(Apresentação em https://drive.google.com/file/d/1CpxMkgNtYU-nD_6oR5cb0EOiq6OTaht7/view?usp=sharing)
Programação
Neurolinguística: introdução
É preciso deter a noção de
que o conceito de neurolinguística, o qual se refere geralmente ao
“estudo da linguagem no cérebro” (Obler & Gjerlow, 1999) difere do
conceito, muito mais específico, de neurolinguística no desenvolvimento.
A neurolinguística, enquanto modelo de prática ou intervenção cognitiva,
acaba por decair no conceito pragmático de Programação Neurolinguística (PNL),
o qual se refere a um tipo específico de processamento cognitivo auto-induzido
com vista à aprendizagem e desenvolvimento cognitivo.
Mais do que um método ou
mecanismo de modelagem cognitiva, a PNL consiste sobretudo numa forma de ver os
mapas mentais e a neuroplasticidade. Infelizmente, o método tem sido várias
vezes laborado no contexto da psicologia da auto-ajuda, não se
compreendendo muitas vezes a dimensão contextual a que o citado método se
refere.
A PNL refere-se a processamento.
Refere-se a desconstrução. Refere-se a metodologia. Não se refere
tanto a uma forma de agir mas antes a uma forma de funcionar, e
sempre da maneira mais simples possível...
A PNL, cujo campo de estudo
é a “estrutura da experiência subjectiva” (Vallés, 1995), não pretende ser uma teoria,
detendo antes o estatuto de modelo. Enquanto tal, a PNL trata de
conhecer e empregar o nosso próprio código de comunicação, empregando-o
adequadamente para que se consiga uma resposta positiva em qualquer meio. A PNL
é a arte e a ciência do funcionamento pessoal dito “excelente”.
Há pouco mais de duas
décadas, dois homens curiosos – o especialista em informática e, então,
estudante de psicologia, Richard Bandler, e o linguista John Grinder –
indagaram-se sobre se seria possível detectar a forma como se conduziam as
pessoas que eram reconhecidas pela eficácia e pela destreza nos campos da sua
actuação específica, e se se poderia transformar essa informação em ferramenta
prática que pudesse ser aplicada por outra pessoa em qualquer outra área. Os
autores compuseram uma equipa multidisciplinar e iniciaram um trabalho de
vários anos, filmando e estudando os melhores comunicadores do mundo, aqueles
que se evidenciavam de forma excelente nas suas profissões, em todos os ramos
das ciências, das artes e dos negócios (Bandler & Grinder, 1979).
O resultado originou o
nascimento da PNL, a qual constitui uma nova e diferente abordagem da arte da
comunicação e do desenvolvimento da excelência pessoal.
A razão do nome é a
seguinte: Programação: porque programar é organizar de forma
eficiente os componentes de um sistema a fim de conseguir o resultado adequado;
Neuro: porque todo o comportamento resulta de processos
neurológicos; Linguística: porque os processos neurológicos são
expressos através de uma linguagem verbal e corporal.
Portanto, a PNL permite-nos
ordenar os componentes do nosso pensamento e organizar a nossa experiência de
tal maneira que, através dos processos neurológicos, logremos produzir os
comportamentos adequados aos objectivos que queremos alcançar (Vallés, 1995).
A PNL estuda talento e
qualidade – como organizações e indivíduos excelentes obtêm os seus resultados
excelentes. Os métodos podem ser ensinados a outros para que eles também possam
obter a mesma classe de resultados, através de um processo denominado de modelagem.
Para modelar, a PNL
estuda como estruturamos a nossa experiência subjectiva – como pensamos sobre
os nossos valores e crenças e como criamos os nossos estados emocionais – e
como construímos o nosso mundo interno a partir da nossa experiência e lhe
damos significado. Nenhum evento tem significado em si mesmo, nós atribuímos
significado, e pessoas diferentes podem lhe atribuir significados iguais ou
diferentes.
A PNL afirma ajudar as
pessoas a mudar ensinando-as a programar os seus cérebros. Foram-nos dados
cérebros, diz-se, mas não o manual de instruções. “A PNL oferece-lhe um manual
para o seu cérebro.” Este manual parece ser uma metáfora para o trino da PNL,
que é muitas vezes referida como “software para o cérebro”. Mais, a PNL,
consciente ou inconscientemente, baseia-se em (1) a noção de Freud do
inconsciente e a sua influência no pensamento e acção conscientes; (2)
comportamento e linguagem metafóricos, especialmente baseado no método usado
por Freud na Interpretação dos Sonhos e (3) hipnoterapia, tal como a
desenvolveu Milton Erickson (Grinder, DeLozier & Bandler, 1977). A PNL é
também fortemente influenciada pelos trabalhos de Bateson e Chomsky.
A PNL iniciou-se com Richard Bandler e
John Grinder, nenhum dos quais deu qualquer contributo para a neurologia,
apesar das repetidas afirmações sobre a PNL ser capaz de reprogramar o cérebro.
A PNL nada tem a ver com o estudo do cérebro. Tem a ver com o psiquismo das
pessoas de modo a levá-las a controlar a sua vida e dando-lhes esperança,
inspiração e alguma comunicação prática, modificação de comportamento e
talentos motivacionais.
O First Institute of Neuro-Linguistic
Programming™ and Design Human Engineering™ de Bandler tem a dizer o seguinte
sobre a PNL:
“Neuro-Linguistic
Programming™ (NLP™) é definida como o estudo da estrutura da experiência
subjectiva e o que daí pode ser calculado e é radicado sobre a crença de que
todo o comportamento tem estrutura... Neuro-Linguistic Programming™ foi
especificamente criado de modo a permitir fazermos magia criando novos modos de
compreender como a comunicação verbal e não verbal afecta o cérebro humano. Tal
como se apresenta a todos nós a oportunidade não só de comunicar melhor com os
outros, mas também de aprender a ganhar mais controle sobre o que consideramos
serem funções automáticas da nossa neurologia.”
É-nos dito que Bandler tomou como
primeiros modelos Virginia Satir (a Mãe da Terapia de Sistema Familiar), Milton
Erickson (o Pai da moderna Hipnoterapia) e Fritz Perls (antigo defensor da
Terapia Gestalt) porque tinham tido extraordinários resultados com os seus
clientes. Os padrões linguisticos e comportamentais destas pessoas foram
estudados e usados como modelos. Eram terapeutas que gostavam de expressões
como “auto-estima”, “validar”, “transformação”, “harmonia”, “crescimento”,
“ecologia”, “auto-realização”, “mente inconsciente”, “comunicação não-verbal”,
“atingir o potencial mais elevado”, expressões que são faróis da PNL e de toda
a psicologia transformacional da New Age.
Nenhum neurocientista ou alguém que
tenha estudado o cérebro é mencionado como tendo qualquer influência na PNL.
Por outro lado, alguém que não é mencionado, mas parece o modelo ideal para a
PNL é Werner Erhard. Iniciou o est alguns quilómetros a norte (em
São Francisco) de Bandler e Grinder (em Santa Cruz) apenas dois anos antes
destes terem iniciado o seu “negócio”. Erhard parece ter-se dedicado ao mesmo
que Bandler e Grinder: ajudar as pessoas a transformarem-se e a viverem melhor.
A PNL e o est têm também em comum o facto de terem sido construídos a
partir de uma amálgama de fontes de psicologia, filosofia e outras disciplinas,
com um brilhante marketing, oferecendo uma chave para o sucesso,
felicidade e plenitude a qualquer um que se disponha a pagar o preço das
entradas.
Bandler afirma que continua a evoluir.
Para alguns, contudo, ele parece mais interessado em proteger o seu império
fazendo marca registada de cada bit da teoria. Parece extremamente
preocupado que algum terapeuta possa roubar o seu trabalho com ele sem lhe
entregar a sua parte. Podemos ser tolerantes e entender a obsessão de Bandler
como um modo de proteger a integridade das suas descobertas sobre o potencial
humano e como o vender. De qualquer modo, para clarificar áreas obscuras –
sabe-se lá quais – o que Bandler chama a “real thing” pode ser identificada por
uma licença e a trademark™ de The Society of Neuro-Linguistic Programming™.
A PNL possui seis princípios básicos,
segundo O’Connor (2001):
(1)
O indivíduo
– O seu estado emocional e nível de habilidade. O sucesso dependerá do nível de
habilidade e de capacidade do sujeito, assim como da sua congruência.
(2)
As pressuposições
– os princípios específicos da PNL – 1) As pessoas respondem à
sua experiência, não à realidade propriamente dita; 2) Ter uma escolha ou opção
é melhor do que não ter uma escolha ou opção; 3) As pessoas fazem a melhor
escolha que podem fazer no momento; 4) As pessoas funcionam perfeitamente; 5)
Todas as acções têm um propósito; 6) Todo o comportamento possui uma intenção
positiva; 7) A mente inconsciente contrabalança a consciente; 8) O significado
da comunicação não é simplesmente aquilo que a pessoa pretende, mas também a
resposta que obtém; 9) Já temos todos os recursos de que necessitamos ou então
podemos criá-los; 10) Mente e corpo formam um sistema, sendo expressões
diferentes da mesma pessoa; 11) Processamos todas as informações através dos nossos
sentidos; 12) Modelar desempenho bem sucedido leva à excelência; 13) O aprender
está no fazer.
(3)
Rapport – A qualidade do relacionamento que
resulta em confiança e capacidade de resposta.
(4)
Resultado – Saber o que se quer.
(5)
Feedback
– Uma vez sabedor
daquilo que deseja, o indivíduo terá de prestar atenção no que está a
conseguir, para que determine o que fazer a seguir.
(6)
Flexibilidade – Se o que se está a fazer não estiver
a resultar, faça-se algo diferente.
Programação
Neurolinguística e aprendizagem
A PNL pode efectivamente ser
utilizada em diversos contextos: a aprendizagem, o relacionamento, os sentidos,
as emoções, a linguagem e a comunicação, a metáfora e o mundo onírico, a
redacção, a compreensão e o enquadramento (Lankton, 1979; O’Connor, 2001),
sendo que a aprendizagem aparece no nosso contexto como o mais
capital dos interesses.
Desde
que nascemos, aprendemos sem que ninguém nos diga como fazê-lo e assim
prosseguimos aprendendo e desaprendendo de maneira consciente e inconsciente.
Esta aptidão para a aprendizagem contínua faz com que a maioria das pessoas se
habitue a preocupar-se mais com o que aprende do que como o faz
(Vallés, 1995).
Assim
sendo, a aprendizagem tende a ser vista enquanto fim de um processo, e
não enquanto o próprio processo. É quase uma atitude behaviorista esta a de se
fazer equivaler a aprendizagem ao comportamento externamente observável.
Na realidade, a aprendizagem é fundamentalmente um processo, baseada numa
matriz de actividade cognitiva mais ou menos específica.
O
processo – a aprendizagem – tende a ser inconsciente, resultando em que o
sujeito não atenta no facto de haver muitas áreas da sua vida em que desenvolve
resistências à aprendizagem, ou simplesmente deixa de reconhecer que podia ter
feito melhor.
Assim
sendo, de modo a conseguir melhorar o desempenho, uma tomada de consciência
relativamente ao processo é supramente necessária.
“Aprender
a aprender é uma capacidade que pode mudar as nossas vidas de forma
fundamental. Uma capacidade que afecta toda a nossa maneira de ser: quem somos,
quem temos sido e quem podemos ser” (Vallés, 1995).
Compreendendo
a importância deste assunto, a pergunta que surge é a seguinte: como poderemos
aprender melhor?
Longe
do que comummente se entende por aprender, a aprendizagem não é um produto
exclusivo da capacidade intelectual: a disposição emocional desempenha aqui um
papel preponderante. Assim sendo, para aprender temos de estar imersos num
estado adequado, sendo que estado é a soma total da experiência humana numa
situação determinada, englobando os processos intelectuais, emocionais e
físicos que se produzem nessa situação (Vallés, 1995).
Há
muitas razões pelas quais as pessoas perdem oportunidades de aprender no
momento em que se depararam com algo novo: (a) quando o novo não é visto como
novo – certeza e arrogância; (b) quando podemos ver o novo como
novo – falta de autoconfiança, confusão e resistência.
Por
outro lado, temos também um conjunto de atitudes emocionais que podem facilitar
a aprendizagem: curiosidade, abertura e assombro.
Para
adquirir qualquer capacidade, em qualquer área da nossa vida, há quatro
requisitos básicos que, quando cumpridos, nos facilitarão enormemente a
aprendizagem: (1) reconhecer que não sabemos ou que ainda temos muito a
aprender; (2) encontrar alguém com quem possamos aprender; (3) manter uma
disposição favorável à aprendizagem e (4) começar com a prática assídua das
capacidades que se pretendam adquirir.
De
seguida, apresentamos as quatro etapas pelas quais passamos durante o processo
de aprendizagem (Vallés, 1995): (1º) Incompetência Inconsciente – quando
alguém “não sabe que não sabe”, (2º) Incompetência Consciente – quando
“reconhecemos que não sabemos”, (3º) Competência Consciente – quando
“começamos a ser minimamente competentes” no que estamos a aprender” e (4º) Competência
Inconsciente – refere-se à fase em que houve integração da aprendizagem,
ou seja, a automatização dos processos necessários a determinado desempenho.
O’Connor (2001) refere ainda a existência de um quinto nível de aprendizagem, a
Maestria. A maestria corresponde a mais do que competência inconsciente;
possui uma dimensão estética adicional. Não só é eficaz como lindo de se ver.
A
aprendizagem em qualquer nível requer tempo. Leva cerca de 1000 horas para se
alcançar competência consciente em qualquer habilidade que valha a pena. Leva
cerca de 5000 horas para se chegar à competência inconsciente. E são
necessárias cerca de 25000 horas para se atingir o nível de maestria.
Existem,
porém, dois atalhos. O primeiro é um bom ensino. Um bom professor manterá o seu
nível de motivação elevado, dividirá o trabalho em partes, proporcionará uma
série constante de pequenos sucessos, manterá os alunos num bom estado
emocional e satisfará a sua curiosidade intelectual sobre a matéria. Também
tentará ele mesmo ser bom na matéria e acelerará a sua aprendizagem
constituindo um bom modelo. Não só dará aos alunos o conhecimento, mas também
uma boa estratégia para assimilar o saber.
O
segundo atalho é a aprendizagem acelerada. Ela vai directamente do primeiro
estágio (incompetência inconsciente) para o estágio de competência
inconsciente, passando por cima dos estágios conscientes. A modelagem na PNL é
um dos caminhos para a aprendizagem acelerada.
Programação
Neurolinguística e os mapas mentais
Os sentidos compreendem a nossa ponte para o mundo
exterior; é com eles que o exploramos e delimitamos. Dado que o mundo é uma
infinidade de possíveis impressões sensíveis, somente uma pequena parte de nós
é capaz de o perceber. Esta porção da realidade é depois filtrada pela nossa
experiência individual, resultante da cultura, da linguagem, das convicções,
dos valores, dos interesses e das suposições.
Com o auxílio de todos estes filtros, o mundo exterior
adquire um sentido particular em cada indivíduo. Cada um de nós vive uma
realidade única, construída pelas suas próprias impressões sensíveis e pelas
experiências individuais de vida, actuando de acordo com o que percebemos. Esse
é o nosso “modelo pessoal do mundo”.
Um dos pressupostos básicos da PNL afirma que “o mapa não é
o território por ele descrito”. Porque damos atenção àqueles aspectos do mundo
que nos interessam, e ignoramos outros. Os filtros que impomos às nossas
percepções determinam a classe do mundo em que vivemos. Extraímos da realidade
a nossa interpretação e traçamos o nosso mapa mental.
A PNL possui também um mapa que lhe é próprio e a partir do
qual interpreta a comunicação e o comportamento humanos. Aos seus filtros
chamamos princípios, e estes constituem um guia ou modelo a ter em consideração
ao acercarmo-nos da arte e da ciência da PNL.
Alguns dos princípios mais importantes da PNL:
1.
O
mapa não é o território.
2.
Processamos
a informação através dos cinco sentidos.
3.
Todo
o comportamento se orienta no sentido da adaptação.
4.
Aceitamos
com maior facilidade o conhecido.
5.
As
pessoas têm dois níveis de comunicação: o consciente e o inconsciente.
6.
Na
comunicação não existem fracassos, apenas resultados.
7.
Para
reconhecer as respostas é preciso ter os canais sensoriais limpos e abertos, o
que implica evitar as interpretações.
8.
As
pessoas possuem em si próprias todos os recursos necessários para realizar as
mudanças que desejam nas suas vidas.
9.
Todo
o comportamento tem uma intenção positiva.
10. Rapport é o encontro de pessoas no mesmo modelo
de mundo.
Sistemas
de filtragem
A PNL entende que “processamos a informação através dos
cinco sentidos”. Através desta afirmação, a PNL desenvolve e estende ainda mais
a ideia principal de que nos ligamos ao mundo exterior através dos cinco
sentidos, afirmando que, para além disso, do mesmo modo escolhemos, de entre os
sentidos, aquele que preferimos e transformamo-lo num filtro preferencial, por
intermédio do qual também processamos a informação internamente e a
retransmitimos para o exterior.
Estes filtros maiores constituem a primeira rede de selecção, através da qual organizamos o nosso mundo, ideias e manifestações.
Sistemas
de representação
Este sentido preferencial para apreender o meio serve
também para explicar a nossa experiência e para construir o nosso modelo de
mundo. Na PNL designamos estes sentidos, no seu conjunto, por sistemas de
representação, porque com eles representamos a experiência interna ou externa
que estamos a viver.
Existem três sistemas de representação básicos:
Visual: implica a capacidade de recordar
imagens vistas em tempo anterior e a possibilidade de criar outras novas, assim
como de transformar as já vistas.
Auditivo: consiste na capacidade de recordar
palavras ou sons anteriormente ouvidos e na de formar novos.
Cinestésico: aqui incluem-se as sensações corporais
tácteis, as viscerais, as proprioceptivas, as emoções, os sabores e os cheiros.
Toda a nossa experiência (interna e externa) pode
codificar-se, dado ser constituída por alguma das combinações possíveis destas
classes sensoriais, e pode representar-se eficazmente no âmbito desses
sistemas.
Estas classes perceptivas constituem os parâmetros
estruturais da experiência humana.
Na PNL os sistemas de representação têm um significado
funcional muito maior do que aquele que se lhes atribui nos modelos clássicos,
em que os sentidos se consideravam mecanismos passivos de entrada.
Favorecer a comunicação
Como temos vindo a dizer, as palavras que utilizamos marcam
o aspecto da realidade a que cada pessoa concede mais importância. Esta mesma
razão pode ser fonte de problemas na comunicação e nas relações humanas. É,
pois, importante que aprendamos a usar os predicados que estejam de acordo com
o sistema de representação preferido do nosso interlocutor.
Não se pretende, porém, uma contínua expressão no sistema
do outro, que pode não coincidir com o nosso, porque isso seria falso e forçado
e, por conseguinte, desgastante.
Dois bons momentos para pôr em prática esta capacidade, a
de usar os predicados do outro, são o começo do diálogo e um momento em que
surja alguma dificuldade ou incompreensão; desta maneira, comunicamos com o
mapa do outro tornando mais compreensível o que lhe queremos transmitir.
Abrir os canais de percepção e emissão
É normal que os participantes expressem com maior fluidez
num dos sistemas do que nos outros.
O facto demonstra simultaneamente uma capacidade e uma
limitação. Quando utilizamos um sistema com mais ênfase do que os outros dois,
há dois terços da realidade que são tomados em menor conta, assim como dois
terços da humanidade com a qual comunicamos com limitações.
Ter os canais sensoriais limpos e abertos significa
podermos aceder a maiores níveis de experiência, sermos mais completos e
estarmos em condições de poder comunicar melhor com as restantes pessoas.
O caminho consiste em sensibilizarmo-nos para os sistemas
que temos menos desenvolvidos. Integrar todos aqueles predicados que nos são
pouco habituais abrirá os nossos canais e ampliará a nossa experiência. Quando
disser vejo, verei; quando disser sinto, sentirei; quando disser ouço,
ouvirei.
Programação
Neurolinguística e a comunicação
Existem diferentes definições acerca do que é e do que não
é comunicação. Como à PNL interessam os resultados concretos, poderíamos
pôr-nos as seguintes perguntas: como detectamos que duas ou mais pessoas estão
a comunicar entre si? Que especificidade podemos observar nas pessoas que
interactuam? Que factor nos indica a existência de comunicação?
Se tomarmos atenção ao que acontece numa interacção,
damo-nos conta de que as acções de uma pessoa apenas têm sentido no contexto
das acções do outro ou outros. Independentemente do tipo de comunicação em causa (palavras,
gestos, etc.), existe sempre uma forma de coordenação entre os seres
envolvidos.
Comunicação é o processo em que a acção ou a experiência de
uma pessoa (animal, ser, etc.) e a acção e a experiência da outra/outras se dão
de forma coordenada (Vallés, 1995).
Quando Bandler e Grinder (1979) decidiram estudar a
comunicação, limitaram-se a fazer algo muito simples: analisar o que faziam os
bons comunicadores, ou seja, aqueles que eram capazes de comunicar com
diferentes tipos de pessoas, em diferentes contextos e em vários níveis, e que
conseguiam obter respostas que outros não sabiam como atingir.
Como base dos seus estudos propuseram, como princípio
essencial na comunicação, a seguinte proposição: “Em comunicação não existem
fracassos, apenas resultados”.
O que significa que, para a PNL, existe sempre comunicação.
É possível que não estejamos satisfeitos com os resultados obtidos, mas os
dados que recolhemos na nossa intenção de comunicar ser-nos-ão úteis para
melhorar.
A PNL considera a existência de duas formas de comunicação:
interna, constituída pelas coisas que representamos, dizemos e sentimos
no nosso foro íntimo; externa, a que estabelecemos com os outros por
meio da palavra, de expressões do rosto, de posições do corpo, de trejeitos.
Mesmo quando o âmbito do interno se considerava
inalcançável, do ponto de vista da observação externa, a PNL descobriu que há
signos visíveis que permitem valorizar a comunicação.
Sabemos já que toda a comunicação, interna ou externa, gera
condutas; a esse propósito a PNL formula a seguinte definição: Conduta
– todas as representações sensoriais que uma pessoa experimenta e expressa
(interna e/ou externamente) e que se manifestam evidentes a um observador
externo (Vallés, 1995).
Por essa razão, a PNL diferencia a conduta em dois níveis: macroconduta,
facilmente observável em situações como conduzir um veículo, falar, brigar,
enjoar ou andar de bicicleta; microconduta, inclui fenómenos mais subtis
mas de igual modo importantes, como o ritmo cardíaco, o tom de voz, as mudanças
na cor da pele, etc. Estes fenómenos produzem-se quando se geram imagens
mentais, quando se efectuam diálogos interiores, ou quando se recordam
sensações.
No processo de comunicação, é muito importante a observação
precisa destas alterações, a que chamamos “calibragem”.
Para calibrar, observamos as variações neurofisiológicas
que podem ocorrer (entre outras) nas seguintes manifestações físicas: ritmo da
respiração; posição da respiração; movimento das asas do nariz; tonalidade da
pele; dilatação dos poros; movimento e tamanho dos lábios; movimento dos
músculos nos maxilares; dilatação e contracção das pupilas; movimento dos olhos
e velocidade do pestanejar; posição do corpo; ritmo cardíaco; pequenos
movimentos, gestos, inclinação da cabeça, etc.
No processo de calibrar é importante ter em conta que há um
ponto onde a percepção é inexacta, onde nos escapam pormenores relativos aos
filtros pessoais que utilizamos. É também possível verificar este fenómeno
fisicamente: quando fixamos a visão, existe um ponto que aparentemente devia
estar dentro do nosso campo visual, não conseguimos perceber aquilo que nele se
apresenta.
Compassamento, o segredo da linguagem
corporal
Quando as pessoas estabelecem uma comunicação real,
produz-se, para além das palavras, uma sensação de comodidade ou de bem-estar
que se reflecte corporalmente. Esta manifestação de conduta, que se produz
inconscientemente, pode ser reproduzida a nível consciente, através da detecção
dos signos exteriores que a revelam e que foram evidenciados pela PNL.
Além de desenvolver a agudeza sensorial para detectar as
respostas do nosso interlocutor, o segundo passo no processo da comunicação
consiste em manejar as técnicas do compassamento para atingir uma espécie de
mimetismo comportamental, que em PNL se conhece como acordo ou relação.
O compassamento realiza-se tendo em conta os seguintes
aspectos: reflectir a postura corporal; reflectir os movimentos; estabelecer
comunicação ao mesmo nível favorece a aproximação; olhar para os olhos;
adequar-se ao ritmo da respiração; compassar com a voz, tendo em conta as
características do timbre, tom, ritmo, volume, etc.
Para se chegar à outra pessoa, a aquisição das técnicas de
compassamento constitui, no domínio da linguagem não verbal, um passo
importantíssimo. Talvez inicialmente nos sintamos como macacos doidos, imitando
gestos, e nos assuste pensar que os outros se julgam escarnecidos.
Entretanto começamos a aplicar as técnicas e, se formos
cuidadosos, descobriremos não só que o outro assume com naturalidade as nossas
mudanças e o nosso “espelhamento” como parte da comunicação, mas também que
existe um poder enorme no compassamento, que permite estabelecer – ou romper –
o encontro com os outros.
Rapport, para atingir uma relação
completa
Quando tivermos atingido uma capacidade efectiva de
calibrar e compassar os nossos interlocutores, podemos conseguir um estado de
relação ou de empatia a que chamamos rapport.
Estar em rapport é partilhar uma mesma emoção. É
algo que se atinge ou não se atinge. Podemos usar as técnicas de compassamento
para consegui-lo, mas o encontro é algo que depende da relação. Quando isto
acontece, a coordenação mantém-se por si, a nível inconsciente.
Mais que uma técnica, trata-se de uma arte, porque a
comunicação não se consegue por meio do reflexo mecânico das posturas e dos
gestos da outra pessoa. É necessário estar ali com a “alma”, saindo por um
instante do nosso próprio mapa para contactarmos com o modelo de mundo da outra
pessoa. É necessário compassar alguns aspectos do outro, não todos os
movimentos; porém, é muito importante o acompanhamento com o ritmo
respiratório.
Em geral, os elementos mais importantes para calibrar e
compassar os efeitos de estabelecer rapport são: gestos e posturas
corporais, respiração, características da voz, sistemas de representação,
palavras ou frases repetitivas, expressões ou movimentos faciais, distância de
comodidade para a outra pessoa.
Programação
Neurolinguística e a comunicação verbal
Para detectar as distorções em que incorremos para
comunicar, a PNL conta com um modelo de precisão chamado “metamodelo da
linguagem” (Vallés, 1995).
O metamodelo constitui uma técnica que nos permite
clarificar o que dizemos, que nos alerta para o auto-engano, que nos facilita
abarcar o que queremos dizer com o que dizemos, para que a linguagem volte a
conjugar-se com a experiência.
O modelo de precisão divide os “princípios do modelado” na
linguagem em três grandes grupos: omissões, distorções e generalizações. Por
exemplo, se eu digo que “ninguém me quer”, por um lado estou a cometer uma
omissão, porque não informo sobre quem me refiro especificamente; por outro, e
em simultâneo, estou a fazer uma generalização, visto que na afirmação englobo
todos os seres humanos, não dando espaço a excepções. É desta forma que uma
mesma frase pode incluir uma ou mais infracções ao sentido da experiência.
Alcance de objectivos
O uso do metamodelo permite-nos descobrir as distorções que
praticamos permanentemente na nossa expressão interior e na que realizamos com
os outros. Esta deformação nas mensagens não só afecta a qualidade da nossa
comunicação, mas pode também chegar a transformar-se numa fonte de limitações
constante, se a utilizarmos inconscientemente quando falamos das nossas
aspirações, e dos nossos objectivos e projectos.
É do conhecimento geral que, quando tenhamos podido definir
claramente o que queremos, está metade do caminho percorrido. Se digo “não
quero mais ser gordo”, ou “quero ser feliz”, estou a proporcionar ao meu
cérebro dados sobre o que NÃO quero ser, ou informação muito difusa sobre o que
SIM, quero ser.
Modelo para a definição correcta de
metas a atingir
Sintetizando os elementos fornecidos pelo metamodelo da
linguagem, contamos com um esquema básico que podemos aplicar de cada vez que
decidirmos qual a meta a atingir ou a acção a praticar.
Questionário
para atingir objectivos |
|
Condições |
Perguntas |
Expresso de forma positiva Implica as coisas que a
pessoa quer fazer e não as que não quer fazer. |
O
que, especificamente, quer ou deseja? |
Demonstrável em forma
sensorial Representar o objectivo,
pelo menos nos três sistemas representacionais principais. |
Como
se daria conta da obtenção do objectivo? Que veria, ouviria, sentiria? Como
se daria conta disso outra pessoa? |
Especificado e
contextualizado Definir em que contextos se
deseja e em quais não se deseja. |
Quando,
onde e com quem o deseja? Quando, onde e com quem não o deseja? |
Iniciado e mantido pelo
sujeito O êxito do objectivo deve
basear-se nos nossos próprios recursos e não nos de qualquer outra pessoa. |
De
que necessitaria para atingi-lo (recursos) O
que o impede de o atingir (limitações) |
Controlo ecológico O objectivo a alcançar deve
ser coerente em dois sentidos: por um lado, com as convicções e com outros
objectivos do indivíduo; por outro, deve contemplar o contexto interpessoal
em que se move a pessoa, a fim de evitar possíveis conflitos. |
Em
que beneficiaria se o atingisse? O
que poderia perder ao atingi-lo? Se
o atingisse, de que maneira seria afectado o ambiente que o rodeia? Como
mudaria ou afectaria a sua vida o atingi-lo? |
(Vallés,
1995)
Este modelo de fácil utilização sustentará, a partir de
agora, os diferentes trabalhos que façamos com a PNL. Com ele, poderemos
verificar a força de decisão de mudança e saber se a transformação a ela
inerente é ecológica no universo da pessoa. Por vezes, acontece estabelecermos
objectivos que se revelam incongruentes com outros aspectos fundamentais da
nossa vida, como, por exemplo, com as nossas convicções, os nossos valores. O
questionário ajudar-nos-á a detectar essas incongruências e a decidir conscientemente
sobre se o nosso objectivo tem maior ou menor peso do que as consequências que
a sua consecução acarreta.
As
mudanças desejadas
Muitos dos princípios da PNL reflectem o que, com
frequência, sucede nas nossas actuações quotidianas. Em geral, evitamos ou
questionamos aquilo que nos é estranho, aquilo que não fez parte da nossa
experiência. Consideramos inimigos aqueles que pensam de forma diferente,
criticamos os que não actuam como nós, e apelamos aos que nos rodeiam que
imitem as nossas condutas. Em contrapartida, aceitamos o que nos é afim,
consideramos verdadeiro o que se adequa aos nossos pensamentos, história e
convicções, sentimo-nos cómodos com aqueles que julgamos serem nossos iguais.
Estas formas de actuar incidem fortemente no nosso processo
de aprendizagem, gerando emoções que o facilitam ou o dificultam. Uma situação
traumática passada serve-nos para justificar as limitações presentes, e essa
cegueira cognitiva impede-nos de traçar objectivos para o futuro, pelo que
eternizamos a limitação.
Uma das principais dificuldades que surgem perante um
comportamento determinado consiste no facto de, ao actuar, nos encontrarmos
lançados numa situação à qual, porque estamos envolvidos, não podemos
geralmente criar alternativas que lhe modifiquem o curso. Agimos
automaticamente. Somente depois de passada a situação podemos avaliar o que
poderíamos ter feito; porém, lamentavelmente, é tarde e não podemos transformar
a pauta indesejada.
Também neste aspecto a PNL teve em conta o habitual na
conduta humana – o mover-se com naturalidade no conhecido – e transformou-o no
trampolim para potenciar sucessos pessoais. De que maneira?
·
Centrando-se
no alcance do objectivo e não nos problemas e nas suas causas.
·
Centrando-se
nas opções e nos recursos das pessoas, porque a PNL entende que “as pessoas
possuem todos os recursos necessários para efectuar as mudanças que desejem”.
·
Gerando
alternativas de acção e experiência, criando a experiência da situação que é o
nosso objectivo, como já vivida, a fim de que, logo, o nosso inconsciente o
accione automaticamente. Ou seja, registando-o no arquivo do conhecido.
·
Este
contexto interno da experiência permite fazer uso de uma faculdade natural do
ser humano, a qual nos diferencia das outras espécies: actuar com independência
do que sucede no exterior.
A PNL denomina este processo por mudança generativa,
e implica dirigir a atenção para o alcance dos objectivos e para o seu
desenvolvimento no nosso próprio teatro mental. Neste cenário interior podemos
mover-nos em alternância de papéis ou assumir o papel de outras personagens, a
partir das quais possamos ensaiar experiências.
Também podemos alterar o cenário, criando diferentes
ambientes e situações, ou suspender a cena num ponto determinado, retroceder,
torná-la mais lenta ou acelerá-la. O que significa que temos a liberdade de
fazer da nossa vida a nossa própria obra-prima.
A informação necessária para a mudança provém dos cinco
sentidos, sendo que representamos a experiência através de modalidades
(sensações) e submodalidades (distinções dentro de cada uma das
modalidades que servem para definir o que ocorre no exterior e o que
representamos interiormente).
Cada pessoa tem um sistema próprio de armazenamento de
informação e, para tal, não existem formas correctas nem incorrectas.
A descoberta mais importante deste trabalho consiste no
facto de não permanecermos incólumes perante as nossas memórias. Não podemos
mudar o que realmente ocorreu, mas podemos trabalhar com as marcas que nos
deixam, a fim de fazermos com que cada dia mereça ser vivido em plenitude.
Apelar às submodalidades corresponde a um recurso simples e
extremamente eficaz para trabalhar quotidianamente com a forma como
representamos a experiência. Deste modo, sempre que nos encontremos ante uma
situação recorrente, a recordação transformada vai fazer com que a nossa
reacção externa seja diferente.
A revivência da recordação pode ser feita num modus de
protagonista ou de espectador, dependendo da nossa situação no que diz respeito
à acção. Podemos, portanto, possuir uma das duas seguintes posições
perceptivas: associado (a pessoa vive a cena de dentro) e dissociado (a pessoa
toma o papel de observador). Tendo por base situações específicas, é possível
distinguir claramente os dois estados, sendo que podemos fazer uso de todas as
recordações agradáveis, associando-nos a elas, tornando-as mais intensas, mais
presentes. E perante as desagradáveis podemos criar distância, dissociando-nos
e aplicando as submodalidades que as debilitem.
O ideal é, portanto, estar associado às experiências
agradáveis e dissociado das desagradáveis.
Utilizar
o teatro da mente
A aventura de actuarmos no nosso teatro da mente oferece
múltiplas possibilidades, tantas quantas sejamos capazes de imaginar.
Experimentemos viver as situações a partir do corpo de cada
um dos actores através das distintas posições perceptivas: o meu ponto de
vista, o seu ponto de vista (identificação com o outro, ou em lugar do outro),
o ponto de vista de um observador externo (o encenador da obra).
Adoptamos inconscientemente, no decurso da nossa vida,
diferentes posições ou pontos de vista – por exemplo, quando dizemos “eu, no
teu lugar” ou “distanciando-me da situação...”.
O facto de não considerarmos estas possibilidades como
recursos faz com que utilizemos habitualmente o nosso ponto de vista pessoal,
sem incluirmos os restantes nas nossas considerações. Ao desaproveitarmos estes
recursos, usamos apenas uma parte da totalidade da informação disponível, que
poderia constituir uma importante ajuda nas atitudes quotidianas e na tomada de
decisões.
O importante é darmo-nos tempo para percebermos que
informação está ao nosso dispor, quando nos convertemos no “outro” ou num
“observador”. Integrar esse exercício nos nossos hábitos torna-nos mais
flexíveis, mais compreensivos, mais amplos. Essencialmente, tornamo-nos mais
“sábios”. Esta capacidade é um enorme recurso para desenvolver longas e
respeitosas relações.
Cada um de nós pode beneficiar se, ao aperceber-se da
posição que lhe é menos familiar, começar a praticá-la com maior frequência.
Quando conseguimos situar-nos nas três posições, temos o triplo da informação e
da compreensão que teremos se assumirmos apenas uma delas.
Depois de experimentar a vivência de ter estado no lugar do
outro, com a perspectiva do seu mapa do mundo, terá seguramente podido
comprovar pela experiência que o nosso mundo pessoal é muito limitado e que nem
sempre estamos na posse da verdade. Permitir um lugar à óptica do outro na
nossa vida pode ajudar-nos a viver num mundo melhor, mais ecológico e mais
harmonioso.
Inclusive, combinando o recurso das diferentes posições
perceptivas com o manejo das modalidades e submodalidades auditivas,
cinestésicas e visuais, podemos avançar para a solução de conflitos com outras
pessoas.
À primeira vista, pode parecer estranho considerar que
aplicando estas técnicas comigo próprio posso resolver uma dificuldade numa
relação com outrem. No entanto, e reafirmando o princípio da flexibilidade,
sucede que o conflito habita no nosso interior e, ao pormos a nu o problema
interiormente, estaremos em melhores condições e contaremos com mais opções
para solucionar a situação que nos preocupa.
Quando reunimos a informação disponível sobre o problema
que nos aflige, obtemos uma maior compreensão e atingimos uma vivência mais
profunda sobre a vida do outro; ainda que muitas vezes este efeito não se
alcance por meio de uma explicação racional, mas através de uma emoção
compartilhada, que facilita a aproximação.
A intenção positiva dos comportamentos
A PNL assegura num dos seus princípios que: “todo o
comportamento tem uma intenção positiva.”
Tal significa que uma conduta, além das consequências
desagradáveis que possa ter na nossa vida, nasce motivada por uma intenção que
é positiva, já que, quando teve origem e ganhou corpo, consistiu na melhor
resposta que soubemos ter ante uma situação determinada.
Por vezes, o nosso comportamento não nos traz aquilo que
desejamos, e sentimo-nos frustrados. Por exemplo, uma mãe está constantemente
preocupada com os seus filhos, satisfazendo-lhes as mais pequenas necessidades.
A sua “intenção positiva” reside no facto de ela demonstrar o seu amor por
eles; no entanto, os seus filhos podem experimentar essa dedicação como uma
intromissão e sentir que a sua mãe quer controlar as suas vidas.
Quando tentamos “combater” uma conduta sem ter em conta a
sua “intenção positiva”, estamos a ignorar a sabedoria da voz que encerra um
ensinamento importante dentro da ecologia do seu sistema. Como resultado,
geramos uma resistência e, em lugar de modificarmos o comportamento, acentuamos
a sua intensidade.
Por esta razão, a PNL procura a superação dos conflitos,
tanto interiores como com outras pessoas, com o fim de beneficiarem as
diferentes partes, esforçando-se por criar um espaço de encontro, onde as
intenções positivas das duas ou mais consciências em conflito se realizem.
O caminho está na negociação, uma ferramenta fundamental
tanto no desenvolvimento pessoal como na busca do crescimento e da harmonia
interpessoal.
Quando o conflito é interior, a negociação toma o nome de
integração de partes.
A PNL considera que cada pessoa é um sistema em si própria,
que é constituída por diferentes consciências (partes), as quais possuem, por
sua vez, capacidades específicas. Quando estamos mergulhados numa contradição
interna, é como se a energia se dividisse e disparasse de nós em direcções
opostas, pelo que essas diferenças acabam por debilitar, dificultando o êxito
dos nossos objectivos.
Recursos
para a mudança
Outro dos princípios base da PNL é o que diz: “as pessoas
possuem todos os recursos de que necessitam para atingir o que desejam.”
E, para compreender isto, há que explicar o conceito de
recurso: “é um estado gerado por experiências positivas do passado, que podemos
recuperar e trazer para o presente, visando atingir determinado objectivo”
(Vallés, 1995).
Quando falamos de estado, referimo-nos à soma total da
experiência humana numa situação determinada. Esta totalidade forma-se por
milhões de processos neurológicos que têm lugar simultaneamente e que sujeitam
as nossas reacções físicas, as nossas emoções e os nossos processos
intelectuais.
A nossa vida é em si mesma um recurso, porque a experiência
de viver nos serviu para acumular tudo aquilo de que necessitamos para
prosseguirmos e fazermos melhor a nossa vida.
A PNL descobriu a forma a partir da qual os recursos
positivos existentes ao nosso inconsciente possam estar à nossa disposição, a
fim de serem utilizadas no momento em que deles necessitamos.
De que maneira podemos recuperar rapidamente um recurso?
Mediante uma ancoragem, sendo que esta é “um fenómeno de associação que se cria
entre pensamentos, ideias, sensações ou estados, e é um estímulo determinado,
externo ou interno” (Vallés, 1995).
Vivemos num mundo cheio de situações de estímulo/resposta,
e uma grande parte do comportamento humano consiste em respostas programadas
inconscientemente.
O estímulo que acciona automaticamente estas vivências é
aquilo a que chamamos ancoragem, e faz com que se gere um estado específico em
qualquer situação e momento, sem ser preciso ser pensado. Se essa vivência que
se recupera é positiva, chamamos-lhe “recurso”.
A PNL utiliza-o como uma técnica eficaz para canalizar
construtivamente as nossas poderosas reacções inconscientes, uma forma prática
de as ter sempre à nossa disposição. Deste modo, os nossos melhores recursos
estão sempre à mão, quando deles necessitamos.
Para usarmos livremente os recursos, activamos os estados
através de uma estimulação visual, auditiva ou cinestésica.
Logo que se tenha aprendido a instalar uma ancoragem,
pode-se utilizá-la para activar os seus estados no momento em que disso
necessite.
O colapso de ancoragens acontece quando se produz um
desequilíbrio entre duas ancoragens: uma negativa e uma positiva. Conseguiremos
a anulação da indesejada se gerarmos um estímulo positivo superior, mediante
uma estimulação intensa ou por empilhamento de ancoragens.
Conclusão
A PNL constitui um método de análise e intervenção
psicológica com base num processo eternamente desconstrutivo. Mais do que
contribuir para a eficácia do processo transaccional em Psicologia, a PNL
incute todas as potencialidades de mudança cognitiva e de modelação dos mapas
mentais, contribuindo, portanto, para a visão da função cognitiva enquanto função
e não enquanto constructo, ou enquanto matéria presente em eterna
mudança e não enquanto matéria pré-definida.
O mais importante na PNL releva do seu enfoque no conjunto
de processamentos cognitivos que laboram e sustentam determinada função mental.
A função cognitiva pode ser desestruturada, dividida, fragmentada num conjunto
de processos ou gestos mais simples, os quais podem ser trabalhados numa base
de treino com vista à autonomização, relevando daí um todo funcional mais coeso
e integrativo.
A PNL constitui matéria nova e a explorar. Inclui miríades
de exercícios e treinos cognitivos. O presente trabalho não passa de mero
exercício introdutório. A parte pragmática da PNL é exponencialmente mais
interessante.
Referências
bibliográficas
Bandler, R., & Grinder, J. (1979). Frogs into
princes. Neuro Linguistic Programming. Real People Press.
Grinder, J., DeLozier, J., & Bandler, R. (1977). Patterns
of the hypnotic techniques of Milton H. Erickson. Meta Publications.
Lankton, S. (1979). Practical magic: The clinical
applications of neuro linguistic programming. Meta Publications.
Obler, L., & Gjerlow, K. (1999). Language and
the brain. England: Cambridge University Press.
O’Connor, J. (2001). Neuro linguistic programming
workbook: a practical guide to achieving the results you want. Harper
Collins Publishers, Ltd.
Vallés, G. B. (1995). Programação neurolinguística. Desenvolvimento pessoal. Lisboa: Editorial Estampa (original Programacion
neurolinguística. Desarrollo personal, traduzido por Conceição Candeias).
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