Mesmo não tendo muito a ver com a temática deste blogue, atendendo à polémica presente relativamente às “escutas” e à “liberdade de imprensa”, penso que devo publicar aqui uma chamada de atenção.
Não nego que pode, de algum modo, ter havido uma certa pretensão por parte do Governo de auferir de um certo controlo dos conteúdos de certos meios de Comunicação Social. De certo modo, atendendo ao exagero próprio de alguns órgãos mediáticos viventes de “sensações”, esse controlo até poderia ser visto como uma dádiva à responsabilidade de informação...
É precisamente este último ponto que pretendo sublinhar. Assim como existe uma certa necessidade de os Governos nos atirarem areia para os olhos – sempre foi apanágio das democracias, e não só dos regimes mais totalitários – também os órgãos de Imprensa possuem essa mesma necessidade. Se a tentativa de controlo dos conteúdos e formato de um telejornal são um atentado à liberdade de Imprensa, diria que aquilo que os órgãos de Imprensa fazem no dia a dia – controlam o tamanho e conteúdos dos artigos, assim como censuram os artigos de opinião que são menos coesos com a política editorial do jornal em questão – também é claramente um atentado à liberdade de expressão! Eu, que tanto publico e tento publicar nos vários jornais nacionais, bem sei a forma como jornais como o “Público”, entre outros, gostam de fingir que não recebem certos artigos (cujos conteúdos são críticos para o jornal em si), assim como fingem que os seus conteúdos são irrelevantes. Aliás, até determinada data, era comum publicar uma ou duas “cartas ao director” no Público (para além de que já tinha publicado quatro artigos propriamente ditos), mas desde que apresentei a minha crítica relativamente à “gracinha” pseudo-intelectual “Vasco Pulido Valente vs. Miguel Sousa Tavares” parece que os meus artigos e cartas deixaram todos de ter qualidade para serem publicados no “Público” (mas não em outros jornais como o “Expresso” ou o “Semanário”). Ora, se isto não é um atentado à liberdade de expressão é o quê?...
Daí considerar hipócritas as acusações dos diversos jornais relativamente ao caso das “Escutas”. Também considero que existe um certo exercício de jornalismo cor-de-rosa, dado à exploração de sensações descartáveis. Em geral, considero que aquilo que os vários órgãos de Comunicação Social estão a fazer corresponde a uma absoluta falta de decoro, responsabilidade e rigor. Com estas coisas, os jornalistas vão tecendo uma “História” e uma “Verdade”, as quais não estão verdadeiramente de acordo com os factos reais.
Acuso, portanto, os diversos órgãos de Imprensa – incluindo jornais pretensamente de qualidade – de estarem a praticar um jornalismo sensacionalista, adstrito à prática do empolamento do caso das Escutas. Não estão verdadeiramente a defender a liberdade de expressão, estão a defender a liberdade de uma Imprensa irresponsável e sem rigor. Estão a defender um “jornalismo de aventuras”, romanceado, cujos conteúdos são exagerados até ao ponto em que nos pretendem fazer crer numa tentacular “teoria da conspiração”. E esse acto de praticar um jornalismo sensacionalista está a ser de tal modo exagerado que até o jornal “Sol” se permite praticar ilegalidades – legitimadas pelos jornais dos “amigos” – assim como aproveita o grande número de vendas para lançar um número extra. Mas, no entanto, jornais como o “Público” ou o “Expresso” solidarizam-se, chegando a afirmar que o direito à informação da Opinião Pública legitima a prática de ilegalidades.
Que Opinião Pública é esta que é educada por estes mesmos órgãos dos média e da Imprensa? Será a mesma Opinião Pública fisioterapêutica que é educada pelo boletim de uma “justa” Associação Portuguesa de Fisioterapeutas? Ou será que o lobbie é generalizado?
Por estas e por outras, apesar de serem fontes eventualmente pouco rigorosas, a Net, os blogues e a Fisiozone podem, muitas vezes, estar mais perto da Verdade real que aquilo que encontramos nas notícias televisivas, jornais e boletins de Associações com lobbies e favoritismos. Isto porque qualquer um pode escrever num blogue ou na Fisiozone. E esse “qualquer um”, que a Imprensa não permite, é que é a verdadeira concertação da democracia.
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