Desde os antigos gregos que o poder do ‘Logos’ tem sido relevado enquanto matéria quase mítica. A filosofia, e em particular a teoria do conhecimento, tem-se interessado pela Verdade, sendo que, mais tardiamente, no tempo de Galileu, ter-se-á inventado o conceito de “ciência moderna”. E, a partir daí, desde o século XVI, até à actualidade, a Ciência tem-se afirmado enquanto sinónimo de Verdade, assim como tem permitido a transformação – tanto tecnológica, quanto ideológica – do mundo. Mas será a Ciência aquela “Pedra filosofal” em que todos parecem confiar? Será que podemos realmente confiar no “método científico” enquanto meio de encontro da Verdade? Será que a Ciência actualmente realizada no mundo moderno possui a validade que a maioria das pessoas tão robustamente lhe atribuem?... É disso que falarei a seguir, enquanto investigador na área da Saúde e articulista de diversas revistas científicas.
Na realidade, muito pode ou poderia ser dito sobre Ciência e o método que a consubstancia, mas, a meu ver, são três as fases fundamentais de construção de um método dito expressamente “científico”. A ciência moderna foi primacialmente substanciada pelas descobertas de Copérnico e Galileu, e epistemologicamente teorizada pelo positivismo lógico. Segundo o “clássico” método científico, a observação norteia as hipóteses científicas, as quais poderão ou não ser confirmadas pela experimentação. Esta é a ciência mais “típica”, baseada na observação e no processo de generalização indutiva, e é a força motriz das ciências ditas “exactas”. Foi preciso aparecer um homem de nome Karl Popper (1902-1994) para que esta ciência “indutiva” fosse questionada, assim como a tendência inequívoca dos investigadores para quererem forçosamente “confirmar” as suas teorias. Segundo Popper, e o seu método do “Racionalismo crítico”, um investigador nunca deveria fazer por “confirmar” as suas próprias teorias, pois acabará, mesmo que inconscientemente, por concluir aquilo que deseja efectivamente concluir. Assim sendo, a ciência deveria basear-se na “refutação”, na “falsificabilidade”, na tentativa de detectar erros nas teorias aceites como “certas e irrefutáveis”. A ciência de Popper é dedutiva e, apesar de o filósofo admitir a existência de uma Realidade exterior única inolvidável, toda a teoria não passa de mera conjectura, e portanto, toda a ciência possui uma categoria de efemeridade. Finalmente, no final do século XX, surge, a partir do conceito de “paradigmas” de Thomas Kuhn, uma ciência dita “pós-moderna” – representada, em Portugal, por Boaventura de Sousa Santos – a qual admite que a Verdade está totalmente dependente das idiossincrasias socioculturais e pessoais adstritas ao próprio cientista. Para os pós-modernistas, existe um relativismo absoluto e não existe uma Ciência no verdadeiro e axiológico sentido do termo.
Esta última modalidade epistemológica de ciência é comum essencialmente às ciências sociais e humanas. Nas ciências exactas, tal paradigma epistemológico aparece consubstanciado pelo “princípio da incerteza” de Heisenberg e pelo teoria do Caos.
Estas diferenças epistemológicas não são, infelizmente, do conhecimento da maioria dos cientistas portugueses. Aliás, pessoalmente conheci doutorados em química e física que nunca ouviram falar, por exemplo, de Popper ou do “Discurso sobre as ciências” de Boaventura de Sousa Santos. Para muitos deles a ciência continua a gerir-se pelo paradigma “positivista”. E assim sendo, o processo científico continua a realizar-se através de confirmações de hipóteses de cientistas nem sempre “inocentes”. Isto é o mesmo que dizer que, com uma ciência feita de “confirmações”, e que desvaloriza a importância do erro e da infirmação de hipóteses, os cientistas acabarão muitas vezes, mesmo que inconscientemente, por concluir aquilo que efectivamente desejam concluir. Este processo é semelhante ao efeito Pigmaleão dos professores relativamente aos seus alunos, o qual diz que os professores tendem a tratar os alunos de acordo com as expectativas pré-realizadas dos mesmos.
Que todos os problemas da Ciência fossem estes!... Mas, para além da ignorância relativamente à Epistemologia, é comum os investigadores possuírem grande ignorância metodológica. Por outro lado, é um facto de que muitos dos estudos publicados em revistas científicas são baseados nos estudos de licenciatura ou de mestrado de indivíduos pouco experimentados. E isso limita a “força” do processo científico.
Quanto às revistas científicas, em particular as revistas médicas, muitas são aquelas as que publicam artigos com erros crassos de estatística. Como se já não bastasse os estudos basearem-se em generalizações com poder meramente probabilístico!... (por exemplo, as ciências da Fisioterapia estão fortemente dependentes da Estatística, sendo que esta pode ser falaciosa nas suas médias e significâncias). É claro que a qualidade das diferentes revistas é notória! Há revistas que possuem fortes compromissos éticos e bons revisores. Mas há outras que são sensíveis a lóbis, ou então possuem revisores menos conscienciosos (ética e/ou metodologicamente). Depois, temos os critérios de publicação nas revistas. A grande maioria das revistas médicas aceita artigos referentes a estudos sem pedir simultaneamente um comprovativo de que o estudo em específico foi realmente efectuado, ou sem pedir comprovativos referentes ao cumprimento de regras de deontologia da investigação. E não conheço nenhuma revista científica que peça, por exemplo, as bases de dados do tratamento estatístico dos dados publicados. Não seria importante demonstrar que um tratamento estatístico foi realmente efectuado?... Pois a invenção, a falcatrua, existe verdadeiramente entre os cientistas.
Para além disso, temos o próprio processo de revisão e aceitação dos artigos. Um artigo enviado para uma revista em determinada data, chega a estar um ano a ser revisto, até que, finalmente, quando ele é aceite para publicação, tende a estar mais uns tempos “no caldo” até ser publicado. O tempo que medeia entre a escrita do artigo e a sua efectiva publicação faz com que o artigo publicado esteja inequivocamente desactualizado.
Claro que não podemos imputar todas as culpas às próprias revistas. Por exemplo, as revistas não têm forma de saber se existe ou não plágio de estudos. Ou se o estudo já não terá sido publicado numa outra revista... coisa muito comum na investigação em saúde. As revistas também não podem ter garantias de que os autores do estudo estiveram realmente integrados na investigação. Quantas vezes uma investigação de um doutorado não foi maioritariamente feita pelos seus alunos... Também é difícil para uma revista controlar os estudos ditos de “revisão bibliográfica”. Nestes estudos é muito comum defendermos determinado conceito citando estudos e autores proponentes do mesmo, e negligenciando todos os estudos que infirmam esse conceito. Como controlar este processo? Que não deixa de ser uma forma de “fraude”!...
Mas o que é certo é que a “pressão” para publicar, segundo o princípio académico americano “To publish or to perish” é tanta que muitas das coisas que são feitas tornam-se quase compreensíveis... (mas mesmo assim não perdoáveis!).
Tendo em conta a “subjectividade”, determinada pela existência de todo o tipo de “linhas de estudos” muitas vezes contraditórios, existente nas ciências sociais e humanas, acabo mesmo por defender a aceitação, sem vergonha, de um certo “relativismo” para as investigações de teor humanístico. E, contrariando estas novas ciências “humanas” (como as ciências da saúde), sugiro que continue a louvar-se como verdadeira ciência, apenas aquela que, prosseguindo uma Ética e uma Metodologia inquestionavelmente autênticas, se liga à exactidão de uma Física, Química, Biologia, Matemática, entre outras, popperianamente falsificáveis. É só preciso que os tais “verdadeiros” cientistas comecem a estudar epistemologia e a saber quem afinal de contas foi Karl Popper.
Resta somente falar da relação entre a Comunicação Social e a Ciência. Sendo que a ciência é, no fundo, pelas vicissitudes inerentes ao seu método e processos, algo subjectivista, não deixa de ser criticável a forma como tantos jornalistas tratam o processo científico. Refiro-me, essencialmente, à forma, muitas vezes arbitrária, com que os jornalistas seleccionam determinados estudos, empolando aqueles que servem a um certo conteúdo feérico (e, portanto, mais vendável) da notícia. Todos os jornalistas, à semelhança dos próprios investigadores, deveriam estar bem familiarizados com a epistemologia e metodologia da investigação científica, em particular com a “falência” e/ou a fragilidade inerente a “um estudo científico”. É certo que, como já vimos, a Ciência possui limitações de várias naturezas, e nem sempre a Imprensa o tem em conta. É muito comum vermos um determinado estudo, o qual contraria centenas de outros estudos e/ou possui diversas limitações metodológicas, ser categoricamente valorizado por um jornalista de determinado Jornal ou Noticiário televisivo, ao ponto de se induzir o carácter de Verdade absoluta desse mesmo estudo. E, no fundo, o que é a Verdade, se já vimos que até a Epistemologia se funda num conjunto prolífico de contextos, num conjunto de experiências multidimensionais...
No campo específico da Saúde, e em especial na área da Fisioterapia, vemos, correntemente, métodos de tratamento de natureza antagónica ser “comprovados” por estudos, assim como assistimos à credibilização de investigações cuja “validade de conteúdo” é bastante questionável. As “ciências da saúde”, e até a ciência farmacológica, possui todos os inconvenientes das ciências “sociais”, as quais não assentam numa Certeza, mas somente numa realidade probabilística, a qual assenta na existência de margens de erro. É certo que a “ciência com base na estatística” não é uma ciência exacta! Por exemplo, os “desvios à norma” são simplesmente “eliminados” de qualquer tipo de interpretação, considerados como “desvios-padrão” pela estatística. As médias poderão eventualmente escamotear duas tendências contraditórias e desviantes. E assim por diante... poderíamos continuar eternamente a criticar as ciências ditas “não exactas”, nas quais um “facto” nunca é verdadeiramente um “facto”. A Fisioterapia está, de facto, muito afastada da biologia, mais do que gostaríamos. E assim, quando algo é “comprovado”, tal baseia-se apenas numa significância estatística, o que significa que nada foi efectivamente comprovado. E, relembrando Popper, qualquer “realidade” é totalmente temporária, podendo ser substituída mais tarde por uma realidade menos falsificável.
No domínio da Fisioterapia, penso que seria bom começar a valorizar uma outra forma de estudo científico, baseado na observação rigorosa de casos-problema. Para além do mais o rigor é fundamental. E não deixa de ser importante ter sempre em mente a publicação dos resultados, com a consciência das limitações do estudo efectuado. Se o estudo é de carácter estatístico ele é já limitado por natureza, pois basear-se-á na realidade utilitarista (das maiorias) e não na realidade “total”. Aceitemos, portanto, o processo científico como algo cuja falibilidade é pura realidade! E tentemos ser progressivamente mais rigorosos, assim como honestos em todo o processo de busca e/ou aproximação da Verdade!...
Na realidade, muito pode ou poderia ser dito sobre Ciência e o método que a consubstancia, mas, a meu ver, são três as fases fundamentais de construção de um método dito expressamente “científico”. A ciência moderna foi primacialmente substanciada pelas descobertas de Copérnico e Galileu, e epistemologicamente teorizada pelo positivismo lógico. Segundo o “clássico” método científico, a observação norteia as hipóteses científicas, as quais poderão ou não ser confirmadas pela experimentação. Esta é a ciência mais “típica”, baseada na observação e no processo de generalização indutiva, e é a força motriz das ciências ditas “exactas”. Foi preciso aparecer um homem de nome Karl Popper (1902-1994) para que esta ciência “indutiva” fosse questionada, assim como a tendência inequívoca dos investigadores para quererem forçosamente “confirmar” as suas teorias. Segundo Popper, e o seu método do “Racionalismo crítico”, um investigador nunca deveria fazer por “confirmar” as suas próprias teorias, pois acabará, mesmo que inconscientemente, por concluir aquilo que deseja efectivamente concluir. Assim sendo, a ciência deveria basear-se na “refutação”, na “falsificabilidade”, na tentativa de detectar erros nas teorias aceites como “certas e irrefutáveis”. A ciência de Popper é dedutiva e, apesar de o filósofo admitir a existência de uma Realidade exterior única inolvidável, toda a teoria não passa de mera conjectura, e portanto, toda a ciência possui uma categoria de efemeridade. Finalmente, no final do século XX, surge, a partir do conceito de “paradigmas” de Thomas Kuhn, uma ciência dita “pós-moderna” – representada, em Portugal, por Boaventura de Sousa Santos – a qual admite que a Verdade está totalmente dependente das idiossincrasias socioculturais e pessoais adstritas ao próprio cientista. Para os pós-modernistas, existe um relativismo absoluto e não existe uma Ciência no verdadeiro e axiológico sentido do termo.
Esta última modalidade epistemológica de ciência é comum essencialmente às ciências sociais e humanas. Nas ciências exactas, tal paradigma epistemológico aparece consubstanciado pelo “princípio da incerteza” de Heisenberg e pelo teoria do Caos.
Estas diferenças epistemológicas não são, infelizmente, do conhecimento da maioria dos cientistas portugueses. Aliás, pessoalmente conheci doutorados em química e física que nunca ouviram falar, por exemplo, de Popper ou do “Discurso sobre as ciências” de Boaventura de Sousa Santos. Para muitos deles a ciência continua a gerir-se pelo paradigma “positivista”. E assim sendo, o processo científico continua a realizar-se através de confirmações de hipóteses de cientistas nem sempre “inocentes”. Isto é o mesmo que dizer que, com uma ciência feita de “confirmações”, e que desvaloriza a importância do erro e da infirmação de hipóteses, os cientistas acabarão muitas vezes, mesmo que inconscientemente, por concluir aquilo que efectivamente desejam concluir. Este processo é semelhante ao efeito Pigmaleão dos professores relativamente aos seus alunos, o qual diz que os professores tendem a tratar os alunos de acordo com as expectativas pré-realizadas dos mesmos.
Que todos os problemas da Ciência fossem estes!... Mas, para além da ignorância relativamente à Epistemologia, é comum os investigadores possuírem grande ignorância metodológica. Por outro lado, é um facto de que muitos dos estudos publicados em revistas científicas são baseados nos estudos de licenciatura ou de mestrado de indivíduos pouco experimentados. E isso limita a “força” do processo científico.
Quanto às revistas científicas, em particular as revistas médicas, muitas são aquelas as que publicam artigos com erros crassos de estatística. Como se já não bastasse os estudos basearem-se em generalizações com poder meramente probabilístico!... (por exemplo, as ciências da Fisioterapia estão fortemente dependentes da Estatística, sendo que esta pode ser falaciosa nas suas médias e significâncias). É claro que a qualidade das diferentes revistas é notória! Há revistas que possuem fortes compromissos éticos e bons revisores. Mas há outras que são sensíveis a lóbis, ou então possuem revisores menos conscienciosos (ética e/ou metodologicamente). Depois, temos os critérios de publicação nas revistas. A grande maioria das revistas médicas aceita artigos referentes a estudos sem pedir simultaneamente um comprovativo de que o estudo em específico foi realmente efectuado, ou sem pedir comprovativos referentes ao cumprimento de regras de deontologia da investigação. E não conheço nenhuma revista científica que peça, por exemplo, as bases de dados do tratamento estatístico dos dados publicados. Não seria importante demonstrar que um tratamento estatístico foi realmente efectuado?... Pois a invenção, a falcatrua, existe verdadeiramente entre os cientistas.
Para além disso, temos o próprio processo de revisão e aceitação dos artigos. Um artigo enviado para uma revista em determinada data, chega a estar um ano a ser revisto, até que, finalmente, quando ele é aceite para publicação, tende a estar mais uns tempos “no caldo” até ser publicado. O tempo que medeia entre a escrita do artigo e a sua efectiva publicação faz com que o artigo publicado esteja inequivocamente desactualizado.
Claro que não podemos imputar todas as culpas às próprias revistas. Por exemplo, as revistas não têm forma de saber se existe ou não plágio de estudos. Ou se o estudo já não terá sido publicado numa outra revista... coisa muito comum na investigação em saúde. As revistas também não podem ter garantias de que os autores do estudo estiveram realmente integrados na investigação. Quantas vezes uma investigação de um doutorado não foi maioritariamente feita pelos seus alunos... Também é difícil para uma revista controlar os estudos ditos de “revisão bibliográfica”. Nestes estudos é muito comum defendermos determinado conceito citando estudos e autores proponentes do mesmo, e negligenciando todos os estudos que infirmam esse conceito. Como controlar este processo? Que não deixa de ser uma forma de “fraude”!...
Mas o que é certo é que a “pressão” para publicar, segundo o princípio académico americano “To publish or to perish” é tanta que muitas das coisas que são feitas tornam-se quase compreensíveis... (mas mesmo assim não perdoáveis!).
Tendo em conta a “subjectividade”, determinada pela existência de todo o tipo de “linhas de estudos” muitas vezes contraditórios, existente nas ciências sociais e humanas, acabo mesmo por defender a aceitação, sem vergonha, de um certo “relativismo” para as investigações de teor humanístico. E, contrariando estas novas ciências “humanas” (como as ciências da saúde), sugiro que continue a louvar-se como verdadeira ciência, apenas aquela que, prosseguindo uma Ética e uma Metodologia inquestionavelmente autênticas, se liga à exactidão de uma Física, Química, Biologia, Matemática, entre outras, popperianamente falsificáveis. É só preciso que os tais “verdadeiros” cientistas comecem a estudar epistemologia e a saber quem afinal de contas foi Karl Popper.
Resta somente falar da relação entre a Comunicação Social e a Ciência. Sendo que a ciência é, no fundo, pelas vicissitudes inerentes ao seu método e processos, algo subjectivista, não deixa de ser criticável a forma como tantos jornalistas tratam o processo científico. Refiro-me, essencialmente, à forma, muitas vezes arbitrária, com que os jornalistas seleccionam determinados estudos, empolando aqueles que servem a um certo conteúdo feérico (e, portanto, mais vendável) da notícia. Todos os jornalistas, à semelhança dos próprios investigadores, deveriam estar bem familiarizados com a epistemologia e metodologia da investigação científica, em particular com a “falência” e/ou a fragilidade inerente a “um estudo científico”. É certo que, como já vimos, a Ciência possui limitações de várias naturezas, e nem sempre a Imprensa o tem em conta. É muito comum vermos um determinado estudo, o qual contraria centenas de outros estudos e/ou possui diversas limitações metodológicas, ser categoricamente valorizado por um jornalista de determinado Jornal ou Noticiário televisivo, ao ponto de se induzir o carácter de Verdade absoluta desse mesmo estudo. E, no fundo, o que é a Verdade, se já vimos que até a Epistemologia se funda num conjunto prolífico de contextos, num conjunto de experiências multidimensionais...
No campo específico da Saúde, e em especial na área da Fisioterapia, vemos, correntemente, métodos de tratamento de natureza antagónica ser “comprovados” por estudos, assim como assistimos à credibilização de investigações cuja “validade de conteúdo” é bastante questionável. As “ciências da saúde”, e até a ciência farmacológica, possui todos os inconvenientes das ciências “sociais”, as quais não assentam numa Certeza, mas somente numa realidade probabilística, a qual assenta na existência de margens de erro. É certo que a “ciência com base na estatística” não é uma ciência exacta! Por exemplo, os “desvios à norma” são simplesmente “eliminados” de qualquer tipo de interpretação, considerados como “desvios-padrão” pela estatística. As médias poderão eventualmente escamotear duas tendências contraditórias e desviantes. E assim por diante... poderíamos continuar eternamente a criticar as ciências ditas “não exactas”, nas quais um “facto” nunca é verdadeiramente um “facto”. A Fisioterapia está, de facto, muito afastada da biologia, mais do que gostaríamos. E assim, quando algo é “comprovado”, tal baseia-se apenas numa significância estatística, o que significa que nada foi efectivamente comprovado. E, relembrando Popper, qualquer “realidade” é totalmente temporária, podendo ser substituída mais tarde por uma realidade menos falsificável.
No domínio da Fisioterapia, penso que seria bom começar a valorizar uma outra forma de estudo científico, baseado na observação rigorosa de casos-problema. Para além do mais o rigor é fundamental. E não deixa de ser importante ter sempre em mente a publicação dos resultados, com a consciência das limitações do estudo efectuado. Se o estudo é de carácter estatístico ele é já limitado por natureza, pois basear-se-á na realidade utilitarista (das maiorias) e não na realidade “total”. Aceitemos, portanto, o processo científico como algo cuja falibilidade é pura realidade! E tentemos ser progressivamente mais rigorosos, assim como honestos em todo o processo de busca e/ou aproximação da Verdade!...
1 comentário:
Olá Colega,
ao ler o seu artigo, lembrei-me de uma frase que estava no meu livro de filosofia, cujo autor não me recordo:
"Cinzenta é toda a teoria, verde é a árvore da vida".
Atenciosamente,
Vera Sousa
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