Disse já várias vezes que as terapias de âmbito expressivo, como a psicomotricidade ou a dançoterapia, constituem o futuro da reeducação postural. É que, a evoluir no sentido de um conceito essencialmente “neurodinâmico”, porque “postura” se trata essencialmente de área neurológica e não tanto orto-reumatológica, a reeducação postural só poderá mesmo avançar no sentido que Bobath conseguiu tão bem explanar em termos mais teoréticos.
Podemos chamar-lhe imensas coisas: Chi-Kung, Tai-chi ou PNF-Chi, Temple Fay, Phelps, Affolter ou Bobath, psicomotricidade, psicodrama ou terapias expressivas... Todas têm em comum a fenomenologia facilitatória e de baixo-impacto das forças expressivas de um ser humano criativo. Já falámos várias vezes da questão dos “paradigmas” e das similitudes entre os diversos métodos (a questão das diferenças semióticas dos diversos modelos de intervenção). Por isso, não vale a pena batermos no ceguinho. Agora estou em fase de experimentar a dança contemporânea, essa prática que integra um pouco de tudo aquilo que referi atrás. Essa prática que podia ser vista como um PNF ou um Bobath aplicados a um corpo heurístico, mas com um nome diferente: dança contemporânea, movimento contemporâneo, dança ou movimento expressivo, dança ou movimento livre, etc.
A dança contemporânea ou expressiva, que tenho praticado, constitui, na teoria, uma desconstrução do ballet e das suas estruturas e/ou regras mais ou menos rígidas. É uma prática que dá espaço ao corpo e à relação corpo-mente para falarem livremente, como se cada gesto fosse o resultado do mais puro e duro livre-arbítrio. Inclui também o funcionamento como um todo, padronizado, algo que já é perspectivado há milénios pelo Yoga e pelo Chi-kung, e há séculos pelos bailarinos, algo que foi intelectualizado – e não descoberto – pelos fisioterapeutas da “facilitação neuromuscular” ou das técnicas de “facilitação e inibição”...
E, para tornar tudo mais perfeito, tudo o que ando a defender há anos está presente nas mentes dos bailarinos: o relaxamento e o alongamento a frio a iniciarem o “treino”, o trabalho de inibição tónica por meio do treino de movimentos facilitatórios (Bobath? Alexander? Feldenkrais? Reconstrução Postural?... Que interessa o nome que os fisioterapeutas lhe dêem...), a consciencialização corporal e postural, a vivência do movimento criativo sem esforço, a integração sensorial, o treino proprioceptivo, o desafio constante ao equilíbrio (físico? Mental?...) a concepção espácio-temporal, o relaxamento (do corpo? Da mente? Da estrutura que os integra?...), e a consubstanciação expressiva da criatura (supostamente) livre que nos enforma.
Tenho só coisas boas a dizer destas minhas experiências com a dança. Como seria bom que todo o mundo da “hipermodernidade” (para utilizar o termo do cada vez mais modal Lipovetsky) do fitness aprendesse algo com estas experiências da arte do movimento (movimento? Postura?...).
2 comentários:
Caro colega Luís,
Excelente artigo, subscrevo totalmente a sua dissertação. Também eu me tenho sentido mais "próximo" do movimento de dança contemporânea e da "liberdade" tónica, postural e motora que exprime.
Luís, concordo com sua análise, visto que a pogramação do movimento em sua epestemologia motora, será sempre mediada pelas respostas autonomicas e corticais dos nucleos neuro proprioceptivos organizados e estruturados a partir dos padrões posturais e dos mecanismos intensivos que estão na repetição e no automatimos corporal do movimento, vejo que a filosofia empirista, sabemos que um corpo é organizado e que um organismos é soma de varios orgãos organizados que produzem no corpo organico as sinteses dos habitos passivos e ativos, rever Deleuze em sua obra Diferença e Repetição, mas o que vc aborda é extremamente importante é profundo, porque as terapias manuais inclusives todas as correentes estruturalistas dio movimento consciente a parti dos estudos da biomecanica, cinesiologia entre outros estudos de reajustamento postural e consciencia pelo movimento entre outras atividades de modulações tonicas com eutononia são de bases fenomenologicas entendo como sinonimo de pedagogia do movimento, não acredito como fisioterapeuta que estas práticas sirvam d fato para produzirem mudanças a longi prazo nos clientes, mas fico me perguntando se arte do movimento ouo o movimento aritistiscio não nos levaria a entrar em ciontato com o fora do pensamento que esta na exterioridade do corpo, como dizia Deleuze e Blachot o pensamento de fora como possibilidade de reversão dos habitos da interioridade costumeira que nossos corpos vão condicionando ao longo de sua historia pedagogica. Luis é com estes registros que vou estudando a fisioterapia. Tenho formação em psicomotricidade mas meus estudos caminham pela filosofia empirista. Me pergunto qyual o melhor procedimento que devo praticar como meus clientes, pois não atuo com fisioterapeia há mais de dezs anos, mais atuo na area do movimento e da docencia. Este ano quero dar ponta pé inicial em minha profissão de fisioterapeuta entre outras coisas iniciar meus estudos em fisioterapia manual e outras tecnicas, mas sou profundamente influenciado pelos trabalhos de simbolização do corpo pelas palavras e pelos processos expressivos. Portanto atualmente as correentes bioenergeticas, holfing e tecnicas manaus deverão entrar em meu repertorio de estudos. Tenho uma vasta experiencia com grupo mais com a psicomotricidade, mas agora quero iniciar uma frente com a fisioterapia, que sabe não trabalho com reeducação postura. Vamos aí trocando, gosto do seus estilo de escrita e inquietude no pensar.
Com carinho do Rio de Janeiro - Brasil.
Marcelo Antunes
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