nos dois sexos para a manter dentro de si em perspectivas fusionais são de observação corrente, o que acarreta no adulto uma idealização dela quase absoluta, muito visível na maior parte dos homossexuais, masculinos ou femininos, ou, em contrapartida, uma desvalorização reactiva do mesmo grau, igualmente quase absoluta.” Gosto desta parte em que o psicanalista diz que o homossexual possui uma forte identificação com a figura materna, mas também pode ser o completo oposto; é, claramente, uma verdadeira demonstração de ciência falsificável...
Sendo assim, percebo porque é que o meu ex-psicanalista nunca me permitiu a possibilidade da homossexualidade. Afinal de contas, estes profissionais, quase sempre psicólogos ou psiquiatras de grande poder clínico, acabam por possuir um grande controlo dos seus pacientes... Daí a considerar que estes mesmos “profissionais científicos” possam ajuizar acerca da capacidade que um casal homossexual tem ou não para adoptar e educar uma criança vai uma distância ainda maior... Sobre isto o mesmo Jaime Milheiro diz: “a pretensa adopção de crianças por homossexuais (...) é uma falta de consideração pela criança, um desrespeito pelo seu destino, completamente de rejeitar.”
Vemos, portanto, que, na perspectiva dos psicanalistas, talvez a saída da condição homossexual do manual de perturbações mentais DSM-IV não devesse ter sido realizada.
Não que nada disto me aqueça ou arrefeça! Pois não sou homossexual! Vivi como tal, mas não o sou, pois nunca me foi permitida tal possibilidade. A minha família morreria de desgosto, o psicanalista chamar-me-ia de “doente”!
Mas, sendo ou não sendo, visto que vivi sempre na sombra de um estereótipo, e bem vi – e senti na pele – como tal assenta bem na minha “estabilidade emocional”, digo apenas que bem haja todo aquele que não estigmatiza, todo aquele que não vive de macular a felicidade e o livre-arbítrio de todos os outros.
As actuais discussões sobre o “casamento homossexual” e sobre a possibilidade de estes casais poderem ou não adoptar crianças são muito mais do que uma questão da moda. Essas discussões representam toda uma temática central da sociedade: que é a de ser “diferente”. E a nossa obrigação para com os “diferentes”, a nossa obrigação para com o “Estrangeiro” (como é bom lembrar Camus...) é bem real. Visto que, ao longo de séculos, a sociedade pouco mais fez do que perseguir e punir severamente a diferença, cabe à nossa actual sociedade civilizada (e racional) expiar-se. Permitir o casamento homossexual é semelhante à permissão de utilização de roupas de diferentes raças, religiões ou etnias, à inclusão de estrangeiros vindos de países onde abunda a fome e a guerra ou à simples inclusão de um mau aluno numa turma de “mestres”: trata-se de uma obrigação moral, tornada inalienável por anos, séculos, milénios de estigmatização inquebrantável.
Portanto, se a homossexualidade é uma doença, vamos permitir que essa “loucura da normalidade” (palavras de Arno Gruen, outro psicanalista) se torne um lugar comum, sem espaço para o irracionalismo.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Para acabar de vez com a cultura

Deste título deste nosso pequeno ensaio não podemos, de facto, retirar qualquer ilação acerca do que pretendemos verdadeiramente falar: se do relativismo, se do universalismo... Talvez se soubermos que as supracitadas palavras constituem um título de um livro de Woody Allen, o realizador amoral que, em vários dos seus filmes, explora a tentação niilista, possamos inferir do tal título uma espécie de manifesto anti-valorativo. Mas isso seria conceber os Valores como parte da Cultura. E seria também conceber a Cultura como algo que uns possuem superiormente a outros. Mas, se nos ativermos à mera existência dos Universais, será que os Valores fundamentais não passarão a ser terreno de matérias essencialmente biológicas e genéticas?...
Daí passamos para uma definição dos Valores como algo intrínseco aos Universais. E estes passarão a ser fundamentalmente terreno da Ciência, porque de Genética se tratam. É este o tipo de Universalismo que encontramos na noção de “falsificabilidade” de Popper, nos invariantes estruturais de Sausurre (da ordem dos signos), Chomsky (da ordem do inatismo linguístico) ou de Lévi-Strauss (da ordem dos invariantes estruturais das diferentes tribos), nos “valores” estéticos de Gombrich ou na ideologia de Isaiah Berlin.
Estes “invariantes” ou “universais” são como a “ordem” do campo da Ciência, constituída por leis bem definidas com capacidade de predição rigorosa. No campo da “cultura”, também é comum falar de Valores, pois acredita-se que certas culturas se encontram mais evoluídas que outras, ou seja, que determinadas culturas possuem um conjunto de códigos ético-morais mais racionais que outras culturas.
O que os autores citados acima pretendem, de certa forma, dizer é que a noção de evolução cultural é errónea e ilusória, visto que as culturas são quase totalmente enformadas por características que advêm, quase totalmente, dos invariantes estruturais. Aliás, é desta noção que surge a base do Estruturalismo. Os mais radicais diriam até que não existe Cultura ou que a mesma pode ser reduzida às suas características biológicas neurofisiológicas basilares.
Vemos, portanto, que o diálogo Natureza vs. Cultura não é tão fácil quanto aquilo que o binómio Inato vs. Adquirido pretende significar.
Por exemplo, Platão foi um essencialista, sendo que a sua visão do mundo era extremamente dada aos invariantes. Mas, Popper considera que o seu racionalismo dogmático, baseado na forma como Platão vê a “hierarquia social tripartida”, abre as portas ao mundo do relativismo. Um pensador que poderia parecer tão “absolutista” é, noutra perspectiva, um grande relativista. Isaiah Berlin, na sua obra “Rousseau e outros cinco inimigos da liberdade” (2002), aponta os seguintes homens como relativistas: Helvétius, Rousseau, Fichte, Hegel, Saint-Simon e Maistre. Se lermos os argumentos de Berlin, perceberemos que todos estes autores parecem, à primeira vista, defensores dos Valores, mas todos eles possuem alguma forma de ver a sociedade que recai na possibilidade do fanatismo ou anti-libertismo.
Vejamos o caso do recentemente falecido Claude Lévi-Strauss. Ao considerar que não existem verdadeiras culturas primitivas e que os invariantes culturais tornam as culturas muito semelhantes entre si, Lévi-Strauss está a dizer que há características universais e genéticas adstritas ao Ser humano. Daqui poderíamos tirar ilações acerca de certos Valores como Universais e vitais à sobrevivência da espécie, como sendo superiores aos Valores adstritos às variações culturais (temos aqui um Lévi-Strauss universalista). Por outro lado, podemos considerar que Lévi-Strauss seria relativista, se considerarmos que a sua noção de que não há culturas superiores a outras leva a que não existam culturas valorativamente superiores a outras que, por exemplo, não respeitam certos direitos fundamentais.
As implicações científicas da dicotomia Universal vs. Relativo são inúmeras, de tal maneira que as Ciências exactas feitas de Leis têm sido confundidas com a Verdade, enquanto que as ciências sociais e humanas, mais inexactas, têm sido vistas como pretensiosas de um certo relativismo pós-modernista. E todas elas se consideram como representantes da Realidade...