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quarta-feira, março 05, 2025

Paralisia Cerebral

Parte do Dossier de Estágio em "Paralisia Cerebral" - 2002 - abarcando desenvolvimento "normal" e "anormal" da criança, bem como os temas de Paralisia Cerebral, Fisioterapia, Princípios neurofisiológicos, etc., e Família.

https://drive.google.com/file/d/1pKd86TdwBHNH8nxjOmewGZlsECNEVYos/view?usp=sharing


Apresentação Paralisia Cerebral, com o básico sobre o assunto:

https://drive.google.com/file/d/1vr4SdipMQud85mHiEcqTJ6Iqnn9FyDM2/view?usp=sharing

Espasticidade: o básico

Fica, aqui, o primeiro trabalho, ainda "verde", sobre "Espasticidade", efectuado em 2002, aquando do Estágio de Neurologia do 3º ano de Curso de Fisioterapia. Mais um resgate do baú.

sábado, março 01, 2025

Neuropsicologia: o básico

Do 1º ano de Psicologia, que fiz em 2004/2005 (FPCE), retiro do "baú" uma apresentação simplicíssima sobre os fundamentos da Neuropsicologia.

https://drive.google.com/file/d/1xvIrZXXkA93cWjmu6vFHEbcKwMht4L7F/view?usp=sharing

Traumatismo Crânio-encefálico e família

Trabalho do último ano do Curso de Fisioterapia (2003) para a disciplina de «Abordagem Terapêutica e familiar»


https://drive.google.com/file/d/19BIzmNx5lAbQVP1wWTN5FxEbtBu29dWx/view?usp=sharing

https://drive.google.com/file/d/1LTbIAHVjysO77Jqqw7oPlozodoBzSxGW/view?usp=sharing

https://drive.google.com/file/d/1dDiWriL4LUlEcoEQnpinjypHKPO8jJaY/view?usp=sharing

Biofeedback

 (Regressando ao baú de memórias, resgato de um trabalho do último ano de curso - 2002/2003 - a parte correspondente ao "Biofeedback", servindo de "introdução" aos interessados.)

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O Biofeedback pode ser visto como um dos principais instrumentos que concorrem para a objectivação dos resultados do treino de relaxamento (Cravo, 1997). Por outro lado, o Biofeedback é, igualmente, perspectivado na sua componente de tratamento alternativo da ansiedade e da noção corporal diminuída. 

De acordo com Cravo (1997), nos anos 40, o psicólogo Neal Miller descobriu que os ratos são capazes de alterar propositadamente a sua frequência cardíaca e pressão sanguínea, de modo a obterem uma recompensa. Esta ideia de autocontrole dos sistemas corporais involuntários originou as bases para a utilização do Biofeedback.  

O Biofeedback assenta na hipótese de que somos capazes de estabelecer um controle selectivo da tensão muscular, da temperatura da pele e da quantidade de suor produzido. 

Para Braveman (1992), o Biofeedback refere-se ao uso de aparelhos electrónicos, os quais cedem informação de retorno ao organismo (auditiva, verbal ou visual), acerca da forma como este está a funcionar. Através dessa informação, os indivíduos são capazes de direccionar os seus pensamentos conscientes e controlar o que normalmente está fora do seu controle.  

Braveman (1992) define Biofeedback como o uso de instrumentos de monitorização (normalmente eléctricos) para detectar e amplificar os processos fisiológicos internos, com o fim de transformar a informação interna (normalmente inacessível) em informação acessível ao indivíduo.

O Biofeedback possui uma eficácia comprovada na diminuição da ansiedade, pois consiste num conjunto de procedimentos de medição e retroalimentação do indivíduo, permitindo a este a aquisição do autocontrole de processos fisiológicos. 

O Biofeedback pode ajudar as pessoas a desenvolver uma maior consciência, confiança e aumento do controle voluntário sobre os seus processos fisiológicos, permitindo aos mesmos sujeitos a aprendizagem e a aplicação de comportamentos, a fim de se prevenir ou reduzir os sintomas de ansiedade, e de modo a aumentar a noção de funcionamento corporal (Schwartz, 1995).

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Braveman, E. & Bravement, A. (1992). Biofeedback: a spiritual experience (Body, Mind and Spirit Connection). Total Health, 14 (4), 55.

- Cravo, M. (1997). Relaxamento de Laura Mitchell: efeitos da aplicação de uma sessão ao nível da reacção galvânica da pele e do estudo subjacente da ansiedade, em indivíduos com doenças do foro psiquiátrico. Monografia de final de curso. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Schwartz, L. (1988). A biopsychosocial approach to the management of the diabetic patient. Primary Care, 15, 409-421.


Relaxamento

  (Regressando ao baú de memórias, resgato de um trabalho do último ano de curso - 2002/2003 - a parte correspondente ao "Relaxamento", servindo de "introdução" aos interessados.)

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O relaxamento é definido por Auge (1988) como “um estado de total imobilidade física e relaxação da musculatura esquelética com um efeito regulador no Sistema Nervoso Simpático”.

Por outro lado, Samuel (1986) define o relaxamento como “um profundo estado de descontracção física e mental, que permite ao indivíduo desligar-se das contingências da vida quotidiana, recuperar forças e ter a pausa indispensável para um funcionamento equilibrado”.

Na realidade, o relaxamento poderá ser perspectivado segundo múltiplas facetas. Porém, nem sempre este é visto na sua dimensão de fusão multidimensional corpo-mente. Mediante a utilização de diversas técnicas de relaxamento, o fisioterapeuta poderá, efectivamente, preconizar modificações a nível psicoemocional, relacionadas essencialmente com a alteração da noção do corpo e com a diminuição da ansiedade (Vieira, 2001).

Os métodos de relaxamento correspondem a “processos terapêuticos, educativos ou reeducativos, que utilizam técnicas elaboradas e codificadas, exercendo-se especificamente no sector tensivo e tónico da personalidade” (Bousingen, 1979).

As técnicas de relaxamento são vistas por Defontaine (1977) como “processos terapêuticos bem definidos, que visam obter no indivíduo uma descontracção muscular e psíquica com a ajuda de exercícios apropriados”.  

Existem diferentes tipos de métodos de relaxamento (Vieira & Madureira, 2001):

*  Métodos globais (ou psicoterapêuticos), correspondentes à corrente psicológica, em que o relaxamento é obtido através de um processo de concentração mental sobre a imagem da relaxação. O seu ponto de partida é o esforço voluntário do “espírito” que age como inibidor do sistema muscular periférico. Os principais autores são Schultz, Ajuriaguerra, Stokvis e Kretschmer.

*   Métodos analíticos (ou fisiológicos), correspondentes à corrente fisiológica, que se baseiam em trabalhos de fisiologia muscular e que têm por paradigma a tomada de consciência localizada da contracção e da descontracção. Os principais autores são Jacobson, Jarreau & Klotz, Cripps, Aiginger e Laura Mitchell.

*   Métodos reeducativos, cujo autor mais conhecido é Gerda Alexander. No seu método, a Eutonia de Gerda Alexander, são utilizados diversos exercícios de estiramento, que visam a tomada de consciência dos grupos musculares corporais e a utilização económica dos diversos movimentos do indivíduo.

Hare (1986) e Vieira (2001) referem os seguintes objectivos do relaxamento:

*   Diminuição da ansiedade,

*   Assistir no tratamento do stress,

*   Reduzir e/ou prevenir os efeitos físicos e psíquicos do stress,

*   Diminuição dos estados depressivos,

*   Integração da imagem corporal,

*   Aumentar a auto-estima/auto-conceito,

*   Favorecer os mecanismos de autocontrole,

*   Reduzir a dor ou a percepção desta,

*   Aliviar a tensão muscular,

*   Combater a fadiga,

*   Diminuir a pressão e a frequência sanguíneas,

*   Promover a melhoria das relações interpessoais.

A eficácia da utilização dos métodos de relaxamento em populações diversas tem sido demonstrada em vários estudos.

Mendes (1994) e Cravo (1997) estudaram a eficácia da técnica de Laura Mitchell na alteração dos níveis de auto-conceito, ansiedade e depressão em indivíduos com perturbação mental, tendo, ambos, concluído que a técnica referida acima promove a diminuição dos níveis de ansiedade e de depressão e o aumento do auto-conceito na população referida.

Duarte (1995) demonstrou que o método de Laura Mitchell é eficaz na diminuição da ansiedade e depressão, e na melhoria da auto-imagem corporal de mulheres submetidas a mastectomia.

Uma diminuição da ansiedade e uma melhoria do auto-conceito foram, igualmente, demonstrados numa população de toxicodependentes sujeita ao relaxamento de Laura Mitchell (Faustino, 1995).

Mota (1995, cit. por Cravo, 1997) estudou as alterações provocadas pela Eutonia de Gerda Alexander ao nível do autoconceito e imagem corporal de utentes com esquizofrenia, tendo verificado um aumento do nível de autoconceito no grupo experimental (em relação ao grupo de controle).

Estudos realizados por Emerêncio & Rodrigues (1996, cit. por Cravo, 1997) demonstraram que indivíduos sujeitos a relaxamento auto-sugestivo de Schultz experimentam uma diminuição dos níveis de ansiedade e uma diminuição das frequências cardíaca e respiratória.

(...)

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- Auge, R. (1988). La Relaxation en Kinesitherapia. Kinésithérapie Scientifique, 270, 23-35.

Bousingen, R. (1979). La Relaxation. Paris : Presses Universitaires de France.

Cravo, M. (1997). Relaxamento de Laura Mitchell: efeitos da aplicação de uma sessão ao nível da reacção galvânica da pele e do estudo subjacente da ansiedade, em indivíduos com doenças do foro psiquiátrico. Monografia de final de curso. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Defontaine, J. (1977). Relaxation Différentielle et quelques aspects de l’assouplissement. Paris : Maloine S.A. Editeur.

Duarte, A. (1995). Relaxamento de Laura Mitchell: efeitos da sua aplicação ao nível da ansiedade e auto-conceito em mulheres submetidas a mastectomia. Monografia de final de curso. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Hare, M. (1986). Physiotherapy in Psychiatry. London: Heinmann Physiotherapy.

Mendes, I. (1994). Relaxamento de Laura Mitchell: alterações do nível do auto-conceito, ansiedade e depressão em doentes do foro psiquiátrico. Monografia de final de curso. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Samuel, L. (1986). Guia prático das autoterapias psicológicas. Lisboa: Verbo Editora.

Vieira, A. I. (2001). Fisioterapia em saúde mental. Contributo para a proposta de um guia de boas práticas. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Vieira, A. I. & Madureira, M. L. (2001). Proposta de um guia de boas práticas. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.


Psicomotricidade

 (Regressando ao baú de memórias, resgato de um trabalho do último ano de curso - 2002/2003 - a parte correspondente à "Psicomotricidade", servindo de "introdução" aos interessados.)

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A psicomotricidade compreende uma mediatização corporal e expressiva, na qual o terapeuta estuda e compensa condutas inadequadas e inadaptadas em diversas situações ligadas a problemas do âmbito psicoafectivo (Fonseca, 2001).

Esta abordagem considera a motricidade humana como uma acção e uma conduta relativas a um sujeito, isto é, uma acção que só pode ser concebida e abordada nos substratos psiconeurológicos que a integram, elaboram, planificam, regulam, controlam e executam.

Trata-se de conceber educativa, reeducativa e terapeuticamente a psicomotricidade como um processo relacional e inteligível entre a situação e a acção, entre os estímulos e as respostas, numa linguagem mais específica, entre as gnosias e as práxias. Isto é, a psicomotricidade subentende uma concepção holística do ser humano, e fundamentalmente da sua aprendizagem, que tem por finalidade associar dinamicamente o acto ao pensamento, o gesto à palavra e as emoções aos símbolos e conceitos, ou, numa linguagem mais neurocientífica, associar o corpo, o cérebro e os ecossistemas envolventes, ou seja, tudo o que faz um movimento ser inteligente ou psiquicamente elaborado e controlado.

Ao contrário das concepções tradicionais de educação física, de educação corporal ou de educação motora, etc., em psicomotricidade o fim do movimento não está em si próprio, mas naquilo que o origina, isto é, na sua motivação, no componente emocional que o justifica e na intencionalidade que o antecipa e controla, isto é, procura mobilizar um conjunto interactivo e sistémico das funções psíquicas superiores, fundamentalmente a atenção, o processamento e a planificação (Fonseca, 2001).

Não se trata, portanto, de privilegiar ou hipotecar o corpo e a motricidade ao “físico”, ao “morfofuncional” ou ao “anatomofisiológico”, defendendo um paralelismo psicofísico, valorizando segmentos ou músculos de um todo indivisível ou aperfeiçoando o componente biológico do esforço e os seus factores de execução.

A psicomotricidade visa, em contrapartida, privilegiar a qualidade da relação afectivo-emocional, a disponibilidade tónica, a segurança gravitacional e o controle postural, a noção fenomenológica do corpo e a sua dimensão existencial, a sua lateralização e direccionalidade e a sua planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da adaptabilidade, da aprendizagem e do seu acto mental concomitante. Nelas, o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. O seu enfoque é, portanto, psicossomático, psicoemocional, psicocognitivo, fenomenológico, psiquiátrico, psicanalítico (somato-analítico), psiconeurológico, psicoterapêutico, etc.; enfoca-se preferencialmente nos processos e não nos produtos da motricidade (Fonseca, 2001).    

Segundo Fonseca (2001), a psicomotricidade interessa-se pelo corpo como território desorganizado na hipocondria e na despersonalização, como vulnerabilização preliminar na auto-estima, na dismorfofobia, nas ilusões somáticas do membro fantasma, nas assomatognosias, nas manifestações corporais da emoção e da mente, etc.

(...) 

Segundo Vieira (2001), os objectivos da terapia psicomotora são: (a) aumentar a disponibilidade tónico-muscular, (b) libertar o gesto, (c) enriquecer o comando neuro-motor e a consciencialização da acção, (d) destruir sincinésias e paratonias, (e) integrar o movimento e melhorar a sua representação mental, (f) facilitar as reacções adaptativas, (g) afirmar a lateralidade, (h) inibir pulsões motoras, (i) integrar a noção corporal, (j) aumentar a autoconfiança e (k) aperfeiçoar a relação e a comunicação.

(...)

Fonseca (2001) resume a finalidade da psicomotricidade da seguinte forma:

a)    Mobilizar e reorganizar as funções psíquicas emocionais e relacionais do indivíduo em toda a sua dimensão experimental, desde bebé a sénior;  

b)   Aperfeiçoar a conduta consciente e o acto mental onde emerge a elaboração e execução do acto motor;

c) Elevar as sensações e as percepções a níveis de consciencialização, simbolização e conceptualização;

d) Harmonizar e maximizar o potencial motor, afectivo-relacional e cognitivo, ou seja, o desenvolvimento global da personalidade, a capacidade de adaptabilidade social e a modificabilidade estrutural do processamento da informação do indivíduo; e

e)   Fazer do corpo uma síntese integradora da personalidade, reformulando a harmonia e o equilíbrio das relações entre a esfera do psíquico e a esfera do motor, por meio do qual a consciência, aqui encarada como dado imediato e intuitivo do corpo, se edifica e se manifesta, com a finalidade de promover a adaptabilidade à nova situação.

A psicomotricidade constitui uma abordagem multidisciplinar do corpo e da motricidade humana: o seu objectivo é o sujeito humano total e as suas relações com o corpo. O fisioterapeuta, como “engenheiro” do movimento poderá contribuir, mediante a utilização da psicomotricidade (essencialmente, terapia grupal ou em classes) para a (a) percepção do estilo de pensar, (b) percepção da capacidade de intuição, (c) percepção das emoções (percepção de modelos emocionais, partilha dos sentimentos, libertação das emoções), (d) percepção do corpo, (e) percepção do ambiente e (f) percepção de como nos relacionamos com os outros (Aragonez, 1996).

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- Aragonez, C. (1996). A intervenção do fisioterapeuta através da psicomotricidade relacional: melhora o auto-conceito e a noção corporal, em indivíduos com diagnóstico de psicose esquizofrénica. Monografia de final de curso. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.


- Fonseca, V. (2001). Psicomotricidade. Perspectivas multidisciplinares. Lisboa: Ancora Editora.


- Vieira, A. I. (2001). Fisioterapia em saúde mental. Contributo para a proposta de um guia de boas práticas. Alcoitão: Escola Superior de Saúde do Alcoitão.