terça-feira, setembro 09, 2008

Os fisioterapeutas ganham muito pouco para servirem de gruas...

E assim se inicia um novo "ano lectivo"!... Já há muito tempo que não escrevia para o blog. Mas, em breve, voltarei a colocar mais e mais novidades neste "espaço". Segunda feira foi o dia mundial da Fisioterapia, dia que, em termos laborais, é de total catástrofe. Aliás, um artigo meu vai sair na próxima revista "Plenitude" (encarte do Jornal gratuito "Sexta"), referindo alguns dos aspectos mais prementes do "funcionamento" da Fisioterapia em Portugal; isto, depois de ontem ter saído o meu artigo "Mobbing ou o assédio moral no trabalho" no "Jornal de Negócios".
Pois é! Ando bem activo na minha escrita! Não tenho parado, nem vou parar tão depressa, apesar de, por vezes, ter vontade de desistir de toda esta "luta". Luta esta que é a da necessária dignificação profissional da Fisioterapia. E, por tudo isso, dedico este início de "novo ano lectivo" a todos aqueles que ainda têm "vergonha na cara". Estes precisam de ser promovidos por um qualquer processo de "inflação idiomática". Por outro lado, todos os outros, os que não se importam de trabalhar como fisioterapeutas por três a cinco euros à hora, estes devem ser promovidos a um processo de "deflação idiomática". Devemos, simplesmente, "punir" ideologicamente todos aqueles que se "oferecem" para "trabalhar a todo o custo", ainda mais sendo a Fisioterapia um trabalho tão duro e de grande responsabilização (a minha melhor amiga, também fisioterapeuta, diz que "ganhamos muito pouco para servirmos de gruas").
Todos aqueles argumentos daquelas pessoas que dizem que o dinheiro não é importante ou que o que interessa é o trabalho per si não se apercebem do quão corrosivos são os actos de trabalhar por pouco dinheiro. Cada vez mais as clínicas de fisioterapia "contratam" fisioterapeutas por cada vez menos dinheiro. As boas notícias é que, estando os fisios quase a trabalhar "de graça", qualquer dia deixa mesmo de ser necessário colocar auxiliares de fisioterapia nas clínicas. E, assim, estará atingido um dos grandes objectivos da Fisioterapia portuguesa: extinção dos auxiliares de fisioterapia... mas à custa da incapacidade de os fisioterapeutas portugueses para pagarem as suas casas!...

7 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso acho-te graça!!
Qualquer profissão em portugal, está muito complicado de se arranjar trabalho, e de se ganhar qualquer coisa digno. Não penses que são só os fisioterapeutas, que se encontram com essas dificuldades.
Ainda na semana passada encontrei uma enfermeira a trabalhar na peixaria de um hipermercado, tenho uma amiga arquitecta a trabalhar na zara no shopping, e por aí fora vários exemplos que poderia aqui descrever!
Eu sou licenciada em relações internacionais, e o trabalho mais ligado, que tive com a minha formação , foi no departamento de exportação numa empresa de vidros, que não têm nada a ver com o curso, mas enfim!!
Já depois dos trinta e depois de ser mãe, e de ter tido muitas dificuldades, em arranjar trabalho , fui fazer o curso de técnica aux. de fisio, e nunca mais me faltou o trabalho.
Mas sabes a conclusão que chego, pela minha experiência de trabalho na area: porque é que os fisios se recusam a fazer certos trabalhos?
O que são eles a mais que todos os outros licenciados?
Nas clinicas onde tenho trabalhado, o que tenho constatado é recusas constantes a imensas coisas, e sentirem-se pouco valorizados e por isso só fazem o indispensavél!
A mim não me têm faltado o trabalho, e tenho tido a sorte de pessoas observadoras verem o meu trabalho e profissionalismo, e tenho conseguido sempre subir na carreira, Sou uma pessoa trabalhadora profissional, estudiosa,competente e esses sim ,são profissionais valorizados!
Para veres, estou na segunda clinica desde que acabei o curso, e estou a contrato.Ganho um ordenado bem acima da média e já estou a supervisionar o trabalho dos fisios e aux.E porque é que não promoveram um fisio licenciado a esse lugar??
Além de que ainda tenho clientes a titulo particular.
Na semana passada um cliente da clinica onde trabalho têm visto o meu trabalho e convidou-me, para trabalhar numa cadeia de spas bastante conceituada.
Isto como exemplo, pois não me têm faltado propostas de trabalho.
Acho que se preocupassem mais em trabalharem, serem um bocadinho mais humildes e profissionais no vosso trabalho, teriam mais sorte!
Com todo o respeito,

Sandra

Luís Coelho disse...

Olá Sandra,

Percebo a tonalidade da tua crítica É certo que muitos fisioterapeutas não querem fazer o trabalho de auxiliares, mas tal justifica-se, pois, tendo o fisioterapeuta tido uma formação universitária e com tantos anos de estudo, é normal que certas tarefas possam parecer mais "degradantes". Por exemplo, poucos são os fisioterapeutas credenciados que poderiam, alguma vez, embarcar nesse teu projecto dos 'spas'. Os spas e as 'estéticas' não deixam de ser tarefas supérfluas, mesquinhas e superficiais. A sua necessidade nas pessoas alimenta o escapismo e a alienação... daí alimentam a falta de individuação ética e psicológica, sendo portanto antitético.
Compreendo a tua felicidade na forma como progrediste em termos de carreira, mas o facto pelo qual não é um terapeuta licenciado a fazer o que tu fazes é simplesmente porque esse mesmo terapeuta ganharia decerto (e justamente) muito mais.
Compreendo que, face ao contexto sócio-financeiro prevalecente, os "auxiliares de fisioterapia" sejam necessários, mas não se iluda: nunca encontrei um técnico auxiliar de fisioterapia com a formação necessária para preconizar uma verdadeira evolução conceptual no plano dos métodos mais complexos ligados à Fisioterapia. Os auxiliares de fisioterapia são desprovidos dos necessários pré-requisitos teoréticos... E não é despiciendo dizer que o número de anos de estudo - assim como o tipo de estudo que se celebra nesses anos - conta realmente para a evolução profissional melíflua e eficiente.
Não ponho, contudo, em causa o seu profissionalismo. Ponho, sim, em causa a capacidade dos auxiliares de fisioterapia para tornarem a Fisioterapia aquilo que ela realmente é... ou deveria ser!...

Obrigado pelo comentário.

Até breve

Anónimo disse...

Eu sou auxiliar de fisioterapia e acho que que o dinheiro não deve ser muito importante se é fisioterapeuta e não quer ganhar pouco é porque realmente esse não é o seu dom, porque as pessoas não devem seguir a profissão porque causa do dinheiro mas sim do gosto,se é fisioterapeuta e não gosta de ganhar pouco e se calhar tambem não gosta de trabalhar pode muito bem ceder-me o lugar, eu sou auxiliar e gosto do que faço o dinheiro não é todo na vida.
Se quer ganhar mais trabalhe imigre, estude mais, mude de profissão, quer vida facil vá para os bares dançar.
Quem não se sabe governar com 500 tambem não sabe governar com 1500.
Não se pode quer tudo de uma vez só, mem todo em 1º mão, começasse por pouco e depois é que se logo vé o resultado.Não seja papao.

Anónimo disse...

Sinceramente, e enquanto fisioterapeuta, acho que a culpa desta invasão do espaço profissional da fisioterapia em Portugal é, unica e exclusivamente, nossa.
Fomos nós, fisioterapeutas portugueses, que, por necessidade ou desleixo, fomos deixando espaço para que outros profissionais entrassem tomassem o espaço e serviço que deveria, à partida, ser exclusivo da fisioterapia.
Auxiliares de fisioterapia que pensam que são fisioterapeutas com um curso de 6 meses tirado, quem os formou? O Fisioterapeuta!
Enfermeiros de Reabilitação que num hospital pensam que sabem fazer fisioterapia, quem lhes deu espaço para tal especialização e entrada no mercado? Nós!
A área da massagem ou dos spas/bem-estar, não é mais nem menos digna que qualquer outra área da fisioterapia, aliás, tem fundamentos anatomo-fisiológicos como todas as outras áreas e em França o fisioterapeuta é o unico a poder exercer massagem ("masseur-kinesitherapeute". Mas, mais uma vez, no passado, fomos demasiado orgulhosos e dissemos "venham outros fazer este serviço", sabe-se lá porquê!
Enfim, sinto muito dizer isto, mas, meus caros fisioterapeutas, estamos a viver a realidade que criámos!
Agora é preciso é que nos unamos para tentar combater estas viroses e agressões à fisioterapia... mas isso, meus caros, vai ser a parte mais difícil da nossa jornada...

Anónimo disse...

Mas um tecnico de fisioterapia não deve dar somente assistência ao fisioterapeuta? Pode dar consultas a título individual?
Se me puderem esclarecer agradeço...

Unknown disse...

Um auxiliar só pode dar auxilio a um fisioterapeuta! Tudo o que fizer a titulo particular è ilegal visto não ser um fisioterapeuta credenciado com curso superior e cédula profissional emitida pelo ministério da saúde! Estamos a falar de saúde, realizada apenas por profissionais de saúde licenciados. Um curso de 6 meses não são 4 anos de licenciatura e fora as formações que fisioterapeuta faz posteriormente à licenciatura.

Anónimo disse...

Os técnicos e assistentes de fisioterapia ..tal como o nome da profissão indica são técnicos e assistentes do fisioterapeuta...no entanto a sua capacidade depende muito do local onde tirou a formação pois existe escolas muito competentes que enviam excelentes profissionais para o mercado de trabalho !! No entanto não podem ter uma clínica de fisioterapia sem um fisioterapeuta.....mas podem ter o seu próprio espačo de terapias Manuais encontrando o seu espaço autónomo no mercado de trabalho .
Como nesta área existe muitas outras com este tipo de supostas substituičoes de tarefas!! Mas isso nunca poderá acontecer pois uma profissao não substituí a outra !!

É algo que acontece em outras áreas também ...No entanto a desvalorização de profissionais e as dificuldades económicas da nossa sociedade são um enorme contributo para este tipo de situações .