Decorrido, entre os
dias 6 e 8 de Dezembro, o mais recente Congresso da Associação Portuguesa de
Enfermeiros de Reabilitação, e tendo aflorado na Comunicação Social algumas notícias
sobre a importância e novas oportunidades relativas à atividade em questão,
vozes de contestação por parte de colegas fisioterapeutas fizeram-se soar ao
ponto de uma antiga querela, de uma antiga polémica, parecer agora renascer com
força amplamente recrudescida. Não obstante a minha visão dura e flagrantemente
crítica dos fisioterapeutas e da sua realidade, não posso deixar de me
solidarizar com as referidas vozes; é que, no caso em questão, os fisioterapeutas
têm toda a razão na sua contestação, ainda mais porque somente neste nosso país
do “cada um por si” os decretos legais poderiam concretizar a possibilidade de
existirem duas atividades cujos objetivos e planos de intervenção são
potencialmente confundíveis e interpoláveis.
Não concordo com
vozes acaloradas por parte de colegas que se sentem – justamente –
injustiçados, ainda que as compreenda. Os enfermeiros – esses sim – são mestres
nesse tipo de reações irracionais, típicas de uma classe cuja insegurança “psicodinâmica”
requer uma reatividade em “alcateia”. Também não vejo que a apresentação de
estudos relativos à nossa intervenção resolva a questão “de quem tem razão” ou “deixa
de o ter”; os enfermeiros também os possuem, se bem que os fisioterapeutas
contêm um tamanho incomensuravelmente maior de investigações potencialmente
justificativas de uma intervenção do tipo “Evidenced Based Practice” (a
comparação seria até ridícula, com a profissão a ser identificada com um mundo
incalculável de publicações e de linhas imensas de investigação); de qualquer
modo, possuo sabidamente uma desmedida desconfiança relativamente a este tão
propalado mundo de estudos que não perdem o seu mero carácter “estatístico-probabilístico”
(para não falar das incontáveis limitações dos ditos estudos, assim como as
fraudes existentes neste tipo de investigações…). Por outro lado, dispenso
justificações legais por parte dos proponentes das duas profissões, pois que
ambas são baseadas em “decretos legais” aparentemente transparentes. Assim como
também dispenso a lógica do “ovo e da galinha”, até porque tanto a Enfermagem
como a Fisioterapia foram inicialmente criadas no contexto da medicina (o que
não significa que não possam afastar-se desse mesmo contexto e ganhar o direito
à autonomia; assumir que tal não é possível é o mesmo que assumir que os filhos
de determinados pais não possuem o direito a sair de casa e a ter os seus
próprios filhos). É certo, isso sim, que a nível internacional, tais
divergências legais não existem, e a profissão de Fisioterapeuta parece ter um
nível de reconhecimento crescente, com as atividades de “enfermagem de
reabilitação”, “técnico auxiliar de Fisioterapia” e “médico fisiatra” a não
existirem ou em amplo processo de “extinção”…
Recentemente
publiquei no site do Expresso um artigo intitulado «Médicos, enfermeiros e
afins: poder e capitalismo» (http://expresso.sapo.pt/medicos-enfermeiros-e-afins-poder-e-capitalismo=f744055)
onde apresento o essencial do que defendo (o que vai muito para além da
consideração óbvia de que as lutas entre os profissionais de saúde são, como
tudo ou quase tudo o que acontece ao nível do animalismo humano, lutas em nome
do Poder, o que, em última análise, já foi o grande desiderato da obra
filosófica de Michel Foucault) e que é o seguinte: Acredito, sobretudo, que a autonomização das profissões de Enfermagem
ou de Fisioterapia passa essencialmente pela afirmação de um modelo próprio,
autónomo da Medicina, consistente numa perspetiva holística de um “Todo” do
doente, em que, ao invés de o vermos como um conjunto de peças ou sistemas
desarticulados, o passamos a conceber como uma Totalidade interdependente (um
pouco como o paradigma da Reeducação Postural – e também os modelos
neurológicos –, que há muito defendo, preconiza), o que significa, em última
análise, que a autonomização das profissões em questão depreende
necessariamente o abraçar de um Modelo Epistemológico renovado que, mesmo
existindo na Teoria, está longe de se verificar na Prática (visitem-se, no caso específico da nossa profissão, as
diferentes Clínicas de Fisioterapia do nosso país, assim como muitos outros
contextos em que a Fisioterapia mantém o seu modelo médico-prescritivista,
porque ainda fortemente praticada segundo um modelo de Códigos). Acredito,
igualmente, que o abraçar desse novo modelo exige uma nova Cultura, uma nova
atitude, um renovado interesse pelos modelos filosófico-epistemológicos (que os
meus colegas muitas vezes acusam de nada servirem, não obstante o facto de há
muito defender a sua importância e de “picar” os colegas para se agarrarem aos
livros e aos Clássicos e não somente à prática da Fisioterapia propriamente
dita), que, como já disse, são a única porta de acesso à merecida autonomização
profissional. Acredito, também, que a Fisioterapia
se encontra numa posição privilegiada para abraçar esse mesmo modelo Holístico,
até porque a natureza psico-motricista
e posturológica da sua Intervenção é
ímpar no que respeita à preconização de uma prática específica e
verdadeiramente autónoma (e que só pode resultar se for de facto “autónoma”,
pois sendo a intervenção do tipo totalizante
e metamórfica/fluídica, não pode ser
reduzida a prescrições e/ou a outras inconcebíveis limitações).
Ora, perante tudo o
que se apresenta, e atendo as práticas, as experiências e a tão grande formação
do Fisioterapeuta em termos de um quase inexprimível potencial de avaliação e
intervenção neuro-musculo-esquelética, é quase ridículo pressupor que um
Enfermeiro possa realizar uma prática semelhável à do Fisioterapeuta. Até
porque, por mais que a Enfermagem também se considere holística e autónoma,
parece óbvio que a dita profissão está muito longe de alcançar o já apresentado
modelo Totalizante do doente. É que, mesmo que a Enfermagem se conceba como biopsicossocial, não possui a tal visão
de um “Todo neuro-músculo-esquelético” que somente um Fisioterapeuta pode ter e
que as (suas) formações específicas do tipo neurológico e reeducativo
necessariamente enriquecem. Trata-se, portanto, de uma diferença essencialmente
de Natureza Epistemológica, em que o
Corpo de um Todo interdependente e em constante transformação (como já defendi
nos meus livros e em artigos recentes: http://www.hospitaldofuturo.com/profiles/blogs/para-uma-fisioterapia-pos-moderna-em-portugal)
está longe de ser adequadamente compreendido pelo enfermeiro (principalmente,
porque a formação e intervenção do enfermeiro continua a ser essencialmente “médica”,
na sua perspetiva basilarmente epistemológica).
Ora, a reforçar a
minha noção de que a Enfermagem continua a possuir uma natureza essencialmente «Prescritivista-Patológica-Médica» vem o
conjunto recente de “ambições” da dita classe profissional: pretendem ter o
poder de prescrever exames e
medicamentos. Ora, a visão de um Fisioterapeuta é (ou deverá ser)
necessariamente Não prescritivista,
porque se vê o corpo como um Todo não
fragmentado (recomendo o artigo do Expresso.pt: http://expresso.sapo.pt/capitalismo-e-medicina-o-corpo-fragmentado=f726745),
o que, mesmo não estando completamente presente na atual e não-ideal
intervenção do Fisioterapeuta, pode e (acredito eu) virá a estar presente, pois
que, pela sua formação e especificidade, o Fisioterapeuta possui a Natureza
Epistemológica e Profissional ideal e necessária.
Admitir que uma Especialidade
(por mais tempo que ela dure) torna um Enfermeiro capaz de possuir a visão e a
Potencialidade de um Fisioterapeuta é admitir que um Enfermeiro é capaz de
deixar de o ser para se tornar um Fisioterapeuta. Ora, se é de uma mudança
profissional que se trata, é preferível que o dito Enfermeiro mude simplesmente
de profissão, aconselhando-o a tirar uma nova licenciatura. Ou vamos assumir
que uma Especialização poderá dar ao enfermeiro a riqueza de visões e até de
métodos que possui um Fisioterapeuta? Saberá o enfermeiro de Reabilitação o que
é o PNF, o método Bobath, a Reeducação Postural, entre tantos outros?
Compreenderá o enfermeiro que todos estes métodos são passíveis de se entrosar
num Corpus que somente o Fisioterapeuta – pela sua formação tão abrangente e multiparadigmática
– poderá adequadamente compreender? Não perceberá o enfermeiro de Reabilitação
que uma adequada intervenção terapêutica requer uma compreensão de múltiplos
modelos, que somente um profissional adequadamente tocado pela riqueza e até as
lutas entre Métodos e Paradigmas poderá tentar “dominar”?
Ora, é indiscutível
que a única coisa que interessa ao Enfermeiro de Reabilitação é a tentativa de
se “safar” neste nosso mercado e país em crise, independentemente de estar ou
não a respeitar uma determinada Ética, ou de estar ou não a ser minimamente
cortês para com outros profissionais de saúde (que, aliás, muitos enfermeiros
desconsideram, pois que muitos deles têm por certo que um Fisioterapeuta não é
um profissional de saúde…). Por outro lado, é já por si mesmo ridículo que um
enfermeiro de Reabilitação possa achar que é um Terapeuta capaz de ter a
riqueza de visões que somente os Terapeutas (Fisioterapeutas, Terapeutas
Ocupacionais e Terapeutas da Fala, entre poucos outros) podem ter, e isto
inclui a ideia de que os enfermeiros de “Reabilitação” também operam ao nível
da Prevenção (afinal de contas, o enfermeiro de “Reabilitação” reabilita ou é
também um mestre dos “Cuidados primários”?).
Não gostaria de cair
aqui nas limitações egomaníacas e lobistas das “especializações profissionais”,
até porque podemos conceber perfeitamente a intervenção em Equipa, e, dentro
desta, a eventualidade de um modelo transdisciplinar (por mais que a Realidade
persista em não o admitir), em que os diferentes profissionais partilham e entrosam
as suas capacidades e papéis. Mas é preciso igualmente ter uma adequada noção
de Especialização, tal como a consequente noção de respeito pelas capacidades e
potencialidades de cada profissão (a nível Sociológico, poderíamos apontar a
limitação relativa à existência de diferentes papéis sociais, mas igualmente poderíamos
referir a incontornabilidade da sua existência, pois que sem a “especificidade”
não há Organização Social possível, pelo menos nos termos da Sociedade moderna
em que vivemos). Neste contexto, é notório que estes Enfermeiros não se encontram
disponíveis para respeitar um terreno rico, mas específico, que é dos
terapeutas. Isso não indica somente Egomania, desprezo, ignorância e
desonestidade intelectual. Indica uma profundíssima incapacidade de cortesia, uma
verdadeira tendência infantil para querer tudo Ser e, sobretudo, tudo Ter!
Publicado no site do Expresso: http://expresso.sapo.pt/enfermagem-de-reabilitacao-e-fisioterapia-percecao-de-uma-ameaca=f773168
Publicado no site do Expresso: http://expresso.sapo.pt/enfermagem-de-reabilitacao-e-fisioterapia-percecao-de-uma-ameaca=f773168
11 comentários:
Terapeuta Luis Coelho, estou de acordo consigo em alguns comentários que escreveu no artigo relativamente à duas profissões, contudo deve-lhe informar que não é eticamente aceitável referir-se à profissão de enfermagem como fez, dado que, o que descreve acerca da enfermagem não é verdadeiro e revelou não estar informado remetendo acusações falsas. Se realmente quer ser ouvido, deve primeiro pesquisar acerca da conduta prática que os enfermeiros e enfermeiros de reabilitação detém. Naturalmente não gostaria que proferissem acusações falsas acerca da fisioterapia, certo?
Com todo o respeito que tenho pelos fisioterapeutas, penso que se se sentem ameaçados então realmente devem clarificar, discutir, analisar a questão em conjunto com a ordem dos enfermeiros, como cidadãos inteligentes que deveremos ser.
Com os melhores cumprimentos
Ana Temudo
Caro terapeuta Luís Coelho:
Confesso que pensei muito, antes de considerar perder algum tempo a responder ao seu ensaio, se é que assim lhe podemos chamar. Digo isto porque se identifica como fisioterapeuta e ensaísta, embora eu fique na dúvida sobre qual dos dois redigiu tal artigo. É que se foi o primeiro, compreendo e é lícito o que escreve. Se foi o segundo, então temos um problema grave de isenção e de desinformação, para não lhe chamar mesmo um preconceito. Sou, obviamente, enfermeiro de reabilitação! Compreendo o que escreveu numa perspectiva coorporativista, embora desinformada e tendenciosa. E essa é a minha única crítica. A ignorância é atrevida, mesmo quando se manifesta camuflada de erudição. E depois, não vejo a diferença entre promover uma profissão com organizações de eventos ou com cartas publicadas no Expresso. São ambas discutíveis. As críticas que tece aos ER, são sobreponíveis à sua própria ilusão de grandeza, quando chega a argumentar a intangibilidade do fisioterapeuta, advogando a própria extinção do médico fisiatra. É algo que não observa em nenhum ER, tal como disse muito bem o Rui Pedro Silva no comentário que fez. Sinceramente, já me cansam estas pseudo disputas, mesmo quando vêm mascaradas sob a forma de "ensaios". É que, de ensaios está a Saúde farta e precisam-se urgentemente de actos concretos. Talvez os mesmos passem pela extinção de uma das profissões ou quiçá de ambas. Basta um lobby mais poderoso actuar. O futuro o dirá!
E em acrescento, permita-me dizer-lhe que, para cada artigo cientifico publicado pela disciplina de Fisioterapia, eu arranjo-lhe pelo menos 3 de Enfermagem. Mais: um ER é um profissional com 6 anos de formação académica superior. Um fisioterapeuta detém 4.
Poderia gastar todos os caracteres disponíveis a desmontar os seus argumentos... Mas na realidade, confesso que só lhe respondo pela qualidade global do seu texto. Apesar de tendencioso, obviamente! Gosto de pensar que o nível intelectual de ambas as profissões, permite discussões profícuas, ao invés das banalidades insultuosas a que frequentemente assisto. Agora não creio que as correntes de gestão actual sejam muito vantajosas aos fisioterapeutas. É que não se esqueça que um ER, antes de ser um especialista na área de Reabilitação, é um enfermeiro. E isso, goste ou não, faz toda a diferença. Não peça muito levianamente para que se faça uma escolha! O resultado , neste momento, pode ser muito mau para o lado dos fisioterapeutas, até porque estão em minoria (gostei daquela da reactividade em alcateia). Eu sugeria uma coexistência pacífica e até simbiótica. Todos ficariam a ganhar, em especial os utentes. Cumprimentos e continue a escrever bons textos!
Gabriel Martins
a.gabrielmartins@hotmail.com
Prática baseada na evidência:
prática onde existe incorporação da melhor evidência científica existente (quantitativa e qualitativa), conjugada com a experiência, opinião de peritos e os valores e preferências dos utentes, no contexto dos recursos disponíveis...
Maior absurdo ainda é colar Reabilitação a Fisioterapia... Reabilitação é de todo o profissional de Saúde competente para o fazer... Se quisermos aplicar a evidência à Gestão... Deve verificar-se qual o profissional de saúde melhor preparado para o fazer, no contexto dos recursos disponíveis e com a máxima qualidade possível.
Pode achar isto algo absurdo, eu a dizer que não devem ser exclusivamente os enfermeiros a fazê-lo mas sim quem for o mais adequado, mas isso é que nos dá grandeza... a capacidade de respeitar aquilo que a pessoa precisa e não servir-me da pessoa para atingir objectivos narcísicos de engrandecimento da profissão.
O Mercado também é assim ( e não confunda com Bolsa...)
Se o profissional exerce PBE, terá sempre em conta as preferências do doente( mas não só) e assim respeitar a sua vontade... Porque as pessoas são um fim em si mesmo e não um meio...
Admira-me que em todas as leituras que se arroga ter feito ainda não tenha lido nada sobre isto...
Ou então o defeito foi meu... Mas a melhor forma de comunicar algo complexo é fazê-lo de forma bem simples... e não há nada tão complexo como ser simples ;)
MG
ah... e releia o Foucault... está a adulterar a obra dele...
MG
Oh Sr. MG, poupe-me aos clichés. Respeitar o doente como um fim em si não é a mesma coisa que respeitar todas as suas vontades. Há que ter em conta os adequados limites ontológicos da Pessoa humana (não se esqueça de consultar o dicionário).
Volto a dizer aquilo que já afirmei: andar a papaguear "lugares comuns", sem que haja uma adequada demonstração e, sobretudo, uma adequada reflexão, de nada serve. Os enfermeiros já começaram a ler, mas, tal como o Sr. MG, ainda não começaram a pensar, ainda não iniciaram a "desconstrução" de lugares comuns.
Quanto a Foucault, já que demonstra saber tanto, diga-me o que é que eu disse que não está de acordo com a sua obra e eu terei todo o prazer em apresentar-lhe citações, retiradas das suas obras, as mesmas que logicamente o Sr. MG não leu nem conhece (reconhece-se, de longe, quem "sabe" e quem "diz que sabe"); já que diz que estou a adulterar o Foucault, que leio e estudo há anos na minha muito longa incursão pela Epistemologia (aconselho-o, antes de me criticar, a investigar um pouco quem eu sou e o tipo de obra que já produzi. Pode também ir a uma livraria - posso indicar-lhe algumas, se é que sabe o que são - e comprar o meu mais recente Livro intitulado «Corpo e Pós-modernidade», e, depois de ler, e se tiver compreendido alguma coisa, falamos) e pelo (suposto) Pós-modernismo, diga-me o que disse que não está de acordo com Foucault. Estou a convidá-lo a provar que você tem razão. Mas aconselho-o a ter cuidado, pois não tenho quaisquer problemas, em citar e em explicar-lhe o objecto da obra de Foucault. Portanto, prove que eu estou errado, e terei todo o prazer em apresentar-lhe as obras do autor, com as palavras do próprio autor.
Não sei porquê, mas é precisamente quando eu coloco desafios práticos, que as pessoas deixam de comunicar ou arranjam desculpas, do género "Não tenho nada de lhe dar explicações" ou "Não tenho de lhe provar nada" ou ainda "Por mim, esta discussão está terminada". Cheira-me que, relativamente ao Sr. MG, à semelhança dos Enfermeiros em geral, "a montanha pariu um rato" (que é o mesmo que dizer que não são capazes de concretizar aquilo que defendem. A propósito disto, se quiser, podemos marcar um dia para vir ver o meu trabalho verdadeiramente Holístico no meu Espaço. Mas, logo após isso, faço questão de ver o seu trabalho!).
clichês?
Luis Coelho, deve respeitar-se todos os "adversários" antes de lhe atirar com o currículo magnânimo e imbatível. Eu já percebi...
Quanto ao que escrevi... leia outra vez.
Não é por eu citar a Bíblia que percebo o seu significado nem que o não posso adulterar...
Mas já que conhece tão bem a obra de Foucault ( que eu não conheço, assumo a minha humildade): Que reflexões a adulteração da realidade pelo discurso... que é manifestamente o que fez com este post?
Ou ao enviesamento da interpretação histórica do contexto das profissões?
Já agora arrisco-me a dizer que o terapeuta Luis Coelho aplica um modelo paternalista e não focado no cliente, nas necessidades deste, ou seja não pratica com base na evidência ( a evidência não é só a que o fisioterapeuta usa)... pois a prática profissional é o derradeiro objectivo deste género de profissões... Talvez se abrisse os horizontes e não fosse tão preconceituoso para com os enfermeiros percebesse melhor o que quero dizer...
Mas como não gosto de deixar também sugestões de leituras...
http://currentnursing.com/nursing_theory/
Divirta-se...
E perceba que para defender a sua dama não precisa de atacar a de outros.
MG
http://dererummundi.blogspot.pt/2012/07/a-educacao-fisica-na-perspectiva-de-um_27.html
MG
E agora pergunta-me... mas considera os Fisioterapeutas uma ameaça?
Nunca... aliás já tive a oportunidade de usufruir dos préstimos de fisioterapeutas e penso que a população só teria a ganhar com uma maior autonomia destes... porém não cometa o mesmo erro de ser corporativista e de desencadear reacções de alcateia e refrei o instinto pavloviano de associar sempre enfermagem a coisas más... é pedir muito?
MG
Pois é MG, bem me parecia que não conhecia a obra de Michel Foucault. E a partir de um não conhecimento, conclui que estou a "adulterar a obra dele". Repito, conclui que estou a enviesar algo que você admite não conhecer. Ora, com respeito pelos leitores do blog, pergunto-me sinceramente que raio de idiota me saiu você??? Então defende algo e depois mete os pés pelas mãos?? Como pode defender que adultero uma coisa se não conhece essa coisa?
E depois ainda tem o descaramento de dizer que não preciso de atacar os outros para defender a minha "dama"?? Que eu saiba quem começou todo este processo foi o Sr. Presidente da Associação de Enfermeiros de Reabilitação, com as suas palavras que são claramente de quem pretende ser o que não é.
Pelos vistos, meu caro MG, confirma aqulo que disse lá atrás. Quando passamos à prática - como é o caso de quando lhe pedi para sustentar o seu conhecimento de Foucault - é comum as pessoas "borrarem-se" todas. É manifestamente o que você fez! Devia inclusive ter vergonha de referir "Epistemologias", tal como eu - que estudo Filosofia, Epistemologia, Ontologia e Teosofia há muitos anos - devia já ter aprendido que estas pessoas que se põem a discutir e a mandar os outros ler têm, na realidade, um espelho à frente. É típico dos tolos! É puro cliché! Não demonstra nem inteligência, nem a humildade que refere. Se for de facto humilde, deixe de citar estudos (não foi você que defendeu a Concretude??) e aprenda com quem sabe. Muito teria para lhe ensinar, mas sinceramente não tenho a paciência necessária para lidar com as deficiências dos outros. E agora que noto mais uma vez que, de facto, a montanha pariu um rato, peço que se cale, não coloque mais mensagens, pois você não tem o mínimo de capacidade para sustentar ou defender uma Classe como a sua. Deixe-me manter a esperança de que há enfermeiros que, de facto, falam do que sabem, e que não caiem no lugar comum de citar e criticar o que não conhecem.
Entre pessoas como o senhor e Eu não há somente uma diferença de anos luz de estudo e escrita, há também uma diferença de Dignidade, de um tipo que você nunca poderia vir a ter.
Este artigo não é fácil de ser comentado, pois inicia a sua argumentação com uma falácia que deixa todo o restante artigo cair por terra. Vejamos: « Os enfermeiros – esses sim – são mestres nesse tipo de reações irracionais, típicas de uma classe cuja insegurança “psicodinâmica” requer uma reatividade em “alcateia”». Pergunto-me: o que é isto? Atrevo-me a concluir que não passa de não uma conclusão precipitada, desmedida e irracional, para não falar que todo o artigo se baseia num não conhecimento do que é ser Enfermeiro. Ao ler este artigo, sinto que tenho o dever de o comentar. Mais que não seja para desencorajar de a escrever este tipo de artigos de opinião pública. Pelo que vejo, não é decerto o primeiro dada a publicação no jornal Expresso, que tanto se orgulha de exibir. Mas espero que seja o ultimo. Por todos os motivos e posso identificar alguns dos motivos.
Segundo as suas próprias palavras: «de qualquer modo, possuo sabidamente uma desmedida desconfiança relativamente a este tão propalado mundo de estudos que não perdem o seu mero carácter “estatístico-probabilístico” (para não falar das incontáveis limitações dos ditos estudos, assim como as fraudes existentes neste tipo de investigações…)». Enfim, se isto não é uma critica infundada então não sei. Só as publicações dos fisioterapeutas e profissões superiores às de Enfermagem, segundo transparece, é que podem ser considerados válidos? Não percebo esta necessidade de rebaixar uma classe para afirmar outra. Mas a ideia repete-se. Vejamos: «Por outro lado, é já por si mesmo ridículo que um enfermeiro de Reabilitação possa achar que é um Terapeuta capaz de ter a riqueza de visões que somente os Terapeutas (Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e Terapeutas da Fala, entre poucos outros) podem ter, e isto inclui a ideia de que os enfermeiros de “Reabilitação” também operam ao nível da Prevenção (afinal de contas, o enfermeiro de “Reabilitação” reabilita ou é também um mestre dos “Cuidados primários”?)». Como é obvio, é ridiculo o Enfermeiro tentar ambicionar ter uma visão holística, certo? Uma profissão que não tem o valor das outras, é o que quer transmitir mas não tem a coragem de o evidenciar? Ironia das ironias, o Enfermeiro é efetivamente o profissional que mais tempo de cuidados dedica ao doente e, por essa característica, é um dos profissionais mais aptos a ter uma visão holística da pessoa, sendo essa uma das bases da Enfermagem! Negar este pilar da Enfermagem é não conhecer, de todo, o trabalho do Enfermeiro. O Enfermeiro não trata a doença, cuida da pessoa com doença com o objetivo de a restabelecer. O objetivo do médico, esse sim, é tratar a doença. Porém, voltamos aos seus registos que traduzem «que o Corpo de um Todo interdependente e em constante transformação (...) está longe de ser adequadamente compreendido pelo enfermeiro (principalmente, porque a formação e intervenção do enfermeiro continua a ser essencialmente “médica”, na sua perspetiva basilarmente epistemológica)». Mais uma vez se demonstra a falta de conhecimento que tem da Enfermagem e a sua incapacidade para a discutir neste artigo.
Outro dos pilares da Enfermagem é a atuação do Enfermeiro na promoção da Saúde e, consequentemente na prevenção da doença. Negar o pilar da Prevenção ao Enfermeiro, seja ele, de Reabilitação ou Generalista, é admitir que não conhece de todo o que é a Enfermagem. (continua no próximo comentário....)
(continuação do comentário anterior)
Porém, repete novamente o erro de não ter conhecimento do que fala acerca da Enfermagem: «perante tudo o que se apresenta, e atendo as práticas, as experiências e a tão grande formação do Fisioterapeuta em termos de um quase inexprimível potencial de avaliação e intervenção neuro-musculo-esquelética, é quase ridículo pressupor que um Enfermeiro possa realizar uma prática semelhável à do Fisioterapeuta. Até porque, por mais que a Enfermagem também se considere holística e autónoma, parece óbvio que a dita profissão está muito longe de alcançar o já apresentado modelo Totalizante do doente.» É ridículo pressupor que o Enfermeiro pretende ter uma prática semelhante à do Fisioterapeuta visto que a sua intervenção incide num registo completamente diferente ao do fisioterapeuta! O objetivo do Enfermeiro é restabelecer a pessoa da enfermidade, pelo que o Enfermeiro completa as atividades que a pessoa doente não é capaz de executar. Nesse sentido, os Enfermeiros tiveram necessidade de se especializar na área da Reabilitação para poderem prestar melhores cuidados à pessoa com doença. Assim, o Enfermeiro de Reabilitação, tem conhecimento para promover a recuperação neuro-musculo-esquelética nas AVDs. E tal incide ao nível do posicionamento no leito, no levante, nas tranferências, no deslocar-se, no comer, no vestir, no tomar banho... E é em todos os gestos que a pessoa com limitação não consegue executar e que o Enfermeiro de Reabilitação reabilita. Esta é uma das diferenças! Engana-se ao pensar que o objetivo do Enfermeiro de Reabilitação é realizar exercícios de Fisioterapia. No entanto, é provável que necessite de utilizar algumas das mesmas estratégias que o Fisioterapeuta faz uso, por coincidência, e não porque o queira ver substituído. Senão, vejamos: seria ridiculo um Enfermeiro necessitar de chamar um Fisioterapeuta cada vez que quer promover a amplitude articular de uma pessoa acamada. Pensam os Fisioterapeutas que os progressos que têm na reabilitação de uma pessoa com doença são exclusivamente resultado da sua intervenção. Retire-se a intervenção dos Enfermeiros no dia-a-dia nas enfermarias e vejamos então os resultados. A intervenção transdisciplinar é fundamental. Não vamos confundir as duas intervenções. Contudo afirma que «não gostaria de cair aqui nas limitações egomaníacas e lobistas das “especializações profissionais”, até porque podemos conceber perfeitamente a intervenção em Equipa, e, dentro desta, a eventualidade de um modelo transdisciplinar» No fundo, remata com a ideia que é defendida à muito pelos Enfermeiros de intervenção transdisciplinar. Ao longo de todo o artigo, defende que é inconcebível a transdisciplinaridade das duas profissões de Enfermagem e de Fisioterapia. Um contrasenso, não?
Por tudo o que defendi não acho justo nem sensato este tipo de afirmações: «Ora, é indiscutível que a única coisa que interessa ao Enfermeiro de Reabilitação é a tentativa de se “safar” neste nosso mercado e país em crise». Enfim, Lamento este post.
Não a conheço, chego pela primeira vez ao seu blog, que pelo titulo me demonstra algum interesse, pela aprendizagem que me pode trazer, e deparo-me com este artigo sem fundamento, que me deixa uma imagem de um blog de criticas infundadas, tendencioso, de opinião e não de conhecimento, que critica uma classe para defender a sua própria classe, apesar de o fazer em primeira mão. Gosta da imagem que estou acabei de retratar? Espero que este não seja só mais um mero comentário e que a leve a esta reflexão. E ainda, deve ponderar um pedido de desculpas aos Enfermeiros: pela crítica infundada e por tecer a sua opinião sobre a profissão de Enfermagem e não ter feito uma breve pesquisa sobre o que realmente é a Enfermagem.
Orgulhosamente Enfermeira,
Mª Inês Bernardes
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