Os novos terapeutas pretendem reduzir a Fisioterapia à Evidência científica. Esquecem-se que a Evidência fisioterapêutica, baseada fortemente em estudos de carácter estatístico, refere-se a médias e a Tendências (grupais) e alude a variáveis funcionais quase sempre relativas ao “aqui e agora”. Que tem esta Evidência a dizer sobre as variáveis estruturais do “longo prazo” e do doente visto na sua História (fundamental de se compreender num sentido evolutivo, para que também o Raciocínio Clínico e o Plano de Tratamento possuam o mesmo género de lógica evolutiva)? O Doente constitui um complexo Universo Singular, incluso de um conjunto avultadíssimo de variáveis que interagem entre si numa complexa dialética, e com elas a interagirem com o ambiente externo (e o terapeuta a fazer parte da secção mais íntima deste ambiente supostamente exterior). Parece-me que uma Fisioterapia centrada no Doente é mais do que Ciência ou Tecnologia, passa sobretudo por descobrir algo sobre o Universo particular do Doente e a forma como este interage com um Universo mais perene que o transcende. Em última instância, é a perenidade que interessa e esta obriga à capacidade de fazer parar o tempo. O fisioterapeuta do futuro não pode ser o fisioterapeuta tecnológico, mas sim aquele que, à semelhança dos antigos e dos xamãs, souber fazer parar o tempo, o tempo íntimo do encontro com o doente que já não é um “outro”, mas sim uma extensão do Eu.
quinta-feira, fevereiro 21, 2013
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1 comentário:
Cncordo com que dissestes. O entendimento deste universo que é o paciente é o maior desafio do proissional e está além de qualquer evidência.
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