quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A morte do Serviço Nacional de Saúde

Este texto foi publicado hoje como carta no jornal 'i'.
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Perante a actual crise do ‘Estado social’, há um certo lóbi neoliberal que advoga que esta está relacionada com a insustentabilidade matricial do ‘Estado-providência’, quando é apenas a má gestão do mesmo que leva à sua aparente incompatibilidade com o desenvolvimento económico. Eis que, recentemente, foram sugeridas e têm sido obviadas medidas que vão levar a que um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito passe a ser pago e de forma bastante cara, poupança aparente que só levará à pobreza dos cidadãos e ao desinvestimento no país (mas, claro, permitirá o enriquecimento de outros, como os sistemas de seguros e dos subsistemas privados).
Enquanto fisioterapeuta que sou, e trabalhando com doentes que fazem Fisioterapia pelo SNS, vejo que, ano após ano, os meus doentes vão trazendo cada vez menos ‘credenciais’, ficando estes com menos tratamentos e eu com menos doentes e o emprego em risco. A solução tem passado pela ‘racionalização dos recursos’, com as clínicas que por aí abundam a tratar mais doentes por hora com recurso a ‘terapeutas’ sem qualidade, pagos a recibos verdes a cinco euros à hora. Se as pessoas soubessem que a verdadeira Fisioterapia, bem aplicada, necessariamente qualificada, por especializada e individualizada, levaria a melhorias dos doentes mais rápidas e perduráveis!...
Sempre achei que o próprio Sistema não está bem gerido, por, por exemplo, serem realizados demasiados exames complementares para chegar às mesmas conclusões que podem ser obtidas com um mero exame clínico. São também inúmeros os profissionais mal racionalizados, sendo que há demasiados clínicos dedicados aos papeis e às burocracias. Para além disso, o fraco investimento nos cuidados de saúde primários e continuados, os quais permitiriam a poupança de dinheiro nos cuidados hospitalares, é bem demonstrativo do que se continua a fazer: má gestão e falta de estratégia a longo prazo, que é, apesar de menos ‘eleitoralista’, bastante mais eficaz, por económica e eticamente sustentável.

2 comentários:

Catarina disse...

Ola.

Estava à procura de informção sobre fisioterapia e achei o teu blog muito bom. Eu quis seguir fisioterapia, mas por coisas da vida, acabei por enveredar por outros caminhos, apesar de ter alguma formação na área.

Mas a minha questao não é esta. Sempre achei que havia algo na minha cervical e lombar que nao estava bem. Como comecei ter dores na ATM fiz pesquisa e falei com alguns fisioterapeutas. Entretanto comecei a ter aulas de Pilates e foi lá que me apercebi de parte do que estava mal. Entao, a nivel de cervical parece que está um pouco "achatada", a lombar tem a tipica hiperlordose, que já me causa dores, e tenho um lado bastante mais desenvolvido que outro (o que levou a um ombro mais alto, a um lado do abdomen mais saído etc).

Bem, perante isto, eu penso que deveria fazer reeducação postural mas aqui vem a minha duvida. Vou para o particular para um fisiatra e apartir daí ele avalia a situação ou posso tentar optar pelo médico de familia?é que sinceramente, pelo panorama das coisas, duvido que um médico de familia me reencaminhe para consultas externas ou tratamento de fisioterapia por problemas posturais..nao faz parte do nosso sistema de saúde prevenir...só quando já se está na ultima é que nos consideram doentes e com necessidade de tratamento...

Obrigada, agradecia um conselho

Luís Coelho disse...

Olá Catarina. A resposta às tuas dúvidas pode ser bastante mais longa do que estás à espera. Se tens, de facto, uma alteração postural susceptível de ganhar muito com a Reeducação Postural, o melhor é seres primeiramente orientada. Se fosse possível falar contigo ou avaliar-te seria bom... isto no caso de viveres em Lisboa. De qualquer modo, sugiro que me envies directamente uma mensagem para coelholewis@hotmail.com, contacto a partir do qual poderei orientar-te, de modo a percebermos quais são os teus objectivos e recursos para os alcançar.

Abraços

Luís C.