«A via do ‘Arché’ é a via do Demiurgo: alcançando os
alicerces do manifesto, a tentação que se consome visa a duplicidade de um
desejo do Inominável e de um desejo de Individualidade, como a criança que, na
eterna saudade do ventre consolador, vislumbra a possibilidade de um devir que
mais não é do que a solidão de uma aventura que, perpassando trevas, mas também
recompensas e letargias, visa a Unidade do ‘Eu’, que, não sendo porventura a
Totalidade, é a derradeira pacificação do Ego, que já não é Narciso porque
consolidou o momento originário, o instante em que a consciência teve origem e
já não era autoconsciência ou o era sem o ser porque era já o baldio de uma
argamassa de Logoi desconformes, porque de outros que já outros não são, porque
já são o ‘Eu’, que nunca ‘Eu’ será, mas que, todavia, é Ego afogado em sonhos,
esperanças, desejos, ambições, necessidades, com tudo isto a ser o prelúdio da
ilusão que se derrete no devaneio da identidade, na falsa noção de que se é num
mundo em que nada É verdadeiramente, porque o Espírito tudo dilui, porque o
Espírito se escoa num movimento perpétuo criando poros e fragmentos onde a
densidade se permitia afirmar numa coisa irrealizável, porque o Espírito tudo é
e subsume, tudo transtorna num Nada que é precisamente a Realidade tornada
incognoscível pela pérfida incerteza, e esta a manar num fluxo permanente de
relatividades, que pareciam ser somente desalentos, ou falta de talentos, e
acabou por ser a Verdade colapsada no Vazio, de um caos que harmoniza as ordens
incertas, irreparavelmente prementes da premência da iminência de Universos,
coevos e derivados, que se parodiam de ser alguma coisa quando a Verdade não o
é e mais se afirma pela frustração de querer ser o que É, quando Nada Ser é a
derradeira fantasia.»
in "As Metamorfoses do Espírito. Sobre o mal, a psicologia da Filosofia e o Super-Homem", o novo livro que reflecte a problemática do mal, o corpo, a psicanálise, a Espiritualidade e a filosofia de Nietzsche, e que inclui o ensaio poemático e o fragmento aforístico como via de "comunicação".
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